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Transcrição:

1 Desenvolvimento e validação de método multirresíduo rápido para determinação de agrotóxicos em água empregando extração em fase sólida e análise por LC-MS/MS e GC-MS/MS Filipe F. Donato, Gabriel C. dos Santos, Martha B. Adaime, Osmar D. Prestes, Renato Zanella Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP), Departamento de Química, Universidade Federal de Santa Maria, 97105-900 Santa Maria - RS, Brasil *renato.zanella@ufsm.br Resumo O uso de agrotóxicos, tanto na agricultura quanto na área urbana, sempre esteve associado a vantagens e desvantagens. Pode-se destacar como benefícios o aumento da produtividade das lavouras e o controle de vetores causadores de doenças. No entanto, a utilização excessiva e indiscriminada destas substâncias vem causando malefícios à saúde humana e ao meio ambiente, principalmente no que diz respeito aos recursos hídricos potencialmente utilizados para o abastecimento humano. Neste contexto, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos analíticos rápidos, sensíveis e eficientes para verificar os níveis de concentração de agrotóxicos, tanto em águas superficiais como subterrâneas. Para isso, desenvolveu-se um método de extração unificado para compostos com ampla faixa de polaridade empregando extração em fase sólida (SPE) e determinação por cromatografia líquida de alta eficiência e cromatografia gasosa acopladas à espectrometria de massas em série (LC-MS/MS e GC-MS/MS). Foram avaliados cerca de 120 agrotóxicos, incluindo 35 agrotóxicos da portaria 2914 e outros agrotóxicos comumente utilizados na agricultura. Para tanto, testaram-se diferentes volumes de amostra (com e sem acidificação) e diferentes sorventes para a extração dos analitos. Os melhores resultados foram obtidos utilizando 100 ml de amostra acidificada ph 2,5 e sorvente Oasis HLB 60 mg. Os compostos foram eluídos com diclorometano/metanol. A resposta do instrumento mostrou-se linear para todos os agrotóxicos analisados na faixa de 10 a 250 µg L -1, com r 2 0,99. Os limites de detecção (LOD) e de quantificação (LOQ) do método para a maioria dos compostos foram de 0,2 e 0,5 µg L -1, respectivamente. A maioria dos compostos apresentou recuperação entre 70 e 120%, com RSD<20%, tanto por GC-MS/MS quanto por LC-MS/MS. A etapa de concentração utilizando SPE mostrou-se adequada para a determinação multirresíduos de agrotóxicos de diferentes classes químicas em água. As técnicas GC-MS/MS e LC-MS/MS apresentaram sensibilidade e seletividade adequadas às necessidades impostas pela legislação atual. Palavras-chave: validação de método, agrotóxicos, monitoramento

2 Introdução O uso de agrotóxicos na agricultura, bem como na área urbana, está atrelado a diferentes vantagens e desvantagens. Os benefícios de sua utilização estão associados, por exemplo, ao controle, prevenção ou destruição de pragas, ervas daninhas e insetos, que em consequência disto, aumentam e melhoram a produtividade agrícola, promovem o desenvolvimento da economia de diferentes países, bem como controlam possíveis surtos epidemiológicos causados por distintos vetores (FARAJZADEH et al., 2011; LONDRES, 2011; MASIÁ et al., 2015). Contudo, a utilização intensiva e indiscriminada destas substâncias ao longo dos anos tem provocado preocupações quanto aos possíveis efeitos nocivos tanto para saúde humana quanto para o meio ambiente. Esses problemas estão relacionados principalmente ao acúmulo de resíduos de agrotóxicos no solo, no ar e na água. Neste aspecto, os recursos hídricos superficiais aparecem como principal destino em termos de dispersão dos agrotóxicos no meio ambiente. Destacando-se o escoamento superficial e a lixiviação, pois estes representam as maiores rotas de dispersão dos agrotóxicos para os sistemas aquáticos, o que pode causar implicações na qualidade das águas superficiais e também subterrâneas (GLIESSMAN & ROSEMEYER, 2010; BRITTO et al., 2012; BORTOLOZO et al., 2016). A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos aumenta principalmente quando a água é destinada para o consumo humano (RODRIGUES et al., 2013). No Brasil, a Resolução nº 357, de 17/3/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece limites máximos para contaminantes em águas, de acordo com o seu uso. Por outro lado, a Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde estabelece os limites máximos permitidos de agrotóxicos em água destinada ao consumo humano. Assim, o monitoramento de resíduos de agrotóxicos em recursos hídricos é necessário para avaliar os riscos destes poluentes no meio ambiente. Por esse motivo, o desenvolvimento de métodos analíticos como ferramenta para efetivação deste controle torna-se imprescindível. Na determinação de resíduos e contaminantes em água um dos passos mais importantes é o desenvolvimento do preparo de amostras, onde os analitos são extraídos e/ou separados da matriz. Dessa forma, as técnicas de extração têm sido foco de intensa pesquisa nos últimos anos, visando avanços na miniaturização, simplificação e automação desta etapa. Algumas técnicas são baseadas no

3 mecanismo de sorção e já estão bem difundidas sendo aplicadas em extrações exaustivas ou dinâmicas, como é o caso da largamente difundida extração em fase sólida (SPE, do inglês solid phase extraction). Esta técnica é uma das mais indicadas, por apresentar altas porcentagens de recuperação dos analitos, boa robustez e aumentar a concentração dos compostos (REZAEE et al., 2010). Dentre as diferentes técnicas existentes para a determinação de resíduos de agrotóxicos e contaminantes orgânicos em água, destacam-se as técnicas cromatográficas, como, por exemplo, a cromatografia gasosa (GC, do inglês gas chromatography) e a cromatografia líquida (LC, do inglês liquid chromatography). O uso destas técnicas acopladas à espectrometria de massas em série (MS/MS), tem apresentado bons resultados na determinação de resíduos de agrotóxicos com alta seletividade e detectabilidade, reduzidos tempos de análise e obtenção de informações estruturais dos compostos (LANÇAS, 2009). Neste contexto, é de suma importância o desenvolvimento de métodos analíticos capazes de identificar e quantificar possíveis resíduos de agrotóxicos presentes na água. Além disso, estes métodos devem ao mesmo tempo, priorizar a eficiência, a rapidez, a confiabilidade bem como, serem capazes de analisar diversos analitos de diferentes classes de resíduos de agrotóxicos em baixos níveis de concentrações. Objetivo Desenvolver um método analítico rápido, sensível e eficiente para monitorar os níveis de concentração de agrotóxicos em amostras de água, empregando extração em fase sólida (SPE) na etapa de preparo de amostra e determinação por cromatografia líquida de alta eficiência e cromatografia gasosa, ambas acopladas à espectrometria de massas em série (LC-MS/MS e GC-MS/MS). Métodos e Materiais O procedimento experimental constituiu na otimização e validação de um método analítico empregando a SPE como técnica de preparo de amostra e determinação por LC-MS/MS e GC-MS/MS. Os parâmetros analíticos avaliados

4 durante a etapa de validação foram: seletividade, linearidade, precisão (repetibilidade e precisão intermediária), exatidão, limite de detecção e quantificação Neste trabalho foram avaliados cerca de 120 agrotóxicos, incluindo 35 agrotóxicos da Portaria 2.914/11 e outros agrotóxicos comumente utilizados na agricultura, os quais foram adquiridos da empresa Dr. Ehrenstorfer (Alemanha). Os equipamentos utilizados no desenvolvimento deste trabalho estão descritos abaixo: Sistema GC-MS/MS equipado com: cromatógrafo a gás Varian (EUA) modelo CP3800; detector de massas triplo quadrupolo (TQ) 1200; amostrador automático CP 8400; coluna capilar VF-5-MS (5% fenil 95% metilpolisiloxano), com 30 m de comprimento x 0,25 mm de d.i; 0,25 μm de espessura de filme; injetor 1079 com Programação de Temperatura de Vaporização PTV; sistema de aquisição de dados MS Workstation 6.4; Sistema LC-MS/MS equipado com: Cromatógrafo a Líquido Varian 320-MS; detector MS, 320-MS triplo quadrupolo (TQ) utilizando o modo de ionização por eletronebulização; amostrador automático ProStar 410, bomba binária 212-LC, forno para coluna e sistema de desgaseificação; coluna analítica Pursuit UPS C18 (50 x 3,0 mm d.i.) e 2,4 μm de tamanho de partícula (Varian, EUA); sistema de aquisição de dados MS Workstation 6.4; gerador de nitrogênio LC/MS 12/2 Domnick Hunter (Inglaterra); Sistema de purificação de água Milli-Q Direct UV3 (Millipore, EUA); Balança analítica de precisão AUW-220D (Shimadzu, Japão); Micropepitadores automáticos com capacidade variável (Brand, Alemanha); Sistema de manifold SPE (Varian, EUA); Hélio 6.0, usados como gás de arraste em GC-MS/MS, e argônio 5.0, gás de colisão no sistema LC-MS/MS e GC-MS/MS (White Martins e Air Products, Brasil) O sistema LC-MS/MS foi operado utilizando uma coluna analítica UPS Pursuit C18 de 50 x 3,0 mm (d.i.) e 2,4 µm de tamanho de partícula. A fase móvel utilizada foi uma solução aquosa de formiato de amônio 5 mmol L -1 (solvente A) e metanol (solvente B) a uma vazão de 150 µl min -1, resultando em um tempo total de análise de 15 min. O volume de injeção utilizado foi de 10 µl e a fonte de ionização utilizada foi do tipo eletronebulização (ESI), operando no modo positivo e negativo. As condições utilizadas no espectrômetro de massas foram: temperatura da fonte: 50 C, temperatura do gás de dessolvatação (N2): 250 C, a pressão do gás de dessolvatação: 40 psi e a pressão do gás de secagem: 20 psi. Argônio foi utilizado

5 como gás de colisão à pressão de 1,8 mtorr. As voltagens do shield e da agulha foram 600 e 5000 V, respectivamente. Ainda, foi empregado o monitoramento de reações selecionadas (SRM, do inglês Select Reaction Monitoring) O sistema GC-MS/MS foi operado com uma coluna capilar VF-5-MS (5% fenil e 95% dimetilpolisiloxano), com 30 m 0,25 mm (d.i) e 0,25 μm de espessura de filme. A temperatura do injetor foi de 280 C, utilizando um volume de injeção de 2,0 μl (no modo splitless). A vazão do gás de arraste (hélio) foi constante em 1,2 ml min -1 e o tempo total de corrida foi de 15 min. Foi empregado o modo de ionização por impacto de elétrons (EI). Utilizou-se uma temperatura na transfer line e na fonte de ionização de 250 e 210 C, respectivamente. Os padrões foram inicialmente preparados individualmente, 10 ml da solução estoque 1000 mg L -1 de cada agrotóxico em estudo, considerando a pureza dos padrões sólidos. Após, preparou-se duas soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo, uma com os compostos a serem analisados por HPLC e a outra por GC, incluindo. Foram preparadas 25 ml de cada solução na concentração 10,0 mg L -1, em metanol para os compostos avaliados por HPLC e em acetonitrila para os compostos analisados por GC. Estas soluções foram utilizadas para os ensaios de fortificação e avaliação da linearidade. Considerando que a concentração dos agrotóxicos em diferentes tipos de água (rios, lagos, águas subterrâneas e água potável) é baixa, uma etapa de concentração é necessária para que seja possível a quantificação destes analitos. Para avaliar as melhores condições de extração, as amostras de água foram filtradas em membranas 0,45 μm, colocadas em balões volumétricos e em seguida, foram transferidas para os cartuchos SPE através de tubulações de politetrafluoretileno (PTFE), com o auxílio de uma bomba de vácuo. Os volumes de amostras testados foram 100 e 250 ml, com e sem ajuste de ph. Outra variável estudada foi o tipo de sorvente utilizado para a etapa de extração, foram testados os seguintes sorventes: Strata-X 200 mg, Strata- X 60 mg, Strata C18 500 mg, Oasis HLB 60 mg. As amostras foram fortificadas na concentração de 1 μg L -1 em triplicadas. Após a concentração dos analitos, no sorvente, os mesmos devem ser eluídos através de um solvente adequado. A escolha do solvente deve permitir a eluição dos analitos de forma eficiente, mantendo retidos no cartucho os interferentes contidos na amostra. O ideal é eluir os analitos de interesses com um pequeno volume de solvente apropriado, de forma que os compostos estejam em concentração apropriada para

6 análise. O solvente de eluição deve ter maior força de eluição que o solvente usado na etapa anterior, limpeza do cartucho, o que é obtido aumentando a quantidade de solvente orgânico ou ainda alterando o ph da solução de eluição. O solvente adequado está diretamente relacionado com a polaridade dos compostos extraídos e o ideal é eluir com um solvente de mesma polaridade dos compostos (JARDIM, 2010). Foram testados diferentes tipos de solventes orgânicos e suas misturas, como: acetonitrila, acetona, metanol e diclorometano. O método proposto foi desenvolvido e validado em laboratório acreditado pela CGCRE/INMETRO. Os parâmetros linearidade, limite de detecção (LOD), limite de quantificação (LOQ), exatidão (em termos de recuperação) e precisão (em termos de repetibilidade e precisão intermediária) foram avaliados considerando as diretrizes da regulamentação SANTE (2015), adotada mundialmente para determinação de resíduos de agrotóxicos. Resultados e Discussões As condições utilizadas nos sistemas LC-MS/MS e GC-MS/MS, apresentaram boa seletividade, uma vez que nenhum constituinte da matriz interferiu na identificação dos analitos em estudo. No monitoramento das reações selecionadas (SRM) foram selecionadas duas transições mais intensas para cada composto. A transição mais intensa utilizada para a quantificação e a outra para identificação do analito.

7 Figura 1 Cromatogramas obtidos a partir de uma mistura de alguns agrotóxicos na concentração 100 µg L -1, no modo de monitoramento SRM e os íons selecionados por GC-MS/MS para (A) parationa metílica, aldrin e endossulfan alfa e por LC-MS/MS em (B) 2,4 D, carbofuran, atrazina e 2,4,5-T. Parationa metílica (A) Aldrin Endossulfan alfa 2,4 D (B) carbofuran atrazina 2,4,5 T

N de Compostos 8 A otimização do preparo de amostra é um processo importante para obter maior eficiência na extração de agrotóxicos a partir de amostras de água, a fim de obter uma melhor recuperação. Para escolher as melhores condições para a SPE, foi tentado escolher um procedimento de SPE unificado, onde agrotóxicos com diferentes propriedades, como compostos polares e não polares, poderiam ser extraídos ao mesmo tempo. O preparo de amostra foi otimizado em termos de tipo sorvente; combinação com diferentes solventes de eluição; ajuste do ph da amostra antes da extração e dos volumes da amostra. Na Figura 2 observa-se a diferença em termos de recuperação entre os sorventes Strata TM -X (200 mg), Strata TM C18 (500 mg) e Oasis HLB (60 mg), usando um volume de amostra de 250 ml com e sem acidificação. A eluição foi realizada usando 5 ml de metanol:acetonitrila 1:1 v/v, acidificada com 1% ácido acético, conforme Donato e colaboradores (2012). Figura 2 Resultados em termos de recuperação dos agrotóxicos, avaliando diferentes tipos sorventes e a influência da acidificação da amostra. 60 50 40 Strata-X 200 mg Strata C18 500 mg Oasis HLB 60 mg Strata-X 200 mg (ph 2,5) Strata C18 500 mg (ph 2,5) Oasis HLB 60 mg (ph 2,5) 30 20 10 0 < 70% 70-120% > 120% < 70% 70-120% > 120% LC Recuperação (%) GC Os resultados mostram que um grande número de agrotóxicos foi melhor extraído quando a amostra é acidificada a ph 2,5. A necessidade de acidificação pode ser atribuída aos valores baixos para a constante de dissociação de ácido (pka) de vários agrotóxicos selecionados para este estudo. Ao comparar os diferentes tipos de sorventes avaliados, observou-se que os sorventes poliméricos (Strata TM -X e Oasis

9 HLB) apresentaram melhores resultados de recuperação. Os sorventes poliméricos têm uma superfície modificada com divinilbenzeno (não polar) e uma N-vinilpirrolidona (polar), o que facilita a extração de pesticidas de diferentes polaridades em um único passo de extração. Esses sorventes são recomendados para a extração de compostos ácidos, básicos e neutros de polaridade média a alta BROUSMICHE et al., 2008). Ainda, os melhores resultados durante a avaliação dos sorventes poliméricos foram obtidos com 100 ml de amostra com ajuste de ph em 2,5 (H3PO4; 1;1 v/v)) e 5 ml (2 x 2,5 ml) de diclorometano:metanol (1:1) como solvente de eluição. Oasis HLB 60 mg apresentou melhores resultados com um grande número de compostos extraídos com boa recuperação e, portanto, este sorvente foi escolhido para otimização. A mistura de diclorometano:metanol foi mais eficaz devido às diferentes características dos compostos analisados. Como o diclorometano é um solvente não polar, a extração de compostos com polaridade semelhante a este solvente foi favorecida, enquanto que o metanol favoreceu a extração de compostos de polaridade média a alta. O uso desta combinação de solventes foi essencial para a extração de um grande número de compostos do sorvente SPE. Portanto, a partir dos dados apresentados, obteve-se o procedimento de extração otimizado para a maioria dos agrotóxicos estudados neste trabalho. Este método foi utilizado para a validação e para a determinação destes compostos em amostras de água. O procedimento de extração otimizado realizado em uma etapa SPE, utilizando um cartucho polimérico Oasis HLB 60 mg. A amostra foi previamente filtrada com membrana de 0,45 µm. O condicionamento do cartucho foi obtido pela passagem de 3 ml de metanol, 3 ml de água ultrapura e 3 ml de água ultrapura ph 2,5, mesmo ph adotado para as amostras. O volume de amostra utilizado foi de 100 ml, acidificada ph 2,5 com ácido fosfórico (1:1; (v/v). A eluição dos agrotóxicos foi proporcionada com 2 ml de diclorometano:metanol. Desses 2000 µl eluídos, 1000 µl foram evaporados em fluxo suave de nitrogênio e redissolvidos em 1000 µl de fase móvel (solução aquosa de formiato de amônio 5 mmol L -1 e metanol, 1:1, v/v), sem etapa de concentração, apenas para fazer a troca de solvente, para os compostos serem determinados por LC-MS/MS. Dos 1000 µl que restaram da etapa de eluição, 100 µl foram transferidos para inserts e 900 µl foram evaporados em fluxo suave de nitrogênio e redissolvidos em 100 µl de metanol. Este último procedimento foi realizado apenas para a determinação dos agrotóxicos aldrin, dieldrin e clordano, uma

10 vez que se consegue alcançar um fator de concentração de 450 vezes, necessário para atingir os baixos limites exigidos pela legislação que é de 0,03 µg L -1 para os compostos aldrin e dieldrin e de 0,2 µg L -1 para o composto clordano. Os demais agrotóxicos obtiveram um fator de concentração de 50 vezes. Após a otimização do método, o mesmo foi validado, avaliando as figuras de mérito. A seletividade do método foi assegurada nas análises GC e LC, pois não foram detectados picos de interferência em amostras branco. As curvas analíticas apresentaram boa linearidade com r 2 superior a 0,99 para todos os compostos em estudo. O limite de detecção (LOD) e o limite de quantificação (LOQ) do método, para a maioria dos compostos foram de 0,15 e 0,5 μg L -1, respectivamente. Para os compostos aldrin, dieldrin e clordano o LOD e o LOQ foram 0,006 e 0,02 μg L -1, respectivamente. Estes valores são considerados satisfatórios, pois com os limites de quantificação alcançados, consegue-se atingir aos valores máximos permitidos (VMP) permitidos para os agrotóxicos em água potável, estabelecidos pela portaria 2914, de 14 de dezembro de 2011, do ministério da saúde. Os resultados de recuperação de exatidão e precisão foram avaliados através dos ensaios de recuperação. Pode-se observar que 94% dos agrotóxicos apresentaram recuperações entre 70 e 120% com precisão satisfatória, já que os valores de RSD foram inferiores a 20%, recomendados pela SANTE (2015). Dentre os 6% dos agrotóxicos que não recuperaram ou que tiveram recuperações abaixo de 70%, 6 são compostos determinados por LC e apenas 2 são compostos do GC. Na análise por GC o 2,4 DDD e o 2,4 DDE apresentaram recuperações abaixo de 70% nos três níveis de fortificação avaliados. No entanto, exibiram precisão satisfatória, ou seja, menor do que 20%, sendo assim, estes foram mantidos para quantificação. Resultados semelhantes de recuperações baixas para estes analitos foram encontrados por Pereira e colaboradores (2014), utilizando sorvente SPE do tipo C18 500 mg e determinação por GC. Já os seis compostos determinados por LC que apresentaram problemas de recuperação foram: metamidofós, tiofanato metílico, benomil, terbufós benfuracarbe e aldicarbe. Esses não puderam ser quantificados neste método, devido aos resultados de recuperação e precisão terem sido insatisfatórios. Além disso, o sinal analítico desses compostos não é muito bom, o que requer um desenvolvimento de métodos de determinação específico. Para o composto metamidofós que não apresentou bons resultados em nenhum dos testes realizados, pode ser entendido que, visto que se trata de uma

11 molécula altamente polar com elevada solubilidade em água, sua extração em matrizes aquosas é de extrema dificuldade. Segundo GEIB & GEBERT (2006), a eficiência da extração utilizando-se materiais derivados da sílica (extração em fase sólida), é fortemente dependente do Log Kow (o composto metamidofós apresenta Log Kow igual a -0,8), sendo que somente compostos com valores superiores a zero podem ser eficientemente extraídos. Ainda, GEIB & GEBERT, em 2006, avaliaram vinte e um diferentes sorventes de SPE para a extração de substâncias altamente polares, incluído o metamidofós. O volume de amostra utilizado foi de 100 ml e o nível de fortificação avaliado foi de 10 µg L -1. Os sorventes contendo octadecilsilano (C18) não se mostraram adequados para extrair o metamidofós. Os sorventes poliméricos apresentaram recuperações bastante variadas, indo de praticamente 0% até no máximo 60% de recuperação. Na mesma linha, LIU, em 2006, realizou um estudo com determinados agrotóxicos polares, incluindo o metamidofós, a fim de determinar e comparar a eficiência da extração líquido-líquido e da extração em fase sólida (cartuchos Oasis HLB e Chromabond HR-P). Os resultados de recuperação foram 4,6% para a extração líquido-líquido e 5,2% para a SPE, utilizando 500 ml de amostra fortificada na concentração 0,5 µg L -1. Porém, quando testou uma menor quantidade de amostra (5 ml) e simultaneamente com fortificação em níveis mais altos (5 µg L -1 ), a recuperação na SPE foi 93,6%. Entretanto, estas condições inviabilizam a adoção de métodos multirresíduos, mas confirma a influência da solubilidade em água. O agrotóxico terbufós apresentou baixa recuperação, isso pode ter ocorrido devido à perda deste analito na etapa de vaporação. Observa-se na tabela 5 que este composto possui pressão de vapor igual a 34,6 mpa, o que caracteriza um analito volátil, por apresentar um valor maior que 0,1 mpa. Fato que também pode ser explicado para o analito aldicarbe, o qual também é classificado como volátil por sua pressão de vapor (3,87 mpa). Resultado satisfatório para o composto terbufós foi encontrado por Donato et al., em 2012, utilizando-se sorvente polimérico Strata X 200 mg e eluindo-se com acetonitrila/metanol (1:1; v/v) acidificada 1% com ácido acético (v;v), mesmas condições utilizadas nos testes deste trabalho. A boa recuperação obtida pode ser justificada pelo fato desse teste não possuir a etapa evaporação. A não recuperação do analito benomil e do tiofanato metílico pode ser atribuída a uma possível degradação desses compostos em seu produto secundário o

12 carbendazim. O fungicida benomil é rapidamente convertido à carbendazim no meio ambiente, com tempo de meia-vida de 2 e 19 horas em água e solo, respectivamente (COUTINHO, 2006). Já para o composto tiofanato metílico a transformação em carbendazim ocorre em meio alcalino. Este composto apresenta pka de 7,28 (ácido fraco), de forma que se torna estável em meio ácido (ph 2-5), mas é instável em meio alcalino, permanecendo não degradado por cerca de 46 dias em soluções aquosas em ph 7 à 22 C e por apenas 4 minutos em ph 9 à 65 C (COUTINHO, 2006). Resultado satisfatório para o agrotóxico tiofanato metílico foi obtido, quando utilizouse o adsorvente polimérico Strata X 200 mg em combinação com uma solução de eluição de metanol:acetonitrila (1:1; v/v) acidificada com 1% de ácido acético. O fato da solução de eluição possuir caráter ácido pode ter favorecido a eluição deste composto. O agrotóxico benfuracarbe não apresentou recuperação satisfatória no método proposto. Observou-se que quando realizado um teste utilizando sorvente C18 500 mg para extração e não acidificando a amostra, a recuperação estava dentro da faixa aceitável de 70 a 120% (SANTE, 2015). O fato da amostra não ser acidificada não oferece melhores condições para a extração deste composto, visto que seu valor de pka é nulo, ou seja, é um composto não dissociável e portanto o ph da amostra não estaria diretamente ligado na interação com o sorvente. No entanto, o fato de usar um sorvente C18 pode ter favorecido a extração do analito benfuracarbe, uma vez que esse analito possui um Coeficiente de Partição de Carbono Orgânico (Koc) igual a 9100, o que caracteriza uma forte tendência à ligação com compostos orgânicos, por exemplo, C18. O mesmo não ocorreu com o sorvente polimérico selecionado para este estudo. A precisão intermediária foi avaliada no nível intermediário (1,5 μg L -1 ). Os resultados de recuperação para os compostos que apresentaram bons resultados no ensaio de repetibilidade variaram de 70,0 a 118,6% com RSD inferior a 20,0%. Estes resultados estão de acordo com os regulamentos internacionais para análise de pesticidas a baixos níveis de concentração por técnicas cromatográficas. Os agrotóxicos que apresentaram problemas no ensaio de repetibilidade continuaram com os mesmos resultados.

13 Conclusões A escolha dos analitos buscou atingir o escopo de compostos estabelecidos pela Portaria 2914, bem como outros agrotóxicos comumente utilizados. Devido ao grupo de agrotóxicos selecionados apresentar características muito diferenciadas e possuírem baixos Valores Máximos Permitidos (VMP) pela legislação vigente, um método multirresíduo foi otimizado empregando-se uma etapa de concentração através da SPE seguida pela determinação por GC-(EI)MS/MS e LC-(ESI)MS/MS. A SPE demostrou ser uma excelente técnica para o preparo das amostras de águas e essencial para atingir os VMP de todos os analitos, por proporcionar um alto fator de concentração. É rápida, pois permite o preparo simultâneo de até varias amostras, tem baixo consumo de solvente e, consequentemente, gera poucos resíduos e apresenta boas recuperações. Um mesmo extrato obtido permitiu a determinação por GC-(EI)MS/MS e LC-(ESI)MS/MS. As técnicas GC e LC demonstraram ser ideais para a determinação de resíduos de agrotóxicos, visto que o acoplamento com a espectrometria de massas possibilita elevada detectabilidade e seletividade. Além disso, permite realizar uma análise qualitativa, obtida a partir de fragmentos de massas característicos de cada analito, e quantitativa, através do modo de aquisição SRM. As condições cromatográficas otimizadas tanto no LC quanto no GC permitiram a identificação e quantificação dos compostos em estudo, num tempo total de 15 min de corrida cromatográfica. Portanto, conclui-se que o método proposto para a determinação de resíduos de agrotóxicos em água potável utilizando GC-(EI)MS/MS e LC-(ESI)MS/MS mostrouse eficaz por atender as os parâmetros de validação de métodos cromatográficos. Considerando-se os resultados obtidos, pode-se afirmar que os objetivos traçados para este trabalho foram atingidos e o método pode ser aplicado em análise de rotina laboratorial, pois contempla uma única técnica de extração para duas técnicas de determinação, em apenas 15 minutos de determinação, além de ser uma excelente ferramenta para programas de monitoramento de resíduos de agrotóxicos em água destinada ao consumo humano. Agradecimentos Os autores agradecem o suporte financeiro e bolsas concedidas pelas agências FINEP, RENALI/SIBRATEC e CNPq.

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