OCUPAÇÃO DE BAIRROS IRREGULARES NA ZONA NORTE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS



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Transcrição:

OCUPAÇÃO DE BAIRROS IRREGULARES NA ZONA NORTE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Marco A. Freitas Junior e Marcos M. Prianti, Prof. Gilson A. Ribeiro. Univap Instituto Superior de Educação Rua Dr. Tertuliano Delphim Junior, 181, Jardim Aquarius. São José dos Campos RESUMO Trabalho realizado com o fim de compreender o processo de ocupação da área norte de São José dos Campos no que diz respeito a sua estrutura ficando especificados os loteamentos Chácara Oliveira e Canidu I e Canidu II por serem administrativamente considerados clandestinos, sua população como agente consumidora de espaço e a relação com o agente fornecedor, bem como a identificação no cenário social. A pesquisa utilizou vários recursos como trabalho de campo que abrangeu várias frentes e atividades, dentre elas o contato direto com o morador local que nos auxiliou com a resposta de um formulário, respondendo perguntas, pesquisa acadêmica e o auxilio literário que nos embasaram para o melhor entendimento e a conclusão dos fatos a respeito do objetivo.. PALAVRA CHAVE: Ocupação irregular urbana AREA DE CONHECIMENTO: Ciências Humanas INTRODUÇÃO Esse processo de surgimento das cidades segundo Lima (2002) se deu no período Neolítico com a aprendizagem do homem sobre a técnica de cultivo do solo, e a criação de animais para seu uso, fosse para trabalho ou como fonte de alimento criando assim um espaço de ocupação delimitado de sobrevivência sedentária criando um ambiente social que foi a gênese das cidades. O surgimento dessa aglomeração pode ter dado origem a primeira divisão de trabalho entre o pastoreio e o agricultor abrindo espaço para discussão sobre estar ai as primeiras divisões de classes sociais. Com as diferenças de classes de trabalho surgiram e também as necessidades de trocas devido às atividades diferenciadas exercidas, bem como pelo aumento das aglomerações que resultavam em novas formas de atividades profissionais e novas tecnologias. Toda essa teoria baseada em estudos históricos das várias civilizações que existiram há milênios servem nos dar entendimento sobre o surgimento da cidade como centro social humano, porém a cidade moderna tem origem do processo de mudança do modo de produção quando então surge o Capitalismo entre o século XV e XVI, que se desenvolve e permeia as relações humanas gerando a revolução industrial que tem seu inicio na Europa e logo vai se espalhar pelo resto do mundo. Valim (2004) cita que a Industrialização vai se desenvolver na área urbana e esta vai atrair para si como mão de obra as pessoas que vivem e trabalham na área rural causando um êxodo. O Urbano apesar de se desenvolver por produzir a riqueza necessária para o desenvolvimento da economia que o novo modo de produção exigia para sua própria sobrevivência necessitava dos produtos fornecidos pela agricultura, assim por sua vez sobrevivia justamente pela demanda que a indústria urbana gerava com o crescimento populacional que aumentava cada vez mais pela procura do trabalho nas fábricas. Esse fenômeno vai gerar um grande aumento populacional urbano aumentando consideravelmente os problemas de urbanização e ocupação do solo. Lima (1992) cita a Inglaterra como exemplo, que em 1909 já tinha sua primeira legislação sobre planejamento urbano, The Town Planning Act que dava autorização às administrações locais organizarem a ocupação do solo, saneamento básico dentre outras realizações. Não que necessariamente tais mudanças têm surtido o efeito necessário, nem que foram direcionados de forma igualitária, mesmo porque não é esse nosso objetivo, mas serve para indicar um caminho de estudo para compreensão de um problema que afeta o mundo atual de uma forma geral mais ainda no terceiro mundo. No Brasil as cidades que vinham se formando desde a colonização criaram no início as hinterlândias, aglomerados humanos nas terras coloniais que se desenvolviam pelo contato comercial e administrativo com a metrópole e sua região de influencia como cita Straforini (2006) e com o desenvolvimento e a ocupação do território foram ligadas por uma malha viária que foi desenvolvida de acordo com a demanda de necessidade e capacidade de atender o interesse da classe dominante que a utilizava. A partir da década de 1930, com o desenvolvimento da indústria e uma nova política de desenvolvimento, começou a transferência da população rural para área urbana aumentando muito a demografia nessa nova região ocupada que aos poucos foi 1

sendo modificada para recebê-la. No Brasil a migração do campo não foi diferente abordando a questão num contexto geral, porem é claro que no Brasil assim como em cada região do planeta onde isso ocorreu, existiram peculiaridades que deram características únicas para cada transformação dando uma forma e conseqüências aos resultados que são singulares. No artigo realizado por Sampaio e Xavier (2003) usando a cidade de São Paulo como referência de estudo pode-se entender que assim como muitas outras cidades brasileiras as conseqüências dessa urbanização foi na maioria esmagadora desorganizada gerando assim as ocupações clandestinas que são bairros distantes dos pólos moradia clandestinos, e mesmo com uma historicidade própria carrega dentro si este problema alinhando-se as outras tantas grandes cidades do país. Dentre os atuais 94 bairros clandestinos e existentes segundo dados da Prefeitura Municipal de São José dos Campos escolhemos como objeto de estudo os loteamentos Chácaras das Oliveira e Bairro Canidú I e II ambos situados na Zona Norte da já citada urbe onde observamos as várias características das localidades e como vive a METODOLOGIA Como já citamos anteriormente nossa intenção, através desse trabalho, foi inserir um conteúdo completo abrangendo as disciplinas estudadas durante o período do curso em sua íntegra. Considerando que as ciências denominadas História e Geografia são complementares entre si, ficou claro para nós que realizar um trabalho abragendo o assunto da formação dos loteamentos clandestinos e da caracterização social e econômica das pessoas que residem nesse local é de grande necessidade, do nosso centrais em que devido a fatores como desigualdade de distribuição de renda, falta de ação de e muitas vezes falta de interesse do poder público fazendo com que a população que vive nesses locais tenha a vida degradada devido à falta do mínimo necessário para uma condição de vida adequada, como falta de energia elétrica, água encanada, esgoto, transporte coletivo, saúde, educação, moradia. São José dos Campos é uma cidade de considerável importância na economia do estado e do país e que também sofre com a problemática dos locais de população local convivendo com as dificuldades as margens da legalidade da ocupação territorial. O objetivo deste trabalho é de caracterizar o perfil sócio econômico dessa população residente nos bairros Chácara Oliveira e Canidú I e II, ambos situados na zona norte de São José dos Campos, e fazer um levantamento sobre a ocupação desses bairros clandestinos a partir de uma fundamentação teórica e pautada nas leis municipais. ponto de vista, inserir em nossa pesquisa um aprofundamento da historicidade que começou na formação do país no período colonial passando pelos períodos econômicos demonstrando a estrutura formada social, econômica e política que por fim deram origem a essa forma de ocupação de espaço geográfico. Assim pela análise de Barros (2004) nosso referencial teórico abordado é o da Geo-História associando o estudo histórico com o espaço geográfico. RESULTADOS O nosso trabalho foi realizado no intuito de aplicar as informações recebidas através do curso colocando alinhadas as informações históricas juntos às geográficas, dando ao texto uma estrutura relacionando o passado temporal e a realidade contemporânea. Esse tipo de análise geohistórica permite uma visão ampla e permite assim uma maior compreensão dos problemas atuais que vivemos. A problemática dos loteamentos clandestinos, como pode ser visto durante a leitura de nosso trabalho, tem relação com toda a formação de nossa sociedade até mesmo antes dela existir, e apesar de ser um problema relativamente novo do ponto de vista histórico tem suas raízes em problemas crônicos de nosso país com séculos de existência dentre eles a grande desigualdade na distribuição de oportunidades e riquezas. Os loteamentos clandestinos são reflexos dessa realidade e demonstram como essa população que não tem recurso financeiro por não ter uma ocupação profissional e por conseqüência uma remuneração muito abaixo do mínimo exigido para que possa participar do mercado imobiliário dentro da cidade legal. A falta de qualificação técnica e o grande crescimento demográfico devido à procura dos grandes centros por parte das pessoas que tem sua origem em regiões carentes do país acabam aumentando a oferta de mão-de-obra, que, no entanto, vem na sua grande parte sem capacitação para atender o mercado que exige um número cada vez maior de especialização. 2

Sem uma colocação adequada no mercado de trabalho, essa população busca resolver seus problemas e terminam por encontrar a informalidade. A vida de grande parte destas pessoas que fazem parte destas comunidades vai do trabalho informal até a moradia informal como vimos em nosso estudo sobre os bairros Canidu I e II e Chácaras das Oliveiras até na compra dos terrenos. 3

DISCUSSÃO Apesar das grandes variáveis que movem as estatísticas e as possibilidades que movem as pessoas irem e vir, aqui nos coube abordar pela historicidade e da geografia um problema que assola não somente São José dos Campos, mas praticamente todos os grandes centros industriais do Brasil e que com ele é carregado uma série de problemas sociais que vão gerar outros problemas de ordem econômica e sucessivamente vão sobrecarregando um sistema que já é falho que fica cada vez mais comprometido. Não há solução imediata para o problema, como pudemos comprovar, no entanto a energia política a ser empregada deve ser bem maior do que a atual. Trabalhos semelhantes pesquisados que realizaram uma de abordagem correlata apontam que o período entre um Plano Diretor realizado em 1994 só foi substituído em 2006 pelo plano vigente e a legislação apesar de existir com abundancia é pouco fiscalizada na sua aplicação pelo executivo, no caso a Prefeitura de São José dos Campos e os bairros clandestinos continuam a surgir. Um trabalho que deve ser mencionado é o realizado por Romão, Silva e Quixadá (2005) que através de sua pesquisa definiram o nível de impacto na vizinhança da zona leste de São José dos Campos com a remoção da favela Nova Tatetuba para o bairro Jardim São José II, que foi criado com o objetivo de dar continuidade ao projeto de desfavelização. Apesar de não ser, o Jardim São José II, um bairro clandestino e a origem dessa população remanejada ser oriunda anteriormente de uma favela, o estudo relacionado acima citado é correlato a nossa pesquisa sob vários aspectos. Primeiro pelo fato de tratar do problema da habitação de pessoas desprovidas de recursos e moravam em uma favela, que tecnicamente não é um bairro, pois geralmente esses aglomerados CONCLUSÃO Através do nosso estudo pudemos concluir que apesar do poder público não ser responsável pelo fornecimento da infra-estrutura do loteamento vendido, pois isso cabe ao loteador, é evidente que peca em vários aspectos da administração que se fossem realizados inibiria a ação e surgimentos de áreas como as que foram objetos de nossos estudos. Políticas mais eficientes relacionadas a planos habitacionais como citados no plano diretor para aplicação das diretrizes de habitação do desenvolvimento social, ação fiscalizadora mais eficiente, pois o mapeamento em si apenas não resolve porque não inibi a ação especulativa que evitaria o comércio e a formação de loteamentos como os estudados, além de promover com se formam dentro do espaço urbano já ocupado, que, contudo não deixa de ser um problema com as mesmas raízes dos bairros clandestinos que tem origem na má distribuição de renda e riquezas e falta de acesso genuíno a cidade legal e a uma moradia digna. Além disso, outra observação que deve ser feita diz respeito ao bairro onde essas pessoas foram instaladas. O bairro São José II, como cita Romão, Silva e Quixadá (2005), nos faz questionar as prioridades das políticas públicas e para onde elas estão direcionadas, isto por que quando o bairro São José II foi instalado com sua infra-estrutura para receber as pessoas que ali iriam morar, já existiam vizinhos a ele os bairros São José I e Jardim dos Coqueiros definidos como clandestinos e totalmente carente com uma pobre estrutura, sem pavimentação, escola local, saúde pública e dentre outros fatores que também atingem os bairros objetos de nossos estudos que estão a mercê do poder público para sua regularização. A população que reside nos loteamentos objetos de nossos estudos, como já citado na analise de dados, é de baixa renda sendo que grande parte das famílias sobrevivem com dois a três salários mínimos. O nível cultural acadêmico também é baixo nos três bairros pesquisados ficando a maioria dos residentes no nível do ensino fundamental incompleto. As pessoas que moram nos três bairros carregam consigo características comuns, como por exemplo, a vinda para São José dos Campos há 26 anos ou mais em sua grande maioria, coincidindo com a análise feita durante o nosso estudo, que é o que origina esse tipo de bairro. Um dos fatores é justamente a procura por moradia por quem não tem onde morar e também não dispõe de recurso para participar da cidade legal e o período em que essas pessoas brevidade a integração desses loteamentos já existentes no cenário legal da cidade já que o processo é complexo tendo em vista que as poucas imagens que ilustram nosso trabalho já mostram que a situação dentro destes loteamentos precisa ser alterada drasticamente para atender as exigências legais para então deixar de serem clandestinos e assim as pessoas que lá residem terem então melhor qualidade de vida e moradia. Essa complexa teia formada de interesses financeiros, legislações com grande abragência teórica, mas infelizmente de pouca aplicação prática, uma fiscalização ineficaz associado a um Essa complexa teia formada de interesses financeiros, legislações com grande abragência 4

teórica, mas infelizmente de pouca aplicação prática, uma fiscalização ineficaz associado a um crescimento demográfico e à necessidade de morar daqueles que não tem recursos financeiros, empurrando esses cada vez mais para longe das possibilidades que a legalidade oferece. Assim ficando a mercê da situação que tivemos a oportunidade de observar durante nossos estudos, deixarem à clandestinidade é muito difícil, pois para isso é necessários atender a legislação vigente, assim muitas das residências que ali se encontram deverão deixar de existir, indo contra o interesse daqueles que lá residem, criando um impasse dentro da própria comunidade que passa da esfera do coletivo para o individual no momento em que pessoas podem ter seu interesse prejudicado cabendo então ao poder público agir com mais eficiência e profundidade. Para que o desequilíbrio ai existente não se agrave, pois as diretrizes estão previstas juntamente com a legislação, se faz necessário nessa área maior investimento para solução destes problemas que envolvem a clandestinidade destes loteamentos que não está situado apenas no não cumprimento da legislação prevista para ocupação do solo e urbanização por parte de especuladores, mas também na construção precária e deficiente no aspecto técnico promovido pelo próprio morador, no sistema fiscal presente hoje que acaba gerando dentro destas comunidades um sentimento de abandono por parte dessa comunidade que vive o problema e sente a falta de uma busca por saídas para sua situação frente ao problema, pois como ouvimos de muitos que ali residem, seria melhor que não legalizasse, com a alegação de que os encargos que no futuro pudessem vir com a regularização do loteamento não compensariam pelo encarecimento demonstrando assim a transformação da ótica de uma pessoa sobre o problema da habitação, que no inicio buscava um lugar melhor para morar na cidade e hoje aceita e muitas vezes preferem estar às margens dela devido ao tratamento que o próprio sistema lhe oferece nos fazendo pensar, então que a definição de Loteamento Clandestino deveria ser repensada, por que apesar de estarem distantes dos centros urbanos legalmente acolhidos este tipo de aglomerado faz parte da cidade traz consigo os reflexos dessa desigualdade que é prejudicial para todos. REFERENCIA BARROS, José D assunção. O Campo da História. Especialidades e abordagens. Petrópolis. Vozes, 2004. BRAGA, Fernando Gomes. 2006. Disponível em http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/abep2006_573.pdf acesso em outubro 2007 CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Atica, 1989 Disponível em http://www.fccr.org.br/comphac/joaobdessoaresep2.htm acesso em junho 2007 GROSTEIN Marta Dora. Tese de doutoramento, FAU-USP, 1987. Disponível em: lume.fau.usp.br/tikiwiki/tikidownload_wiki_attachment.php?attid=81 HARVEY, David. A justiça social e a cidade. São Paulo: Hucitec, 1980. LIMA, João Ademar de Andrade. Urbanismo como Ciência, Técnica e Arte: sua Política e sua Proteção Legal. Vitruvius - Arquitextos, 01 ago. 2002.... MARICATO, Ermínia. Habitação e cidade.são Paulo: Atual 1997 Santos, Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1996. OLIVEIRA, José Osvaldo Soares. Sant Anna São José dos Campos. Projeto Editorial 1999 5

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