Abordagens participativas para conservação marinha na ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe

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Transcrição:

Abordagens participativas para conservação marinha na ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe Ana Nuno Universidade de Exeter, Reino Unido Twitter: @Ana Nuno

PESCA ARTESANAL E GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS Problemas frequentes mundialmente: Declínio de pescado Problemas de gestão centralizada das pescas Falta de recursos públicos #oceanoptimism Abordagens a ser adoptadas mundialmente: Participação comunitária Planeamento do espaço marinho Co-gestão

ÁREA DE ESTUDO Aprox. 8000 residentes Área: 136 km 2 Reserva da Biosfera (UNESCO) desde 2012 Nacionalmente, 62% abaixo da linha de pobreza Principais ocupações: agricultura de subsistência e pesca artesanal

IMPORTÂNCIA DA PESCA ARTESANAL NO PRÍNCIPE Fonte de rendimento: grande parte da população da Ilha vive directamente da pesca artesanal Alimentação: principal fonte de proteína

OBJECTIVO GERAL DO PROJECTO Interdependentes Promover uma melhor gestão dos recursos marinhos no Príncipe com participação de todos, sobretudo pescadores e palaiês

A. LEVANTAMENTO DE DADOS DE PESCA Extensionistas das 6 comunidades do projecto: Santo António Hospital Velho P. Abade P. Burras Campanha Lapa Recolha de dados 2 vezes por semana: - Esforço de pesca - Captura total - Medidas e pesos individuais (espécies indicadoras)

DADOS DE PESCA: RESULTADOS PRELIMINARES Vermelho de fundo Barracuda Garoupas 12% 10% Concon Bobô quema Badejo branco 10% 15% 8% Bica Pargo 4% Cangá 3% Corvina 30% 4% 2% 2% SEM IDENTIFICAR Caqui Biomassa de espécies demersais Vermelho terra

B. LEVANTAMENTO DE DADOS SOCIAIS E ECONÓMICOS Questionários em Fev-Março 2017 6 comunidades piscatórias e 5 comunidades não-piscatórias escolhidas aleatoriamente Perguntas sobre informação demográfica, socioeconómica, pesca e venda, gestão e uso de vários recursos naturais 869 entrevistas efectuadas a adultos residentes no Príncipe incluindo 155 palaiês e 200 pescadores

DADOS SOCIAIS E ECONÓMICOS: RESULTADOS PRELIMINARES Mudanças observadas na pesca nos últimos 10 anos de acordo com pescadores e palaiês do Príncipe (N=355) Aumentou Diminuiu Não mudou Não sei/ Não responde Quantidade de pescado 10% (36) 67% (239) 11% (39) 12% (41) Peixe no mar 8% (29) 48% (172) 14% (51) 29% (103) Tamanho dos peixes 5% (16) 29% (104) 43% (151) 24% (84) Diversidade de peixes 4% (14) 27% (96) 45% (158) 25% (87)

DADOS SOCIAIS E ECONÓMICOS: RESULTADOS PRELIMINARES De acordo com pescadores e palaiês do Príncipe (N=355): O que afecta a quantidade de peixe no mar? (% de respostas) 1: Redes de malha pequena (37%) 2: Pesca industrial (29%) 3: Pesca nas baías (23%) Quais são as principais acções que devem ser feitas para haver mais peixe no mar? (% de respostas) 1: Impedir uso de redes de malha pequena (42%) 2: Impedir pesca nas baías (32%) 3: Controlar pesca industrial (24%)

C. MAPEAMENTO DE ÁREAS DE PESCA ARTESANAL Localizadores GPS foram distribuídos nas 6 comunidades em Fev 2017 32 pescadores participantes (5-6 por comunidade) Actividade a decorrer até Fev 2018

MAPAS DE ÁREAS DE PESCA ARTESANAL: RESULTADOS PRELIMINARES

D. PROPOSTA E IMPLEMENTAÇÃO DE IDEIAS COMUNITÁRIAS Fundo para actividades ligado à pesca sustentável e conservação (máx. 4000 EUR por proposta) Propostas foram feitas por comunidades (grupos informais ou associações) Avaliadas de acordo com critérios financeiros, ambientais e sociais 6 candidaturas vencedoras

CONSERVAÇÃO E GESTÃO MARINHA Demografia Rentabilidade Percepções Bem-estar Gestão de recursos naturais e resolução de conflitos

Contactos: Ana Nuno, Universidade de Exeter, Reino Unido a.m.g.nuno@exeter.ac.uk Twitter: @Ana Nuno Website: omaliprincipe.weebly.com