Corredores de desenvolvimento: Reestruturação produtiva ou continuidade histórica. O caso do corredor da Beira, Moçambique João Mosca e Rabia Aiuba
Apresentação Resumo histórico Características essenciais do corredor Apresentação do corredor Características População Tecido Empresarial e Investimento Directo Estrangeiro Estradas Educação Saúde Cobertura florestal Conclusões
Resumo histórico: Corredores em Moçambique: serviços do hinterland e domínio do capital britânico nos serviços ferro-portuários. A circulação na zona centro da moeda inglesa na Rodésia do Sul, os conflitos territoriais pré-coloniais e coloniais, o movimento de libertação e os conflitos actuais, a condução à esquerda, etc., reflectem a influência da colonização inglesa em Moçambique, com reflexos na actual realidade política, económica e social.
Extroversão e subordinação da economia moçambicana relativamente às economias do interior (principalmente RAS e Zimbabué): Serviços ferro-portuários. Trabalho migratório, poupanças, rendas das famílias e importância nas economias familiares da agricultura. Balança de pagamentos (transferências das famílias, contrato Portugal - RAS com pagamento a Lisboa em ouro de parte dos salários dos mineiros moçambicanos e receitas dos serviços).
Características essenciais do corredor da Beira na economia colonial: Companhia (Majestática) de Moçambique. Economia de plantações: açúcar e algodão. Parque Nacional da Gorongosa. Influência da migração chinesa (agricultura e comércio) e da indiana (comércio urbano e rural) que introduz uma mestiçagem singular na zona. Zona Centro no quadro eleitoral e como epicentro dos conflitos armados.
As grandes questões: O debate: corredores/pólos/ ocupação do território: reserva de terra, água, recursos mineiros? Novo tipo de companhias majestáticas? Está em formação um corredor económico? Há mudanças fundamentais relativamente à história económica, social e política das zonas de estudo?
Apresentação do corredor
Localização corredor com base nos distritos
População (1): Variação percentual (entre 2007 a 2017) A população de 2017, referese aos dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação
População (2): Densidade populacional nos anos de 2007 e 2017
Tecido empresarial: Distribuição percentual das empresas em 2016 Cerca de 17% das empresas que existiam em 2016 em Moçambique, localizavam-se nos distritos em análise. Mais de 75% do tecido empresarial concentra-se nos sectores de logística e serviços ferro-portuários, na industria de transformação de bens importados (sobretudo alimentares), na industria de primeira transformação de bens de exportação agrícolas e nas floresta. Outros sectores importantes são a hotelaria e restauração, e a agricultura. A pouca emergência de um empresariado local de pequena dimensão, está articulada com as elites locais da Frelimo e do Estado e com os lideres comunitários, também com fins eleitoralistas
Investimento Directo Estrangeiro Aprovado: Percentagem em relação ao total nacional, aprovado de 2008 a 2017 A proporção do IDE no corredor, representou cerca de 12% do IDE nacional, no período em análise. O IDE no corredor concentra-se nos portos, caminhos-de-ferro, estradas nacionais, agroindústria e florestas.
Estradas (1): (Apenas as estradas primárias são revestidas).
Estradas (3): Densidade Alta densidade Baixa densidade
Estradas (2): Km² por Km de estradas primárias, secundárias e terceárias (somatório).
Educação (1): Rácio alunos por professor no ensino secundário, em 2017
Educação (2): Rácio população por escola primária em 2017 A população de 2017, referese aos dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação
Educação (3): Taxa de matrícula do ensino primário A população de 2018, refere-se às projecções da população do Instituto Nacional de Estatística.
Educação (4): Rácio população por escola secundária A população de 2017, refere-se aos dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação
Educação (5): Taxa de matrícula do ensino secundário A população de 2018, refere-se às projecções da população do Instituto Nacional de Estatística.
Saúde (1): Rácio população por Centro de Saúde A população de 2017, refere-se aos dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação
Saúde (2): Km² por Centro de Saúde (incluindo maternidades) em 2016
Saúde (3): População por cama hospitalar em 2017 A população de 2017, refere-se aos dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação
Cobertura florestal: Perda florestal (sem mangal), entre os anos 2001 e 2016
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Área (10³ ha) Área (10³ ha) Área (10³ ha) Área florestal e agrícola Total do Corredor da Beira Área florestal e agrícola Distrito de Nhamatanda Área florestal e agrícola Distrito de Gondola 1 935 1 429 96 33 113 41 Ano Ano Ano Floresta Agricultura Floresta Agricultura Floresta Agricultura Aumento das explorações agrícolas devido ao aumento populacional, caça e extracção da população (queimadas, carvão, lenha, estacas). Extracção madeireira.
A zona centro continua sendo o território onde se concentra a conflitualidade política e de segurança.
CONCLUSÕES (1): Não está em formação algum corredor de desenvolvimento, com processos de transformação estrutural da economia. Permanece (ou aprofunda-se) a função de um corredor de portos e caminhos-de-ferro existente desde princípios do século XX, sem emergência de um tecido económico articulado e de acumulação local. Os investimento recentes estão relacionados fundamentalmente com o porto da Beira, os serviços e logística ferro-portuária, as vias de comunicação (estrada nacional Nº 6), a transformação de produtos alimentares importados a granel, as florestas e o empacotamento de frutas para exportação. Os investimentos reflectem absolutamente a natureza da economia do hinterland e virada para o exterior (exportações e importações).
CONCLUSÕES (2): Não é evidente, no caso do corredor da Beira, a existência de uma estratégia internacional de reserva de território (no caso do corredor de Nacala exstem esses sinais). A devastação da floresta é causa principal devido ao aumento do número de explorações agrícola em consequência do rápido crescimento demográficos e à extracção como fonte de rendimento devido ao baixo rendimento da actividade principal (a agricultura). A extracção industrial, legal e ilegal, é o outro factor importante d desflorestação, sobretudo das espécies exóticas (de maior valor económico). O crescimento demográfico é uma questão fundamental associado ao aumento da renda.
CONCLUSÕES (2): As elites nacionais articuladas com o capital externo (IDE) e com o Estado (fundos da cooperação), são os beneficiários dos principais negócios. Emergem elites locais (nível distrital e de localidade) assente nas burocracias do partido Frelimo e do Estado que se privilegiam na distribuição de recursos para uma primeira acumulação. A zona centro continua sendo o epicentro das conflitualidades políticas e militares.
Desculpem pelo tempo e paciência dispensadas www.omrmz.org