A POSTURA DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL DIANTE DOS NOVOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI



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Transcrição:

A POSTURA DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL DIANTE DOS NOVOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI Resumo ATAÍDE, Sandra Terezinha Guimarães 1 - UNIPLAC Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência financiadora: não contou com financiamento Este estudo trás uma reflexão a cerca do tema a postura do professor de educação infantil, buscando problematizar como este profissional está enfrentando os desafios que hora se apresentam dentro da escola e como está pensando a sua prática pedagógica nos centros de educação infantil. O tema apresentado vem de encontro a angustias e os problemas do professor e tem por objetivo estudar a postura do profissional da Educação Infantil frente aos desafios que emergem de sua formação profissional e de sua prática pedagógica. A sociedade mudou, o mundo globalizou, as informações são muito rápidas e a educação não conseguiu acompanhar toda essa evolução, neste contexto se apresenta o sujeito professor enquanto objeto de pesquisa, esta escolha foi calcada na observação, no acompanhamento e vivencia destes profissionais que apresentam imensas dificuldades no desempenho efetivo das atribuições do ser professor na contemporaneidade. Surge uma necessidade urgente de refletir, e discutir o modelo de educação propriamente dito que está posto em nossa sociedade. A universidade tem um papel fundamental neste processo, enquanto matriz formadora, que deve oportunizar e formar profissionais conscientes e reflexivos, dispostos a ensinar e aprender, ser motivados e motivadores, verdadeiros mediadores do conhecimento e de todo o processo educacional, o professor precisa deixar de lado o conceito de detentor do conhecimento. Neste sentido surge à necessidade de rever o processo de formação inicial destes profissionais, precisamos parar e problematizar o que o professor está pensando, como está percebendo a sua postura diante da sociedade e dos desafios que se apresentam, e qual o grau de conscientização da mudança de postura para desempenhar bem a sua profissão. Palavras-chave: Professor de educação infantil. Desafios. Postura. Introdução 1 Mestranda em Educação: Universidade do Planalto Catarinense, Lages Santa Catarina Graduada em Pedagogia, especialista em gestão escolar. Professora de Educação infantil na rede municipal de ensino do município de Lages. Email: sandratereataide@yahoo.com.br.

13112 Ao longo da história da educação brasileira vivemos diferentes momentos históricos, que marcaram significativamente a realidade educacional. A educação percorreu um caminho de muitas lutas e conquistas, e ainda nos dias atuais, essa realidade não é diferente, pois a sociedade esta sempre buscando algo novo, e o educador é um sonhador. Mas que realidade é essa que perpassou por diferentes momentos da história, como podem ser definidos estes momentos. O autor Duarte Júnior em seu livro O que é Realidade (2000, p. 11), diz que talvez o correto fosse usar a palavra realidade no plural, ou seja, realidades, porque segundo ele: O mundo se apresenta com uma nova face cada vez que mudamos a nossa perspectiva sobre ele. Conforme a nossa intenção ele se revela de um jeito. Neste sentido entende-se que a realidade é desvelada a cada sujeito, exatamente de acordo com o olhar, com a intencionalidade, e com a consciência humana de cada um. O ser humano, na maioria das vezes não se dá conta que ele é o sujeito dessa realidade, que é o edificador ou construtor do mundo, prefere assumir o papel de agente passivo, para Duarte Júnior (2000, p. 12) o conceito de realidade é extremamente complexo. Mesmo com toda a complexidade do ser humano e da realidade vivida, uma das características fundamentais que diferencia o homem dos outros seres vivos é a linguagem ou a palavra, isto torna o homem humano, o torna consciente, pois através da consciência o ser humano pode alcançar regiões distantes dos seus sentidos. Para Duarte Júnior (2000, p. 19) Só pela palavra podemos ter consciência, encerrar em nossa mente a totalidade do espaço no qual vivemos: o planeta terra. [...] Pela palavra o homem criou também o tempo ou a consciência dele. Na trajetória histórica educacional, vivemos diferentes tempos e espaços na história, e ao longo dessa evolução alcançamos a era da modernidade, a qual as coisas acontecem de forma rápida e criativa, o homem usa sua mente de forma brilhante, criando e inovando todos os dias, neste sentido o tempo se torna líquido, tudo passa com a mesma velocidade que surge. Na década de 80 vivemos um tempo determinante na história da educação, iniciou-se no país o processo de democratização, o país sai de um regime militar, e surge um novo tempo que dá abertura e espaço ao cidadão brasileiro, é uma nova realidade. Desde o início deste século e ao longo desses dez anos, ocorreram mudanças e transformações bastante significativas em nossa sociedade. O mundo globalizado mudou, e de

13113 forma muito rápida, e a educação formal não conseguiu acompanhar toda essa evolução, são muitas as deficiências do nosso sistema educacional. Para Arruda e Portal (2012, p. 4), [...] o sistema educacional se encontra defasado em relação às mudanças do mundo atual. Ao final da primeira década do século XXI, percebe-se uma preocupação maior em torno de alguns temas relacionados à educação que em outros tempos não eram mencionados, com o avanço tecnológico, a expansão do mercado de trabalho, a mulher conquistando seu espaço e consequentemente mudanças na estrutura familiar, fizeram com que a educação infantil tivesse visibilidade, e a criança menor que anterior a esse período não tinha notoriedade, pois a mulher ficava em casa cuidando da família, passa agora ser alvo de preocupação, muitas discussões e reflexões aconteceram a cerca do tema, e uma das vertentes nos leva pensar como está a postura dos atores principais dessa discussão: o professor de Educação Infantil. O professor da educação infantil no século XXI A constituição de 1988 foi um marco na história da educação infantil, inaugurou um novo momento na legislação reconhecendo a criança como cidadão, a legislação contempla direitos das crianças e atendimento nas creches e pré escolas, desde zero a seis anos. A partir desse momento as creches enquanto instituições começam a fazer parte das políticas públicas do país. Diante deste contexto surge a pergunta: qual a postura do professor diante de tantos novos desafios? O professor que já foi considerado o grande detentor e transmissor de conhecimento conseguiu acompanhar na mesma velocidade todas as mudanças do mundo globalizado, ou tem ficado a mercê como um mero expectador, buscando respostas para todas as suas angústias. Não vivemos mais a concepção bancária, pois a criança que chega a escola hoje vem carregada de informação, e busca saber mais, de forma motivadora e atraente. Segundo o Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1999, p. 33): O professor precisa estar preparado para enfrentar estes desafios e tantos outros. É, portanto, função do professor considerar, como ponto de partida para sua ação educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos das mais variadas

13114 experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas. Detectar os conhecimentos prévios das crianças não é uma tarefa fácil. O tema apresentado vem de encontro a angustia do professor, isto justifica a necessidade de pensar a postura do professor de Educação Infantil diante dos novos desafios da educação no Século XXI, numa linha de pensamento mais ampla envolvendo as políticas e processos formativos em Educação. A escolha do sujeito professor enquanto objeto de pesquisa, foi calcada em minha própria vivencia profissional. Observo imensas dificuldades no desempenho efetivo das atribuições do ser professor na contemporaneidade. A grande maioria desses profissionais estão professores e não são professores. Reformar nosso pensamento é reformar também a prática pedagógica, por isso, nossa preocupação em conduzir novos estudos e discussões voltados a essa questão. (BORDENAVE; PEREIRA, 1989 apud ARRUDA; PORTAL, 2012, p. 3). Já vivemos um tempo em que a educação pública no Brasil era vista como escola de qualidade e que certamente formou a elite intelectual do País. Vivemos também um tempo em que 60% das crianças em idade escolar frequentavam os bancos escolares, era de qualidade mas muito concentrada, as taxas de analfabetismo eram altíssimas. Carlos Brandão (2001) trás relatos críticos a respeito da educação no Brasil no ínicio do século passado, até o surgimento da escola pública, que foi o resultado da luta pela democratização do ensino, o direito de estudar e a gratuidade, oferecido pelo governo. No entanto a educação caminha a passos lentos, e não dá conta de fazer a tão sonhada mudança. Vivemos numa sociedade capitalista, onde a produção e o lucro ainda imperam e dominam. Vivemos num sistema que se diz democrático, o qual os pais são convocados a matricular os filhos, mas não são convidados a discutir educação, e a autoridade ainda é o mestre. Nesta primeira década deste século temos praticamente 100% de nossas crianças na escola, com uma taxa de analfabetismo inferior a 10%, houve uma redução bastante significativa entre todas as faixas etárias, inclusive na área rural. Dentro deste contexto percebemos que o sistema educacional evolui de forma lenta e positiva, hoje estamos em uma situação mais favorável do que em tempos atrás, no entanto ainda não atingimos um padrão de qualidade como em países de primeiro mundo.

13115 Outrora vivemos o tempo da concepção bancária da educação que segundo Freire (1985, p. 66) os educandos apenas decoravam e repetiam mecanicamente algo pronto, sendo educados apenas para a passividade, se opondo à educação para a autonomia. Na história da humanidade, as escolas sempre estiveram aquém da geração que as frequentou. Hoje, no entanto, o quadro chegou a um nível alarmante (MARCOVITCH apud RONCA, 1998). Diante desta realidade histórica, se apresenta uma necessidade urgente de refletir o modelo de educação propriamente dito que está posto em nossa sociedade. Vivemos num mundo globalizado que serve ao capitalismo, onde tudo gira em torno do lucro, da produção de mercadorias e exploração do trabalho. Mészáros (2005, p. 2) diz que no sistema do capital, não há espaço para a emancipação da humanidade [...]. Neste sentido mais do que nunca a educação precisa buscar novas formas e alternativas para que se alcance esta emancipação humana e educacional, e só a educação poderá produzir esta nova concepção. Que para Mészáros (2005, p. 4), isto significa criar uma forma de consciência social que liberte dos limites restritos do controle do capital, a própria vida dos indivíduos de modo que sejam estes capazes de fazer do processo de aprendizagem a sua própria vida. Mészáros (2005, p. 4) diz ainda que é apenas neste sentido amplo de educação que a educação formal, institucionalizada, pode contribuir para a superação do capital, realizando as suas muito necessárias aspirações emancipadoras, o que requer um progressivo e consciente intercambio com processos de educação abrangentes como a nossa própria vida. A superação da atual situação de alienação, passa sem dúvida pela educação, desde a primeira etapa, que tem um papel importantíssimo de abrir o leque de possibilidades para o educando. E qual a sua postura diante desta sociedade em constante transformação, onde o professor tem que trabalhar com o acúmulo de informações com a velocidade da tecnologia, e a transformação constante da prática pedagógica. Toda esta reflexão se estende sobre a pessoa do professor, inclusive da Educação Infantil, que segundo Arruda e Portal (2012, p. 1): [...] precisa ser um educador e não mais um instrutor, transmissor conteudista do conhecimento [...] precisa assumir uma posição não só de ensinante, mas também de aprendente, pois vivemos um tempo que nos desafia a ensinar e a aprender ao mesmo tempo. Bagno (2000, p. 15) faz uso da palavra orientação, e esta orientação passa pelas

13116 mãos do professor, que deve ser sim um orientador de aprendizagem, e não mais um mero reprodutor ou transmissor de conhecimentos. E o autor completa nos dizendo: Ensinar a aprender, então, é não apenas mostrar os caminhos, mas também orientar o aluno para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita desviar-se das bombas e reconhecer, em meio o labirinto, as trilhas que conduzem as verdadeiras fontes de informação e conhecimento. O professor continua sendo insubstituível, no entanto precisa estar atento as mudanças e assumir uma posição de agente ativo e participativo na construção desse novo mundo, ajudando a formar cidadãos conscientes e capazes de gerir a sua própria vida na sociedade. A Universidade deve formar lideranças, verdadeiros agentes das mudanças: homens e mulheres dispostos a assumirem riscos para construir um mundo melhor (MARCOVITCH apud RONCA, 1998). Não resta dúvidas que a tarefa do professor é muito difícil e um dos principais recursos é o de assumir uma postura reflexiva, em todos os momentos, ampliar a capacidade de observar, inovar e aprender, num sentido bem amplo, com o outro, com o aluno e com as experiências. Assim, o grande desafio vivido pelos educadores está em romper com a forma de educar, [...] mudar. Insistir no paradigma tradicional de ensino pode representar um risco muito grande para um mundo que clama por criatividade e inovação (ARRUDA; PORTAL, 2012, p. 6). Diante dos desafios deste século, o professor não pode mais continuar como detentor do conhecimento e mero mediador ou repassador. O professor precisa ocupar o seu lugar de destaque, estar motivado e ser um motivador, em fim, o presente século exige mudança de atitude. Para Arruda e Portal (2012), a mudança de paradigma educacional depende de educadores maduros, curiosos e abertos que saibam refletir e dialogar. Na realidade o professor do século XXI, se encontra num período de transição, onde trabalha ainda com uma realidade do século passado, e enfrenta muitas dificuldades diante das transformações sociais, ensinar é um desafio. No caso da educação infantil, as questões são muito mais complexas. Nos Centros de Educação Infantil esta realidade não é diferente, pois a educação infantil hoje, é considerada a primeira etapa da educação básica, e veio sofrendo uma série de transformações até chegar aqui.

13117 A LDB (1996) trouxe mudanças e avanços consideráveis a instituição e aos profissionais que nela atuavam e atuam. Houve um reconhecimento da creche como campo educativo, e o surgimento de um novo profissional que teve que buscar a sua formação profissional específica. Hoje a Educação Infantil não se resume mais somente em cuidar, porque a criança é um ser pensante e ativo, e exige do profissional muito mais que, o cuidar e sim o educar. O profissional tem que estar preparado e assumir uma postura reflexiva do seu papel, buscar atualização constante para garantir uma prática efetiva e satisfatória dentro da sala de aula. Segundo Jamardo Neto (2006) o pensamento pode ter como principal objetivo fornecer ao professor informação correta e verdadeira sobre a sua ação, as razões para a sua ação e as consequências dessa ação. Para Libâneo (2008) não basta ao professor, de qualquer nível de ensino ter apenas saberes, é necessário saberes e competência. Saberes são conhecimentos teóricos e práticos necessários para o exercício profissional, competências são as qualidades, capacidades, habilidades e atitudes relacionadas aos conhecimentos teóricos e práticos e que permitem o exercício adequado da profissão. O termo competência vem ganhando espaço ao longo do tempo, e cada vez mais vem sendo tema de debates entre estudiosos contemporâneos preocupados com os rumos da educação e com aquilo que está sendo ensinado na escola e de que forma isto vem acontecendo, qual o grau de aproveitamento deste conhecimento para a vida do aluno. Perrenoud (2000) diz que competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Nesta perspectiva o professor da Educação Infantil precisa ser polivalente e dinâmico. O referencial curricular nacional (BRASIL, 1999 p. 41), já traçava um perfil deste profissional: [...] Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.

13118 Diante de mudanças tão significativas do mundo moderno, nos perguntamos o professor tem conhecimento e consciência de seu papel enquanto educador infantil, sua formação tem sido suficiente para garantir uma prática efetiva dentro da sala de aula. O professor da educação infantil precisa assumir uma postura de sujeito ativo de seu papel diante dos desafios que se apresentam na sociedade. Considerações finais O ensino-aprendizagem não ocorre, se o professor do século XXI não estiver consciente que precisa mudar a sua postura, e abandonar a ideia de que é o detentor do conhecimento, e assumir uma postura reflexiva. Este processo de mudança da postura do professor deve ocorrer desde a primeira etapa da Educação Infantil. Do ponto de vista do campo empírico desta pesquisa verifico que o professor que atua na Educação Infantil tem se sentido bastante cansado, atribulado com tantos afazeres, vive correndo querendo dar conta do mundo; a escola em si não consegue dar conta de atrair o aluno, e o professor sente-se impotente e até frustrado com tantos problemas. Mészaros diz que cabe-nos a todos - todos, porque sabemos bem demais que os educadores também têm que ser educados. A educação precisa parar e problematizar o que o professor está pensando, como está percebendo a sua postura diante da sociedade e dos desafios que se apresentam, e qual o grau de conscientização da mudança de postura para desempenhar bem a sua profissão, e começar a realizar as mudanças tão sonhadas por todos nós. Por outro lado Brandão (2001, p. 109) chama a atenção para a esperança que ainda existe, de luta e resistência por parte dos setores populares, que atualizam o seu saber e tornam-se orgânicos, transformando a sua realidade, pois a educação existe solta entre os homens e na vida REFERÊNCIAS ARRUDA, Marina Patrício; PORTAL, Leda Lísia Franciosi. Saberes e fazeres docentes: o dilema da reforma do pensamento e da prática pedagógica do educador do século XXI. PerCursos, vol. 13, N. 1, 2012.

13119 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Parecer sobre o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 7, p. 89-96, 1998. BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola. 5 ed. Sao Paulo: Loyola, 2000. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 40 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.. Lei nº 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1996. DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O que é realidade. São Paulo: Brasiliense, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. JAMARDO NETO, Ramón. O professor universitário inovador: currículo por competências. Congressos Internacional de Educação do UNIBAVE: Formação docente na sociedade da informação, Orleans, 09, 10 e 11 nov. 2006, p. 101-109. LIBANEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2008. MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. RONCA, Antonio Carlos Caruso et. al. Os desafios da educação brasileira no século XXI. Centro de Integração Empresa Escola. São Paulo: CIEE, 1998.