Pegamento de fruto em acessos de cabaça comestível

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Transcrição:

Pegamento de fruto em acessos de cabaça comestível Arlete Marchi T Melo 1, Joaquim Adelino de Azevedo Filho 2 ; Silvia Moreira R Vega 3 1 IAC-APTA, Centro de Horticultura, Caixa Postal 28, 13012-970, Campinas, SP, arlete@iac.sp.gov.br; 1 Pólo Regional Leste Paulista-APTA, Caixa Postal 01, 13910-000 Monte Alegre do Sul, SP; joaquimadelino@apta.sp.gov.br; 3 Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento de Ubatuba, Caixa Postal: 59, 11680-000 Ubatuba, SP, silviamoreira@apta.sp.gov.br. RESUMO Avaliou-se a taxa de pegamento de fruto de acessos de cabaça comestível da coleção do Instituto Agronômico (IAC). O experimento foi conduzido no Centro de Horticultura do IAC, de outubro de 2011 a maio de 2012. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos, três repetições e quatro plantas por parcela. Fez-se polinização manual das flores femininas, considerando-se como pegamento positivo os frutos que tiveram desenvolvimento normal. A taxa de pegamento de frutos, em porcentagem, foi calculada pela relação entre o número de frutos pegos e o número de frutos polinizados. Os cinco acessos avaliados mostraram variabilidade para taxa de pegamento de fruto. IAC 27 destacou-se com a maior taxa de pegamento, de 46,69%, diferenciando-se de IAC 47 e IAC 99, que mostraram os menores valores de frutos pegos, respectivamente de 33,79% e 36,52%. A taxa de pegamento de frutos variou de 33,79 a 46,69%, considerada baixa, demonstrando pouca eficiência da polinização e as possíveis causas podem ter sido as altas temperaturas observadas no período, luminosidade insuficiente e alta incidência de oídio (Sphaerotheca fuliginea). Palavras-chave: Lagenaria siceraria, cachi, hortaliça, melhoramento, diversidade. ABSTRACT Fruit set of edible bottle gourd accessions. The study aimed to evaluate fruit set of edible bottle gourd accessions from the Instituto Agronômico (IAC) collection. The research was carried out at the Horticultural Center, IAC, located in Campinas, SP, from October 2011 to May 2012 under protected cultivation. A randomized complete block design was used with five treatments, three replications, and four plants per plot. Hand pollination of female flowers was used, and normal fruit development was considered a positive fruit set. Fruit set rate was calculated by the ratio between the fruit set number and fruit pollinated number. The five accessions showed variability for fruit set rate. IAC 27 stood out with the highest fruit set rate (46.69%), differing from IAC 47 and IAC 99, which showed the lowest fruit set, respectively 33.79% and 36.52%. The fruit set rate ranged from 33.79 to 46.69%, and was considered low, showing low efficiency of pollination, and possible reasons can be the high temperatures observed in the period, insufficient solar radiation and high incidence of powdery mildew (Sphaerotheca fuliginea). Keywords: Lagenaria siceraria, wardy gourd, vegetable, breeding, fruit diversity. A cabaça, Lagenaria siceraria (Molina) Standl, é uma cucurbitácea nativa da África, cujas sementes, protegidas dentro do fruto, foram disseminadas pelo mundo por meio das correntes oceânicas, criando enorme variabilidade de forma e tamanho dos frutos, Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4499

gerada durante os milhares de anos de seleção humana em locais distintos. Segundo Gangwal (2010), a palavra Lagenaria deriva do latin lagenos/lagena que significa frasco ou garrafa e a palavra siceraria, provavelmente, refere-se à utilidade do fruto maduro e seco. As cabaças sempre foram pouco utilizadas como fonte de alimento por várias razões. Em primeiro lugar, por causa do amargor dos frutos, devido à presença do triterpenóide cucurbitacina a qual, em alta concentração, pode ser tóxica. Em segundo lugar porque a alta resistência do fruto, dureza da casca e capacidade de flutuar tornaram-nas de enorme importância utilitária como vasilhas para armazenamento; posteriormente, passaram a ser usadas também para a confecção de instrumentos musicais e artesanato e, no Brasil, para a produção de cuias para chimarrão. Em terceiro lugar, o forte odor almiscarado quando a folha é esmagada deve ter contribuído para evitar o consumo do fruto (Erickson et al., 2005). Em termos de melhoramento genético, diversas cucurbitáceas existentes no Brasil podem ser consideradas subutilizadas do ponto de vista de consumo, mas possuem grande potencial de inclusão ou ampliação para serem utilizadas como alimento pelo homem, destacando-se a cabaça. Melo & Azevedo Filho (2003) utilizaram 16 descritores para avaliar características morfológicas e agronômicas em oito acessos de cabaça e cinco genótipos foram selecionados como próprios para consumo. Para uso artesanal e industrial, são empregadas as cabaças amargas, também conhecidas como calabaça, porongo e porunga que, em geral, apresentam casca lisa. Para consumo humano, utiliza-se a cabaça não amarga, também conhecida como cachi ou cabaça doce devido ao leve sabor adocicado da polpa; possui epiderme rugosa e ocorre somente na África e no Novo Mundo e o fruto não possui cucurbitacina. O nome cachi é de uso regional e parece ter origem na comunidade japonesa, visto que a palavra caxi não existe na língua tupi-guarani. É possível que sua pouca importância como alimento seja devida ao aroma almiscarado dos frutos e principalmente das folhas. Na Índia, variedades selecionadas são tão saborosas e nutritivas quanto a abobrinha (Erickson et al., 2005; Stephens, 2012). As flores de cabaça são simples, de cor branca e nascem nas axilas das folhas. As masculinas possuem pedúnculo longo e diâmetro maior que as femininas que, por sua vez, possuem pedúnculo curto. A flor feminina é emitida com o ovário, que é ínfero e Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4500

com o formato do fruto, sendo a principal característica de diferenciação em relação à masculina (Stephens, 2012). Não existem informações conhecidas sobre pegamento de fruto em cabaça a partir de polinização manual em ambiente protegido. Os trabalhos disponíveis sobre pegamento tratam da importância da relação entre polinização e insetos polinizadores em cucurbitáceas de valor econômico, como abóboras, melancia, melão, pepino e são pesquisas de campo. Em estudo sobre monitoramento das abelhas, polinização e pegamento de fruto em Cucurbita pepo, Vidal et al. (2010), verificaram 100% de pegamento quando as flores receberam 12 visitas de Apis mellifera, correspondendo a um depósito de 1253 grãos de pólen. Segundo Walters & Taylor (2006), um baixo pegamento de fruto pode ser devido à falta de insetos polinizadores, notadamente abelhas, mas também a estresses bióticos e abióticos. Condições desfavoráveis, como altas temperaturas, seca e baixa irradiação solar podem causar o aborto de botões florais. Segundo Maynard (2007), altas temperaturas promovem a emissão de flores masculinas em detrimento das femininas. Além disso, altos níveis de luminosidade promovem a emissão de flores femininas. Por sua vez, de acordo com Hodges (2012), baixo pegamento e frutos deformados são conseqüências de polinização inadequada. Temperaturas adversas também podem reduzir a viabilidade do pólen e a eficiência da polinização. O objetivo do trabalho foi avaliar a taxa de pegamento de fruto em acessos de cabaça comestível. MATERIAL E MÉTODOS Conduziu-se estudo em condições de ambiente protegido no Centro de Horticultura do Instituto Agronômico, em Campinas, SP, latitude 22 54'S, longitude 47 05'O e altitude de 674 m, acima do nível do mar, no período de outubro de 2011 a maio de 2012. Avaliaram-se cinco acessos de cabaça não amarga da coleção biológica de L. siceraria do Instituto Agronômico (IAC), IAC 27, IAC 42, IAC 47, IAC 58 e IAC 99). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e três repetições e quatro plantas por parcela. Produziram-se as mudas em bandejas de poliestireno com 72 células, usando-se substrato comercial Vida Verde. Fez-se o plantio no local definitivo no estádio de três Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4501

a quatro folhas verdadeiras, em ambiente protegido, em canteiros. O espaçamento foi de 1,6 m entre linhas e de 1,2 entre plantas na linha. Obtiveram-se valores máximos e mínimos de temperatura e umidade relativa do ar por meio de leitura diária com o auxílio de termohigrômetro digital. O período de polinização foi de 06/02 a 24/04/2012, iniciando-se com a abertura da primeira flor feminina. Por se tratar de ambiente fechado, fez-se polinização manual das flores femininas devido à ausência de insetos polinizadores. O procedimento consistiu de polinização diária de todas as flores femininas abertas de cada planta por meio dos seguintes passos: identificação da flor feminina; coleta da flor masculina da mesma planta ou de plantas da parcela; polinização, levando-se a flor masculina até a flor feminina e promovendo a queda dos grãos de pólen sobre o estigma por meio de leves toques na flor masculina. Esse procedimento foi repetido com duas ou três flores para cada flor feminina devido à disponibilidade de flores masculinas. Considerou-se como pegamento positivo, os frutos que tiveram desenvolvimento normal. A taxa de pegamento de frutos, em porcentagem, foi calculada pela relação entre o número de frutos pegos e o número de frutos polinizados, multiplicando-se o resultado por cem. Para a análise estatística, utilizou-se o programa SISVAR, comparando-se as médias pelo teste de Tukey (P<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os cinco acessos avaliados mostraram variabilidade para taxa de pegamento de fruto. IAC 27 destacou-se com a maior taxa de pegamento, de 46,69%, diferenciando-se de IAC 47 e IAC 99, que mostraram os menores valores de frutos pegos, respectivamente de 33,79% e 36,52% (Tabela 1). A Figura 1 mostra o cultivo das plantas em ambiente protegido e frutos em desenvolvimento após a polinização e pegamento. Sendo espécies alógamas, em ambiente fechado, é necessário fazer as polinizações manualmente. O desconhecimento do comportamento de cabaça em ambiente protegido gerou baixa taxa de pegamento, que variou de 33,79 a 46,69%. Esses resultados mostram pouca eficiência da polinização e vários fatores podem ser apontados para explicar esses resultados: altas e baixas temperaturas observadas no período, luminosidade insuficiente e alta incidência de oídio (Sphaerotheca fuliginea). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4502

Houve grande amplitude entre temperaturas mínimas (11,5 o C) e máximas (52,9 o C) no período do experimento. A Figura 2 mostra o número de frutos polinizados e pegos, a taxa de pegamento e as temperaturas e umidade relativa do ar máximas e mínimas considerando dez datas do período de polinização escolhidas aleatoriamente. Esses estresses bióticos e abióticos observados podem ter contribuído para diminuir o pegamento de fruto. Em determinados dias durante o experimento, observou-se grande quantidade flores masculinas em detrimento das femininas, levando à diminuição do pegamento. A razão pode ter sido um certo sombreamento proporcionado pelo plástico da estufa, pois, de acordo Maynard (2007), a diminuição da luminosidade favorece a emissão de flores masculinas. Segundo Walters & Taylor (2006) e Hodges (2012), a eficiência da polinização pode ser prejudicada por diversos fatores bióticos e abióticos, levando ao aborto de botões florais e conseqüente baixo pegamento, além de frutos deformados: falta de insetos polinizadores, polinização inadequada, temperaturas adversas reduzindo a viabilidade do grão de pólen, como altas temperaturas, seca e baixa radiação solar. Em estudo sobre monitoramento das abelhas, polinização e pegamento de fruto em C. pepo, Vidal et al. (2010), verificaram 100% de pegamento quando as flores receberam 12 visitas de A. mellifera, correspondendo a um depósito de 1253 grãos de pólen sobre o estigma. No presente estudo, não houve falta de pólen, visto que, devido à disponibilidade de flores masculinas, grande quantidade de pólen foi aplicada ao estigma. No entanto, a partir de observação pessoal, é possível afirmar que a polinização manual ainda não supera a eficiência da polinização entomófila. Observou-se alta incidência de oídio sobre as plantas e frutos, de difícil controle mesmo com a aplicação de fungicidas, levando ao enfraquecimento das plantas e contribuindo para a queda de frutos polinizados e do pegamento. Segundo Stadnik et al. (2001), S. fuliginea é freqüente em ambiente protegido, requerendo temperaturas entre 22 e 31 o C e alta umidade do ar para seu desenvolvimento adequado. Essas condições favoráveis foram observadas no presente trabalho (Figura 2). AGRADECIMENTO Ao CNPq, pela concessão de auxílio à pesquisa, Processo 402124/2008-1, e bolsa de produtividade DT ao primeiro autor. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4503

REFERÊNCIAS ERICKSON DL; SMITH BD; CLARKE AC; SANDWEISS DH; TUROSS N. 2005. An Asian origin for a 10,000-year-old domesticated plant in the Americas. PNAS 102(51): 18315-18320. GANGWAL A. 2010. Isolation and immunomodulatory activity of phytoconstituents of Lagenaria siceraria fruits. Tese (Doutorado). Department of Pharmaceutical Sciences, Saurashtra University. 185p. HODGES L. 2012. Bee pollination of cucurbit crops. Institute of Agriculture and Natural Resources at the University of Nebraska Lincoln. Disponível em http://www.ianrpubs.unl.edu/pages/publicationd.jsp?publicationid=845 MAYNARD L. 2007. Cucurbit crop growth and development. In: CCA CONFERENCE PROCEEDINGS. Disponível em http://www.agry.purdue.edu/cca/2007/2007/proceedings/liz%20maynard- CCA%20proceedings%201_KLS.pdf MELO AMT; AZEVEDO FILHO JA. 2003. Caracterização agronômica e morfológica de genótipos de cabaça. Horticultura Brasileira 21(2): 350. STADNIK MJ; KOBORI RF; BETTIOL W. 2001. Oídios de cucurbitáceas. In: STADNIK MJ; RIVERA MC (eds.) Oídios. Jaguariúna, SP: Embrapa Meio Ambiente. p.217-254. STEPHENS JM. 2012. Gourd, bottle - Lagenaria siceraria (Mol.) Standl. Florida Cooperative Extension Service, University of Florida. Document HS602. 19 de maio. Disponível em http://edis.ifas.ufl.edu. VIDAL MG; JONG D; WIEN HC; MORSE RA. 2010. Pollination and fruit set in pumpkin (Cucurbita pepo) by honey bees. Revista Brasil. Bot. 33(1): 107-113. WALTERS SA; TAYLOR BH. 2006. Effects of honey bee pollination on pumpkin fruit and seed yield. HortScience 41: 370-373. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4504

Tabela 1. Número total de frutos polinizados, número total de fruto pegos e taxa de pegamento de fruto em acessos de cabaça, Lagenaria siceraria, comestível (total fruit pollinated number, total fruit set number, fruit set rate in edible bottle gourd, Lagenaria siceraria, accessions). Campinas, SP, 2012. Número total de Número total de Tratamento Taxa de pegamento frutos polinizados frutos pegos (%) IAC 27 127 59 46,69 a IAC 42 115 49 42,79 ab IAC 58 153 58 38,02 abc IAC 99 129 47 36,52 bc IAC 47 162 55 33,79 c CV(%) 7,90 Figura 1. Plantas de cabaça, Lagenaria siceraria, comestível cultivadas em ambiente protegido e frutos pegos (edible bottle gourd, Lagenaria siceraria, under protected cultivation, and fruit set). Campinas, 2012. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4505

Figura 2. Número de frutos polinizados e pegos, taxa de pegamento de fruto em dez datas de polinização de acessos de cabaça comestível (Lagenaria siceraria). Campinas, SP, 2012 (total fruit pollinated number, total fruit set number, and fruit set rate in ten days of pollination of edible bottle gourd, Lagenaria siceraria, accessions). Campinas, SP, 2012. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 4506