EFEITOS DA TERAPIA DO ESPELHO SOBRE A FUNÇÃO MOTORA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO DE LITERATURA

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EFEITOS DA TERAPIA DO ESPELHO SOBRE A FUNÇÃO MOTORA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO DE LITERATURA MARIA DO CARMO GRANJA GONÇALVES. 1 ; DUARTE, H. F 2. RESUMO Este estudo teve como objetivo rever a literatura e analisar os efeitos da Terapia do Espelho (TE) em indivíduos hemiparéticos pós AVE. Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados, LILACS, SciELO, Medline, PubMed, PEDro e Cochrane. Foram encontrados dez artigos relevantes à pesquisa, onde foram abordados os benefícios da TE. Pôde-se concluir que a TE constitui estratégia viável e de grande eficácia no reabilitação motora e funcional de indivíduos pós AVE. Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Terapia do Espelho, Reabilitação. ABSTRACT Objective: This study aimed to review the literature and analyze the effects of Mirror Therapy (MT) in hemiparetic individuals post-stroke. An electronic search was performed in the databases, LILACS, SciELO, Medline, Pubmed, PEDro and Cochrane. Ten relevant articles were found in the research, where the benefits of MT. It was conclused that MT is a feasible and highly effective strategy for the motor and functional rehabilitation of post stroke individuals. Key-Words: Stroke, Mirror Therapy, Rehabilitation. 1 Maria do Carmo Granja Gonçalves Graduanda do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Apucarana (FAP) 2018. Email: mariagranjagoncalves@gmail.com 2 Hébila Fontana Duarte Especialista em Fisioterapia Neurofuncional Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Apucarana (FAP). Email: hebila.fontana@gmail.com

INTRODUÇÃO Pode-se definir AVE como sinais de distúrbios focais por vezes globais da função cerebral, de evolução insidiosa e que tenha duração superior a 24 horas. (ROWLAND, 2007). Dentre os tipos de AVE, encontram-se os hemorrágicos ou oclusivos, que levam ao rompimento e extravasamento sanguíneo e o isquêmico, onde acontece a interrupção do aporte de sangue a uma determinada região cerebral e normalmente é acompanhada de várias alterações que podem ser motoras, sensoriais ou psíquicas, dependendo da área lesada. (MACHADO; HARTEL, 2014). A artéria cerebral média é a mais comumente acometida. Se houver comprometimento em hemisfério esquerdo, provavelmente haverá disfunções neurais sérias, afasia de Wernicke e de Broca, hemiparesia contra lateral, sendo mais acentuada em membros superiores. (HALL, 2011). Como recurso coadjuvante no tratamento de pacientes pós AVE, surge a terapia do espelho, que foi criada pelo médico Vilayanur S. Ramachandran, e se refere ao uso de um espelho para apresentar uma imagem inversa de uma parte do corpo para o cérebro, podendo assim ser usada em estados de dor e incapacidade. Busca-se através do espelho fazer com que o cérebro acredite que aquela incapacidade não existe, proporcionando assim um poderoso exercício sináptico. (NEURO ORTHOPAEDIC INSTITUTE, 2012). Pode-se entender como funciona a Terapia do Espelho através dos chamados neurônios espelhos. Descritos pela primeira vez em 1980, os neurônios espelhos são uma rede de neurônios localizados na região parietofrontal do encéfalo, visto que a observação da imagem refletida no espelho favorece com que eles sejam ativados. Estudos demonstram que a ativação dos neurônios espelhos podem ocorrer durante as seguintes situações: observação da ação, criação da imagem motora, imitação da ação e linguagem. (ASSIS, 2012). A terapia do espelho tem-se mostrado bastante promissora, além de uma intervenção de baixo custo e fácil aplicabilidade, pode ser usada em associação a outras técnicas de reabilitação, sendo bastante efetiva na redução do comprometimento motor. (MEDEIROS et al; 2014).

OBJETIVO Este estudo teve como objetivo, rever a literatura e analisar os efeitos da Terapia do Espelho em indivíduos hemiparéticos pós AVE. MÉTODO Nesta pequisa foi realizada uma revisão de literatura nas seguintes bases de dados, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (Medline/Pubmed), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e The Library Cochrane (Cochrane) no período de 2009 a 2016. Os seguintes termos de pesquisa foram utilizados em diferentes combinações: Terapia do Espelho; acidente vascular encefálico; reabilitação. RESULTADOS Foram selecionados dez artigos relevantes à pesquisa. Dohle et al (2009), demonstraram através de seu estudo com 36 indivíduos de ambos os sexos, com idades entre 25 a 80 anos, que a aplicação da Terapia Espelho (TE) logo na fase inicial pós AVE, proporcionou melhorias funcionais nesses indivíduos nos aspectos motor, sensorial e de percepção do membro parético, e que através da observação proporcionada pela TE, acontece a estimulação cortical, permitindo assim com que a visualização de uma parte do corpo estimulada aumente a capacidade de percepção provocadas por excitabilidade do córtex somatossensorial primário. Segundo Lee MM; Cho H; Song. (2012), constataram através de seu estudo de caso, onde participaram da pesquisa 26 pacientes pós AVE de ambos os sexos, ainda em fase aguda, que os pacientes que foram submetidos a TE, obtiveram efeitos benéficos sobre o membro superior parético, logo após 4 semanas de tratamento. Pôde então concluir-se que esses benefícios só foram possíveis, pois a Terapia do Espelho cria um feedback visual positivo,

permitindo assim ativar a propriocepção no córtex cerebral, induzindo ao movimento normal. Os estudos de Toh, Fong (2012), realizaram uma revisão de literatura onde foram pesquisados 9 artigos, sendo 6 ensaios clínicos e 3 estudos de caso, encontrando evidências moderadas para o uso da TE com indivíduos que sofreram AVE, em particular em estágio subagudo. Porém nenhuma conclusão categórica pôde ser encontrada, pois pouco ainda se sabe por quanto tempo algum ganho obtido após a submissão a terapia possa ser mantido, ou em que fase pós AVE a TE seria mais benéfica, ou ainda qual seria a quantidade ideal de terapia a ser aplicada para se alcançar melhores resultados, havendo a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o assunto. Michielsen (2012), realizou um estudo de caso com o total de 40 pacientes que haviam sofrido AVE, com um tempo médio de início e final entre 3 e 9 anos, os mesmos foram submetidos a TE, tanto em um centro de reabilitação quanto em casa, em sessões com duração de 1 hora, 5 vezes por semana, durante 6 meses. Através da Escala de Fugl-Meyer pôde-se avaliar que houveram melhorias nos itens preensão palmar, espasticidade, dor, destreza e qualidade de vida, porém esses resultados não persistiram durante o acompanhamento. Pereira et al (2013), objetivou com seu estudo analisar os efeitos da TE sobre o membro superior parético de um único indivíduo pós AVE, do sexo feminino, 65 anos de idade. A paciente foi submetida a um total de 15 sessões de TE associado ao Protocolo Shaping que consiste em atividades que simulam atividades funcionais, ao final da pesquisa conclui-se que a TE gerou efeitos positivos na função motora da paciente, onde a mesma apresentou tanto melhora da quantidade, quanto na qualidade do movimento. CONCLUSÃO Pode-se concluir com essa pesquisa que a Terapia do Espelho mostrase uma estratégia de tratamento bastante viável e de grande eficácia no processo de reabilitação motora, por ser de fácil aplicabilidade, baixo custo, e podendo ainda atuar com coadjuvante durante o processo de reabilitação.

REFERÊNCIAS ASSIS, Rodrigo Deamo. Condutas práticas em fisioterapia neurológica. 1. ed. São Paulo: Manole, 2012. DOHLE, Christian et al. Mirror therapy promotes recovery from severe hemiparesis: a randomized controlled trial. Baltimore: American Society of Neurorehabilitation, 2009. HALL, John. Edward. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. LEE, Myung. Mo.; Cho, Hwi. Young.; SONG, Chang. Ho. The mirror therapy program enhances upper-limb motor recovery and motor function in acute stroke patients. United States of America: American Journal of Physical Medicine, 2012. MACHADO, Angelo. Barbosa. Monteiro.; HAERTEL, Lucia. Machado. Neuroanatomia funcional. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2014. MEDEIROS, Candice Simões Pimenta de et al. Efeito da terapia de espelho por meio de atividades funcionais e padrões motores na função do membro superior pós acidente vascular encefálico. São Paulo: Revista USP, 2014. MICHIELSEN, Marian. Reflections on mirror therapy in stroke: mechanisms and effectiveness for improving hand function. Rotterdam. Erasmus Mc, 2012. NEURO ORTHOPAEDIC INSTITUTE. Noi mirror box. Disponível em: <http://www.noigroup.com/documents/noi-mirror-box-instructions.pdf>, Acesso em: 15. fev. 2018. ROWLAND, Lewis. P. Merritt tratado de neurologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. TOH, Sharon. Fong. Mei.; FONG, Kenneth. N. K. Systematic review on the effectiveness of mirror therapy in training upper limb hemiparesis after stroke. Singapore: Hong Kong Journal of Occupational Therapy, 2013.