BOLETIM REBRIP Rede Brasileira Pela Integração dos Povos



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Transcrição:

BOLETIM REBRIP Rede Brasileira Pela Integração dos Povos N 10 gosto e Setembro /2006 Uma rodada de negociações problemática s recentes reuniões do G-20, no Rio de Janeiro, e do Grupo de Cairns (grupo de países grande exportadores agrícolas), na ustrália, da qual participaram também os principais atores do processo de negociação da OMC, mostraram a persistência dos impasses explicitados desde o final de junho, nas reuniões de Genebra. No fundo, mantidas as atuais condições políticas, e as definições de cada um dos principais atores, é muito difícil que a rodada de negociações chegue a algum lugar. conjuntura da primeira década do novo século não é a da última década do século passado, que a precedeu. O acordo possível de ser desenhado é um que, tal como ocorrido em Hong Kong ao final do ano passado, consiga passar ao largo dos grandes impasses, jogando-os para a frente. Como os principais impasses representam o que se gostaria de aprofundar como liberalização por cada um dos principais agentes nesta rodada (a ampliação do acesso a mercados em produtos agrícolas e industriais e a redução dos apoios internos, fundamentalmente, dependendo da ótica de cada um dos agentes), e aparentemente estes mesmos personagens não chegam a um acordo sem resolver estes pontos, nas condições políticas vigentes no momento no cenário, não é possível chegar a um acordo. Isto quer dizer que tudo vai ficar parado? No momento sim. Mas, como se costuma dizer, a fila anda, e uma série de processos eleitorais em curso podem alterar essas condições. lém disso, os impasses jogam os principais agentes para um jogo de pressão nos bastidores, com tentativas de fracionar os blocos políticos que se conformaram nas negociações (afinal, países não negociam só comércio e temas econômicos), pressões das agências financeiras multilaterais (como visto nas várias declarações em Cingapura, durante a reunião conjunta do segundo semestre do FMI e Banco Mundial), e balões de ensaio variados que vão aparecer em Genebra, aqui e acolá. Saímos, aparentemente, de uma fase aguda do processo de negociação, com rodadas, ministeriais e negociações de grupos e comitês supostamente decisivas, para uma fase crônica, em que os temas seguem colocados, as pressões também, mas sem um momento claro de definição. Perceber esse novo quadro que está se desenhando, e fazer uma nova avaliação dos riscos e das possibilidades que se abrem nessa nova situação, para orientar a ação, é a principal tarefa dos que acompanham o processo e buscam nele influir. Redefinir táticas e estratégias, passando possivelmente de um momento de explosão para um outro em que o fôlego será fundamental, mantendo o olho nos peixes (Genebra, negociações bilaterais, configuração de blocos) e outro no gato (governos nacionais) e como fazer isso não é tarefa simples, mas é necessária. lém disso, a interrupção do momento mais agudo das negociações abre espaço para que seja possível também tentar discutir o sistema multilateral que queremos, e quais processos de integração nos são mais favoráveis como atores sociais. Como antes, a tarefa não é simples, mas está aí, pedindo reflexão e ação mais uma vez. genda REBRIP e Parceiros 05/10 Oficina Interna sobre Empresas Transnacionais - ORIT/São Paulo 28 a 31/10 Outubro zul Montevidéu/Uruguai 23 e 24/11 16ª Plenária Nacional da Campanha Brasileira contra a LC e a OMC São Paulo genda Genebra OMC 29/09 Comitê de Comércio e Desenvolvimento 04/10 Comitê de cesso a Mercados 04 e 05/10 Comitê sobre Comércio e Desenvolvimento 10 e 11/10 Conselho Geral 11 a 13/10 Comitê sobre Med. Sanitária e Fitossanitária 13/10 Comitê Regional sobre cordos Regionais 19/10 Comitê em Regras de Origem 25/10 Comitê sobre Práticas de nti-dumping 25 e 26/10 Conselho TRIPS 30/10 Comitê sobre Licença de Importação 31/10 Comitê sobre gricultura

OMC Organização Mundial do Comércio Rodada Doha na OMC: Pausa para Reflexão Por dhemar Mineiro ssessor da REBRIP Desde o final do mês de Junho desse ano, e apesar das tentativas de salvação durante a reunião do G-8, a chamada Rodada Doha de negociações da OMC entrou em crise, e travou. Para os que acompanham e estudam rodadas de negociações comerciais, isto não é propriamente uma novidade, pois desde a estruturação do GTT, as rodadas de negociações normalmente duram cada vez mais tempo, e desde a constituição da OMC, não se conseguiu chegar a algum acordo substancial (eventualmente se acordaram orientações para as negociações), e publicamente aconteceram rupturas do processo, como na Conferência Ministerial de Seattle, EU, em 1999, ou na Conferência Ministerial de Cancún, México, em 2003. s razões conjunturais para o travamento da atual rodada de negociações podem ser buscadas em quatro nós que se mostraram difíceis de serem desfeitos, e que deveriam ser equacionados quase que simultaneamente para que as discussões pudessem chegar a algum lugar. Estes nós seriam: a melhoria do acesso a mercados para produtos agrícolas, a questão dos apoios internos à produção agrícola, as definições referentes a produtos especiais e salvaguardas especiais em produtos agrícolas e questões relativas ao acesso a mercados/rebaixamento de tarifas em produtos industriais (NM)*. Os dois primeiros pontos da discussão agrícola miravam especialmente a União Européia, resistente a abrir ainda mais seus mercados, e os EU, mais resistente à redução de seus apoios internos. No segundo caso, deve ser inclusive lembrado o momento eleitoral nos EU (eleições de meio de mandato, que renovam parte importante dos mandatos nas duas casas do Legislativo estadunidense) e as possibilidades, dada a impopularidade do atual governo, de que a oposição democrata ganhe o controle de uma ou de ambas as casas do Legislativo. Na questão de produtos e salvaguardas especiais em agricultura existiam resistências moderadas e dúvidas dos países líderes do G-20* e muitas resistências do G-33, no qual conta com o apoio de vários países que também fazem parte do G20, como Índia, Venezuela e Cuba, que está fundamentalmente preocupado com agricultores os efeitos da liberalização sobre os pequenos agricultores. No ponto referente à abertura em produtos industriais, principal moeda de barganha exigida pelos países capitalistas hegemônicos para fazer concessões em agricultura, havia forte resistência do chamado Grupo Nama-11*. Este grupo é formado por países em desenvolvimento preocupados com as possibilidades de seu desenvolvimento industrial, e especialmente sobre eventuais efeitos de uma maior liberalização nessa área sobre seus parques industriais, onde esteve à frente na discussão a África do Sul no período mais recente (mas também composto por rgentina, Brasil, Egito, Índia, Indonésia, Filipinas e Venezuela, entre outros). impossibilidade de um equacionamento a contento para os principais negociadores do processo sobre esses quatro pilares se explicitou já no final de Junho, com a tentativa de levar adiante uma reunião ministerial parcial (mini-ministerial) em Genebra. partir daí, seguiram-se várias tentativas de buscar saídas para as principais questões, até a declaração aberta do impasse no processo pelo Diretor-Geral da OMC, Pascal Lamy, pouco antes da prevista reunião do Conselho Geral da entidade, que deveria se dar nos últimos dias de Julho. s razões conjunturais do impasse envolvem ainda uma disputa não explicitada entre grupos de interesse, que resumidamente e com o risco que reduções podem envolver, poderiam ser caracterizados como pragmáticos e maximalistas. Desde meados de 2004, com a tentativa de reviver o processo de negociação após o fracasso da Ministerial de Cancún, através de um documento aprovado por uma reunião do Conselho Geral de Julho daquele ano, que funcionaria como um roteiro de discussões, e ficou conhecido como Pacote de Julho, estava evidente que as pretensões aprovadas na reunião ministerial da OMC em Doha, não teriam condições de ser levadas adiante, e teriam que ser reduzidas. Entretanto, as discussões que se seguiram ao Pacote de Julho começaram a apontar também que, nos prazos definidos por aquele documento seria impossível concluir o processo. O movimento que acabou levando à eleição de Pascal Lamy para Diretor-Geral, e em seguida, a resolução da Ministerial de Hong Kong, ao classificar

final do ano passado, instalaram um processo em que aparentemente se buscava, pela ênfase em questões como tratamento especial e diferenciado para economias menores, salvaguardas e uma série de excepcionalidades, chegar a um acordo que tomasse como referência especialmente os prazos dados ao Executivo dos EU (TP)* para negociar em nome daquele país, chegar a um acordo possível. Este acordo se constituía cada vez mais em um acordo que representaria muitos riscos para os PEDs e PMRDs*, mas de fato pouca ou nenhuma ampliação efetiva da liberalização nos marcos da OMC. Seria apenas o acordo possível neste momento, em parte sancionando o atual status quo, mas mantendo a OMC como grande espaço institucional multilateral de negociação do comércio. Esse seria o caminho defendido pelo que se poderia chamar de pragmáticos. De outro lado, o que se poderia chamar de maximalistas se constituiriam daqueles que só estariam dispostos a levar adiante um acordo que representasse de fato um novo patamar de liberalização comercial, o que parece inviável neste momento pelos muitos pontos de resistência, o que os levaria a preferir ficar sem um acordo neste momento, e buscar uma série de outros caminhos (espera de ocasião mais favorável no âmbito multilateral e negociações bilaterais ou biregionais, entre outros). Esse conjunto de razões conjunturais não deve fazer com que deixemos de levar em consideração razões estruturais para as dificuldades que envolvem a continuidade das discussões. De fato, a agregação de mais temas à agenda da discussão comercial (agricultura, serviços, investimentos, propriedade intelectual, e outros), parece não ter resistido ao pragmatismo que foi sendo colocado aos poucos na agenda desde as crises financeiras da segunda metade dos anos 90, e às mudanças políticas que acabaram sendo a expressão da busca de vários países por alternativas à globalização liberal. ssim, se no início dos anos 90 a percepção ideologicamente hegemônica era a de que mesmo países que tivessem perdas com a liberalização comercial no curto prazo, acabariam ganhando em eficiência no médio e longo prazos. Já ao final da década, a busca era por ganhos imediatos, especialmente pelas evidências crescentes de que uma década de liberalização financeira e comercial tinham beneficiado fortemente as grandes corporações transnacionais em seus processos de reestruturação da produção à escala mundial, mas tinham representado muitas perdas para os países mais pobres, e aumentado a clivagem entre ricos e pobres. Essas razões deveriam levar a repensar o funcionamento e o próprio instrumento OMC. caractersticae organização foi constituída com base no princípio da liberalização progressiva, isto é, com a consideração de que a abertura crescente dos mercados era benéfica ao desenvolvimento, e que este sentido geral não poderia ser questionado, apenas graduado conforme sensibilidades políticas e comerciais, e também com o tamanho das economias envolvidas no processo de negociação. ssim, o rumo geral da liberalização estaria sempre dado, e as excepcionalidades abertas neste processo seriam consideradas apenas prazos requeridos para eventuais ajustes. Essa visão embute uma concepção liberal de desenvolvimento que é o que agora está sendo questionado. ssim, quanto maior a insistência em efetiva liberalização, maior os impasses dados por um largo período nos processos de negociação no interior da instituição. Uma alteração neste momento para uma instituição com características mais reguladoras do comércio internacional, com ênfase maior nos aspectos de soluções de controvérsia, e também em mais facilitação de comércio talvez servissem para dar um maior respaldo institucional à organização, momentaneamente. De qualquer modo, deve se considerar que o momento da crise estrutural é o momento de discutir a própria OMC, seus princípios e funcionamento, e talvez até a sua existência, e talvez a pausa imposta pelo impasse no processo negociador seja o momento para tentar avançar nesse rumo. Considerado desta maneira, o impasse no processo de negociações da OMC tem muito a ser considerado como benéfico, especialmente pelas organizações sociais e redes nacionais e internacionais que denunciaram desde o início uma agenda de negociações comerciais que privilegiariam os interesses de grandes corporações e grandes grupos no interior dos países ligados à agenda exportadora, e com riscos evidentes para muitos setores sociais no interior dos países. agricultura familiar ameaçada pelo avanço da liberalização agrícola, e os trabalhadores industriais com seus empregos ameaçados também tem a comemorar. Setores no interior dos governos e setores industriais ameaçados também ganham fôlego para seguir com suas discussões sobre o processo em curso. chamada diplomacia comercial ganha tempo, se tiver sabedoria, para repensar o processo e discutir as mudanças necessárias ao discutível sistema multilateral de comércio hoje existente. * Veja glossário

Emergirá uma Fenix das Cinzas do Colapso de Doha? *Por Sophia Murphy e Carin Smaller O completo colapso das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi surpreendente apenas no sua forma abrupta. Enquanto os membros mais poderosos da OMC encenam na mídia o jogo de atribuir culpa, a razão real pela morte das negociações repousa nos erros fundamentais feitos há mais de 5 anos atrás, quando os paises membros acordaram a genda de Doha em Novembro de 2001. OMC irá recuperar sua relevância apenas quando seus membros reconhecerem que o livre comércio não substitui as políticas de desenvolvimento. O Livre comércio tem minado os modos de vida de trabalhadores e agricultores pelo mundo, mas particularmente nos países pobres. O que as negociações e seu colapso expuseram foram as diferenças permanentes em como os países vêem comércio como uma ferramenta para o desenvolvimento e crescimento econômico. Essas diferenças ficaram claras tempos atrás na conclusão da histórica Rodada do Uruguai em 1994, que criou a OMC. Estes acordos comprometeram os países pobres a fazerem mudanças significativas nas suas leis domésticas pra se adequar às regras de comércio, que naquele momento não era adequadamente entendida por eles. implementação das regras se mostraram complicadas e caras para esses países. Os apoios financeiros prometidos pelos países ricos não se materializaram ou focaram exclusivamente no cumprimento das regras ao invés de ajudar os países pobres a usá-las para suas próprias prioridades. Em Seattle em 1999, os membros reuniram-se para negociar a agenda para uma nova série de acordos comerciais. Países ricos e pobres encontraram muitas idéias diferentes sobre o que eram as suas necessidades. Países pobres queriam mecanismos mais fortes para lidar com as preocupações do desenvolvimento, incluindo acesso a alimentos baratos, mercados estáveis para as commodities que exportam e garantias de que as preferencias comerciais existentes não fossem erodidas sem compensações adequadas. Muitos países também queriam mudanças fundamentais em algumas regras existentes, por exemplo, em proteção dos direitos de propriedade intelectual para assegurar o acesso a medicamentos baratos. Países ricos liderados pelos Estados Unidos, naquele momento, ainda estavam impulsionando a desregulamentação do comércio como motor do desenvolvimento. Empresas farmacêuticas, indústrias de serviço, e agronegócio transnacional, todos pressionaram os governos de países ricos a prosseguirem com uma agenda de aprofundamento dos cortes de tarifas, especialmente para as maiores economias emergentes em desenvolvimento. Seattle acabou fracassando quando os países pobres recusaram a ir em frente com a agenda dos países ricos. Dois anos depois em Doha, no rastro do 11 de Setembro, países ricos foram mais circunspectos, cuidadosos para conversar mais sobre desenvolvimento e menos sobre suas ambições de desregulamentar mais a competição global e os investimentos. O resultado foi a genda de Desenvolvimento de Doha, cheia de agradáveis promessas para os países pobres. Porém quase imediatamente a genda de Doha perdeu este brilho visionário. Rapidamente ficou claro que os grandes atores da OMC, mesmo Estados Unidos e União Européia, não ouviram de fato as demandas dos países pobres. No último ano, trabalhos de pesquisa do Banco Mundial, Nações Unidas e uma variedade de centros de especialistas independentes confirmou de forma consistente uma vasta literatura de experiências empíricas documentadas: a maior parte dos benefícios projetados da desregulamentação do comércio tratam os países pobres como um todo, e países ricos e pobres como iguais, porém essas reformas do comércio criaram ganhadores e perdedores. OMC fracassou largamente, porque simplesmente não está equipada para tratar algumas das questões mais fundamentais com as quais todos os países lutam, incluindo as necessidades para gerar empregos suficientes, estáveis e bem pagos; para assegurar o acesso de todos a uma dieta adequada e barata; e para diversificar as fontes de divisas para evitar choques nas finanças governamentais.

O Colapso das negociações é uma oportunidade para estabelecer um novo curso. É a chance para os países ricos recuperarem a confiança dos países pobres. É a chance para a OMC repensar seu papel no sistema multilateral. Os governos precisam fazer a OMC trabalhar de forma cooperativa com as instituições da ONU, objetivando integrar comércio com obrigações permanentes de respeitar e promover os direitos humanos, de proteger e reabilitar nosso planeta poluído e recursos naturais, e de acabar com o flagelo da pobreza. Para que haja futuro, os governos precisam voltar o foco da OMC nos objetivos de sua fundação, particularmente pleno emprego e desenvolvimento sustentável. O comércio não pode operar no vazio. O mundo precisa urgentemente de instituições multilaterais capazes de decisões complicadas, que envolvam outras instituições em seus trabalhos e que são compatíveis com outras obrigação, desde direitos humanos a proteção ambiental. Está a cargo dos membros da OMC decidirem se a Organização será uma dessas instituições. Reunião do G20 no Rio de Janeiro Nos dias 09 e 10 de setembro aconteceram no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro as reuniões do G-20, do G-20 com coordenadores de grupos de países em desenvolvimento (G-33, CPs, Países de Menor Desenvolvimento Relativo, Grupo fricano, Economias Pequenas Vulneráveis, lgodão-4 e NM- 11), e do G-20 com o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson, com a representante comercial dos EU, Susan Schwab, com o ministro japonês de gricultura, Floresta e Pesca, Shoichi Nakagawa, e com o diretor geral da OMC, Pascal Lamy. Em essência, as reuniões não representaram nada de novo. Uma reafirmação da vontade de seguir as conversações, no atacado, e a mesma profusão de impasses entre as diversas posições, no varejo. Os EU cobram acesso a mercados em agricultura (da UE), NM e serviços (do restante), e são cobrados na questão dos subsídios, onde não oferecem resposta. Mantido este impasse, a rodada não anda, e o impasse não depende das negociações em si, mas da eleição nos EU, da renovação ou não do TP estadunidense, e da discussão da nova lei agrícola dos EU ( Farm Bill ). Por isso, os prazos anunciados ao final das discussões para a retomada das conversas oficialmente variavam entre novembro (mês da eleição nos EU) e março (quando deve ser aberta a discussão da nova Farm Bill ). té lá, o que seria possível é o chamado negociações de baixo perfil, ou de bastidores, reuniões de sondagens, ensaios de acordos bilaterais, conversas técnico-políticas, e assim por diante. s ameaças veladas começaram um pouco durante as conversas, com alguns falando que podem existir contradições ou assincronias entre o mandato (definido em Doha) e alguns dos instrumentos a que se chegou (roteiros de negociações determinados pelo Pacote de Julho de 2004, ou pela Ministerial de Hong Kong, ao final de 2005). Não foi à toa que o documento (comunicado de imprensa) da reunião do G-20 com os coordenadores de grupos de países em desenvolvimento foi bastante claro no seu ponto 8 ( Sublinhamos que o único resultado aceitável será aquele que estiver em conformidade com os compromissos de Doha, tal como complementados pelo cordo-quadro de Julho e pela Declaração Ministerial de Hong Kong. Nesse sentido, qualquer tentativa de renegociar ou de reescrever tais compromissos é inaceitável. ). Mais claro, impossível. Finalmente, a título de uma discussão mais técnica para os que acompanham agricultura, na discussão de produtos especiais e salvaguardas, o diretor-geral parece ter sugerido informalmente como caminho para esse ponto a redação do acordo de livre-comércio entre os EU e a ustrália. Cobrou ainda que o G-20 tentasse formular uma proposta, como base de discussão. s organizações da sociedade civil, representadas por REBRIP, ctionaid, OXFM, entre outras, estavam presentes no Copacabana Place nos dois dias da reunião e apresentaram uma declaração aos representantes de governos presentes.

Importação de Pneus Reformados no Brasil: Uma batalha Nacional e Internacional No dia 20 de janeiro de 2006, as Comunidades Européias (representação da União Européia na OMC) solicitaram no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC o estabelecimento de um painel arbitral contra o Brasil, para analisar a postura brasileira em relação às medidas restritivas quanto à importação de pneus reformados. Usando argumentos centrados meramente em questões comerciais, ou seja, na falta de compatibilidade dessas medidas com as disciplinas internacionais do comércio. ssim, as Comunidades Européias preterem temas importantes relacionados a saúde pública e meio ambiente dos países em desenvolvimento e concentram seus argumentos em rtigos do GTT e no laudo arbitral do Mercosul que determinou que o Brasil deveria liberar a importação de pneus reformados provenientes do Uruguai. Por ocasião da primeira audiência na OMC entre Brasil e União Européia, que aconteceu entre 5 e 7 de julho, uma coalizão de ONGS, formada pela REBRIP, Fórum Brasileiro de ONGS e Movimentos Sociais para o Meio mbiente e Desenvolvimento (FBOMS), Rede Brasileira de Justiça mbiental (RBJ), Conectas Direitos Humanos e Greenpeace Brasil divulgaram a declaração Não queremos que o Brasil se torne o lixão da União Européia (veja a declaração em www.rebrip.org.br) que conta com o apoio de 127 redes e entidades de mais de 30 países. o mesmo tempo em que, no âmbito internacional, o Brasil trava uma batalha contra a UE no painel sobre o caso dos pneus, internamente, as organizações da sociedade civil brasileiras tentam chamar atenção para dois projetos de lei em tramitação no Congresso Brasileiro. Estes são: PL do Senado N.º 216 de 2003 e Projeto de Lei da Câmara do Deputados N.º 203 de 1991 que permitiram, caso aprovados e sancionados, a importação de resíduos pelo Brasil, entre eles pneus usados e reformados. No dia 4 setembro aconteceu na OMC a segunda audiência sobre o caso e no dia seguinte estaria votação pela comissão sobre meio ambiente do Senado o PL 216/03. Por esses dois motivos as organizações e movimentos envolvidos na questão decidiram fazer um ato em Brasília para demonstrar que a sociedade civil não quer que os países em desenvolvimento se tornem lixo dos países e sociedades mais ricas e consumistas. O ato aconteceu na frente do Congresso Nacional, onde representantes REBRIP, FBOMS, RBJ, MST, Força Sindical entre outros empilharam dezenas de pneu velhos e seguraram faixas apoiando a posição brasileira (representada pelo Ministério das Relações Exteriores, com o poio do Ministério do Meio mbiente) no painel da OMC e pedindo a não aprovação dos Projetos de Lei. s organizações ainda encaminharam aos Presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados e ao Presidente da República o Manifesto por um Brasil soberano, livre de incineração, co-incineração e destinação de resíduos dos países industrializados (veja manifesto em www.fboms.org.br) que pedia providências cabíveis, a implementação de ações no sentido de barrar a aprovação dos dois projetos, os quais contrariam a soberania nacional e os interesses da saúde das gerações atuais e futuras de nosso país. Para mais informações entre em contato com Clarisse Castro: clarisse@rebrip.org.br ou Esther Nehaus: coordenacao@fboms.org.br Veja também a edição passada deste boletim

Integração Regional Rumo a Cúpula Social Para a Integração dos Povos Por Fátima Mello Secretária Executiva da REBRIP Nos dias 26 e 27 de agosto passado realizou-se em La Paz, Bolívia, uma reunião preparatória para a Cúpula Social para a Integração dos Povos, que se realizará em Santa Cruz de la Sierra, em dezembro, paralelamente à reunião de presidentes da Comunidade Sul-mericana de Nações. Organizada pela liança Social Continental e pelo Movimento Boliviano pela Soberania e Integração Solidária dos Povos, a reunião confirmou a idéia de que esta Cúpula se constituirá em um momento chave de balanço e síntese dos avanços do movimento continental em relação às lutas de resistência contra o livre comércio e à construção de visões e propostas alternativas de integração regional. Para tal, foi decidido que a Cúpula será organizada em torno das seguintes dimensões: reafirmação das lutas de resistência no continente contra o neoliberalismo; avanço no debate e construção de propostas das organizações e movimentos sociais sobre alternativas de integração; desenvolvimento de estratégias de pressão e incidência sobre a agenda da Comunidade Sul-mericana de Nações (CSN) a declaração final da nossa Cúpula será apresentada aos presidentes integrantes da Cúpula da Comunidade Sul- mericana de Nações, e serão desencadeadas, desde já até dezembro, iniciativas de monitoramento e incidência sobre os conteúdos e processos que estão sendo desenvolvidos pelos governos; e fortalecimento da construção e articulação de nosso movimento. reunião de La Paz constituiu grupos temáticos que trabalharão no processo preparatório até a Cúpula. São eles: Recursos naturais, água, biodiversidade, terra; genda social (inclui saúde, educação, trabalho, migrações, seguridade social); Democracia e militarização (inclui direitos humanos, violência e impunidade); Energia, IIRS/infra-estrutura, financiamento; e Povos indígenas. lém disso, foi constituído em grupo de trabalho geral que visa a elaboração de um documento contendo a visão das organizações e movimentos sociais sobre integração, a partir dos eixos igualdade, soberania e democracia. REBRIP está integralmente comprometida com a preparação da Cúpula Social para a Integração dos Povos, através da participação em alguns grupos de trabalho temáticos e no grupo de redação do documento geral. lém disso, devemos tentar abrir um diálogo com o governo brasileiro visando incidir sobre a montagem dos conteúdos e propostas que o Brasil pretende apresentar em Santa Cruz. É fundamental que os integrantes dos GTs da REBRIP se mobilizem para participar deste processo preparatório, e para tal podem entrar em contato com a secretaria executiva.

Grupo de Trabalho sobre Serviços Relatório sobre as Estratégias e Plano de ção do GT Serviços durante o ano de 2006 Durante o ano de 2006 foi feito um monitoramento permanente das negociações do GTS, através de reuniões e conversas com negociadores do governo brasileiro, através de organizações parceiras em Genebra, e o acompanhamento de informação circulada através da Rede OWINFS. Membros do GT têm participado de reuniões chave na agenda da OMC em 2006 Genebra: Conselho Geral (Maio), Reunião Mini-ministerial (Junho), Conselho Geral (Julho). Isso permitiu realizar relatórios em tempo real pros membros do GT e da REBRIP, permitindo reações da rede e respostas aos acontecimentos. Campanha contra a Privatização da Água: Junto com a Rede Vida, o GT tem acompanhado os eventos e ações. Membros do GT tem participado de reuniões de coordenação e na organização de atividades públicas no Fórum Social Mundial (Caracas - janeiro), Fórum das Águas no México (Março 2006), Fórum Social Brasileiro, (Recife - bril) e Tribunal contra as Transnacionais em Viena (Maio 2006). De outro lado, houve um acompanhamento dos projetos vinculados ao qüífero Guarani. Foram realizados seminários sobre a base da gestão publica dos serviços: Uma das principais atividades do GT, foi a organização de um seminário regional em Brasília, em Junho, onde foram discutidos os impactos da liberalização dos serviços. Uma declaração conjunta dos participantes do seminário, foi entregue ao Ministro Celso morim, com quem foi mantida uma entrevista. Foi realizado também um seminário sobre Educação no Rio de Janeiro em Junho, junto ao GT Gênero da REBRIP. Foi mantido um diálogo com a agenda dos movimentos sociais (campanha contra a LC / OWINFS). O GT participou de processos de mobilização onde levou subsídios para o debate sobre GTS e OMC. Conferência da FO em Porto legre (março) e na COB8 e MOP8 em Curitiba (abril) foram distribuídos materiais do GT e membros do GT participaram de mesas de debates. Materiais: Foi produzida uma cartilha resultado do seminário sobre saúde realizado em 2005. Se contribuiu num estudo sobre transnacionais apresentado no Tribunal das transnacionais de Viena. Finalmente foi produzido junto com o Observatório Social OMC, Negociações de Serviços e os Riscos de profundamento da bertura para o Brasil. Para mais informações: maite@asc-hsa.net

Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual No início do mês de agosto o GTPI participou do Seminário Nacional de Produção de ntiretrovirais na Indústria Brasileira em Brasília, organizado pelo Conselho Nacional de Saúde. No presente seminário, a cartilha sobre patentes e acesso a medicamentos do GTPI (disponível no site http://www.abiaids.org.br/media/cartilha_patentes.pdf ) foi lançada. O GTPI contribuiu no posicionamento do tópico referente à saúde do documento Estratégia Nacional de Biotecnologia - Política de Desenvolvimento da Bioindústria, enfatizando principalmente a ausência de medicamentos de alto custo que são desenvolvidos por processos de biotecnologia, reforçando a importância da Declaração de Doha da OMC sobre o cordo TRIPS e Saúde Pública e das Resoluções aprovadas durante as ssembléias Mundiais de Saúde, discordando da participação de órgãos intervenientes no processo de concessão de direitos de propriedade intelectual, à luz das necessidades de desenvolvimento da bioindústria nacional e outros aspectos. O documento recebeu diversas assinaturas de Ongs e outras entidades e movimentos sociais. inda no início do mês, vários representantes do GTPI participaram da XVI Conferência Internacional de IDS, em Toronto, Canadá. experiência da ção Civil Pública, proposta pelo GT, demandando a licença compulsória do Kaletra foi apresentada na mesa ccess to Treatment: People Before Trade, junto com apresentações de experiências da sociedade civil da Malásia, Índia e África do Sul. dicionalmente, o GTPI participou de uma reunião com representantes de ONGs de alguns desses países para tentar criar uma rede de troca de experiências, em especial no que se refere à oposição aos pedidos de patentes farmacêuticas que não atendam aos requisitos de patenteabilidade. Essa reunião evoluiu para a criação, em setembro, de uma lista de discussão virtual organizada pelo GTPI, contando com os participantes, para discutir temas pertinentes e promover um intercâmbio de experiências. Imediatamente em seguida, ocorreu no Rio de Janeiro o 8o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva/10o Congresso Mundial de Saúde Pública, o qual representante do GTPI participou da comunicação coordenada Propriedade Intelectual e cesso a Medicamentos, com a apresentação intitulada Os medicamentos de HIV-ids e as ameaças de licença compulsória no Brasil: o cenário pós-implementação do cordo TRIPS. No início de setembro foi realizada reunião presencial com representantes do GTPI para balanço das estratégias realizadas e para definir as futuras. dicionalmente, a reunião incluiu apresentação sobre o tema de qualidade de medicamentos e bioequivalência para maiores esclarecimentos sobre as implicações no acesso aos medicamentos genéricos. Na mesma reunião foi definida uma série de novas possíveis ações para os diferentes medicamentos de ids e de outros em potenciais de interesse para a saúde pública. O Programa Mínimo do GTPI foi concluído e enviado para os parlamentares e candidatos à presidência, mas infelizmente não houve retorno de nenhum deles. Por fim, o GTPI participou da última reunião com o Ministério das Relações Exteriores e Secretaria Geral da Presidência da República, juntamente com outras ONGs de ids, que apresentou a proposta da Central Internacional de Medicamentos (sigla do inglês UNITID), lançada pelo Presidente Lula na 61a Sessão da ssembléia Geral da ONU em Nova York. Para mais informações: renata@abiaids.org.br

Grupo de Trabalho sobre gricultura No mês de gosto deste a no o Grupo de Trabalho sobre agricultura da Rebrip se reuniu em Brasília para realizar a avaliação de três pesquisas pertinentes a atuação de empresas transnacionais na cadeia agro-alimentar no Brasil. No mês de Setembro, o GT de agricultura esteve presente na Reunião do G-20, já mencionado anteriormente neste boletim, que aconteceu entre os dias 9 e 10 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro. O encontro, que também contou com a participação de representantes dos Estados Unidos, União Européia e Japão, teve como objetivo discutir o papel do G-20 (grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil e Índia e centrado nas questões referentes às negociações de agricultura), dentro da Organização Mundial do Comercio e os próximos passos para retirar a Organização do processo de hibernação em que se encontra. O GT de gricultura, juntamente com membros da REBRIP entregaram uma declaração em defesa dos direitos das populações excluídas desses países. Esta declaração pode ser visualizada neste boletim. declaração identifica a crise da rodada de Doha e da intransigência dos países desenvolvidos, notadamente os Estados Unidos e a União Européia, em fazer as concessões substanciais para eliminar as atuais disparidades do sistema mundial de comércio e enfatiza também que o desenvolvimento manteve-se tão somente na retórica. declaração fala ainda que graves injustiças e distorções do sistema multilateral de comércio continua como resultado do fracasso do acordo de novas regras comerciais e destaca a criação do G20 como um fator importante pois redesenhava as relações de poder na OMC. Para mais informações entre em contato com Marcelo Montenegro (actionaid) ou Edelcio Vigna (INESC): marcelo.montenegro@actionaid.org ou del@inesc.org.br

Glossário Rodada de Doha - Entre os dias 9 a 14 de dezembro de 2001 aconteceu em Doha, Qatar, a IV Conferência Ministerial da OMC, onde ficou acordado o lançamento de uma nova rodada de negociações multilaterais com uma agenda negociadora bastante ambiciosa, centrada em agricultura. conclusão desta rodada foi programada para 2005, tendo supervisão do Comitê de Negociações Comerciais subordinado ao Conselho Geral da OMC. Essas negociações serão realizadas seguindo o princípio do compromisso único ( single undertaking, o que significa que os países devem tomar o acordo como um todo, não podendo concordar em assinar apenas partes deles) e deverão levar em conta o princípio de tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos. Pacote de Julho Depois do fracasso da Ministerial de Cancún (setembro de 2003), os membros da OMC intensificaram seus trabalhos com o objetivo de alcançar um entendimento sobre um desenho geral de estruturas pelas quais poderia e/ou deveria passar a negociação. Estipularam o dia 31 de Julho como data limite para esse entendimento. Na madrugada de 1 de agosto de 2004 se concluiu a decisão do Conselho Geral sobre o Programa de Trabalho de Doha, chamado de Pacote de Julho, que contém marcos e outros acordos que focalizam e dirigem as negociações para um nível superior. Texto do pacote de Julho disponível em: http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/draft_text_gc_dg_31july04_e.htm G-8 - Grupo dos países mais ricos do mundo e mais a Rússia, e que contou também com a participação de Brasil e Índia, entre outros, em S. Petersburgo. GTT - cordo Geral sobre Tarifas e Comércio NM - Non-griculture Market ccess. Jargão nas negociações internacionais para acesso a mercados não-agrícolas ou bens industriais. G-20 - Grupo de países médios e aliados, liderados por Brasil e Índia Grupo Nama-11 - grupo de países em desenvolvimento preocupados com as possibilidades de seu desenvolvimento industrial, e especialmente sobre eventuais efeitos de uma maior liberalização nessa área sobre seus parques industriais. Composto por África do Sul, rgentina, Brasil, Egito, Índia, Indonésia, Filipinas e Venezuela, entre outros. PEDs - Países em Desenvolvimento e PMDRs Países com Menor Desenvolvimento Relativo TP - sigla para utorização para Promoção de Comércio, através da qual o Legislativo estadunidense dá ao Executivo orientações para negociações e prerrogativas para negociar, cabendo ao Congresso ao final aprovar ou rejeitar na íntegra os acordos negociados e que, caso não seja prorrogado, expira em meados do próximo ano. Levados em consideração os prazos de tramitação do Legislativo dos EU, indicaria que o acordo na OMC deveria ser levado à discussão no início do próximo ano, no máximo. Boletim elaborado por dhemar Mineiro e Clarisse Castro (Convênio DIEESE/CUT/REBRIP), com contribuições dos GTs da REBRIP, Fátima Mello Secretária Executiva da REBRIP e Sophia Murphy e Carin Smaller -ITP Contatos: clarisse@rebrip.org.br e adhemar@dieese.org.br REBRIP (Rede Brasileira Pela Integração dos Povos) Tel: 55 21 25367350/Fax: 55 21 22867820 Rua das Palmeiras 90, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ Brasil http://www.rebrip.org.br s atividades da REBRIP são possíveis graças ao apoio de seus membros, e dos parceiros Oxfam Internacional, Fundação Ford e Christian id