PROPOSTA DE MELHORIA DO LAYOUT PRODUTIVO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA GRÁFICA



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Transcrição:

PROPOSTA DE MELHORIA DO LAYOUT PRODUTIVO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA GRÁFICA paulo henrique medeiros de paula (UFCG) phmedeirosdepaula@gmail.com Eder Wilian de Macedo Siqueira (UFCG) eder.wilian@hotmail.com Juan Pierry Pereira de Oliveira (UFCG) juanpieerry@gmail.com Vinicius Farias Doso (UFCG) vinicius_farias1@hotmail.com O planejamento do layout parece simples, porem, obter uma disposição física ideal para linha produção é uma tarefa que leva tempo e geralmente envolve altos custos. A decisão do tipo de layout a ser escolhido por uma empresa é influenciada pela característica volume-variedade que, juntamente com os objetivos de desempenho estratégico, direcionam a escolha do melhor tipo de processo produtivo, que, por sua vez, auxilia na decisão sobre qual tipo básico de arranjo físico (layout, em inglês) melhor se adequa às necessidades operacionais. Dessa forma, o objetivo principal deste artigo é demonstrar, por meio de um estudo de caso in loco em uma empresa gráfica, que um layout bem definido permite uma melhor racionalização dos fluxos de fabricação e minimização da movimentação de pessoas, produtos e materiais. Palavras-chave: Layout, estudo de caso, empresa gráfica

1. Introdução Um dos maiores desafios encontrados pelas fábricas de médio e grande porte é a adaptação do seu layout de acordo com a evolução da empresa, a entrada de novos produtos na linha de produção e de novas máquinas. Diante deste contexto, cada vez mais as empresas buscam soluções que aperfeiçoe o seu arranjo físico e aumente seus lucros. O planejamento do layout parece simples, porem, obter uma disposição física ideal para linha produção é uma tarefa que leva tempo e geralmente envolve altos custos. É necessário que se faça um estudo bem elaborado das vantagens e consequências geradas pela mudança do layout, atentar para o fluxo da matéria prima dentro do processo produtivo até que se transforme em produto acabado para que não percorra grandes distâncias desnecessariamente, observando sempre se existe ou não fluxo cruzado de materiais e operações e agrupas as máquinas de acordo com o nível afinidade em relação aos processos de transformação que cada uma executa. Neste sentido, o objetivo deste artigo é demonstrar que um layout bem definido permite uma melhor racionalização dos fluxos de fabricação e minimização da movimentação de pessoas, produtos e materiais. Para tal, foi realizada uma visita técnica a uma gráfica onde se pode verificar o processo produtivo e o fluxo de produção de um dos principais produtos da mesma, a fim de se propor um novo layout para otimizar o fluxo de produção do produto escolhido como objeto de estudo. Os métodos de pesquisação aplicados na elaboração deste artigo foram o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica. A proposta de rearranjo físico apresentada, se implantada, pode gerar vários ganhos para a empresa, como: otimização do tempo de ciclo dos produtos e ganho de espaço físico para movimentação e transporte. 2. Layout Slack et al.(2012) define layout como a maneira segundo a qual os recursos transformados materiais, informações e clientes fluem através da operação, determinando a forma e 2

aparência do ambiente produtivo por meio do posicionamento de todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. Segundo Neumann e Scalice (2015), o layout de qualquer empresa é o resultado final de uma análise dos arranjos físicos propostos após as decisões relacionadas a produtos, processos e recursos de produção terem sido tomadas. Este resultado determina o fluxo de materiais, pessoas e informações dentro do ambiente de produção. Nesse sentido, os autores supracitados estabelecem que o tipo de produto e de processo de fabricação, os objetivos de desempenho estratégico e a relação volume-variedade são os principais fatores que devem ser considerados para o projeto de um layout. A figura 1 representa o modelo decisório para a escolha do tipo de layout. Figura 1 Modelo decisório para tipos de layout Fonte: Slack et al. (2012) A decisão do tipo de layout a ser escolhido por uma empresa é influenciada pela característica 3

volume-variedade que, juntamente com os objetivos de desempenho estratégico, direcionam a escolha do melhor tipo de processo produtivo. Determinado o processo produtivo, este se alinhará com os objetivos de desempenho estratégicos definidos pela empresa (qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade ou custo) para que seja tomada a decisão sobre qual tipo básico de arranjo físico (layout, em inglês) melhor se adequa às necessidades operacionais. Uma vez definida, de maneira geral, como os recursos serão arranjados uns em relação aos outros, delimita-se precisamente a posição exata de cada um dos recursos envolvidos na operação. 3. Técnicas e ferramentas para projeto de layout Diferentes ferramentas são utilizadas para a elaboração de um layout. A escolha da ferramenta dependerá de alguns fatores, por exemplo: tipo de layout pretendido, quantidade de informações disponíveis ou preferência do projetista (NEUMANN; SCALICE, 2015). No quadro 1 apresenta-se uma síntese das principais técnicas e ferramentas utilizadas para projetos de layout: Layout Posicional Processo Celular Produto Quadro 1 Técnicas e ferramentas para projetos de layout Técnicas e ferramentas Análise da alocação dos recursos. Utiliza o Sistema Gerencial PERT/COM para sequenciar as tarefas ao longo do tempo. Fluxogramas, diagramas de fluxos, diagramas de afinidades, carta de relacionamentos. Análise do fluxo de produção, tecnologia de grupos, balanceamento da linha de produção, Roteiros de Operação Padrão (ROP) Procura-se otimizar o tempo dos operadores e das máquinas, balanceamento da linha de produção Fonte: Neumann; Scalice (2015) As técnicas abordadas neste artigo serão o fluxograma e o diagrama de fluxos, pois, além de terem sido utilizadas durante a realização do estudo de caso, elas são as mais indicadas para se mapear, representar e modelar os processos e as atividades estudadas. 3.1 Fluxograma e diagrama de fluxos O fluxograma e o diagrama de fluxos têm como propósito primordial registrar e ilustrar a sequência de tarefas dos principais elementos de um processo, as relações de tempo entre 4

diferentes partes de um trabalho e registrar o fluxo de materiais, movimento de pessoas ou informações no trabalho, detalhando o processo (NEUMANN; SCALICE, 2015). Assim, o resultado é uma fácil visualização e identificação das etapas que compõem um processo e dos pontos que merecem atenção durante o planejamento de um processo produtivo ou para a melhoria do processo produtivo, respectivamente. Para se elaborar um processo, cada elemento do processo é representado por um símbolo segundo uma norma padrão. Dentre os diversos padrões de símbolos utilizados na Engenharia de Produção para a representação de processos, este artigo utilizará a simbologia padrão criada pela American Society of Mechanical Engineers (ASME) conforme exibido no quadro 2. Vale ressaltar que não só as operações ocupam espaço físico, mas também todos os elementos do processo, portanto, eles devem ser considerados durante a elaboração do fluxograma ou diagrama de fluxos. Quadro 2 Simbologia padrão da ASME Símbolos Operações Definição da operação Operação Uma operação existe quando um objeto é modificado intencionalmente numa ou mais das suas características. A operação é a fase mais importante no processo e, geralmente, é realizada numa máquina ou estação de trabalho. Transporte Um transporte ocorre quando um objeto é deslocado de um lugar para o outro, exceto quando o movimento é parte integral de uma operação ou inspeção. Inspeção Uma inspeção ocorre quando um objeto é examinado para identificação ou comparado com um padrão de quantidade ou qualidade. Espera Uma espera ocorre quando a execução da próxima ação planejada não é efetuada. Armazenamento Combinação de operação e inspeção Um armazenamento ocorre quando um objeto é mantido sob controle e a sua retirada requer uma autorização. Dois símbolos podem ser combinados quando as atividades são executadas no mesmo local, ou então, simultaneamente com atividade única. Fonte: Neumann (2013) 5

4. Metodologia A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste artigo norteia-se por referências bibliográficas, Internet, relatórios e no estudo de caso in loco de uma empresa do setor gráfico, localizada na cidade de João Pessoa PB. A pesquisa bibliográfica permitiu um embasamento e aprofundamento teórico maior no que concerne às estratégias utilizadas para se definir um bom layout e a gestão dos processos compreendidos neste, enquanto que o estudo de caso foi utilizado tanto como meio a ser observado quanto como meio a ser transformado. Foram utilizados como método para a obtenção de dados, enquanto realizada a visita à empresa, a entrevista não estruturada e anotações de campo. Desta maneira, os pesquisadores utilizaram estas informações para entender o layout atual da empresa e o fluxo do processo produtivo de um de seus produtos, para que, a partir deste entendimento, seja proposto um novo layout que venha a aperfeiçoar o fluxo de produção do produto analisado. O presente estudo é de caráter qualitativo por conter elementos que caracterizam tal abordagem, como: focar nos processos do objeto de estudo, ter proximidade com o fenômeno estudado, delinear o contexto do ambiente de pesquisa, dar ênfase na interpretação subjetiva dos indivíduos, utilizar abordagem não estruturada e uso de múltiplas fontes de evidências (BRYMAN, 1989 apud MIGUEL, 2012). Ademais, a abordagem qualitativa garante suporte conceitual ao método de pesquisa adotado neste artigo. Escolheu-se o estudo de caso como abordagem metodológica para a concretização deste artigo por ser um método bastante utilizado na engenharia de produção, uma vez que possibilita ao pesquisador investigar um dado fenômeno dentro de um contexto real. Este tipo de investigação, segundo Miguel (2012, p. 132), permite uma análise aprofundada de um ou mais objetos de análise (casos), o que conduz à possibilidade de desenvolverem-se novas teorias e de aumentar o entendimento sobre eventos reais e contemporâneos. 5. Estudo de caso 5. 1 A empresa Fundada em 1983, na cidade de João Pessoa - PB, a Gráfica Alfa nasceu fruto de um sonho de seu fundador, um paraibano que queria criar uma empresa com bom atendimento, preço 6

justo e entrega rápida. Tudo começou com sua instalação na Rua da Areia, área que conta grande parte da história da Paraíba. Em 1994, devido ao crescimento constante, a empresa ampliou a área de produção com a aquisição da primeira impressora Speed Master 4 cores Heidelberg, iniciando um ciclo de crescimento e investimento em máquinas, mão-de-obra e novos mercados. Desde meados de 2006 está instalada em uma nova e moderna sede com mais de 4.000 m², que prima ao mesmo tempo pelo conforto e praticidade. Localiza-se no coração da capital paraibana com o principal objetivo de facilitar o caminho para os negócios dos clientes. A Gráfica Alfa conta com a colaboração de 140 funcionários, revezamento de três turnos e funcionamento ininterrupto. Seu vasto portfólio compreende lâminas simples, panfleto, flyers, cartaz, folhas, folders, adesivos, bandeirolas, calendário, crachás, envelopes, pastas com orelha/bolso, timbrados, sacolas, caixas e embalagens personalizadas, revistas coladas/grampeadas, livros colados/grampeados/capa dura/ com wire-o e jornais. Atualmente, a gráfica alfa figura entre as maiores gráficas planas do país, atuando praticamente em todo nordeste, com foco principal no atendimento do varejo, promocional e personalizado, onde atende grandes clientes que têm no fator tempo a essencialidade do seu negócio, sem perder de vista a qualidade do material. 5.2 Sistema de produção Por meio da visita in loco foi possível verificar as etapas que constituem o sistema de produção da Gráfica Alfa, representado pela figura 2. Figura 2 Fluxograma do sistema produtivo da Gráfica Alfa Pré- Impressão Corte Inicial Impressão Acabamento Embalagem Expedição Fonte: Os autores (2014) O processo produtivo inicia-se quando o orçamento do produto a ser impresso é aprovado, 7

gerando uma Ordem de Produção que é encaminhada para o setor de Pré-Impressão. Esta é a fase responsável pela concretização das ideias do cliente em um arquivo digital, o qual será gravado em matrizes conhecidas como chapas planográficas. Neste setor também são realizadas a gravação de fotolitos, caso o produto necessite da aplicação do Verniz UV. A gravação dessas chapas é obtida com o auxílio de um equipamento conhecido como Plate Setter, onde se realiza a separação das chapas de acordo com as cores primárias a serem utilizadas no serviço. As chapas gravadas, juntamente com a ordem de produção, são encaminhadas através de uma requisição para o almoxarifado, onde se separam os materiais (tinta e papel, por exemplo) que serão destinados para o corte inicial. Feito o corte do papel, o mesmo estará disponível para a impressão, a qual, através de uma lista de produção, formulada pelo diretor industrial, segue para a impressora a ser utilizada neste produto. Finalizada a impressão, a próxima etapa é a de acabamento, onde podem ser realizadas as seguintes atividades: Laminação, Verniz UV, Corte e Vinco, Dobra, dentre outros. Com o produto finalizado, a próxima etapa é a embalagem do produto, que pode ser em caixas ou em pacotes, de acordo com o pedido do cliente. Depois de embalado, o produto segue para a expedição. 5.3 Descrição das etapas do processo produtivo A Gráfica Alfa dispõe de uma gama de produtos em seu portfólio, portanto, neste tópico, serão descritas, para efeito de verificação do fluxo de fabricação dos produtos, as atividades que constituem o processo de confecção de uma revista. Tais atividades são ilustradas pelo fluxograma 1. Este fluxo produtivo foi escolhido por contemplar o maior número de atividades comuns à produção da maioria dos produtos da empresa e por ser o produto com maior demanda. Fluxograma 1 Sequencia de atividades na confecção de uma revista na Gráfica Alfa 8

Miolo da Revista Estoque de matéria-prima Capa da Revista Estoque de matériaprima Tela Serigráfica Estoque de matéria-prima Para o corte Para o corte Para a sala de verniz Corte Corte Impressão do fotolito Para a impressão Impressão Para a impressão Impressão Limpeza da tela Secagem da tinta Secagem da tinta Gravação da tela Para o acabamento Para o laminação Para aplicação de verniz Dobra Laminação Para o alceamento Para aplicação de verniz Aplicação de verniz Secagem do verniz Para o alceamento Montagem Alceamento Corte Trilateral Para a expedição Ajustes e verificação de qualidade Para embalagem Armazenagem para expedição Para acabamento final Embalagem Fonte: Os autores (2014) As atividades de produção se iniciam na pré-impressão. Essa etapa tem a função do recebimento dos arquivos dos clientes e o tratamento de edição de imagens e preparação das chapas, de modo a dispor o layout correto ao processo de impressão, na forma como foi projetado pelo cliente. Com isso, é considerado um departamento de suma importância para organização, pois é a partir deste setor que o processo produtivo se inicia. Nesse setor, são realizadas as seguintes atividades: Montagem, Imposição, Gravação de Chapa e Revelação da 9

Matriz de Verniz. Dependendo do tipo de arquivo a ser trabalhado, segue a estrutura linear de dependência na sequência apresentada anteriormente na figura 2. Após a pré-impressão é feito o corte inicial. Esta operação consiste em aparar ou em dividir o papel, colocando-o no formato para a impressora de acordo com o tamanho da mesma ou com o tipo de produto a ser impresso. Depois do corte, o papel é levado até à impressora. O sistema de impressão utilizado é a impressão offset, devido à alta qualidade e o baixo custo, a qual consiste na repulsão entre água e tintas. Esse sistema de impressão funciona da seguinte forma: a tinta é colocada na bandeja e espalhada uniformemente por um rolo que é interligado a um cilindro, onde se encontra a chapa planográfica. Essa chapa entra em contato com outro cilindro revestido com borracha, esta conhecida como blanqueta, a qual entra em contato com o papel, transferindo assim a impressão desejada. Na impressora, existe outro cilindro, o qual pressiona o papel à blanqueta, para que a imagem passe sem falhas. Na sequência, a revista impressa é levada para o acabamento automático. Esta atividade consiste nas etapas apresentadas no quadro 3. Quadro 3 Etapas do acabamento automático na confecção de uma revista na Gráfica Alfa Laminação Verniz UV Vincar para dobrar Consiste na aplicação de filme plástico sobre papéis impressos por meio de temperatura e pressão. É um tratamento utilizado no ramo gráfico, com a finalidade de dar mais brilho a impressão, como também garantir maior resistência e durabilidade devido à manipulação intensa do mesmo. Através de tela serigráfica, o líquido do verniz é passado para o papel, o qual posteriormente é passado através de lâmpadas ultravioletas, para dar um melhor acabamento ao processo. Revistas, folders e tantos outros materiais impressos em papel acima de 120g² requerem dobras especiais. Para alcançar uma dobra perfeita, tais impressos precisam ser vincados. Este processo é realizado pela máquina de corte/vinco com uma lâmina sem corte, que marca o papel para dobrá-lo no local desejado. 10

Dobra Alceamento Corte Trilateral É um tipo de acabamento que consiste em transformar uma folha impressa em um caderno, para o caso de livros, ou simplesmente realizar a dobra de uma folha para um panfleto fechado. A dobra pode ser de dois tipos: dobra manual, realizada com as mãos, e a dobra automática, realizada através de máquinas conhecidas por dobradeiras. Tais máquinas podem realizar serviços como: colagem (além de realizar a dobra, passa um fio de cola em alguma das dobras realize a colagem do suporte, substituindo o processo de grampear), o picote (que serve para livros que serão encadernados através de cola) e o vinco e refile (feito por meio de facas colocadas em alguns dos rolos da ultima etapa da dobra). É o arranjo das folhas ou cadernos impressos de forma a ficarem na ordem correta para encadernação, como também o arranjo dos cadernos para formar um livro. Existem dois tipos de alceamento, o automático (feito por equipamento especializado) e o manual, os quais podem ser: Grampo a Cavalo (quando o alceamento é finalizado com a aplicação de grampo) ou Lombada Quadrada (quando o alceamento é finalizado por meio da colagem da capa ao miolo). É realizado para se obter o formato final do impresso, após todos os processos anteriores de produção. Na maioria dos serviços, o refile é feito nas bordas do serviço. Este corte é aplicado em livros, revistas, agendas e editoriais, onde é feito em uma máquina conhecida como Guilhotina Trilateral. Esta máquina possui 3 facas, das quais duas são utilizadas para o corte nas laterais e outra para o corte frontal, ficando assim com as três bordas refiladas com apenas uma entrada em máquina. Fonte: Os autores (2014) Por fim, depois de finalizado o acabamento, a revista pronta segue para o setor de embalagem e expedição, onde será empacotada em caixas ou pacotes e despachada para o cliente. A entrega fica a cargo da gráfica ou não, dependendo do acordo com o cliente. 5.4 Descrição do layout atual Na figura 3 está a representação atual do mapofluxograma da produção de uma revista na Gráfica Alfa. Analisando este layout fica evidente que não houve um planejamento na disposição das máquinas neste espaço físico, sendo alocadas de maneira desordenada, sem seguir nenhum critério de alocação por afinidade de processos e com grande distância de uma máquina para outra no mesmo setor. A consequência desta falta de planejamento do arranjo físico para a produção é a perda de tempo na movimentação e no transporte da matéria-prima durante seu processo de 11

transformação, redução da área livre para o trânsito de funcionários e dos produtos em processo, fadiga nos funcionários por terem de percorrer grandes distâncias durante a jornada de trabalho e o cruzamento de fluxo entre as operações, gerando gargalos por causa dos altos volumes de estoques em processo. Figura 3 Mapofluxograma da confecção de uma revista Legenda: Capa da Revista Miolo da revista Tela serigráfica Envernizamento Montagem da revista Fonte: Os autores (2014) 6. Análise dos dados Na proposta para o novo layout, as máquinas foram dispostas de acordo com a similaridade da operação as quais pertencem como pode ser observado nas figuras 4 (a), (b), (c) e (d). A realocação do maquinário permitiu uma maior linearidade no percurso dos principais produtos, havendo uma redução de tempo, custo e de movimentação. Com este novo layout a empresa ganhou um espaço para o estoque em processo, que era disposto de forma usual. Figura 4 Proposta de novo layout para a Gráfica Alfa: a) Setor de acabamento; b) Setor de impressão; c) Setor de corte; d) Setor de gráfico 12

a) b) c) d) Fonte: Os autores (2014) 7. Considerações Verificamos que apesar da mudança da organização física da empresa, o processo produtivo continuou o mesmo, sendo possível observar grandes benefícios como a redução do tempo de produção ao diminuir a distancia entre os processos, possibilitando uma maior produção, reduzindo o takt-time e arrefecendo o lead-time. O novo modelo possibilita também grande economia na movimentação e transporte, maior aproveitamento do espaço físico e a redução do tempo de espera entre os processos. Tabela 1 Análise de ganhos de movimentação Operações de produção Trajetos no layout atual Trajetos no layout proposto Trajeto do Miolo 115m 70m Trajeto da Capa 105m 60m Trajeto da Tela 23m 16m Anexo da Capa/Miolos 40m 40m Total do trajeto: 299m 186m Fonte: Os autores (2014) Comparando as distâncias percorridas pelas partes que compõem a revista em seu processo 13

produtivo, fica evidente que a redução do caminho percorrido por elas no layout proposto. Com isso, a empresa terá um ganho por movimentação de 113 metros, aumentando, assim, o lucro na empresa e o diminuindo o tempo de acabamento do produto final. REFERÊNCIAS MIGUEL, Paulo Augusto Cauchick (Org.). O método do estudo de caso na engenharia de produção. In:. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. 2. ed.. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2012. NEUMANN, Clóvis; SCALICE, Régis Kovacs. Projeto de layout. In:. Projeto de fábrica e layout. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. SLACK, Nigel et al.. Arranjo físico e fluxo. In:. Administração da produção. 1. ed.. 15. reimpressão. São Paulo: Atlas, 2012. 14