DIREITO FINANCEIRO. A Despesa Pública. Classificação da Despesa Pública Parte 2. Prof. Thamiris Felizardo

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Transcrição:

DIREITO FINANCEIRO A Despesa Pública Parte 2 Prof. Thamiris Felizardo

-Despesas obrigatórias e vinculadas na Constituição Federal Os art. 198 e 212 da CF tratam, genericamente, de duas necessidades públicas em relação as quais o legislador houve por bem estabelecer a obrigação dos entes de efetivar gastos mínimos e, portanto, obrigar a realização da despesa pública. São elas a saúde e a educação. 1)Saúde Art. 198. 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;

III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e 3º. 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do 2º; II os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;

III as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; Com vistas a efetividade das regras constitucionais, a EC 29/2000 acrescentou o art. 77 ao ADCT, que estabeleceu os mandamentos relativos a aplicação dos recursos mínimos em saúde até 2004, tanto para União quanto para os Estados e Municípios. O 4º desse dispositivo estabelece que os mandamentos do art. 77 do ADCT continuariam válidos mesmo após 2005 em caso de ausência de lei complementar que regulamente a matéria.

Ocorre que, em 2012 foram publicados a Lei Complementar 141/2012 e o Decreto 7.827/2012 que regulamentaram a EC 29/2000. Nos termos do art. 5o da LC 141/2012, a União deve direcionar para a saúde o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual sendo que em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercício financeiro para o outro.

São os art. 6º e 7º da LC 141 que regulamentam a destinação de recursos a saúde nos Estados e Municípios: Art. 6o Os Estados e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam o art. 157, a alínea a do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios.

Art. 7o Os Municípios e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea b do inciso I do caput e o 3º do art. 159, todos da Constituição Federal.

2) Educação Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.

2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação.

4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.

-Plenário declara inconstitucional o repasse obrigatório de verbas a universidades estaduais mineiras O Plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou a inconstitucionalidade de dispositivos da Constituição de Minas Gerais que destinavam percentuais da receita orçamentária do estado à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O caso era referente à Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) 2447.

Todos os ministros presentes seguiram o voto do relator, o ministro Joaquim Barbosa, segundo o qual os artigos incorreram em invasão da competência privativa do chefe do Executivo estadual para dispor sobre o orçamento de Minas. Ambos os dispositivos violam a reserva de iniciativa do chefe do Executivo para dispor sobre o orçamento e isso interfere diretamente na capacidade do ente federado o estado de Minas de cumprir as obrigações impostas pela Constituição Federal, alegou Joaquim Barbosa. Segundo o ministro, os dois artigos afetavam a forma como as políticas públicas são executadas.***