AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 980.103 - SP (2007/0197015-1) RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO : MINISTRO HERMAN BENJAMIN EMENTA TRIBUTÁRIO. ICMS. ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. ART. 111 DO CTN. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consigna que a legislação local é expressa no sentido de haver isenção de ICMS apenas no caso de suspensão de impostos da União na sistemática do drawback. No entanto, o acórdão recorrido amplia o benefício para atingir hipótese em que não há suspensão, mas sim isenção dos tributos federais, sob o argumento de que a interpretação literal não deve prevalecer. 2. Inexiste discussão quanto ao texto da norma estadual isentiva, sendo incontroversa a concessão do benefício para os casos de suspensão dos tributos federais. Tampouco se questiona a exegese ampliativa feita pela Corte Estadual, que afastou a "interpretação literal que não pode prevalecer". 3. Ofensa ao art. 111 do CTN, visto ser impossível a interpretação extensiva de dispositivos que fixam isenção. Precedentes do STJ. 4. Agravo Regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do : "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Eliana Calmon, Castro Meira e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 03 de fevereiro de 2009(data do julgamento). MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 1 de 4
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 980.103 - SP (2007/0197015-1) RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO : MINISTRO HERMAN BENJAMIN RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Trata-se de Agravo Regimental interposto contra decisão que deu provimento ao Recurso Especial por violação do art. 111 do CTN. A agravante sustenta que o Tribunal de origem deu interpretação correta à lei, inexistindo a citada ofensa à legislação federal. É o relatório. Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 2 de 4
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 980.103 - SP (2007/0197015-1) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): O Recurso Especial foi interposto, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição da República, contra acórdão assim ementado (fl. 166): EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - ICMS - DRAWBACK - INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO - DADO PROVIMENTO AO RECURSO. O Estado apontou ofensa ao art. 111, II, do CTN, que "impõe a interpretação literal nos casos de isenção de tributos" (fl. 172). A decisão agravada não merece reparo. O Tribunal de origem reconheceu a existência de isenção de ICMS em favor do importador, no regime de drawback. Para isso, afastou a interpretação literal da norma isentiva, conforme o seguinte trecho do voto-condutor (fl. 167): A alegação no sentido de que a isenção só incida quando os tributos federais estejam suspensos, mas não isentos, parte de interpretação literal que não pode prevalecer. Não há controvérsia, portanto, quanto ao texto da lei estadual: somente há isenção de ICMS nas hipóteses de suspensão dos tributos federais. Discute-se apenas a possibilidade de interpretação extensiva dessa norma isentiva, o que pode ser apreciado pelo STJ, pois há ofensa direta ao disposto no art. 111, II, do CTN: Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: (...) II - outorga de isenção; (...) ser estrita. O dispositivo do CTN deixa claro que a interpretação da norma isentiva deve Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 3 de 4
A regra é a tributação. O benefício fiscal, como exceção, não pode ser interpretado extensivamente como fez o Tribunal Estadual. Se a legislação local é expressa no sentido de que há isenção de ICMS no caso de suspensão de impostos da União (questão incontroversa), não há como ampliar o benefício para atingir casos em que há isenção dos tributos federais (e não suspensão). Cito precedentes do STJ: discutida nestes autos: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - IPVA - ISENÇÃO - INTERPRETAÇÃO LITERAL - AGRAVO REGIMENTAL. 1. As isenções, diante da inteligência do art. 111, II, do CTN devem ser interpretadas literalmente, ou seja restritivamente, pois sempre implicam renúncia de receita. 2. In casu, a isenção é concedida a ônibus e não a micro-ônibus, de tal sorte que não pode o intérprete/aplicador da lei estendê-la, diante da exegese literal da isenção. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 953.130/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/03/2008, DJe 26/03/2008) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA. ART. 6º DA LEI N. 7.713/88. SERVIDOR PÚBLICO EM ATIVIDADE. PORTADOR DE CARDIOPATIA GRAVE. INEXISTÊNCIA DE ISENÇÃO. ART. 111, INCISO II, DO CTN. PRECEDENTES. (...) 3. Segundo a exegese do art. 111, inciso II, do CTN, a legislação tributária que outorga a isenção deve ser interpretada literalmente. 4. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 819.747/CE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/06/2006, DJ 04/08/2006 p. 302) Há julgados da Primeira Turma que tratam exatamente da questão de fundo, TRIBUTÁRIO. ICMS. "DRAWBACK". MERCADORIA IMPORTADA COM SUSPENSÃO DE PAGAMENTO DE IPI E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ISENÇÃO. DESCABIMENTO. CONVÊNIOS. N.36/89 E 09/90. A IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA SOB O REGIME "DRAWBACK" SÓ E ISENTA DO ICMS QUANDO OCORRER A SUSPENSÃO DO PAGAMENTO DOS IMPOSTOS FEDERAIS DE IMPORTAÇÃO E SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS, NÃO GOZANDO DESTE BENEFICIO QUANDO A OPERAÇÃO FOR ISENTA Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 4 de 4
DESTES TRIBUTOS (ITEM 1, DO PARAGRAFO ÚNICO, DA CLAUSULA PRIMEIRA DO CONVENIO N.36/89) ENTENDIMENTO AMOLDA-SE A NORMA SEGUNDO A QUAL DEVE-SE INTERPRETAR RESTRITIVAMENTE A LEGISLAÇÃO CONCESSIVA DE FAVOR ISENCIONAL (ARTIGO 111, II DO CTN). RECURSO IMPROVIDO, A UNANIMIDADE. (REsp 39.607/SP, Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/12/1994, DJ 19/12/1994 p. 35268) Na importação sob regime "drawback", só há isenção do ICMS, quando ocorre a suspensão do Imposto de Importação e do IPI. (...) (REsp 128.200/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/09/1998, DJ 05/10/1998 p. 18) Diante do exposto, nego provimento ao Agravo Regimental e mantenho a decisão que deu provimento ao Recurso Especial. É como voto. Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 5 de 4
CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2007/0197015-1 AgRg no REsp 980103 / SP Números Origem: 200602695504 2379265001 2379265102 23792658 2379265800 919052 PAUTA: 03/02/2009 JULGADO: 03/02/2009 Relator Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE RECORRIDO ASSUNTO: Tributário - ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE AGRAVADO CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Eliana Calmon, Castro Meira e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 03 de fevereiro de 2009 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: 851701 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2009 Página 6 de 4