TECNOLOGIA ABRE NOVAS FRONTEIRAS PARA OS TÊXTEIS Pág. 3



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ANO I - Edição Nº 1 Brasil 2014 ENTREVISTAS Dirigentes falam sobre divulgação setorial Pág. 10 FEIRAS & EVENTOS Nãotecidos se destacam na Hospitalar 2014 em SP Pág. 8 Hospitalar EM FOCO INOVAÇÃO: estruturas multicamadas para cobertura de paredes Pág. 6 PANORAMA DE MERCADO Smart Jaqueta TECNOLOGIA ABRE NOVAS FRONTEIRAS PARA OS TÊXTEIS Pág. 3 Wall In TEX Implantado em São Paulo o Projeto Retalho Fashion Pág. 7 Retalho Fashion 1

EDITORIAL O MUNDO SEGUNDO OS TÊXTEIS TÉCNICOS Samuel Johnson disse certa vez: Há conhecimentos de dois tipos: sabemos sobre um assunto, ou sabemos onde podemos buscar informações sobre ele. Inspirados nesta frase do célebre pensador britânico do século XVII, perfeitamente atual nos dias de hoje, resolvemos lançar esta publicação, voltada para o setor de têxteis técnicos. Com abordagem jornalística por meio de matérias, entrevistas e artigos especiais, vamos revelar ao leitor uma indústria inovadora e fascinante, que têm crescido tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes. E o que são têxteis técnicos? Esta categoria de produto, desenvolvida para atender requisitos funcionais bem determinados, inclui tecidos tecnológicos e nãotecidos. A tecnologia empregada no desenvolvimento destes materiais, sua constante inovação e o dinamismo dos setores que os utilizam como automobilístico, medicina, construção, agronegócio, vestuário esportivo e profissional, etc., nos estimulou a criar um veículo abrangente e diferenciado. A proposta desta publicação é também se expandir, tornando-se um canal de integração setorial. Para além de informar sobre o que há de novidade no ramo dos têxteis técnicos, queremos incentivar a disseminação do conhecimento nas áreas da ciência e tecnologia. Nosso propósito é atrair a atenção do mercado para uma indústria que foi capaz de se reinventar, adaptando-se às necessidades do mundo moderno, que preconiza uma produção criativa e sustentável. O lançamento de Têxtil Técnico Report coincide, oportunamente, com a atual perspectiva do setor no País. No mês de abril foi realizado no Rio de Janeiro, o I Fórum Internacional de Inovação Têxtil - Presente e Futuro, que trouxe um debate rico de ideias, experiências e propostas inovadoras para o mercado brasileiro. Este evento é o tema principal desta primeira edição, que traz também notícias sobre o que acontece no mundo dos tecidos técnicos e nãotecidos. Boa leitura! Marcia Mariano Editora EXPEDIENTE TEXTIL TÉCNICO REPORT Ano I / Número I Diretora / Coordenação Executiva Simone Jacob Paschoal simone@textiltecnicoreport.com.br Gerente Comercial Simone Storti comercial@textiltecnicoreport.com.br Conteúdo Editorial - Jornalista Marcia Mariano MTB 16.770 - RJ redacao@textiltecnicoreport.com.br Distribuição: Mailing e Assinatura Periodicidade: trimestral Tiragem: 3.000 exemplares Fone: 11 3805-8032 Celular : 11 98179-8993 Rua Paulo Bregaro, 455 Ipiranga PARTICIPE! Nós da Têxtil Técnico Report quemos ouvir você Ajude-nos a fazer um informativo cada vez melhor. Envie sua mensagem, comentários, sugestões, textiltecnicoreport@textiltecnicoreport.com.br 2

PANORAMA DE MERCADO Texto: Marcia Mariano O FUTURO DOS TÊXTEIS ESTÁ NOS TECIDOS INTELIGENTES Evento realizado no Rio de Janeiro reúne profissionais e acadêmicos para discutir novas perspectivas para os têxteis técnicos. I Fórum Internacional de Inovação Têxtil, realizado no Rio de Janeiro em abril. O Brasil é o maior produtor e consumidor de tecidos técnicos e nãotecidos da América do Sul, com produção anual estimada em 600 mil toneladas e consumo aparente de 690 mil toneladas/ano. Nos últimos cinco anos, o número de empresas atuando neste setor cresceu de 82 em 2008 para 88 em 2012 na área de nãotecidos; e de 194 para 210 (mesmo período) no segmento de tecidos técnicos, atesta pesquisa do IEMI - Instituto Estudos e Marketing Industrial, especializado em dados da cadeia têxtil. Entre os setores da economia brasileira que foram cruciais para o crescimento deste mercado estão o automotivo, calçadista, construção civil, infraestrutura e indústria de higiene e limpeza. Mas ainda há muito por desenvolver no país em termos de produtos inovadores, de alto desempenho e de valor agregado. Por esta razão foi realizado entre os dias 08 e 09 de abril no Senai-Cetiqt, Rio de Janeiro, o I Fórum Internacional de Inovação Têxtil - Presente e Futuro. O evento, organizado pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), contou com apoio da Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (ABRAFAS); Senai-Cetiqt; Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e de Vestuário de Portugal (CITEVE), juntamente com a Associação Selectiva Moda (ASM) e a Associação Têxtil de Portugal (ATP). As entidades internacionais acabaram de assinar um importante acordo de parceria para a transferência de tecnologia têxtil de Portugal para o Brasil, com várias ações previstas ao longo dos próximos anos. O Fórum abordou sobre tecidos tecnológicos para produção de vestuário, uniformes profissionais, transportes, Forças Armadas, esportes, agricultura e construção civil. Uma exposição instalada no hall de entrada do Senai-Cetiqt revelou aos participantes o que é possível produzir com têxteis tecnológicos. O setor têxtil e de confecção do Brasil não se limita à moda. Temos várias empresas que produzem têxteis técnicos, com aplicação nas áreas médica, construção civil, no setor de transportes, segurança, agribusiness entre outros. Temos também alguns centros de pesquisas e universidades desenvolvendo têxteis que a gente nem imagina, pois ainda não estão no mercado. Tenho certeza que essa parceria com o CITEVE, que possui expertise na área e reúne as principais tecnologias têxteis da Europa, irá mudar o patamar do Brasil neste setor em alguns anos comentou Rafael Cervone Netto, presidente da Abit. 3

PANORAMA DE MERCADO O diretor geral do CITEVE, Antonio Braz Costa, por sua vez, afirma que este convênio irá fortalecer o relacionamento com a entidade têxtil brasileira. Nosso trabalho consiste em alertar as empresas para as oportunidades na área de têxteis técnicos. Esse fórum vai trazer acesso às melhores produções da Europa e brasileiras no âmbito de têxteis técnicos e tecnológicos. Esse segmento conseguiu restaurar o setor em Portugal e hoje já representa 25% do têxtil do nosso país. Porque não teria sucesso no Brasil?, indagou Braz. O evento foi divido em painéis temáticos onde pesquisadores e profissionais debateram sobre cenário de mercado, inovação tecnológica e novas oportunidades de negócio. Entre as empresas participantes estavam PSA Peugeot Citroën, Solvay Rhodia Group, Invista, Embraer, Cia. Cedro, Dini Têxtil, Golden Química, Grupo Imbra, entre outras. Diretor do CITEVE, Antonio Braz Costa. Desafios da indústria brasileira O empresário Aguinaldo Diniz Filho, membro do conselho de Administração da Cia. Cedro Cachoeira e pertencente à 4ª geração da família que fundou a tecelagem em 1872 - considerada a mais antiga do Brasil em funcionamento -, foi convidado a fazer a abertura do Fórum. Ele, que já presidiu a Abit por duas gestões, disse que a grande virada da indústria têxtil brasileira se dará pela inovação. Diante das perspectivas do acordo bilateral entre Brasil e União Europeia (as negociações envolvendo o bloco Mercosul se arrastam há mais de uma década sem avanços); Diniz Filho lembrou que a Europa é destino de 20% das exportações totais brasileiras. Porém, no que se refere aos produtos têxteis, a participação brasileira no mercado internacional é ínfima. A União Europeia movimenta cerca de 120 bilhões de dólares em têxteis/ confecções por ano, se o Brasil conseguisse exportar ao menos 5% deste volume, o salto da nossa indústria seria enorme, comentou o empresário. Segundo dados apresentados pela Abit durante o evento, em 2013 o setor têxtil/ confecção brasileiro, que fatura US$ 58 bilhões por ano, exportou US$ 1.3 bilhão e importou US$ 6.8 bilhões. Por outro lado, a indústria têxtil portuguesa comemora os bons resultados obtidos em 2014. Depois das dificuldades que o País enfrentou por conta da crise que abateu a Europa a partir de 2008, a indústria local começa a dar sinais de recuperação. Segundo a Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal (ATP) as vendas em janeiro para o exterior aumentaram 14%, frente ao mesmo mês de 2013, alcançando 411 milhões de euros. A expectativa dos empresários portugueses é aumentar as exportações têxteis em 16% até 2018. Exemplo de e-textile, cortina com células fotovoltaicas que recolhe energia do sol durante o dia e emite luz à noite, desenvolvida pela Têxteis Penedo, Portugal. Tecido Vênus FR para uniformes de alta proteção (EPIs) produzido pela Cia. Cedro. Peça com Emana Denim, tecido inteligente desenvolvido no Brasil, que absorve o calor do corpo humano e o devolve sob a forma de raios infravermelhos longos, estimulando a microcirculação sanguínea. 4

Futuro de oportunidades O presidente da Abit, Rafael Cervone Netto, destacou a relevância dos tecidos técnicos no mercado brasileiro. Segundo ele, por conta do agronegócio, os geotêxteis faturam cerca de US$ 2 bilhões por ano, já o setor de segurança é responsável por impulsionar a venda anual de mais de 500 mil coletes com blindagem. Com consumo aparente de 372 mil toneladas/ano e faturamento da ordem de U$ 20 bilhões, a indústria que produz tecidos técnicos tem hoje relevância dentro da cadeia têxtil nacional. Em seguida, o economista e diretor executivo da Abit, Fernando Pimentel, apresentou um panorama da cadeia têxtil brasileira e fez coro com seu colega Cervone Netto. Inovação é a saída definitiva para a nossa indústria, que é a maior e totalmente integrada do continente sul-americano. Referindo-se ao estudo da Gherzi Consulting sobre Valor Agregado na Cadeia Têxtil Mundial, Pimentel mostrou que os têxteis técnicos movimentaram US$ 160 bilhões em 2012 e a projeção até 2025 é alcançar US$ 250 bilhões. Entre os mercados de grande potencial para as empresas de têxteis técnicos no Brasil, Pimentel apontou os setores: automotivo, energia, aviação, ciências da vida e do vestuário como sendo os mais promissores. O executivo da Abit enumera oportunidades para novas fibras e processos de fiação; para acabamento digital ( fábrica do futuro ), têxteis termoestáveis, materiais compósitos e nãotecidos. No campo da medicina e saúde, por exemplo, novas aplicações como estruturas têxteis usadas como implantes inteligentes, que auxiliam o organismo na regeneração dos tecidos (autocura). Na área de recursos naturais, tecnologias têxteis podem ser utilizadas como fontes de energia renováveis, tais como tecidos com células fotovoltaicas que absorvem a luz. Destaque também para a funcionalidade cada vez maior do vestuário para a prática de esportes, valorização do bem-estar, estética e proteção além de acabamentos e revestimentos de superfície que dão propriedades e atributos como antibacteriana, retardadores de chama, impermeabilização, etc. No campo industrial, aumento do uso em telas para reforço e blindagem a partir de compósitos com fibras de vidro, fibras de carbono e fibras cerâmicas. Em perspectivas foram citados como exemplo: fios de filamentos auto-luminosos para aplicações técnicas, integração de têxteis com elementos eletrônicos, como microcontroladores, sensores e atuadores; maior desempenho de estações de tratamento de águas residuais com materiais de suporte têxtil para micro-organismo e têxteis adesivos. Há um caminho desenhado para a nossa indústria, e vamos ter que segui-lo para sermos inovadores. Não dá mais para ficar vendendo o almoço para comprar o jantar. A indústria têxtil nacional, que tem capacidade para fazer produto básico, precisa investir também nas especialidades. O setor têxtil é o que enfrenta há mais tempo a concorrência mundial e, portanto, deve estar preparado para os novos desafios de mercado, finalizou o diretor da Abit. Após a palestra de abertura do Fórum, vários cases foram apresentados pelos palestrantes e especialistas convidados pelo evento. Entre eles, a professora Silgia da Costa, da Universidade de São Paulo (USP), que participou do painel: Alta Performance Humana - Esporte e Saúde. Ela comentou sobre o experimento desenvolvido na universidade para aplicação em têxteis medicinais, uma estrutura de fibra híbrida criada a partir da combinação do polímero natural liocel (celulose obtida a partir do bagaço de cana de açúcar) com a quitosana extraída da casca do caranguejo. Biodegradável, pode ser utilizada como membrana de proteção bacteriana, aplicações odontológicas ou bandagens para regeneração óssea. Silgia Costa garante que os testes científicos provaram a eficácia do experimento para fins medicinais. O próximo passo é produzir a malha com as fibras híbridas, transformando-a num produto em escala de produção. Agora, é aguardar que alguma indústria do ramo se interesse em investir no projeto, para que o futuro dos têxteis inteligentes se torne, de fato, realidade no Brasil. O encontro foi considerado pelos organizadores como sendo muito produtivo. Uma nova edição do Fórum está prevista para 2015, provavelmente em São Paulo. 5

EM FOCO EMANA ATÉ NA HORA DE DORMIR O fio têxtil inteligente desenvolvido pela Rhodia, empresa do Grupo Solvay, no Brasil, foi um dos destaques do painel Performance Humana, apresentado no Fórum Internacional de Inovação Têxtil. A tecnologia, que absorve o calor do corpo humano e o devolve sob a forma de raios infravermelhos longos, estimula a microcirculação sanguínea na área da pele que está em contato com a roupa. Baseado em estudos feitos pela Unicamp, Gabriel Gorescu, gerente de Inovação e Marketing da Rhodia, mostrou que Emana também contribui para recuperação muscular, no caso de esforço físico repetitivo e anunciou que está em fase de teste final uma nova aplicação para o produto, a utilização em roupas de dormir. Comprovada a eficácia do Emana no que se refere à redução da fadiga muscular durante a atividade física, a aplicação desta tecnologia em roupas intimas irá potencializar também a recuperação muscular no momento de repouso e relaxamento do corpo, comenta o executivo. SMART JAQUETA CONTRA O FRIO Imagine uma jaqueta esportiva, feita com três camadas distintas de tecido lã na parte interna e poliamida na externa, que conferem conforto ao corpo, mesmo sob temperaturas de até menos 50 graus Cº. Além disso, é totalmente tecnológica, com sensores de temperatura exterior, medidores de ritmo cardíaco e ainda vem com receptor de GPS embutido que envia informações sobre a localização usuário. Acompanhada de luvas com sistema de aquecimento auto-regulável e pesando igual a uma jaqueta de náilon comum, esta maravilha da engenharia têxtil, lançada em 2012 pela P&R Têxteis, de Portugal, foi um dos destaques do showroom do Fórum realizado no Senai-Cetiq, Rio de Janeiro CONFORTO ERGONÔMICO NA ROUPA A marca mineira de moda masculina Kanzo expos no evento de tecnologia têxtil o Moovexx, sistema inovador de elástico interno que divide o cós da calça em duas partes independentes: expande quando a pessoa está sentada e encolhe quando fica em pé. Projetado inicialmente para segmento de jeans, a peça pode ser aproveitada em diversos outros tipos de vestuário como uniformes profissionais e roupas para gestantes. TÊXTEIS TÉCNICOS PARA AMBIENTES A exposição de têxteis inteligentes não privilegiou só vestuário. Duas peças para o setor de interiores chamaram atenção dos visitantes no hall de entrada da faculdade do Senai, o Wall In TEX, estrutura compósito multicamadas para revestimento acústico, com superfície decorada da Termolan Isolamentos S.A e a cortina com células fotovoltaicas que ilumina e aquece o ambiente à noite, da Têxteis Penedo, ambas de Portugal. INTERFACE ENTRE MÁQUINA E PASSAGEIRO A Embraer, empresa brasileira e 3ª maior fabricante do mundo de aviões, marcou presença no I Fórum Internacional de Inovação Têxtil. Segundo o engenheiro João Paulo Feijão, responsável pela área de Desenvolvimento de Produto da companhia, os têxteis são usados no avião como carpete, forração lateral, painéis e cortinas das aeronaves. Os bancos são de couro. Ele disse que os fornecedores são basicamente dos Estados Unidos. É um produto de alto valor agregado, mas de baixo volume. As empresas que atuam neste mercado precisam oferecer tecidos dentro dos padrões e especificações conforme normas internacionais. Uma das características específicas dos têxteis para aviação é sua maturidade, ou seja, precisa durar ao menos 10 anos mantendo propriedades de elasticidade, ausência de pilling, abrasão, impermeabilidade e cores indesbotáveis. DINI TÊXTIL MOSTRA PORTFÓLIO Com capacidade mensal de 4 milhões de metros lineares de tecidos voltados exclusivamente para o mercado automotivo, a Dini Têxtil é uma das maiores indústrias do setor. Localizada em Ferraz de Vasconcelos, São Paulo, possui fiação, tecelagem, malharia retilínea além de setor de dublagem e beneficiamento que inclui estamparia digital e bordadeira. Um dos diferenciais da empresa é trabalhar com fios reciclados. Há montadoras que exigem pelo menos 30% de fios reciclados em seu lote. Cada 1 metro quadrado de tecido de poliéster reciclado equivale a 56 garrafas PET retiradas da natureza. Isto nos dá muita satisfação, comenta Marcos Dini, sócio-diretor da empresa. DO VINIL AO TECIDO Petras Amaral Santos, gerente corporativo de design da Marcopolo S.A, também presente no painel sobre têxteis industriais, disse que a aplicação dos tecidos no interior dos ônibus trouxe mais conforto, personalidade 6

e beleza aos veículos. Até os anos 1980, as poltronas de ônibus eram forradas com material sintético, conhecido por vinil ou courvim, que tinham durabilidade e aspecto de couro, mas não a aderência e conforto que só foi possível com a introdução dos têxteis. Santos disse ainda que o Neoprene (elastômero sintético) é ideal para forração por sua durabilidade e toque aveludado aconchegante. Outro produto utilizado pela Marcopolo é a espuma viscoelástica que permite regulagem de cabeça mais ergonômica das poltronas. ESPECIALISTA EM BLINDAGEM Com duas plantas industriais em Mauá e Rio de Janeiro, o Grupo Imbra, 100% brasileiro, incorpora sete unidades de negócios que atendem a diversos mercados na área industrial. A empresa, que começou fabricando feltros no final dos anos 1970, expandiu suas atividades em 1989 passou a atuar no segmento de balística. Trabalhamos com fios têxteis de alta performance e temos processo de impregnação que nos permite construir estruturas reforçadas para sistemas de proteção como coletes à prova de balas masculinos e femininos, este último, uma de nossas especialidades, pois está em conformidade com a anatomia feminina, detalha o diretor executivo, Sergio Vaquelli. POLIAMIDAS PARA EXTRUSÃO Com mais de 60 anos de experiência, atualmente a BASF é uma das empresas líderes do mundo em poliamida. O polímero de extrusão Ultramid baseado em PA6, PA6.6 e PA 6/6.6 é fornecido para mercados como embalagem, monofilamentos (para produção de fios de alta tenacidade, redes de pescas, cerdas em geral, etc.), bem como para revestimentos de fios e cabos. Em 2012, a BASF adquiriu o negócio de polímeros de poliamida (PA) do Grupo Mazzaferro no Brasil, ampliando sua posição no mercado de plásticos de engenharia e polímeros de poliamida na América do Sul. NISSAN COMEÇA PRODUÇÃO NO BRASIL Na contramão das previsões econômicas pessimistas, a montadora japonesa consolidou sua presença no mercado brasileiro, inaugurando no dia 15 de abril seu complexo industrial de R$ 2,6 bilhões, em Resende (RJ), com objetivo de atingir 5% de participação no mercado brasileiro. Segundo a Anfavea, a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil bateu recorde histórico em 2013, alcançando a marca 3,5 milhões de unidades. A nova fábrica da Nissan tem capacidade para 200 mil carros/ano. A empresa trabalha com cinco fornecedores japoneses, todos instalados no polo industrial. PROJETO RETALHO FASHION O Sinditêxtil-SP e a Prefeitura de São Paulo assinaram no dia 24 de abril, o protocolo de intenção para a implantação do projeto Retalho Fashion, iniciado há sete anos, visa dar destino ambiental aos resíduos gerados pelas indústrias têxteis e de confecção. Segundo o sindicato, só em São Paulo são gerados por dia mais de 20 mil toneladas de retalhos e resíduos na região do Brás e do Bom Retiro, onde se concentram mais de 1.500 estabelecimentos entre lojas, fábricas e oficinas de costura. A ideia é fazer a coleta e triagem deste material por meio de cooperativas de catadores formalizados, e transporta-lo para usina de reciclagem que ocupará uma área de 12 mil metros quadrados, cedida pela prefeitura. Algumas indústrias como JF Fibras, Simpletex e Ober S.A, já se comprometeram em comprar os resíduos gerados pelo Retalho Fashion. Este é um exemplo do setor têxtil que atende, de forma pioneira, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, destaca Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil- SP, que assinou o documento juntamente com o Secretário de Serviços da Prefeitura, Simão Pedro e o presidente da Amlurb, Silvano Silvério. 7

FEIRAS & EVENTOS NÃOTECIDOS CONFIRMAM TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO PELO MUNDO Negócios voltados para o setor atraem visitantes em feiras na Europa e no Brasil. Index é organizada a cada três anos em Genebra, na Suiça. Crédito: PALEXPO SA Enquanto a indústria global do vestuário debate questões como ética comercial para inibir a exploração de mão de obra em países pobres e defende a restrição aos produtos de baixo custo vindos da Ásia, os fabricantes de têxteis técnicos, em particular, de nãotecidos, avançam na direção oposta. Otimistas com o uso cada vez mais diversificado destes produtos em substituição aos materais tradicionais em projetos como construção civil, automotivo, agroindustria, medicina, etc., a indústria dos nãotecidos é considerada hoje uma das mais evoluídas e competitivas da cadeia de valor, atuante no ramo de manufaturados têxteis se vê nos países emergentes grandes oportunidades de negócios. Prova disto foi a grande afluência de visitantes na última edição da Index 14, maior feira do setor realizada de 8 a 11 de abril, em Genebra, na Suíça. Organizada pela EDANA, associação européia de nãotecidos, a feira reuniu 586 expositores e atraiu mais de 12.500 visitantes, grande parte fora da Europa, que foram conferir as novidades em máquinas e matérias-primas para os produtores e convertedores que atuam no mercado de têxteis técnicos. Celebrando o 30º aniversário da Index em Genebra, a feira permanece como a exposição mais representativa da indústria de nãotecidos. Com mais expositores do que edições anteriores, nós vemos isso como um sinal que aponta para não só uma recuperação nas economias globais, mas também para o perfil de uma indústria saudável e diversificada, disse Pierre Wiertz, gerente geral da EDANA. A próxima edição da feira, que é organizada a cada três anos, será em 2017, de 4 a 7 de abril em Genebra. 8

Mercado brasileiro No Brasil também se verifica um aquecimento no mercado de nãotecidos. Embora mais discreto do que na Europa e Estados Unidos, até pelo próprio perfil das empresas deste setor, geralmente avessas à divulgação de seus investimentos, vendas e produção, o fato é que nos últimos cinco anos têm se intensificado a produção de naotecidos nas áreas da saúde, higiene, construção e indústria automobilística. Novas fábricas têm se instalado no País, como a Unicharm, que inaugurou, recentemente, em Jaguariúna, interior de São Paulo, a sua primeira fábrica na América Latina. Líder no segmento de fraldas geriátricas no Japão, a companhia aumentou suas vendas globais em 50% nos últimos cinco anos. E há outros projetos de investimentos, mantidos em segredo, por parte de empresas que atuam no mercado de descartáveis, quase todos visando modernização e aumento de capacidade. Não foi por acaso que o CEO da Laroche para América Latina, Francis Junker, ficou oito dias no Brasil, no mês de maio, visitando indústrias para a venda de seus equipamentos. Especializada na tecnologia airlay para produção de nãotecidos, em máquinas para recuperação de resíduos têxteis e processamento de fibras duras como juta, linho, sisal, etc., a empresa francesa é um dos líderes em seu segmento e já instalou no Brasil mais de 15 linhas completas. Há um mercado potencial no campo dos têxteis técnicos no Brasil. Estou certo de que faremos bons negócios em breve, disse o francês durante sua passagem por São Paulo. Outra demonstração da importância dos nãotecidos foi revelada na Hospitalar 2014, considerada a maior feira internacional do setor na América do Sul. Realizada em maio no ExpoCenter Norte, em São Paulo, contou com 1.240 expositores de 34 países e atraiu cerca de 90 mil visitantes. Entre os produtos mais divulgados na feira estavam as fraldas descartáveis, cujo mercado somou R$ 4 bilhões em 2013, com a venda de 6,4 bilhões de unidades, segundo atesta a empresa global de informações Nielsen. Na próxima edição traremos as novidades desta feira. ECONOMIA FORTE É FUNDAMENTAL O engenheiro Laerte Guião Maroni, diretor da Ober S.A - uma das maiores fabricantes de nãotecidos do País, que participou do I Fórum Internacional de Inovação Têxtil, realizado no Rio de Janeiro no mês de abril, confirma o crescimento nas vendas. É um mercado que cresce de 9% a 10% ao ano, mas poderia ser melhor se a economia brasileira crescesse no mesmo ritmo, pois é o tipo do produto que acompanha o poder aquisitivo das pessoas. Maroni, que também é diretor de relações com o mercado da Associação Brasileira de Nãotecidos e Tecidos Técnicos (Abint), diz que as entidades do setor têxtil e nãotecidos estão estudando uma forma de trabalhar juntas para o fortalecimento das ações em prol da divulgação e fortalecimento do mercado dos têxteis técnicos. Segundo ele, em 2015 será realizada a FINTT - Feira Internacional da Indústria de Nãotecidos e Tecidos Técnicos, no Anhembi em São Paulo. A expectativa é de que o evento reúna em torno de 100 expositores e atraia oito mil compradores. Hoje o consumo brasileiro de nãotecidos está consolidado nas áreas de higiene, saúde e automobilístico, mas os geossintéticos, por exemplo, tem muito potencial para crescer, pois são utilizados em barragens, estradas, etc. Espero que isso aconteça se as obras de infraestrutura de que tanto o País precisa deslanchem no ano que vem, finalizou Maroni. 9

ENTREVISTAS O QUE DIZEM OS DIRIGENTES SOBRE DIVULGAÇÃO SETORIAL Após o I Fórum Internacional de Inovação Têxtil, realizado no Rio de Janeiro, Têxtil Técnico Report entrevistou o presidente da Abit, o engenheiro Rafael Cervone Netto, maior entusiasta do evento e apaixonado pela área de têxteis técnicos e também o economista Fernando Pimentel, CEO da entidade, e profundo conhecedor do mercado têxtil nacional. Acompanhe: TTR: Como avalia a primeira edição do Fórum de Inovação que aconteceu em abril no Senai/Cetiqt? Pimentel: Vimos esta primeira edição como um grande sucesso com perspectivas excelentes para os próximos anos. Tivemos um público relevante, palestras e discussões de alto nível e saímos com ainda mais certeza o segmento de têxteis técnicos e tecnológicos têm um potencial de mercado espetacular em nosso País. TTR: Qual a importância da parceria com o CITEVE para o desenvolvimento de novas ações no âmbito dos têxteis técnicos no Brasil? Rafael Cervone: Nosso relacionamento com o CITEVE vem de longa data. No entanto, somente agora formalizamos um Acordo de Parceria que abrange várias iniciativas no âmbito da pesquisa e inovação. A primeira ação prevista era justamente esse Fórum Internacional de Tecidos Técnicos e Não Tecidos que conseguimos realizar em abril, no Rio de Janeiro. O CITEVE é um centro de pesquisas extremamente avançado e por isso a parceria é fundamental para estimular e aplicar a inovação no Brasil. TTR: Quais são as perspectivas deste segmento para o desenvolvimento da cadeia têxtil brasileira? Pimentel: Este segmento, segundo consultoria internacional, movimenta no mundo algo em torno de US$ 160 bilhões anualmente e vem crescendo a taxas superiores a 5% aa. No Brasil representa algo como 5% do mercado total tendo, porém, uma infinidade de oportunidades nos setores de construção, esportes, medicina, fardamentos especializados, automotivo e aeronáutico entre outros. Considerando os investimentos em infraestrutura que o Brasil terá que fazer, teremos um mercado fortemente demandado por um largo período de tempo. Além disso, é muito importante frisar o potencial de inovação existente neste segmento industrial, bem como as oportunidades de formação de joint ventures e acordos operacionais com empresas estrangeiras. Esta área também é muito promissora para o registro de patentes o que poderá ensejar para as empresas mais inovadoras ganhos significativos. TTR: Na sua avaliação, quais os principais desafios que o setor têxtil deve enfrentar para se tornar mais dinâmico e competitivo? Rafael Cervone: Os desafios são de toda a indústria de transformação, pois envolve custo Brasil, burocracia, infraestrutura, leis trabalhistas e carga tributária. Especialmente na área de pesquisa, o Governo disponibiliza várias linhas de financiamento, tanto pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Industrias e Comércio Exterior) quanto pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), mas a burocracia ainda é muito grande. Porém, para algumas pequenas e médias empresas, o cartão BNDES já facilitou alguns processos, como certificações. TTR: Que produtos inovadores o mercado brasileiro poderá ter em breve? Rafael Cervone: Já temos muita coisa no mercado que as pessoas desconhecem, visto que as maiores pesquisas não estão no vestuário, mas há avanços também na medicina, construção civil, automotivo, dentre outros. No vestuário, as inovações são mais na área esportiva e de uniformes de proteção. TTR: Apesar de consolidado no País, há pouca divulgação deste segmento no Brasil. Qual a importância de se ter uma mídia especializada para a promoção da indústria de têxteis técnicos e tecidos inteligentes? Pimentel: Acredito que o setor ainda tem muito espaço para crescer e inovar. Existe sim um parque produtivo já instalado que vem obtendo bons resultados, porém ainda temos bastante chão pela frente. Com relação à existência de uma publicação especializada nos têxteis técnicos e tecnológicos, vejo com muito interesse e entusiasmo dado que esta mídia poderá disseminar conhecimento e informação sobre um mercado tão promissor dentro da cadeia produtiva de têxteis e confeccionados do Brasil. 10

TTR: É possível no Brasil haver sinergia entre a indústria e as entidades de ensino, a exemplo do que ocorre na Europa e em outros países? Rafael Cervone: Estamos elaborando a nova Agenda Estratégica para o Setor, agora até 2030, com a participação do governo, empresários, entidades de classe e academia. No ano passado, dentro dessa iniciativa, o MDIC proporcionou uma integração entre as nossas escolas de tecnologia têxtil com as Universidades da Carolina do Norte e Universidade de Duke (ambas nos EUA), que são centros de excelência em pesquisa, desenvolvimento e testes laboratoriais para tecidos e roupas. Agora, os americanos virão visitar as nossas instituições e em todas essas iniciativas, temos a presença de empresários. Essa dinâmica tenderá a aumentar nos próximos anos. As empresas não têm em suas plantas espaço para pesquisa e testes, por isso a necessidade de fazer parcerias com centros de pesquisa. TTR: Haverá nova edição do Fórum em 2015? Quais as próximas ações da Abit para dar continuidade ao evento? Rafael Cervone: Abit já está estudando um formato diferente para o Fórum em 2015, selecionando as áreas com maiores perspectivas de crescimento no Brasil, aprofundando esses segmentos e trazendo vários especialistas, ou seja, um pouco diferente do que fizemos neste ano, quando abordamos um panorama geral de vários segmentos onde os tecidos técnicos e não tecidos são usados, para promover mesmo uma visão global do setor. Também já nos reunimos com a ABINT para estudar a possibilidade de parceria. Por enquanto, fizemos a avaliação do primeiro Fórum, encontramos muitos pontos positivos, mas também algumas coisas que precisam ser melhoradas. Mas, no geral, achamos que foi excelente. Pimentel: Estamos avaliando se o próximo Fórum de Inovação ocorrerá como um evento independente ou integrado a outras manifestações voltadas a este segmento de mercado. Estamos conversando com outras instituições sobre isto, porém ainda não há uma decisão fechada. Sabemos, porém, que dentro do formato que for teremos, em 2015, mais uma edição do fórum. Os resultados da primeira edição nos encorajaram a prosseguir com esta importante iniciativa que mixou, de forma muito relevante, a indústria, academia, pesquisadores, estudantes e instituições governamentais. Este conjunto de atores foi e será fundamental para desenvolvermos de mais plataformas inovadoras, sustentáveis e portadoras de futuro. É o que eu acredito. Fernando Pimentel (diretor) e Rafael Cervone Netto (presidente da Abit). 11

AGENDA TTR NACIONAL INTERNACIONAL FEBRATEX 2014 Data: 12 a 15 de agosto Local: Parque Vila Germânica - Blumenau - SC www.febratex-com.br TECNOTÊXTIL BRASIL 2015 Data: 7 a 10 de abril Local: ExpoCenter Norte - Pavilhão Azul - SP Eventos paralelos: ENT BRASIL - EXPOSIÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA INDÚSTRIA DE NÃOTECIDOS E TECIDOS TÉCNICOS SERITEX - FEIRA DE SERIGRAFIA E TECIDOS www.tecnotextilbrasil.com.br FINTT - 1ª edição Feira Internacional da Indústria de Nãotecidos e Tecidos Técnicos Data: 15 a 17 de setembro de 2015 Local: Pavilhão de Convenções do Anhembi - São Paulo - SP www.fintt.com.br IFAI EXPO 2014 Data: 14 a 16 de outubro Local: Minneapolis, MN - Estados Unidos Eventos paralelos: ADVANCED TEXTILES - 13 de outubro SPECIALTY FABRICS - 14 de outubro http://ifaiexpo.com TECHTEXTIL 2015 Data: 4 a 7 de maio Local: Messe Frankfurt - Alemanha https://techtextil.messefrankfurt.com Eventos paralelos: TEXPROCESS - FEIRA DE TECNOLOGIA PARA MATERIAIS FLEXÍVEIS 12