ECONOMIA URBANA. Aluno: Davi Bhering Orientador: Juliano Assunção

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Transcrição:

ECONOMIA URBANA Aluno: Davi Bhering Orientador: Juliano Assunção Introdução O PIBIC teve como objetivo auxiliar a doutoranda Maína Celidônio em sua pesquisa. O campo em questão é economia das cidades, mais especificamente o Rio de Janeiro. As principais ferramentas utilizadas foram geolocalização, processamento de dados e visualização de dados. O primeiro a identificar a importância das cidades na economia moderna foi Adam Smith. Sua percepção acerca da importância da especialização o fez ver como a proximidade geográfica impulsionava novas invenções e o progresso econômico. Durante um logo período, contudo, os economistas não apresentaram um esforço empírico sistemático em entender os fenômenos por trás da formação das cidades e suas dinâmicas. Tal importância não se restringe apenas a termos políticos e econômicos, mas extrapola para questões sociais, demográficas e sanitárias. Em relatório de 2014, a ONU relata que pela primeira vez na história a população vivendo nas cidades tinha passado aquela vivendo no campo. Essa relação promete crescer dos 54% atuais para 66% até 2050. O caso brasileiro é ainda mais notável. Somos o 4º maior país do mundo em número absoluto de população urbana, atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. Mais que isso, como aponta Malan (2017), nossa população urbana passou de 36% do total de 1950 para cerca 86% de 2017. Em números absolutos, isso corresponde a um aumento de 18,7 para 178 milhões ou 9,5 vezes. Em termos relativos, nenhum um país do mundo experimentou um processo de crescimento urbano tão acelerado quanto o nosso no período. Os trabalhadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro2 são os que gastam mais tempo no deslocamento casa-trabalho no país. Em média, são 104 minutos no trajeto de ida e volta, o que equivale a 20% da jornada de trabalho de 8 horas. Estudos anteriores têm enfatizado que tal custo não é divido igualmente entre os diferentes municípios da Região Metropolitana e grupos de renda (Mihessen et al (2012; 2014)). Desta forma, os trabalhadores pobres da periferia seriam mais duramente penalizados pela falta de infraestrutura de transporte adequada.

Objetivo O objetivo do estudo é entender a organização no espaço urbano dos indivíduos dado os custos de moradia e deslocamento, as amenidades e os salários do local. Buscamse também evidências da validade de tópicos de economia urbana no país e o impacto de melhorias no transporte público do Rio. Em outro trabalho, O objetivo desse trabalho é mensurar os efeitos de aglomeração sobre a produtividade nas principais regiões metropolitanas (RMs) do país e comparar os resultados obtidos com os valores referentes ao restante da literatura. Buscou-se, ainda, relacionar esses efeitos a literatura que estuda o impacto dos mesmos na desigualdade, mediante prêmios salariais. A base escolhida foi o censo e o método de mensuração da produtividade os salários. Tabela 1: Explicação esquemática do que são economias de Aglomeração

Metodologia Como é bem conhecido dentre aqueles que se aventuram a fazer pesquisa sobre o Brasil, não raro é um desafio encontrar bases confiáveis ou completas sobre o tema que se deseja aborda. Diversas bases foram utilizadas. Dentre elas, destaca-se a RAIS, a de Origens e Destinos e o Censo. Para se estimar os tempos de deslocamento foram utilizadas as localizações da base de origem e destino e estimações com o google maps. Foram feitos, ainda, uma série de regressões para prever os tempos. Para se estimar a distribuição dos trabalhadores foi utilizada a RAIS, geolocalizando cada um dos pontos. A RAIS também foi utilizada para se ver os padrões salariais e, conjuntamente com o CENSO, os de instrução. Ademais, foram feitos diversos mapas demonstrando os resultados obtidos. Conclusão O estudo permitiu a identificar uma série de padrões urbanos dentro da cidade do Rio e em sua área metropolitana. Percebemos uma maior concentração dos empregos nas áreas centrais, prejudicando de forma especial os trabalhadores menos qualificados. Outras conclusões estão em andamento. Além disso, foi produzido um artigo para o IETS sobre mobilidade urbana e trabalho. Como colocado nesse trabalho: A análise conjunta dos dados do Censo e da RAIS permite identificar alguns fatos estilizados sobre os deslocamentos casa-trabalho na Região Metropolitana: Fato 1: Mulheres tem tempos de deslocamento menores do que os homens. Fato 2: Trabalhadores informais tem tempos de deslocamento menores do que os trabalhadores formais. Fato 3: A população em idade ativa com até ensino fundamental completo está sujeita ao descasamento espacial entre local de moradia e localização dos postos de trabalho formais. Fato 4: A população em idade ativa com ensino superior completo está sujeita a maiores efeitos de congestionamento devido a maior concentração espacial dos postos de trabalho formais nessa categoria de escolaridade. Esses quatro fatos ilustram a importância da mobilidade para os resultados no mercado de trabalho. A relação entre informalidade e tempos de deslocamento sugere impactos positivos do investimento em infraestrutura de transporte na formalização da economia fluminense. Do ponto de vista dos trabalhadores com menor escolaridade, além do aumento de bem-estar, os ganhos de mobilidade podem ter efeitos sobre a distribuição de renda via aumento da taxa de participação e redução do desemprego. Já os trabalhadores formais, apesar de morarem mais perto do mercado de trabalho formal, também enfrentam longos deslocamentos. Haja vista o salário-hora desses trabalhadores, a diminuição dos tempos de viagem irá reduzir drasticamente o custo total do congestionamento para a sociedade. Por fim, em relação as mulheres, o aumento da oferta de creches públicas em horário integral potencialmente permite a escolha de locais de trabalho mais distantes. Ademais, as empresas contratantes podem prover ambientes mais amigáveis, oferecendo serviços de creche no local de trabalho.

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