Eu primeiro! Gabriela Keselman



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Transcrição:

Tradução Cláudia Ribeiro Mesquita Temas Infância; Convivência; Família Guia de leitura para o professor Série Branca nº 8 72 páginas 2008996274935 O livro Um bom livro traz, invariavelmente, novos significados às experiências de vida do leitor, ampliando, assim, a sua visão de mundo. Eu primeiro! fala de uma das experiências fundamentais: relações familiares e importância do afeto materno. Portanto, essa é uma narrativa que faz sentido para todo ser humano. A história acompanha o ritmo da alma infantil. É intensa, lúdica, provocativa, colorida. Explorá-la pode ser um aprendizado sobre como usufruir a riqueza de uma incursão literária. Mergulhar no texto e descobrir como os recursos da linguagem verbal e visual podem agregar significados à narrativa é enriquecedor, assim como uma importantíssima experiência do processo de desenvolvimento da capacidade leitora. A autora nasceu em 1953 na cidade de Buenos Aires, Argentina, e há muitos anos mora em Madri, na Espanha. Trabalhou por mais de dez anos na redação da revista Ser padres hoy [Ser pais hoje], escrevendo artigos sobre literatura infantil, resenhas e críticas de livros infantojuvenis, entrevistando autores e publicando contos. Já publicou mais de vinte livros, traduzidos para diversos idiomas. A ilustradora Asun Balzola nasceu em 1942, em Bilbao, na Espanha. Estudou pintura e grafismo na Academia de Bellas Artes de San Fernando, em Madri. Além de ilustradora, é escritora e trabalha com publicidade e desenhos gráficos. Dois sites espanhóis trazem entrevista com ela. Vale a pena conferir: www.predif.org/pdf/plataforma40.pdf www.mundofree.com/babar/html/ebalzola.htm

Interpretando o texto Um convite para brincar O relacionamento entre irmãos é o mote desta narrativa despretensiosa e sensível de. Tudo começa na calmaria do amanhecer: o bocejo preguiçoso, o ranger da cama que responde aos primeiros movimentos de quem desperta para uma vida intensa, cheia de energia, de alegria, de desafios. O primeiro deles: vencer o irmão numa corrida que parece não ter fim e que vai, ao longo da narrativa, criando um clima de grande expectativa. O leitor também entra no jogo e quer chegar ao final do livro para saber em busca de que correm os meninos-protagonistas. O jogo se confunde com brincadeira, disputa, intriga, amizade, diversão. A correria, a gritaria, a provocação, a agitação e a bagunça parecem ser inerentes à vida dos dois meninos-irmãos. A movimentação deles pela casa se opõe à quietude inicial da narrativa, quando até uma mosca inerte, pousada no vidro da janela (p. 6) se faz notar. O inseto nos convida a entrar na intimidade dos meninos, fazendo alusão àquela mosquinha que tantas vezes dá vontade de ser para poder espiar. Está feito o convite para o leitor entrar na história, na vida de Nico e de Hugo. Numa seqüência de ações que movimentam o texto, os irmãos vão revezando-se na liderança da competição, aprontando um com o outro e tropeçando pela casa. O percurso que fazem, passando por meias sujas, roupa limpa derrubada no chão, cesto de lixo virado, sacola com compras da feira, gata e cachorro, porta da cozinha, evoca a lembrança da infância aos leitores mais velhos, e a do dia-a-dia aos mais jovens. Isso faz crescer a cumplicidade com os personagens e a vontade de seguir com os meninos, correndo pelas páginas do livro para conferir o merecimento do vencedor. Antes, porém, de o objetivo dos dois ser revelado, autora e ilustradora quase fotografam a alma infantil: pode-se ver e sentir o espírito arteiro das crianças, que espirram água uma na outra para esquentar a competição e que se deixam puxar pelo cachorro, segurando no rabo dele; a astúcia de improvisar uma armadilha para trazer o cachorro e o irmão de volta; a agilidade corporal, que permite pular, correr, cair, levantar; o fascínio pela imagem da TV, que interrompe por algum tempo a brincadeira; a criatividade; e a natural afetividade entre irmãos-amigos, que se abraçam num momento de trégua. Depois da corrida maluca, o destino se descortina: o jardim. A imagem da mãe é o foco dos meninos e do leitor. É esse encontro diário que justifica a inocente competição, a brincadeira,

Mergulhando na temática recursos gráficos Escrever de forma não linear, explorar o espaço em branco da folha, desenhar as palavras, fazendo com que seus significados ganhem outras dimensões, são recursos gráficos muito usados hoje em dia, sobretudo na poesia. A criação e o uso desses recursos no texto escrito se originam no Concretismo. concretismo Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari, poetas de projeção da década de 1950, formavam o trio de vanguarda em defesa de uma poesia que acompanhasse as tendências de uma linha política e urbanista que atestava nova identidade ao país. O movimento em defesa dessa poesia de vanguarda ficou conhecido como Concretismo e foi lançado oficialmente em 1956, durante a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em São Paulo. Nessa época, o Brasil passava por uma fase de valorização extrema da modernidade; basta lembrar que Juscelino Kubitschek assumia a presidência (1955) e planejava a mudança da capital para o centro do país Brasília foi inaugurada em 1960. Como principais características desse movimento destacam-se a desintegração do verso e a valorização da palavra, manifestada em três dimensões: verbal (semântica e sintaxe), oral (sonoridade) e visual (aspecto gráfico). Numa das músicas de Caetano Veloso, referência obrigatória quando se fala em movimento concretista, há uma homenagem e o reconhecimento do berço da nova poesia : o convívio, o afeto fraterno, e tantas outras coisas que a leitura pode evocar a cada um. O abraço da mãe é o prêmio para os dois que chegam juntos, mas se sentem, cada qual, o vencedor. O lúdico também invade o texto verbal. Em primeiro lugar porque faz lembrar a narração de um jogo de lances incessantes. E também porque, em várias passagens, a edição utiliza recursos gráficos, intimando o leitor a entrar num clima de brincadeiras, seja virando o livro ou a cabeça para ler as frases que escapam da estável horizontalidade do texto escrito, pois estão grafadas com movimento, de acordo com seu significado (p. 15, 16, 26); seja decifrando o efeito de alterações no tipo da letra (p. 19, 20, 60) e o sentido que se pode atribuir às palavras espelhadas (p. 10). A palavra vira imagem e a imagem agrega sentidos importantes ao texto, pois as cores vibrantes que preenchem os fortes contornos de Asun Balzola remetem o leitor à intensidade da infância e da relação entre irmãos. A disposição dos desenhos nas páginas faz constante alusão ao equilíbrio de forças. E a fusão desses dois elementos (cores e distribuição das imagens) provoca certa ilusão de ótica, que percorre a mente do leitor em busca de significados. *Os destaques remetem ao item Mergulhando na temática. Sampa Alguma coisa acontece em meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas... (...) (Caetano Veloso) Veja um exemplo de poesia concreta: de sol a sol soldado de sal a sal salgado de suco a suco sugado de sono a sono sonado sangrado de sangue a sangue (Haroldo de Campos)

Dialogando com os alunos Antes da leitura É interessante explorar as informações da capa e da quarta capa do livro, chamando a atenção para o fato de que foi escrito e ilustrado por pessoas de outros países, da Argentina e da Espanha, respectivamente. Um dos aspectos relevantes da narrativa é o retrato que se faz da universalidade da alma humana, em especial da infantil. Depois da apresentação da autora, da ilustradora e da leitura do resumo da quarta capa, os alunos poderiam fazer um desenho de uma cena familiar, mostrar aos colegas e conversar sobre semelhanças e diferenças, sobre como é o relacionamento com os pais, com os irmãos etc. Como síntese da conversa, o professor poderia buscar entre os depoimentos aspectos comuns a todos (o que é próprio da infância) e onde se revelam as diferenças mais marcantes. Para os pequenos leitores, brincar de espelho pode sensibilizar para uma leitura mais atenta das ilustrações, pois esse recurso é bastante usado e repleto de significados nessa narrativa. A brincadeira consiste em posicionar as crianças em pares, uma diante da outra, e propor que uma faça exatamente os mesmos movimentos que o par durante um tempo. Durante a leitura Uma boa possibilidade de trabalho é chamar a atenção dos alunos para o uso de recursos gráficos no texto escrito e discutir sobre os efeitos que esses recursos provocam em sua leitura. Alguns exemplos: a palavra silêncio escrita com uma cor mais fraca, como se fosse para ser lida em voz baixa (p. 4); as frases escritas de acordo com a posição dos meninos na cama (p. 9); a palavra olham grafada duas vezes e posicionada como num espelho, sugerindo que um e outro se olham igualmente (p. 10), e assim por diante. Ao longo do texto, a escritora cria um clima de expectativa no leitor, pois não se sabe aonde os meninos querem chegar, qual é o objetivo deles. Assim, seria muito interessante fazer um exercício de antecipação com os alunos. Cada um poderia escrever num papel o propósito da competição e, ao final da leitura, todos verificariam as hipóteses. Depois da leitura O ritual de encerramento deveria sempre contemplar a troca de impressões finais, com a possibilidade de descobrir, a partir da palavra do outro, novos significados para a leitura. Seria in-

teressante que essa troca pudesse ser feita olhando-se de frente, e não através do professor. Por isso, a sugestão é organizar uma roda onde os alunos possam conversar com os colegas. Durante essa conversa, é importante que os alunos busquem compreender qual o conteúdo da história. Quando se pergunta às crianças do que trata um texto, elas tendem a recontá-lo quadro a quadro. Ajudá-las a encontrar os temas que circulam numa história, ainda que essa resposta não seja unívoca, é importante para a compreensão do funcionamento dos textos literários. Um bom começo para essa conversa é perguntar que mensagem o autor quis transmitir aos leitores. Como a literatura é uma excelente ferramenta para a releitura do mundo e, sobretudo, para melhor compreensão de nós mesmos, é sempre oportuno facilitar aos leitores iniciantes essa correlação. Nesse caso, a sugestão é que se realize uma atividade que coloque em foco o relacionamento entre irmãos. Como preâmbulo da atividade, o grupo poderia tentar recuperar da memória histórias cujos personagens sejam irmãos para perceberem as diferentes formas de relacionamento e como alguns deles são representados caricaturalmente (exemplos: João e Maria, Cinderela). A seguir, os alunos poderiam fazer dois desenhos que correspondessem às frases: Gosto quando meu irmão (minha irmã)... e Não gosto quando meu irmão (minha irmã).... A idéia de simular os dois aspectos tem a finalidade de desmistificar os dois extremos, o positivo e o negativo. Depois de apreciarem a exposição de desenhos, uma conversa sobre os aspectos positivos representados possivelmente ajudaria os alunos a tomar consciência do privilégio que é poder contar com a amizade fraterna. Sem dúvida, seria interessante conversarem também sobre as dificuldades que encontram nessa convivência e trocarem idéias sobre como lidar com elas. Uma atividade posterior poderia pôr em foco o uso de recursos gráficos que agreguem significados às palavras. Essa é uma atividade lúdica e importante para desenvolver a criatividade dos alunos, além de ser um exercício introdutório à leitura de poemas que usam essa técnica. Alguns modelos podem ser úteis para os alunos compreenderem a idéia sem muitas explicações teóricas. Sugere-se, então, mostrar a eles as palavras abaixo, reescritas em papel sulfite: Alto óculos e s c a d a s or r i s o poste

Depois da produção, certamente seria uma diversão organizar uma exposição das criações, além de importante oportunidade para os alunos terem seus trabalhos admirados e reconhecidos. A leitura e produção de caligramas ou de outros textos que brincam com as palavras, como os acrósticos, as onomatopéias, os trava-línguas, são bem indicadas para continuar a ampliar o trabalho com as palavras. Veja alguns exemplos: A) Caligrama (Júlia Jardanovski, 1998) B) Acróstico Menina Arteira Risonha Inquieta Amiga C) Onomatopéia Tóim-tóim-tóim D) Trava-língua O rato roeu a roupa do rei de Roma Dependendo da faixa etária com a qual se trabalha o livro, seria interessante fazer leituras de imagens veiculadas pela mídia (jornais e revistas). Ler e interpretar, por exemplo, como são usados os recursos gráficos no texto verbal e que conteúdos e valores estão explícitos e implícitos nas palavras e imagens é uma atividade que contribui substancialmente para o crescimento da capacidade leitora e da possibilidade de exercer criticamente a cidadania. Elaboração do Guia Ellen Rosenblat; preparação Rodrigo Villela; revisão Túlio Kawata, Márcia Menin e Carla Mello Moreira