QUANDO A VIVÊNCIA ULTRAPASSA A EXPECTATIVA: A EXPERIÊNCIA DO RÁDIO AO VIVO



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Transcrição:

QUANDO A VIVÊNCIA ULTRAPASSA A EXPECTATIVA: A EXPERIÊNCIA DO RÁDIO AO VIVO Lenize Villaça Cardoso Relato de Experiência Resumo: O relato a seguir trata de uma questão contemporânea: a sobrevivência do rádio frente à sociedade imagética em que todos estão envolvidos. É fato que a oralidade, uma das características do rádio, é presente em nosso dia a dia, nas situações mais simples como bate-papos e no ensino-aprendizagem, por exemplo, mas ensinar, ou melhor, despertar o interesse de uma mídia quase desconhecida para os jovens pós-adolescentes que entram para o mundo da universidade, é um desafio. Desconhecida porque os alunos trazem conhecimento em sua bagagem sobre Aplicativos como Facebook, Instagram, WhatssApp e etc e, quase nada sobre rádio. E admitem que ao ligar o aparelho ou sintonizar uma estação, é para ouvir música. Na Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de jornalismo oferece 4h/aula por semana da disciplina Audiojornalismo, sendo a metade teórica e a outra metade, prática. Nosso foco nesse artigo é na aula prática, na qual se quer quebrar todos esses paradigmas estabelecidos pela imagem e mostrar aos jovens, as inúmeras possibilidades do áudio em conjunto com conceitos e técnicas de jornalismo. Para isso, os alunos passaram por situações em tempo real e ao vivo nos laboratórios de informática e gravação durante o semestre letivo. Após todas as atividades, eles responderam um questionário analisando o aprendizado. O resultado obtido é surpreendente e mostra um caminho para os professores da área. Palavras-Chave: Audiojornalismo; Rádio; Oralidade; Mídia; Ensino. Problema: Como fazer o jovem antenado totalmente em mídias online e visuais se interessar pelo rádio como outra mídia possível de ser utilizada em pleno século 21? Objetivos: Gerar no aluno universitário um real interesse pela mídia rádio com exercícios práticos e proporcionar o conhecimento das técnicas em áudio a serem utilizadas no dia a dia da profissão de jornalista. 1

Metodologia: O primeiro passo é fazer com que o aluno realize uma pesquisa bibliográfica acerca da técnica de locução e redação para rádio. Na aula seguinte, é feito um pré-teste onde os mesmos obtêm textos online de agências noticiosas como BBC e UOL e os transformam - em tempo real - em textos radiofônicos, tanto em relação à especificidade da escrita quanto da leitura. Nesse momento, é utilizado o método da experimentação e acerto com a técnica da leitura por outros alunos não autores do texto, que pontuarão suas facilidades e dificuldades encontradas. Outra técnica é a gravação e imediata audição dos alunos quanto às suas locuções. Assim, passam a perceber seu estilo e o que pode ser melhorado sempre com orientação da professora. No momento em que os alunos já se sentem mais seguros, passam para a pesquisa de campo em que se organizam procurando as editorias e noticias a serem produzidas para o radiojornal assim como monitoram tempo e trânsito em tempo real. Por fim, nas entrevistas, os alunos avaliam todos os conhecimentos obtidos até então e passam a utilizar a técnica de entrevistas no programa de entrevistas, pois percebem que só na imersão com o entrevistado, poderão obter o melhor para o ouvinte. Assim, para atingir todos esses objetivos, foram utilizados passos metodológicos, a saber: a) Pesquisa bibliográfica: levantamento material impresso e digital (Internet). b) Pesquisa qualitativa: análise conteúdo/roteiro dos programas. A análise levará em conta os ítens componentes de um script, como abertura, quadros, seleção musical e, em um segundo momento, analisaremos o currículo profissional do entrevistado; c) Para que as pesquisas bibliográfica e qualitativa pudessem ser realizadas, a pesquisa de campo norteou o aprendizado pela possibilidade de vivenciarem o dia a-dia do rádio transmitido ao vivo: O campo de pesquisa é o lugar da prática e da elaboração dos objetos do conhecimento científico, de sua construção sistemática e da fundamentação empírica dos fatos com que lida. É o lugar efetivo do trabalho dos pesquisadores, dinâmico e dialético, no qual se elabora uma prática científica. (LOPES, 2005, p.81) Definidos os procedimentos metodológicos básicos a serem adotados, optou-se pela utilização de entrevista semiestruturada nos programas de entrevistas, como técnica de coleta de informações: Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVIÑOS, 2007, p.146) 2

Fundamentação Teórica: De seu surgimento até metade do século XX o rádio possuía uma programação composta basicamente por radionovelas, programas de auditório e programas humorísticos. Para atingir as camadas mais populares da população as emissoras de rádio utilizavam alto falantes, colocados em praças, para que um público grande pudessem ouvir as edições especiais. A Rádio Educadora Paulista, por exemplo, conhecia o gosto de seus ouvintes, transmitiu uma partida do campeonato brasileiro, de 1927, entre paulistas e cariocas do Rio de Janeiro para São Paulo. (CALABRE, 2001, p. 16) A transmissão esportiva mantem-se nas programações radiofônicas até hoje, mesmo com os adventos da televisão e da internet. Os radialistas brasileiros sabem transmitir emoção ao ouvinte. Segundo Araújo (2001) nenhum país no mundo faz rádio melhor do que o Brasil. Em 1954, a Rádio Bandeirantes inovava lançando o sistema intensivo de notícias, soltando, a cada 15 minutos, notícias com um minuto de duração e, nas horas cheias, boletins de três minutos (ORTRIWANO In: LOPES; COELHO SOBRINHO, 1998, p.165). Em 1967, a Rádio Jovem Pan criava uma equipe de jornalismo, mudando a imagem da emissora para jornalística e de prestação de serviço, com muita reportagem de rua. Nos anos 80, a Rádio Eldorado priorizava o jornalismo como formato principal da programação. A Rádio CBN surgia em outubro de 1991. A difusão da Internet muda a rotina do jornalismo, em escalas nacional e mundial, em duas frentes: as redações de rádio, jornal e televisão passaram a contar com uma nova mídia de apoio às já tradicionais; e as próprias mídias passam a criar seus sites na web para divulgar seu conteúdo. No início, ainda sem uma direção definida, elas apenas constavam na web mas, depois, um modelo de jornalismo virtual. A relação do rádio com a Internet ainda engloba outros aspectos, tais como a interação que essa nova tecnologia pode trazer entre o emissor e o receptor; a possibilidade da democratização dos meios de comunicação, uma vez que na Internet qualquer pessoa com o domínio da tecnologia monta sua rádio sem intervenções (o que não acontece no sistema comercial de exploração da radiodifusão brasileira) e, ainda, a transformação do rádio de meio de comunicação de massa para um meio de recepção individual e fragmentado para internautas. A novidade ocorrida com a Internet possibilita ao jornalista de rádio a aproximação deste com diversas fontes de informação. Isso traz ao trabalho jornalístico um novo caminho para a pesquisa e apuração da notícia. Os e-mails, os sites, os portais, aplicativos como WhatsApp dentre outros, possibilitam a transformação nos modos de captação da informação. A velocidade da relação com as fontes pela Internet proporciona um dinamismo nas transmissões radiofônicas e no trabalho do jornalismo em rádio porque as informações tornaram-se mais próximas. Autores como Barbeiro acreditam ainda que, no futuro, a Internet será a única mídia por onde se terá acesso ao rádio, como ja acontece hoje com as plataformas inteligentes Ipad e Iphone, por exemplo. 3

Com o advento da Internet, os aparelhos de rádio e televisão, como conhecemos hoje, vão desaparecer e passarão para o computador. É nele que as atuais emissoras de rádio e TV vão ser ouvidas e assistidas. Isto aconteceu no passado, quando imagem e áudio ocupavam um único móvel na sala. Desta vez, a máquina de receber a comunicação também a envia, uma vez que sua maior característica é a interatividade. Ela pode, ao mesmo tempo, receber e gerar dados, som, imagem, textos e correio. O alcance da via abrange tanto os computadores fixos das casas e empresas como os móveis, instalados nos telefones celulares, carros, aviões ou veículos espaciais. A força de atração da Internet é de tal ordem que se assemelha ao fenômeno astronômico do buraco negro, provido de força gravitacional de tal grandeza que nada escapa dele, nem mesmo a luz. Assim é a nova via: arrasta para dentro do computador as formas de comunicação conhecidas, que de lá não mais vão poder sair. É a substituição de um sistema por outro. (BARBEIRO; LIMA, 2003, p.34) Com esse aporte teórico, os alunos partem para a prática nas aulas de Audiojornalismo. O que se quer é a produção crítica do fazer jornalismo e o rádio possibilita esse exercício de cidadania. Resultados obtidos: O público alvo deste semestre foram 100 alunos, divididos em 4 classes com 25 cada. São 2h/aula por classe versus 18 semanas, totalizando um curso prático de 36 horas. Todas as turmas passaram pelos mesmos exercícios e dificuldades. O semestre foi subdividido em 3 momentos: no primeiro quando tem os primeiros contatos com locução e escrita para o rádio, quando produzem boletins e narrações individuais. No segundo momento, se juntam em grupos de 5 integrantes para a produção, redação e transmissão ao vivo de um radiojornal de 10 minutos. E, a ultima etapa consiste na coroação de todo o aprendizado, quando farão em grupos, novamente, 3 semanas seguidas de entrevistas ao vivo de exatos 20 minutos, sempre com a presença de um convidado. Isso requer do grupo, organização, pesquisa do entrevistado, redação de um roteiro, direção ao vivo dos locutores e repórteres e uma produção atenta ao tempo e aos imprevistos. Com isso, em números absolutos de produção semestral, tivemos: Boletins (individuais) de 1 minuto de diversas editorias, como esporte, politica, meio ambiente, etc: 300; Radiojornal de 5 minutos (em grupo): 48; Programa de Entrevistas de 20 minutos (em grupo): 18; Na última semana de aula, aplicamos uma enquete para justamente averiguar se o nível de interesse do aluno, - que entra na universidade sem conhecer o universo 4

do rádio -, modificou após a disciplina. A seguir, as perguntas feitas e o padrão de respostas: 1) Quando você prestou vestibular em Jornalismo, foi por conta de alguma mídia? Gráfico 1 RADIO e TV 12% Jornal Imprresso 13% TV 75% 2) Qual sua expectativa quando ingressou na disciplina Audiojornalismo? Gráfico 2 Fazer Entrevista 14% Treinar locução 14% Nao tinha expectativa 15% Falar melhor 57% 5

3) Na sua opinião, qual foi o ponto alto da disciplina prática? Gráfico 3 Aprender tecnicas Treinar locuçâo Escrever roteiro Fazer entrevistas 4) De 0 a 5, - sendo zero nenhum e cinco muitíssimo - qual seu interesse atual em visitas monitoradas a emissoras de rádio? Gráfico 4 cinco 100% 6

5) Já visitou alguma emissora de rádio? Gráfico 5 Sem Interesse 17% Nunca tive oportunidade 17% Grupo Bandeirantes 17% Não 33% Metropolitana FM 16% 6) Você escuta alguma emissora de rádio? Gráfico 6 Jovem Pan AM/FM CBN/SulAmerica no carro USP FM Nao, fico ouvindo playlist do meu celular Ouço BandNewsFM por causa minha mãe Radio Disney SulAmerica Transito 7% Metropolitana FM 7% Nova Brasil FM 15% Antena 1 FM 7% Bandeirantes AM Radio Mix FM 7

7) O que você acha do rádio em São Paulo? Gráfico 7 Precisa abrir espaço para novos talentos Desatualizada para jovens minha idade Muita propaganda e pouco conteudo Programação parecida 8) De 0 a 5, - sendo zero nenhum e cinco muitíssimo - qual a nota que você daria em seu interesse atual para estagiar em rádio? Gráfico 8 tres cinco 50% quatro 8

Conclusão: A primeira conclusão é que o volume de trabalho gerado nas aulas com os boletins, radiojornais e programas de entrevistas foi expressivo. Esse material está disponível na webradio Mackenzie, possibilitando ao aluno ter seu trabalho transmitido além da sala de aula. A segunda conclusão, é que o resultado positivo obtido com as respostas dos gráficos deixa claro uma coisa: que a missão de passar o dia a dia, a vivência da mídia foi alcançado. Pois no começo do semestre, na primeira aula, muitos respondem que não escutam rádio, não gostam e não sabem nada à respeito. Um choque para mim, a professora, pois meu desafio é despertar esse interesse em uma mídia que o aluno não tem intimidade. Foi somente neste semestre que resolvi averiguar em questionário o que teria mudado na cabeça deles após a disciplina. Pensar que 75% ao ingressarem no curso de jornalismo somente pensavam em TV (Gráfico 1) e, que hoje, 50% gostariam de estagiar em rádio (Gráfico 8), é sensacional. Outro dado interessante é que a expectativa inicial ao cursarem a disciplina era, em sua maioria, o falar bem (Gráfico 2) e quando terminaram, estavam igualmente interessados em escrita, técnicas, locução e realização de entrevistas (Gráfico 3). Pensar que 67% (Gráfico 5) nunca tiveram vontade ou oportunidade de visitar uma emissora de rádio (antes da disciplina) e que agora 100% iriam a visitas monitoradas (Gráfico 4) é outra vitória, sem dúvida. E, por fim, é possível perceber que os alunos escutam - quando escutam - emissoras eminentemente jovens e musicais (Gráfico 6). Mesmo assim, quando questionados sobre o que falta no radio hoje em São Paulo, trazem respostas interessantes, como: Muita propaganda e pouco conteúdo; Desatualizada para jovens minha idade; Programação parecida; Abrir espaço para novos talentos (Gráfico 7). Agora, não podemos deixar de destacar (Gráfico 6) duas respostas sui generis : a primeira é que o aluno relata que só escuta rádio porque a mãe o faz (obriga-o no carro) e um segundo aluno sequer escuta rádio ainda hoje porque prefere a playlist do celular. Em um primeiro momento, de forma simplista, poderíamos pensar em uma derrota em relação à proposta deste artigo. Mas, a verdade é outra: mesmo com essa sinceridade nas respostas, ambos os alunos foram bem na disciplina. Um paradoxo, não? E para que a nota não fosse um motivo para que todos superlativassem as respostas do questionário, o mesmo foi aplicado somente após a divulgação da nota final. A conclusão final é que a prática em tempo real de uma redação de rádio consegue sensibilizar o aluno para uma mídia que ele mal conhecia e, não raro, desperta paixões adormecidas. Em 15 anos atuando como professora de rádio, hoje tenho orgulho de encontrar vários alunos já formados trabalhando em emissoras como CBN, SulAmérica Trânsito, Bandeirantes, Estadão, Bradesco, Jovem Pan, entre outras. E muitos destes já voltaram à faculdade fazendo palestras e contando sua rotina no jornalismo. O que quero dizer é que o esforço em pensar alternativas para deixar a aula mais interessante, dinâmica, atual, compensou. Este relato é para inspirar outros colegas a não desistirem, e verificarem como a mídia pode ajudar o ensino, e como o ensino pode ajudar a mídia, pois tenho certeza que esses referidos alunos fazem parte daquela massa crítica de profissionais em que não só apertam botões, mas, pensam e agem para uma sociedade mais justa por meio da imprensa. Tudo começou na sala de aula... 9

Referências Bibliográficas: ARAÚJO, Flávio. O rádio, o futebol e a vida. São Paulo: SENAC São Paulo, 2001. BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo R. de. Manual de Radiojornalismo: produção, ética e internet. Rio de Janeiro: Campus, 2003. CALABRE, Lia. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. LOPES, Direceu Fernandes; COELHO SOBRINHO, José. A evolução do jornalismo em São Paulo. 2.ed. São Paulo: Edicon, 1998. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Pesquisa em comunicação. 8. ed. São Paulo: Loyola, 2005. PRADO, Magaly. Produção de rádio. Um manual prático. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2007. 10