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Transcrição:

1 Whisk ou água x Vou passar cerol na mão: 1 Uma análise sobre o Funk e suas transformações Anissa Ayala Rocha da Silva Cavalcante 2 Marina Fernanda Veiga dos Santos de Farias 3 Resumo: A música por si só possui uma peculiar forma de comunicação em que pode ser descrita da linguagem através da canção e interpretação por um cantor ou cantora. Quando isso é realizado através de danças e expressões que caracterizam esses elementos se tornam composição dessa estrutura, o sucesso é certo. Esta fórmula acontece com o funk que se dissemina em todo o Brasil independente de classe social, e se populariza através de redes sociais. Grupos são formados por homens e mulheres mobilizando pessoas em busca de diversão. Mas até que ponto, o funk tem influência na música brasileira? O Funk pode ser cultura musical? Estas são indagações que serão explanadas na pesquisa a seguir como forma de analisar o funk e suas transformações no cenário musical do Brasil. Palavras-chave: funk, música, comunicação, arte 1 Introdução O Funk é um gênero musical que se originou na década de 60 nos guetos americanos e se popularizou no Brasil a partir dos anos 90. O funk tradicional misturava outros ritmos como soul, jazz e rhythm and blues, responsáveis pelo ritmo dançante da sua música. No Brasil, a sua popularização aconteceu nos morros cariocas com bailes funk, reunindo jovens que dançavam ao som de pancadões e MC s. Além disso, ganhou letras com duplo sentido e danças sensuais, causando polêmicas sobre a sua importância dentro do meio musical brasileiro. Portanto, através deste artigo pretendo analisar as características do funk desde o boom dos grupos como Bonde do Tigrão entre outros, até o momento, além das suas 1 Trabalho apresentado ao GT (Nº 04): Mídia,Música e Mercado, do V Musicom Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Música Popular, realizado no período de 29 de agosto de 2013, no Centur, em Bélem-PA. 2 Bacharela em Curso de Comunicação Social Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Possui interesse em temáticas que envolvam temas como: mídia, convergência e comunicação. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788717181423010. Email: anissa-ayala@hotmail.com 3 Bacharela em Comunicação Social- Rádio e TV pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Estudante do 6º período do Curso de Comunicação Social Jornalismo da Faculdade Estácio São Luis. Possui interesse em temáticas que envolvam temas como: comunicação, cibercultura, mídias e música. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9994267253743990. Email: mari.comunica@gmail.com

2 transformações e ascensão através de ferramentas comunicacionais como o Youtube e Facebook. 2 A Origem do FUNK Diferentemente como muitos pensam, o Funk se originou nos Estados Unidos na segunda metade da década de 60. Cantores afro-americanos como James Brown e músicos como o pianista norte-americano Horace Silver, misturavam ritmos como o soul, jazz e rhythm and blues. Primeiramente chamavam de funk à música com um ritmo mais suave. Posteriormente passaram a denominar assim aquelas com um ritmo mais intenso, agitado, por causa da associação da palavra "funk" com as relações sexuais (a palavra funk também era relacionada ao odor do corpo durante as relações sexuais), o que estabeleceu uma associação sensual deste gênero que perdura até hoje. Já na década de 70, o ritmo funk se tornou mais pesado com bandas Parliament e Funkadelic. Nesse período surgiram renomadas bandas como B.T. Express, Commodores, Earth Wind & Fire, War, Lakeside, Brass Construction, Kool & The Gang. Logo após essa fase a reprodução deste tipo de música ganhou notoriedade com a popularização radiofônica tornando-a extremamente comercial. Seus derivados rap, hip-hop e break ganhavam força nos EUA através de bandas como Sugarhill Gang e Soulsonic Force. O funk brasileiro popularizado no Rio de Janeiro foi influenciado por um novo ritmo originário da Flórida, o Miami Bass, que dispunha de músicas erotizadas e batidas mais rápidas. Depois de 1989, os bailes funk começaram a atrair pessoas. Inicialmente as letras falavam sobre drogas, armas e a vida nas favelas, posteriormente a temática principal do funk veio a ser a erótica, com letras de conotação sexual e de duplo sentido. Hoje o funk alcançou todas regiões e diferentes classes que vão aos bailes para diversão e aproveitar os pancadões, além de dançar freneticamente ao som de MC s, responsáveis por agitar estas festas. Com isso, percebemos a influência do funk na sociedade brasileira e americana, além de se tratar de questões sociais como violência, sedução e erotismo. Portanto, apesar de inúmeras críticas sobre o seu conteúdo, este gênero continua atraindo simpatizantes em todo mundo. 3 FUNK: O retrato do Brasil

3 A nacionalização do funk e sua consolidação como expressão dos subúrbios e favelas cariocas não implica em reconhecimento cultural ampliado. Pelo contrário. Foi justamente durante estes anos de consolidação que o funk sofreu a maior perseguição e estigma da mídia, da policia, dos formadores de opinião (SÁ, 2007, p.11) A musicalidade brasileira tem como característica a sua variedade. De música popular ao samba, chegando ao funk, milhares de brasileiros são atraídos pelo ritmo contagiante. Com isso, a popularidade musical se expande e se consolida, levando também pesquisadores questionarem sobre esta cultura. Nesta pesquisa daremos ênfase ao funk, que deve ter destaque pelas suas características que permeiam questões sociais como a ascensão do funk nas comunidades cariocas e hoje atinge a elite brasileira, além das suas letras e expressões muitas vezes criticadas pelo seu cunho sexual (ou não?). O funk tem como essência trazer diversão e alcançar as massas. O seu jeito descontraído divide opiniões se o funk pode ser pensado como cultura ou não. CANEDO (2009, p. 01) fala sobre conceitos de cultura. A cultura evoca interesses, multidisciplinares, sendo estudada em áreas como sociologia, antropologia, história, comunicação, administração, economia, entre outras. Em cada uma dessas áreas, é trabalhada a partir de distintos enfoques e usos. Tal realidade concerne ao próprio caráter transversal da cultura, que perpassa diferentes campos da vida cotidiana. Além disso, a palavra cultura também tem sido utilizada em diferentes campos semânticos em substituição a outros termos como mentalidade, espírito, tradição e ideologia (Cuche, 2002, p.203). O seu limiar que perpassa por diferentes classes revelam uma face diversificada do brasileiro. Pessoas ouvem os batidões e utilizam uma série de ferramentas que facilitam a popularização destes hits como o Youtube. Milhares de vídeos de pessoas que desejam se divertir ganham os olhares e se tornam famosos. A ascensão de diferentes segmentos musicais tem permitido o surgimento de novos cantores. O advento das mídias eletroacústicas favoreceu o surgimento e numerosos desdobramentos da perfomance. (...) O signo musical tornou-se mais complexo, não somente em relação à sua produção, mas também no que diz respeito à suas condições de transmissão, ficção e recepção (VALENTE, 2007, p.95) Estas características permitem que as músicas pelo qual ouvimos grude em nossas mentes. Letras fáceis são responsáveis por esta reação. Além das danças que envolvem sensualidade, existem expressões que indicam que este tipo de relação que sofrem alterações no decorrer dos anos como potranca e popozuda que faz uma sugestiva referência ao

4 dérriere feminino. Atualmente expressões como novinha e quadradinho de 8 são recorrentes o que demonstra que este gênero musical tem influências que vão além da dança e ritmo. O funk se consolidou no subúrbio carioca como uma tentativa de retomada de uma musicalidade que atingisse as massas. ESSINGER (2005, p.52) fala sobre isso A onda da discothèque começava a dar sinais de enfraquecimento, mesmo no Brasil onde tudo chega com atraso e se estende por mais tempo do que deveria. Nos subúrbios, principalmente, a massa clamava por um tipo de som novo., que acontece na década de 80. Este foi apenas o inicio de transformações como a própria visibilidade do gênero. Além disso, o funk até hoje sofre críticas pela sua origem muitas vezes associadas à violência no morro. Esta pesquisa pretende desmitificar e descobrir as nuances do funk no Brasil. 4 Funk: na década de 90 Nesta época, grupos como Bonde do Tigrão e danças como Dança da motinha ficaram populares nas principais rádios e programas televisivos. Letras fáceis e com expressões que envolviam prosmicuidade e ritmo contagiante atraíam jovens de diferentes idades. Além dos próprios grupos que se caracterizavam pelo estilo, ainda havia a presença de duplas como Claudinho e Buchecha, que fizeram sucesso com o chamado funk melody ESSINGER (2005, p.134) destaca que o funk e a juventude estão relacionados. Nos primeiros meses de 1995, a aproximação da juventude do asfalto com o mundo funk já era uma realidadee das mais vistosas, difícil de negar. A onda da garotada em busca de emoções- ao menos aquelas que as boates da moda não podiam oferecer- era ir ao baile do Morro Chapéu da Mangueira ( no bairro do Leme ) na sextafeira, no do bairro Morro Azul ( Flamengo ) no sábado e no do Santa Marta ( Botafogo) no domingo com eventuais escapadas também no Emoções, da Rocinha Com isso, podemos perceber que o funk estava relacionado a uma classe em sua maioria jovem que viviam nas comunidades cariocas. Porém, com a popularização deste gênero permitiu a sua ascendência para outros nichos sociais como a classe média alta. Hoje não é difícil vermos jovens com elevada condição social participarem de baladas ou shows de funkeiros famosos. Essa inversão de papéis foi algo gradativo devido a constante associação do funk e crime. PASCHOAL (2009, s/p) destaca como o funk se consolida como um gênero do povo O funk, tal como rap e o hip-hop, são manifestações legítimas de grupos sociais geralmente mantidos à margem da sociedade. Por não serem formas artísticas aceitas pelos cânones estabelecidos pelas classes dominantes são

5 quase sempre consideradas com desconfiança e rejeitadas por força dos preconceitos que fundamentam o apartheid social entre ricos e pobres, em uma sociedade tão desigual como a brasileira. As letras das formas musicais debatidas nos citados programas, repletas de erotismo e de situações extremas regidas pela violência, apenas retratam o cotidiano de uma parte significativa de nossa população. A relação comunidade e funk permite uma nova forma de diversão. Em meio a violência e tráfico de drogas, o funk sofreu (e ainda) sofre preconceito devido a sua origem. Músicas dançantes com letras de conotação sexual revelam a necessidade de liberdade diante dos conflitos sociais. Na primeira fase, tivemos os cantores de funk melody, entre eles podemos citar: Claudinho e Buchecha e Pepê e Neném. Logo depois, surgiram nomes como Bonde do Tigrão e expressões como popozuda e potranca tornaram do cotidiano brasileiro. Com essa nova modelagem, o funk ganhou popularidade, se adequando para todas as classes. Outra característica do funk é o consumismo que ela oferece. Por exemplo, o funk conhecido como ostentação se caracteriza por letras que falam sobre dinheiro, carros e mulheres. Recentemente, este tipo tem sido associado a violência nas grandes cidades. Portanto, independemente da sua origem, o funk proporciona diversão e alegria para aqueles que curtem e apreciam suas músicas. 5 Conclusão O funk em toda sua história tem inúmeras referências como o rythm, soul, black music, eletrônico que foram essenciais para seu desenvolvimento e ascensão no mercado fonográfico. Hoje os grupos de funk são caracterizando que tipo de conteúdo são usadas nas letras, significando a fragmentação de um nicho envolvido também com tendências de moda, quando a jovem compra um produto ou um adolescente que deseja ser um MC. Essas influências determinam não somente o mercado, mas questões sociais relevantes. Com isso percebemos a sua relevância para a sociedade. 6 Referências

6 CANEDO, Daniele. CULTURA É O QUÊ? Reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos poderes públicos. V ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura 27 a 29 de maio de 2009.Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia. Disponível em: < http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf>, Acesso em: 17 junho 2013. ESSINGER, Silvio. Batidão: uma história do funk.rio de Janeiro e São Paulo: Record, 2005 CONSOLO, Adriana Janurio ( et. Al ). Nas batidas do funk: Uma análise do movimento. UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional São Bernardo do Campo - SP ñ Brasil - 9 a 11 de outubro de 2006 Universidade Metodista de São Paulo. Disponível em: <http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/c/c7/gt4- _IC-_FOLKCOM-_03-_Nas_batidas_do_Funk-varios.pdf>, Visualizado em: 07 de maio de 2013. LAIGNIER, Pablo. Contradições do funk carioca: entre a canção popular massiva e a sedução contra hegemônica. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/r3-1899-1.pdf>, Visualizado no dia 07 de maio de 2013.Trabalho apresentado no NP Comunicação e Culturas Urbanas, do VIII Nupecom- Encontro dos Núcleos de Pesquisa em Comunicação do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Natal, 2008. MIZRAHI, Mylene. Funk, religião e ironia no mundo de Mr. Catra. Relig. soc. vol.27 no.2 Rio de Janeiro Dec. 2007. RODRIGUEZ, Andréa; FERREIRA Sodré Rhaniele;ARRUDA, Angela. Representações sociais e território nas letras de funk proibido de facção. Revista Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.17 no.3 Belo Horizonte dez. 2011. SÁ, de Pereira Simone.Funk carioca:música eletrônica popular brasileira?!. Disponível em:< http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewfile/195/196>. Associação Nacional dos Programas de Pós Graduação em Comunicação. XVI Compós. Universidade Tuiutu do Paraná, UTP, 2007,Curitiba. TIBURI, Marcia. A nova moral do funk: Gênero modificou a natureza clandestina da pornografia. Revista Cult. São Paulo. Edição 163, Janeiro 2012. VALENTE, A. Duarte Heloísa. Música e mídia: novas abordagens sobre a canção.gil Nuno Vaz...(et al ). São Paulo: Via Lettera/ Fapesp,2007.

7 PASCHOAL,José Erlon. O funk e a criminalidade. Cultura e Mercado: desde 1998 para quem vive de cultura.disponível em:<http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/o-funk-e-acriminalidade/>.acesso em: 30 de junho de 2013