LEONARDO BORGES BRAGA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LEONARDO BORGES BRAGA PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) COM TIJOLO CERÂMICO Fortaleza - Ceará 2010

ii LEONARDO BORGES BRAGA PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) COM TIJOLO CERÂMICO Monografia submetida à disciplina de Projeto de Graduação como requisito obrigatório para obtenção do grau de Engenheiro Civil da Universidade Federal do Ceará. Orientador: Professor Alexandre Araújo Bertini, Dr. FORTALEZA 2010

iii B794p Braga, Leonardo Borges Projeto para produção de vedação vertical (PPVV) com tijolo cerâmico / Leonardo Borges Braga. Fortaleza, 2010. 135 f. il.; color. enc. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini Monografia (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia. Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2010. 1. Vedação (Tecnologia) 2. Alvenaria 3. Tijolo cerâmico I. Bertini, Alexandre Araújo (orient.) II. Universidade Federal do Ceará Graduação em Engenharia Civil. III.Título CDD 620

iv

Dedico este trabalho aos meus pais, Braga Bastos e Maria Aldeny. v

vi AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me concedeu graça para concluir este tão esperado trabalho, proporcionando-me saúde, força, paciência e sabedoria. A toda a minha família, em especial aos meus pais Braga Bastos e Maria Aldeny, que renunciaram seus sonhos em prol dos meus, apostando na minha vitória, ao meu avô João, que recentemente partiu, deixando muita saudade, ao meu irmão Leandro, aos meus tios Fernandes e Márcio Ary. Ao professor Bertini pelo incentivo e sugestões dadas para a realização desta monografia e ao engenheiro Romildo por toda a sua paciência e disposição em contribuir para o desenvolvimento do assunto. À construtora GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda. por ceder sua obra e todas as informações necessárias, assim como a arquiteta Paula Vianna por compartilhar seu conhecimento e materiais de trabalho tão importantes para realização deste estudo. A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, enfrentando todos os obstáculos, acreditando em mim e em meus ideais. Aos amigos que fiz nesses anos de faculdade, que compartilharam comigo as horas de estudo e os momentos de descontração. À Potenza Construções Ltda., primeira construtora que acreditou no meu potencial oferecendo-me um estágio e, dessa forma contribuindo para o meu aprendizado e crescimento como profissional. Aos professores e aos funcionários por todo o apoio e, por fim, a todos aqueles que participaram dessa caminhada e que mesmo sem saber me ajudaram e ensinaram a superar meus limites.

vii Superação é ter a humildade de aprender com o passado, não se conformar com o presente e desafiar o futuro. Hugo Bethlem

viii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Interatividade entre os diversos subsistemas construtivos com a alvenaria por Sousa (2009 apud Correa, 2006).... 2 Figura 2.1 Fluxograma de conceitos Subsistema vedação vertical... 8 Figura 2.2 Representação gráfica da planta de conferência por Dueñas Peña e Franco (2006)... 21 Figura 2.3 Representação gráfica da planta de marcação de 1 fiada por Dueñas Peña e Franco (2006)... 22 Figura 2.4 Representação gráfica da planta de passagens de hidráulica por Dueñas Peña e Franco (2006)... 23 Figura 2.5 Representação gráfica da planta de passagens de elétrica por Dueñas Peña e Franco (2006)... 24 Figura 2.6 - Representação gráfica da elevação das paredes por Dueñas Peña e Franco (2006)... 25 Figura 3.1 Localização do empreendimento Parc Du Soleil... 27 Figura 3.2 Representação gráfica do empreendimento Parc Du Soleil... 28 Figura 3.3 Eletrodutos embutidos na alvenaria... 35 Figura 3.4 Peças pré-moldadas... 36 Figura 3.5 Assentamento de verga e contraverga... 37 Figura 3.6 - Marcação da alvenaria com linha de nylon... 38 Figura 3.7 Telas galvanizadas... 39 Figura 3.8 Fixação da tela galvanizada... 39 Figura 3.9 Junta horizontal para fixação... 40 Figura 3.10 Junta horizontal preenchida... 40

ix LISTAS DE TABELAS Tabela 2.1- Requisitos de desempenho e características funcionais das vedações verticais por Franco (1998a)... 9 Tabela 2.2 Resumo das etapas de desenvolvimento do PPVV por Dueñas Peña (2003)... 16 Tabela 2.3 Levantamento preliminar de dados técnicos para o anteprojeto de produção de vedação vertical por Silva (2003)... 18 Tabela 3.1 Documento de Registro de Dados iniciais... 30 Tabela 3.2 Documento de Registro de Definições Técnicas... 31 Tabela 3.3 Modificação Dimensional das Esquadrias de alumínio da Torre Felicidade... 33 Tabela 3.4 Dimensões das vergas e contravergas por Sabbatini et al (1988 apud Lordsleem Jr, 2000)... 37

x RESUMO O atraso nos meios de produção nas empresas construtoras de Fortaleza torna-se evidente, principalmente, em subsistemas estratégicos e de destacada importância, como o de vedação vertical, favorecendo para o elevado desperdício de recursos (materiais, humano, energéticos, financeiros, entre outros). Observa-se que uma importante ferramenta de racionalização utilizada na região sudeste, o projeto para produção de vedação vertical, não vem sendo utilizada pelas empresas da construção civil cearense principalmente por ser desenvolvida para empreendimentos que utilizam o bloco de concreto como componente da alvenaria. Dessa forma, verificou-se a necessidade de elaborar um PPVV em parceria com uma construtora de Fortaleza, priorizando as características do mercado local através da adoção do tijolo cerâmico convencional como componente da alvenaria, a fim de desenvolver uma importante ferramenta de redução de desperdício de recursos, de aumento da produtividade e de redução de problemas patológicos. Palavras-chaves: Projeto para Produção de Vedação Vertical (PPVV), Alvenaria Racionalizada, Tijolo Cerâmico.

xi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS... viii LISTAS DE TABELAS... ix 1 INTRODUÇÃO... 1 1.1 OBJETIVOS... 3 1.1.1 Objetivo geral... 3 1.1.2 Objetivos específicos... 3 1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO... 4 1.3 METODOLOGIA... 5 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 6 2.1 CONCEITOS BÁSICOS... 6 2.1.1 Técnica construtiva... 6 2.1.2 Método construtivo... 7 2.1.3 Processo construtivo... 7 2.1.4 Sistema construtivo... 7 2.1.5 Subsistema vedação vertical... 9 2.1.5.1 Elementos... 10 2.1.5.2 Vedação vertical em alvenaria... 10 a. Alvenaria tradicional... 11 b. Alvenaria racionalizada... 11 2.1.5.3 Componentes... 12 2.2 PROJETO... 12 2.2.1 Projeto para produção de vedação vertical (PPVV)... 13 2.3 MÉTODO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV)... 14 2.3.1 Etapas de desenvolvimento do PPVV... 15 2.3.1.1 Etapa 1 Primeiro contato com a empresa contratante... 16 2.3.1.2 Etapa 2 Estudo preliminar... 17 2.3.1.3 Etapa 3 Anteprojeto... 18 2.3.1.4 Etapa 4 Projeto executivo... 19 2.3.1.5 Etapa 5 Detalhamento... 19 2.3.1.6 Etapa 6 Implantação, acompanhamento e retroalimentação... 19 2.3.2 Escopo do PPVV... 20 2.3.2.1 Planta de conferência... 20 2.3.2.2 Planta de eixos de locação da alvenaria... 21 2.3.2.3 Planta de marcação de 1 fiada... 22 2.3.2.4 Plantas de passagens de elétrica e hidráulica... 23 2.3.2.5 Caderno de recomendações e especificações técnicas... 24 2.3.2.6 Caderno de detalhes... 25 2.3.2.7 Caderno de elevação das paredes... 25 3 ESTUDO DE CASO... 27 3.1 OBRA PILOTO... 27 3.2 DESENVOLVIMENTO DO PPVV... 28 3.2.1 Dados iniciais e definições técnicas... 29 3.2.2 Elaboração das plantas... 33

xii 3.2.3 Recomendações e especificações técnicas adotadas... 36 a. Vergas e contravergas... 36 b. Marcação e elevação da alvenaria... 37 c. Ligação tijolo e estrutura... 39 d. Fixação da alvenaria... 40 3.2.4 Caderno de detalhes... 41 4 CONCLUSÃO... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA... 45 LISTA DE ANEXOS... 46 ANEXO A Planta de conferência... 47 ANEXO B Planta de locação dos eixos de alvenaria... 50 ANEXO C Planta de marcação de 1 fiada... 52 ANEXO D Planta das passagens de elétrica... 54 ANEXO E Planta das passagens de hidráulica... 56 ANEXO F Caderno de detalhes... 58 ANEXO G Caderno de recomendações e especificações técnicas... 88 ANEXO H Caderno de elevações... 98

1 1 INTRODUÇÃO Na década de 80, Sabbatini (1989) afirmava que a indústria de construção de edifícios possuía um sensível atraso tecnológico em relação a outros segmentos econômicos e, o não desenvolvimento dos meios de produção e das técnicas de organização em uso implicaria no aumento deste atraso. Dessa forma, a ENCOL, uma grande construtora que atuava em nível nacional, procurando evitar o aumento deste atraso e estando inserida em um mercado que se apresentava em um quadro de forte retração e elevada competitividade, estabeleceu um extenso programa de desenvolvimento tecnológico com a Escola Politécnica da USP, através do Grupo de Tecnologia e Gestão da Produção na Construção Civil (GEPE-TGP) do Departamento de Engenharia de Construção Civil, no ano de 1988 (BARROS, 1998). Segundo Silva (2003), o convênio firmado visava o desenvolvimento de metodologias e procedimentos adequados à realidade das obras que permitissem a racionalização das atividades construtivas e a melhoria do desempenho dos edifícios construídos pela empresa contratante. Este convênio e outros firmados posteriormente apresentaram significativa importância para as empresas construtoras da região Sudeste, principalmente, devido a sua contribuição para a modernização dos meios de produção, melhorando a qualidade dos produtos, assim como para a evolução dos processos de produção. Observa-se que as empresas que atuam em Fortaleza não conseguiram acompanhar a mesma evolução tecnológica e de estruturação organizacional das empresas localizadas, na grande maioria, na cidade de São Paulo. Atualmente, observa-se um evidente atraso nos meios de produção, principalmente em subsistemas estratégicos e de relevante importância, em destaque para o de vedação vertical, favorecendo para o elevado desperdício de recursos (materiais, humano, energéticos, financeiros, entre outros). Franco (1998b) evidencia que a vedação vertical representa um dos principais subsistemas que condicionam o desempenho do edifício, sendo a principal responsável por características ligadas ao conforto higrotérmico e acústico, pela segurança de utilização frente às ações excepcionais (como por exemplo, no caso de incêndios) e pelo desempenho estético que proporciona valorização do imóvel. Para efeito de análise, considerando-se apenas a parede de alvenaria do subsistema de vedação vertical, o custo pode alcançar 6% do orçamento total da edificação. No entanto, levando-se em consideração as suas interrelações com o conjunto das esquadrias,

2 das instalações elétricas e hidrosanitárias e dos revestimentos, que estão vinculados à concepção e à execução da própria alvenaria, este conjunto pode atingir até 40% do custo total do edifício (LORDSLEEM JR, 2000). Pode-se entender através da Figura 1.1, a interação da alvenaria de vedação com os outros subsistemas construtivos. Figura 1.1 - Interatividade entre os diversos subsistemas construtivos com a alvenaria por Sousa (2009 apud Correa, 2006). Dessa maneira, para que a indústria da construção civil possa evoluir tecnologicamente, incrementar a produtividade operacional e reduzir o desperdício de recursos, faz-se necessário o desenvolvimento dos meios de produção, que serão alcançados através da criação de novos métodos, processos e sistemas construtivos, bem como o aperfeiçoamento dos existentes (SABBATINI, 1989). Somente dessa forma, o mercado da construção civil poderá alcançar um estágio mais elevado na qualidade dos seus produtos e de seu processo produtivo. Verifica-se que, em Fortaleza, a maioria das empresas utiliza o tijolo cerâmico convencional 9x19x19 (espessura x comprimento x altura) como componente do subsistema de vedação vertical sem preocupar-se em utilizar um projeto para produção de alvenaria, diferentemente do que ocorre no sul do Brasil. Empresas, principalmente de São Paulo, estão se interessando cada vez mais por projetos para produção que definem o bloco de concreto 14x39x39 como componente da alvenaria. Esse fato confirma-se quando Lordsleem Jr. (2000) enfatiza que algumas empresas construtoras apresentam grande parte da sua produção racionalizada, mas que a grande maioria encontra-se em estágio incipiente e muito ainda se tem por fazer.

3 Para Barros (1998) a racionalização das alvenarias de vedação alcançada através do projeto para produção, possibilitaria a redução de custos, o aumento da produtividade e a própria redução de problemas patológicos. Sendo assim, observou-se a necessidade de elaborar um projeto para produção de vedação vertical (PPVV) em uma obra piloto, localizada na cidade de Fortaleza visando desenvolver este tipo de projeto conforme as premissas dos produtos disponíveis no mercado de Fortaleza, ou seja, adotando o tijolo convencional 9x19x19, como componente da alvenaria. Para enfatizar a importância do PPVV, Franco (1998b) afirma que o projeto de vedação vertical representa uma importante ferramenta de coordenação dos projetos, por possuir interfaces com os mais diversos subsistemas do edifício, e de planejamento da produção no canteiro de obra. Devido ao nível de detalhamento alcançado e a diminuição das incertezas trazidas pela padronização na execução das técnicas e detalhes construtivos, o projeto consegue fornecer informações necessárias para o planejamento operacional da obra, auxiliando a atividade de suprimento de materiais e ferramentas, o controle físico e financeiro e a gestão da mão-de-obra durante a execução do serviço. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo principal, desenvolver um projeto para produção de vedação vertical (PPVV) conforme as premissas dos produtos disponíveis no mercado de Fortaleza, visando contribuir para o aumento da produtividade e para a redução do desperdício de recursos nas edificações. 1.1.2 Objetivos específicos São objetivos específicos deste trabalho: Estudar na literatura o método para o desenvolvimento de PPVV; Aplicar na prática a metodologia estudada na elaboração do PPVV; Definir especificações técnicas voltadas para vedação vertical em alvenaria com tijolo cerâmico; Resgatar para a fase de concepção a responsabilidade pela correção técnica e exequibilidade das propostas enviadas aos canteiros.

4 1.2 Estrutura do trabalho Capítulo 1 No primeiro capítulo encontra-se a introdução dando uma visão geral do assunto a ser abordado neste trabalho, os objetivos geral e específicos a serem alcançados, assim como a metodologia a ser seguida. Capítulo 2 Neste capítulo, o aprofundamento do tema realiza-se através da revisão bibliográfica. Primeiramente, serão expostos os conceitos relacionados à elaboração do projeto para produção, sendo a definição e as características dos termos (sistema construtivo, vedação vertical em alvenaria, alvenaria racionalizada, elementos, componentes, entre outros), direcionados exclusivamente para os edifícios. Posteriormente, o capítulo trás a metodologia adotada para a elaboração do projeto para produção de vedação vertical encontrada na literatura, tendo como função principal a de direcionar e auxiliar o desenvolvimento do PPVV a ser realizado no capítulo seguinte. Capítulo 3 No terceiro capítulo a empresa participante do projeto, assim como o empreendimento utilizado como objeto de estudo serão apresentados. Inicia-se neste capítulo a elaboração do PPVV considerando as características da obra piloto definidas, assim como, os dados e definições técnicas disponibilizados pela construtora. Capítulo 4 Este capítulo apresenta as recomendações e as conclusões finais referentes ao desenvolvimento do projeto para produção de vedação vertical com tijolo cerâmico realizado no capítulo anterior visando, auxiliar as empresas que possuem o interesse em utilizar esta ferramenta como instrumento de melhoraria do seu processo de produção de alvenaria.

5 1.3 Metodologia O primeiro procedimento para a realização do trabalho consistiu-se no levantamento de bases teóricas para um conhecimento mais aprofundado do tema proposto por meio de livros, artigos, revistas, teses, Internet, dentre outras fontes auxiliares para a correta argumentação a cerca do assunto. Para o desenvolvimento de um projeto para produção de vedação vertical (PPVV), fez-se necessário a realização de uma parceria com uma empresa da construção civil, a GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda., a qual se responsabilizou pelo o fornecimento de todos os dados necessários, sendo o empreendimento Parc Du Soleil, o objeto de estudo deste trabalho denominado de obra piloto. Em contrapartida, para o desenvolvimento do projeto, realizou-se um estudo aprofundado do método utilizado na elaboração do PPVV encontrado no trabalho de Dueñas Peña (2003). A autora definiu e adotou um padrão para o processo de desenvolvimento de projetos e para o escopo do projeto para produção de vedações verticais a partir de dados obtidos nos estudos de caso realizados em empresas construtoras, equipes de produção e empresas projetistas, bem como através de sua própria experiência profissional. Outro trabalho que cabe destaque refere-se ao da autora Silva (2003), que propõe em seu trabalho uma organização das práticas de projetos para a produção de alvenarias de vedação racionalizadas resultante de sua vivência, das consultas a registros em projetos de pesquisa e das práticas observadas durante as atividades de campo, junto a construtoras e escritórios de projeto da cidade de São Paulo, entre 2000 e 2002. Paralelamente aos outros trabalhos, destaca-se o projeto para produção de vedação vertical desenvolvido pela arquiteta Paula Vianna em sua empresa, Paula Vianna Consultoria em Projetos, localizada na cidade de São Paulo, que serviu como referência para formatação e estruturação do projeto a ser elaborado. Com base nesta metodologia e diretrizes, de posse de todos os projetos e informações técnicas necessárias e com o auxílio do software AutoCAD 2007, a elaboração do projeto para produção de vedação vertical para um apartamento modelo do empreendimento Parc Du Soleil, pôde ser realizada. Deve-se enfatizar que o componente utilizado no projeto corresponde ao tijolo cerâmico convencional, diferentemente do principal componente utilizado nas empresas do Sul e Sudeste, o bloco de concreto, fazendo-se necessário a adoção de outras técnicas construtivas, assim como uma nova abordagem para a elaboração do PPVV.

6 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para o desenvolvimento do trabalho, fez-se necessário reunir vários conceitos diretamente relacionados ao tema estudado. Os principais aspectos da metodologia para elaboração de um projeto para produção de vedação vertical (PPVV) foram tratados baseando-se, principalmente, em trabalhos que abordam este tema, tais como: Franco (1998b), Lordsleem Jr. (2000), Sabbatini (1989), Silva (2003), Barros (1998), Dueñas Peña (2003), entre outros. 2.1 Conceitos básicos De acordo com Sabbatini (1989), a análise dos conceitos indiretamente ligados à questão central mostra-se importante para deixar claro nosso entendimento sobre eles os mesmos, bem como sobre suas relações com o método considerado no trabalho. Este autor também afirma que a importância de estabelecer definições precisas e particularizadas na área da construção civil se deve a necessidade de se dispor de um vocabulário sem ambiguidades, a fim de se criar condições que permitam uma comunicação eficiente entre os técnicos da área. Dessa forma, buscando adotar uma terminologia adequada para o desenvolvimento do presente trabalho, as definições apresentadas em seguida estão direcionadas para os edifícios. 2.1.1 Técnica construtiva Considerando o assentamento de um contramarco, a marcação de uma parede de alvenaria, a elevação de uma alvenaria, entre outras ações, como exemplos de técnica construtiva, Sabbatini (1989) afirma que: Técnica construtiva é um conjunto de operações empregadas por um particular ofício para produzir parte de uma construção. Neste sentido, de maneira simples, entende-se que técnica construtiva representa o procedimento adotado por um operário para executar algo.

7 2.1.2 Método construtivo Segundo Sabbatini (1989), o método construtivo relaciona-se com a construção de partes da edificação, existindo uma relação de subordinação da técnica construtiva ao método construtivo. Considerando essa afirmativa, o mesmo autor define método construtivo da seguinte forma: Método construtivo é um conjunto de técnicas construtivas interdependentes e adequadamente organizadas, empregado na construção de uma parte (subsistema ou elemento) de uma edificação. O método construtivo utilizado para fazer uma parede de vedação serve como exemplo para a definição proposta. De outra maneira, pode-se dizer que o método construtivo citado refere-se a um conjunto ordenado de técnicas construtivas que reuniria, por exemplo, as maneiras de marcar a alvenaria, de elevar a alvenaria, de assentar uma esquadria de janela, etc. 2.1.3 Processo construtivo Em Fortaleza, por exemplo, o processo construtivo tradicional para se construir edifícios de múltiplos pavimentos adota estrutura de concreto armado, moldada com formas de madeira e vedações de tijolos cerâmicos furados. Dessa forma, considera-se que um dado processo construtivo corresponde a uma única e específica maneira de se construir no qual é constituído por um conjunto de métodos construtivos bem determinados (SABBATINI, 1989). Este mesmo autor adota a seguinte definição para o termo processo construtivo: Processo construtivo é um organizado e bem definido modo de se construir um edifício. Um específico processo construtivo caracteriza-se pelo seu particular conjunto de métodos utilizado na construção da estrutura e do envelope exterior (vedações verticais e horizontais). 2.1.4 Sistema construtivo seguinte forma: De acordo com Sabbatini (1989), sistema construtivo pode ser definido da

8 Sistema construtivo é um processo construtivo de elevados níveis de industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e componentes interrelacionados e completamente interligados pelo processo. Na visão de Manzione (2004), a alvenaria estrutural pode ser considerada um exemplo de sistema construtivo completo, por possuir alto grau de racionalidade, que suporta e organiza os outros subsistemas da edificação. Analisando um edifício como um sistema, Dueñas Peña (2003) cita alguns dos principais subsistemas que o compõe. Dentre estes estão: Fundações; Estrutura; Vedações verticais; Esquadrias; Instalações; Revestimento das vedações verticais; Vedações horizontais; Cobertura; Impermeabilização. Subsistema construtivo (Estrutura) SISTEMA CONSTRUTIVO Subsistema construtivo (Esquadria) Subsistema construtivo (Impermeabilização) Subsistema construtivo (Vedação vertical) Subsistema construtivo (Outros) Alvenaria tradicional Elemento (Parede de alvenaria) Componente (Tijolo cerâmico) Alvenaria racionalizada Figura 2.1 Fluxograma de conceitos Subsistema vedação vertical

9 Observar-se na Figura 2.1 o fluxograma dos principais conceitos relacionados com a vedação vertical e que serão expostos nos próximos tópicos. 2.1.5 Subsistema vedação vertical Os principais estudiosos do assunto consideram a vedação vertical, como citado na introdução, um dos principais subsistemas do edifício por englobar a alvenaria, as esquadrias e os revestimentos, podendo representar mais de 20% do custo total dos edifícios. Silva (2003) destaca sua importância na proteção dos ambientes contra ação de agentes externos, bem como o de dar suporte aos componentes de outros subsistemas tais como esquadrias, tubulações, quadros de luz, elementos decorativos, dentre outros e, em situações específicas, ao contraventamento estrutural que resistirá a esforços em conjunto com os componentes estruturais. Para que essas funções possam ser cumpridas, os elementos e componentes constituintes da vedação vertical devem possuir um conjunto de características que atendam aos requisitos de desempenho propostos para cada situação e, dessa forma, baseando-se em Franco (1998a), estes principais requisitos e características funcionais apresentam-se listados na Tabela 2.1. Tabela 2.1- Requisitos de desempenho e características funcionais das vedações verticais por Franco (1998a) REQUISITOS DE DESEMPENHO Segurança estrutural Isolação térmica Isolação acústica Estanqueidade Segurança ao fogo Estabilidade Durabilidade Estética Economia CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS Resistência mecânica Deformabilidade Estabilidade dimensional Propriedades térmicas Resistência à transmissão sonora Resistência ao fogo Resistência a penetração de água Resistência a agentes agressivos Custos adequados de produção e manutenção De uma maneira geral, segundo Barros e Melhado (1993 apud Lordsleem Jr., 2000), pode se definir a vedação vertical como um subsistema do edifício constituído por elementos que compartimentam e definem os ambientes internos os quais criam as condições de habitabilidade para o edifício.

10 2.1.5.1 Elementos De acordo com Sabbatini et al. (2010) são considerados como alguns dos elementos que compõem as vedações verticais as paredes de alvenaria, os painéis prémoldados e de gesso acartonado, paredes de concreto e as divisórias de madeira sendo, segundo a Revista Téchne (Ed. 149, 2009), as paredes de alvenaria os elementos mais empregados no processo construtivo tradicional brasileiro e responsáveis por uma parcela expressiva do desperdício verificado nas obras de construção de edifícios, com perdas de tijolos/blocos comumente entre 15% e 20%. Baseando-se em Barros e Franco (2007) e, considerando as paredes de alvenaria como o elemento utilizado no desenvolvimento deste trabalho, a vedação vertical pode ser classificada da seguinte forma: Com relação a sua posição no edifício, caracteriza-se por ser externa (referente à vedação envoltória do edifício) e interna (partições e compartimentos); Utiliza a técnica de execução por acoplamento úmido, ou seja, montagem a seco de componentes com fixação posterior usando argamassa; Apresenta densidade superficial leve, pois não tem função estrutural e apresenta baixa densidade superficial; Considerada autoportante, devido a alvenaria não necessitar de estrutura complementar devido se auto-suportar; Definida como vedação vertical fixa, porque as paredes são irremovíveis sem destruição. 2.1.5.2 Vedação vertical em alvenaria O projeto para produção desenvolvido tem como definição técnica a utilização de paredes de alvenaria como elemento da vedação vertical do edifício que, de acordo com Azeredo (1997), pode ser entendida como toda obra constituída de pedras naturais, tijolos ou blocos de concreto, ligados ou não por meio de argamassas, devendo satisfazer as condições de resistência, durabilidade e impermeabilidade. Considerando a classificação definida por Barros e Franco (2007), o elemento da vedação vertical (paredes de alvenaria) empregado no desenvolvimento deste trabalho caracteriza-se por:

11 Ser de vedação, por não possuir função estrutural no edifício, sendo dimensionada apenas para suportar o seu próprio peso e resistir às ações atuantes sobre ela; Possuir revestimento, por se tratar de alvenarias destinadas à aplicação de revestimentos, os quais receberão acabamentos diversos tais como: pintura e revestimentos cerâmicos; Utilizar o tijolo cerâmico como componente. Dependendo da maneira na qual as técnicas construtivas (marcação e elevação da alvenaria, entre outras) foram planejadas para se construir uma parede de alvenaria, a mesma pode ser classificada em alvenaria tradicional ou alvenaria racionalizada. a. Alvenaria tradicional Por se tratar do elemento comumente encontrado nas obras do país, a Revista Téchne (Ed. 112, 2006), afirma que uma das suas características relaciona-se com a falta de investimento por parte das empresas da construção civil para o desenvolvimento de projetos destinados à execução das paredes de alvenaria, abrindo espaço para que os funcionários responsáveis por esse serviço acabem adotando técnicas construtivas no próprio canteiro de obras. Outras características relacionadas com a alvenaria tradicional encontram-se listadas a seguir: Devido a não capacitação da mão-de-obra, a mesma executa o serviço com pouca qualidade; Os remendos são feitos com a utilização de argamassa para o preenchimento dos vazios gerados pelo seccionamento das paredes para a passagem de instalações e embutimento de caixas; Com a retirada de caçambas de entulho na obra pode-se evidenciar a quebra de tijolos no transporte e na execução, sendo a marreta a ferramenta utilizada para os rasgos. Lordsleem Jr. (2000) cita ainda que a ausência de fiscalização dos serviços, a deficiente padronização do processo de produção e a ausência de planejamento prévio à execução, são outras características da alvenaria tradicional. b. Alvenaria racionalizada Devido às mudanças tecnológicas ocorridas no mercado e ao consumidor que está se tornando cada vez mais exigente, busca-se nas empresas a melhoria contínua da qualidade

12 dos seus produtos e uma maior eficiência nos seus processos de produção. Visando alcançar esses objetivos, as empresas precisam aperfeiçoar o uso dos recursos utilizando-os de forma mais eficiente, diferentemente de como ocorre na alvenaria tradicional. O projeto para produção de vedação vertical é utilizado como uma das ferramentas para a racionalização construtiva em um edifício e para deixar claro o significado de racionalização construtiva, Sabbatini (1989) particulariza o termo para a atividade específica de construção e propõe que: Racionalização construtiva é um processo composto pelo conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais e financeiro disponíveis na construção em todas as suas fases. Dessa forma, de acordo com Lordsleem Jr. (2000), a aplicação do conceito de racionalização construtiva com a alvenaria, denomina-se alvenaria racionalizada. 2.1.5.3 Componentes Para que o subsistema vedação vertical apresente características desejadas de resistência mecânica, deformabilidade, isolamento acústico, segurança ao fogo, impermeabilidade, durabilidade entre outras condições, deve-se levar em consideração a escolha correta dos componentes a serem utilizados no elemento da vedação vertical. Dentre os principais componentes que fazem parte das paredes de alvenaria e que serão utilizados no presente trabalho estão: o tijolo cerâmico e a argamassa de assentamento. Sendo assim, de acordo com a NBR-7171 (1992), pode-se classificar o tijolo cerâmico como um componente de alvenaria que possui furos prismáticos e/ou cilíndricos perpendiculares às faces que os contém. 2.2 Projeto Pode-se afirmar que na construção civil os projetos possuem, na sua grande maioria, apenas a função de ilustrar a forma final desejada do edifício, sem mesmo dar importância ao modo de execução e às características do produto a ser construído. Dessa forma, o projeto acaba perdendo um pouco o seu papel estratégico no processo de produção,

13 pois as definições dos processos construtivos utilizados não recebem o destaque que deveriam ter. Dueñas Peña (2003) revela que, devido às alterações ocorridas no mercado e a introdução de novos conceitos como os de racionalização, produtividade, qualidade, entre outros, novos requisitos foram atribuídos aos projetos. Segundo estes novos conceitos, os projetos de edifícios devem conter as definições do produto, assim como as definições de seu processo construtivo. Neste cenário, segundo Melhado (1994), o projeto passaria a caracterizar-se como uma atividade de serviço integrante do processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra a serem consideradas na fase de execução. Infelizmente, no mercado da construção civil de Fortaleza, apesar da tentativa de introdução destes novos conceitos e da ênfase dada a eles devido as solicitações do mercado, a grande maioria dos projetos restringe-se ainda à definição do produto sem se preocupar com o processo. Diferentemente de empresas de outras cidades mais desenvolvidas que, observando a necessidade de relacionar o produto com o processo construtivo, estão dando cada vez mais importância aos projetos para produção. Segundo Sabbatini (1998) os projetos conceituais (arquitetônico, estrutural e de instalações prediais) estabelecem apenas O QUE FAZER e O COMO FAZER refere-se apenas ao objeto dos projetos para produção (ou também chamados projetos construtivos). 2.2.1 Projeto para produção de vedação vertical (PPVV) Preocupando-se com O COMO FAZER, as empresas procuraram alinhar o seu avanço tecnológico adquirido ao logo dos anos, com a melhoria contínua no gerenciamento do processo de produção através da utilização desta ferramenta essencial, o projeto voltado para produção. No Brasil, especificamente no ramo da construção civil, Aquino e Melhado (2005) afirmam que as discussões sobre a sua importância e inserção no mercado tiveram início a partir de pesquisas e convênios realizados entre a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e a Construtora ENCOL, assim como com outras empresas incorporadoras e construtoras do setor na cidade de São Paulo a partir do final da década de 80.

14 Devido às inovações nas práticas dos projetos para produção resultantes desses convênios, outras empresas construtoras passaram a incorporá-las, proporcionando o desenvolvimento de um mercado para projetistas especializados nesse tipo de projeto. Segundo Franco e Dueñas Peña (2006), dentre os projetos desenvolvidos para o empreendimento, o projeto para produção de vedação vertical destaca-se no que diz respeito à gestão da produção, por trazer incorporado nele um resumo dos demais projetos do empreendimento, numa linguagem técnica voltada para a gestão racionalizada da produção, estabelecendo uma ligação única entre todos os agentes envolvidos. Franco (1998b) justifica a importância do PPVV através dos seus principais objetivos, que são: Servir como ferramenta de coordenação do projeto; Servir como base para o planejamento da produção do subsistema e dos subsistemas com os quais tem interferência; Detalhar tecnicamente a produção deste subsistema, estudando e definindo as tecnologias de produção, tanto no que se refere às alternativas de materiais como de técnicas construtivas empregadas em cada caso; Servir como canal de comunicação eficiente entre projeto e planejamento e a produção e ainda, entre todos os setores envolvidos na produção; Servir como base para o controle da produção da execução da vedação vertical. Considerados os objetivos, cabe destacar algumas vantagens e benefícios observados nas construtoras que adotaram o projeto para produção segundo Barros (1998): Menor consumo de argamassa de assentamento; Considerada redução de retrabalho (menores desperdícios); Aumento da produtividade e da qualidade dos serviços; Maior limpeza na obra; Diminuição de patologias e custos de manutenção. Outro fator de destaque refere-se a uma melhor quantificação dos materiais, o que beneficia o departamento de suprimento que consegue realizar compras mais precisas e dimensionar melhor a logística de canteiro. 2.3 Método para elaboração do projeto para produção de vedação vertical (PPVV) Conforme o descrito na metodologia encontrada no primeiro capítulo, os principais aspectos do método para elaboração do PPVV serão abordados baseando-se,

15 principalmente, no trabalho da autora Dueñas Peña (2003), que definiu e adotou um padrão para o processo de desenvolvimento de projetos e para o escopo do projeto para produção de vedações verticais a partir de dados obtidos nos estudos de caso realizados em empresas construtoras, equipes de produção e empresas projetistas, bem como através de sua própria experiência profissional. Outro projeto destacado anteriormente, refere-se ao da autora Silva (2003), que propõe em seu trabalho uma organização das práticas de projetos para a produção de alvenarias de vedação racionalizadas resultante da vivência da própria autora, das consultas a registros em projetos de pesquisa e das práticas observadas durante as atividades de campo, junto a construtoras e escritórios de projeto da cidade de São Paulo, entre 2000 e 2002. Cabe ressaltar que a método para elaboração do PPVV abordado no presente capítulo apenas tem como função de servir como referência, não representando fielmente as etapas de desenvolvimento utilizadas para a elaboração do projeto para produção em questão, pois como mesmo afirma a autora Dueñas Peña (2003), o método proposto por ela apenas visa balizar e padronizar de forma didática o desenvolvimento do PPVV que vem sendo desenvolvido nos últimos anos sem nenhuma metodologia consolidada. 2.3.1 Etapas de desenvolvimento do PPVV Para a elaboração do seu método, Dueñas Peña (2003) considerou a introdução do PPVV na fase de estudo preliminar, sendo o desenvolvimento do projeto para PPVV estruturado em seis etapas listadas a seguir e que terão suas principais características resumidas posteriormente. 1) Primeiro contato com a empresa contratante; 2) Estudo preliminar; 3) Anteprojeto; 4) Projeto executivo; 5) Detalhamento; 6) Implantação, acompanhamento e retroalimentação. Na Tabela 2.2, encontra-se apresentado um resumo dos principais itens e atividades envolvidas no desenvolvimento de todas as etapas para a elaboração do projeto para produção de vedação vertical.

16 Tabela 2.2 Resumo das etapas de desenvolvimento do PPVV por Dueñas Peña (2003) ETAPA 1 ITEM SOLICITADO ITEM ELABORADO ATIVIDADES Projetos de arquitetura e estrutura (pavimento tipo); Experiência da empresa com projetos para produção; Definição do coordenador; Relação dos projetistas; Definição do sistema e tecnologias de informação; Definição da padronização gráfica. Proposta de contrato; Definição do cronograma do PPVV relacionado à entrega de etapas dos demais projetistas. Contato inicial; Reunião para esclarecimento à respeito do PPVV quando necessário. ETAPA 2 ETAPA 3 Projetos completos de arquitetura, estrutura e instalações; Definição do tijolo de alvenaria a ser utilizado. Anteprojetos completos de todos os projetistas; Detalhes construtivos padronizados da construtora. Planta de conferência; Detalhes genéricos de modulação vertical; Relatório de compatibilização dos projetos. Estudo de distribuição horizontal dos tijolos (planta de marcação preliminar); Plantas de eixo de locação da alvenaria; Início da elaboração dos procedimentos e detalhes genéricos. Reunião de compatibilização; Decisão e aprovação do estudo de modulação vertical e planta de conferência; Definição do tijolo de alvenaria a ser utilizado; Reunião de compatibilização; Apresentação e aprovação da planta de marcação preliminar e dos detalhes genéricos. ETAPA 4 Projetos executivos completos de todos os projetistas; Planta de conferência Final; Planta de marcação de 1 fiada Final; Plantas de passagens de elétrica e hidráulica. Reunião de entrega 1 fase. ETAPA 5 Aprovação do material entregue na primeira fase. Caderno de especificações técnicas e procedimentos executivos; Caderno de detalhes; Caderno de elevação. Reunião de entrega 2 fase. Agendar visitas de monitoramento e retroalimentação. 2.3.1.1 Etapa 1 Primeiro contato com a empresa contratante De acordo com Silva (2003), existem duas possíveis fases em que os projetos para produção de vedação vertical podem ser adotados. Na primeira fase, a solicitação do PPVV ocorre na etapa de anteprojeto, sendo assim a mais desejável, pois possibilita a compatibilização do projeto de alvenaria com os demais projetos. Com relação à segunda fase, o desenvolvimento do projeto de alvenaria realiza-se após a elaboração dos demais projetos executivos do edifício, caracterizando-se como uma condição não tão desejável.

17 Entretanto, Dueñas Peña (2003) afirma que a solicitação do projeto para produção ocorre, na maioria das vezes, quando os demais projetos encontram-se em uma fase mais adiantada ou concluída, o que pode acarretar em uma sensível diminuição no seu potencial de racionalização. Neste caso, a colaboração do PPVV resume-se em identificar as incompatibilidades entre os demais projetos e propor soluções executivas apropriadas ou pequenas revisões quando possíveis. Silva (2003) destaca ainda que independente da forma e momento da contratação dos projetos para o empreendimento se terceirizados ou desenvolvidos na própria empresa; contratados ainda na etapa de elaboração de anteprojetos ou após a conclusão dos projetos de obra a condição inicial básica é o domínio da estrutura organizacional e produtiva da empresa, ou seja, do seu sistema de produção. Dessa forma, de acordo com Dueñas Peña e Franco (2006) a primeira etapa serve basicamente para definir o que será feito e sob que condições; ou seja, nesta etapa são definidos: o escopo do PPVV a ser desenvolvido, as ferramentas a serem utilizadas, os profissionais envolvidos e o cronograma dentro do qual os projetos serão desenvolvidos. 2.3.1.2 Etapa 2 Estudo preliminar Para a segunda etapa, uma cópia impressa e eletrônica de todos os projetos desenvolvidos até o presente momento deve ser solicitada para que o projetista de vedação possa realizar uma análise e a compatibilização dos mesmos, permitindo identificar os pontos críticos de cada projeto individualmente e principalmente se existe algum conflito decorrente da sobreposição dos projetos. Segundo Silva (2003), a compatibilização pode ser realizada com o auxílio de recursos da informática, com a sobreposição de camadas (layers) utilizandose o AutoCAD, da AutoDesk, como ferramenta de projeto e checagem de interferências. Através dessa análise, que compreende a avaliação do futuro desempenho da alvenaria, Dueñas Peña (2003) afirma que o projetista de vedação deve verificar: O projeto de estrutura: analisar o comportamento da estrutura, principalmente no que diz respeito a possíveis deformações e avaliar o impacto na alvenaria; O relacionamento da estrutura com a alvenaria: tipos de ligações, juntas, etc. As tecnologias de produção, sequências de elaboração e procedimentos executivos; A padronização modular de blocos, esquadrias, vergas e contravergas, vãos de arquitetura e estrutura.

18 Nesta etapa, após a análise e compatibilização dos projetos, a planta de conferência e o estudo de modulação vertical podem ser elaborados. 2.3.1.3 Etapa 3 Anteprojeto De acordo com Dueñas Peña e Franco (2006) a etapa de anteprojeto caracteriza-se por uma nova análise e compatibilização dos anteprojetos, observando se todos os pontos críticos discutidos anteriormente estão solucionados. A elaboração da planta de marcação de 1 fiada deve-se iniciar após a compatibilização dos anteprojetos dos demais projetistas e depois da definição do tijolo a ser utilizado. Tabela 2.3 Levantamento preliminar de dados técnicos para o anteprojeto de produção de vedação vertical por Silva (2003) LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE DADOS TÉCNICOS PARA O ANTEPROJETO DE PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL Anteprojeto de arquitetura Anteprojeto de estrutura Projetos de instalações prediais Outras interferências Espessura e localização das paredes; Layout das áreas molhadas; Tipo e espessuras de revestimentos de paredes e pisos; Pé-direito previsto, altura de peitoris, bancadas e forros; Localização e dimensões de esquadrias. Disposição e dimensões de pilares e vigas; Espessura das lajes; Características dos vãos estruturais; Características de deformabilidade da estrutura e do vínculo entre as paredes e a estrutura. Posicionamento, diâmetro e concentração das tubulações: prumadas, ramais e subramais; Pontos de alimentação e esgotamento de aparelhos hidro-sanitários; Previsão de shafts, paredes hidráulicas, paredes duplas com câmaras centrais, etc.; Localização de quadros de distribuição de luz, equipamentos de ar condicionado, aquecedores, incêndio, caixas e medidores de gás e outros, especificações e recomendações técnicas de instalação de equipamentos. Tipos de esquadria, com suas características de execução e sistema de fixação para previsão das folgas necessárias e definição dos vãos na alvenaria; Tipos de revestimento e acabamentos, técnicas de execução e espessuras finais; Tipo e dimensões de rodapés; Áreas a serem impermeabilizadas, tipo e espessura total do sistema de impermeabilização ; Previsão de peças suspensas tais como armários, armadores para redes, corrimãos, etc.

19 Para a elaboração das plantas citadas anteriormente, necessita-se o levantamento de algumas informações básicas que foram expostas na Tabela 2.3, tendo a mesma sido revisada e complementada por Silva (2003) a partir da tabela proposta por Sabbatini e Silva (1991) no relatório final do Convênio de Desenvolvimento Tecnológico EPUSP-ENCOL/7. Dueñas Peña (2003) destaca que o projetista deve verificar previamente se a construtora não utiliza seus próprios procedimentos e detalhes padronizados em sua produção, pois nesta etapa inicia-se o desenvolvimento dos detalhes e dos procedimentos e especificações técnicas que devem ser utilizados para elaboração do PPVV, sendo que os mesmos devem ser discutidos com a equipe de produção ao longo da elaboração do PPVV. 2.3.1.4 Etapa 4 Projeto executivo Esta etapa refere-se à última compatibilização dos projetos visando eliminar os possíveis pontos críticos ainda existentes para que se possa dar continuidade ao desenvolvimento do PPVV elaborando-se as plantas preliminares de passagem de elétrica e hidráulica (DUEÑAS PEÑA, 2006). 2.3.1.5 Etapa 5 Detalhamento Na penúltima etapa elabora-se o caderno de elevações e conclui-se o caderno de detalhe dos procedimentos e especificações técnicas discutidos com a equipe de produção ao longo das etapas. 2.3.1.6 Etapa 6 Implantação, acompanhamento e retroalimentação Por fim, Dueñas Peña (2003) afirma que a entrega final do PPVV tem um caráter explicativo, principalmente nos casos onde a equipe de produção não teve uma participação significativa durante o processo [...]. Para garantir o entendimento e utilização do projeto, ao final da apresentação devem-se agendar com o engenheiro responsável visitas de acompanhamento durante a utilização do projeto as quais auxiliarão no entendimento do projeto, possibilitando ao projetista a retroalimentação do mesmo através da análise crítica do impacto do PPVV na produção e na equipe de produção.

20 2.3.2 Escopo do PPVV De acordo com Dueñas Peña (2003), o escopo do projeto para produção de vedação vertical pode variar de acordo com o perfil do cliente (estruturas organizacionais e patamares tecnológicos), a tipologia do empreendimento (residencial, comercial, serviços e institucionais) e as solicitações personalizadas, sendo o escopo básico padronizado e consolidado no mercado composto pelos seguintes elementos: Planta de conferência; Planta de locação dos eixos de alvenaria; Plantas de marcação de 1 fiada; Plantas de passagens de elétrica e hidráulica; Caderno de recomendações e especificações técnicas; Caderno de detalhes; Caderno de elevações. 2.3.2.1 Planta de conferência Inicialmente, faz-se necessário o levantamento e a verificação dos projetos existentes: arquitetura, estrutura, instalações elétricas, instalações hidrosanitárias, entre outros. Posteriormente, realiza-se a compatibilização e análise dos projetos citados, para que os problemas não previstos possam ser identificados como descrito na etapa de estudo preliminar. Os pontos críticos deverão ser discutidos e, se possível, modificados para que todos os problemas estejam solucionados antes da elaboração da planta de referência (DUEÑAS PEÑA, 2003). Verifica-se na Figura 2.2, segundo a mesma autora, que a planta de conferência deve apresentar: Espessuras de paredes sem revestimento; Cotas de conferência internas e de vãos dos contramarcos e portas; Denominações de esquadrias e ambientes; Estrutura em projeção; Nomes: de pilares e de ambientes; Indicação de enchimentos.

21 Figura 2.2 Representação gráfica da planta de conferência por Dueñas Peña e Franco (2006) 2.3.2.2 Planta de eixos de locação da alvenaria Dueñas Peña (2003) afirma que a definição dos eixos, encontrados nesta planta, tem como função a de servir como referência na locação dos tijolos, os pontos elétricos e hidráulicos, os vãos, entre outras, devendo a mesma conter as seguintes informações: Vigas em projeção; Pilares; Cotas de conferência; Eixos ou pontos de referência; Eixos de locação da alvenaria numerados e cotados em relação aos eixos ou pontos de referência; Vazios da estrutura. Caso os eixos existentes para locação da estrutura não sejam compatíveis e favoráveis para a locação da alvenaria, novos eixos podem ser criados para a equipe de produção na planta de eixos de locação da alvenaria. Cabe destacar que os eixos devem ser preferencialmente, os mesmos utilizados para locação da estrutura.

22 2.3.2.3 Planta de marcação de 1 fiada Nas plantas de marcação os projetos de arquitetura, estrutura, instalações, impermeabilização, esquadria, etc apresentam-se compatibilizados e, os tijolos a serem utilizados, definidos previamente, apresentam-se distribuídos na horizontal, sendo esta distribuição realizada posteriormente à elaboração da planta de conferência. Pode-se observar a representação gráfica da planta de marcação de 1 fiada na Figura 2.3. Figura 2.3 Representação gráfica da planta de marcação de 1 fiada por Dueñas Peña e Franco (2006) Segundo Dueñas Peña (2003), as plantas de marcação devem conter as seguintes informações: Na estrutura: indicação de vazios, pilares e vigas; Os eixos de locação da alvenaria; A marcação horizontal de 1 fiada de todas as paredes considerando a quantidade de blocos, a junta média de distribuição e a espessura da parede; O tipo de amarração entre paredes e com a estrutura; A numeração das paredes; Os enchimentos totais e parciais de elétrica e hidráulica; As cotas de vãos de portas e bonecas: cotas de referência;

23 As cotas acumuladas em relação aos eixos: cotas de seta; Reforços e detalhes específicos da alvenaria; Legenda da representação gráfica; 2.3.2.4 Plantas de passagens de elétrica e hidráulica Este tipo de planta deve conter a indicação e a locação dos pontos de elétrica e hidráulica que estão furando as lajes e vigas, bem como passagens, vazios e shafts a serem deixados na laje. Dessa forma, com a passagem dos eletrodutos ou tubos por dentro dos furos dos tijolos pode-se evitar quebras ou rasgos na alvenaria. O exemplo da plantas de passagens de hidráulica e de elétrica pode ser observado na Figura 2.4 e Figura 2.5. Figura 2.4 Representação gráfica da planta de passagens de hidráulica por Dueñas Peña e Franco (2006) De acordo com Dueñas Peña (2003), são necessários nas plantas de passagens de elétrica e hidráulica, como mostrado anteriormente na planta de passagens de hidráulica e em seguida na planta de passagens de elétrica, os seguintes itens: Na estrutura: indicação dos vazios, pilares e vigas; Os eixos de locação da alvenaria; A projeção da alvenaria (marcação da 1 fiada ou paredes de arquitetura);