O AMBIENTE TÉRMICO E A DENSIDADE ENERGÉTICA ALTERAM PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE GALINHAS EM FINAL DE POSTURA

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Transcrição:

O AMBIENTE TÉRMICO E A DENSIDADE ENERGÉTICA ALTERAM PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE GALINHAS EM FINAL DE POSTURA Rafael FERREIRA 1, Rodrigo Garófallo GARCIA* 1, Cláudia Mari KOMIYAMA 1, Érika Rosendo de Sena GANDRA 1, Tássia Maria Souza BEVILAQUA 1, Lorena Mari SANCHES 1, Paula Lemes ALENCAR 2, Paulo Henrique BRAZ 3 *autor para correspondência: rodrigogarcia@ufgd.edu.br 1 Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil 2 Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil 3 Instituto Federal Farroupilha, Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Abstract: Com o objetivo de avaliar o efeito do ambiente térmico e da densidade energética em parâmetro fisiológicos de galinhas poedeiras em final de postura, um total de 18 aves (Bovans White) com 95 semanas de idade foram alojadas em grupos de três aves por gaiola. As aves foram submetidas a seis tratamentos, em um fatorial 2x3 (rações com duas densidades energéticas e três ambientes térmicos). As rações, de composição similar e diferindo na densidade energética, tinham 2.750 de energia metabolizável (EM).kg -1 de ração e 3.250 EM.kg -1. Ração e água foram oferecidas ad libitum. As salas mimetizavam três ambientes térmicos: termoneutro, quente e frio. Os parâmetros fisiológicos estudados foram frequência respiratória (por minuto), temperatura cloacal ( C), temperatura corporal ( C) e emissão de calor ( C). A frequência respiratória não sofreu efeito do ambiente ou da dieta. A temperatura cloacal foi afetada pela dieta, onde as aves que ingeriram ração com 2.750 de EM.kg -1 obtveram maiores valores, principalmente em ambiente quente, bem como o ambiente afetou a temperatura superficial e a emissão de calor. Concluiu-se que o ambiente térmico afetou a maioria dos parâmetros fisiológicos mensurados, entretanto a densidade energética influenciou apenas a temperatura cloacal. Palavras-chave: emissão de calor, energia metabolizável, frequência respiratória, temperatura cloacal, temperatura corporal

Introdução Ambiente é um termo abrangente, que pode ser definido em diferentes aspectos: térmico, aéreo, biológico, físico, acústico e social. Considerando o ambiente térmico, este pode influenciar a frequência respiratória das aves, pois é por meio desta que a ave troca calor com o meio. Além do aumento da frequência respiratória observada em aves submetidas a estresse térmico, pode haver também alterações da temperatura cloacal e superfície corporal. Outro fator é a vocalização das aves, que pode manifestar-se em intensidade distinta, conforme o ambiente térmico ao qual as aves estão expostas. O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência do ambiente térmico e da dieta com alta densidade energética na frequência respiratória, temperatura cloacal, temperatura superficial corporal e vocalização de galinhas. Material e Métodos A pesquisa foi realizada em três salas climatizadas, localizadas na Unidade II da Universidade Federal da Grande Dourados, na cidade de Dourados/MS e o experimento teve aprovação do comitê de ética da Universidade, protocolo no. CEUA-UNIGRAM 009/16. Para tanto, foram utilizadas 18 galinhas Bovans White em final de postura, com idade inicial de 95 semanas e as aves foram alojadas em grupos de três aves por gaiola, que tinham 41 cm de largura por 61 cm de comprimento e 41 cm de altura e eram equipadas com comedouro tipo calha e bebedouro tipo nipple, de forma que foram cinco dias para adaptação das aves às gaiolas, dietas e climatização e quatro dias de coleta de dados. As rações diferiam nas densidades energéticas: ração com 2.750 de energia metabolizável (EM).kg -1 e ração com 3.250 EM.kg -1, obtidas por inclusão de óleo de soja. A ração e a água foram fornecidas ad libitum e cada sala tinha um ambiente térmico, sendo: Sala 1: Termoneutro, com temperatura média de 24,3 C e umidade relativa do ar de 62,3%; Sala 2: Quente, com temperatura média

de 30,2 C e umidade relativa do ar de 58,8%; Sala 3: Frio, com temperatura média de 17,7 C e umidade relativa do ar de 98,5%. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x3 (rações com duas densidades energéticas e três ambientes térmicos) com três repetições, sendo cada ave uma unidade experimental. As medidas dos parâmetros fisiológicos frequência respiratória (por minuto), temperatura cloacal ( C) e temperatura superficial corporal ( C) foram realizadas durante os quatro dias de experimento, das 8:00 às 9:00 horas. A temperatura superficial corporal realizou-se a verificação das temperaturas da crista (TCr), pata (TP), dorso (TD) e asa (TA). A partir destas medidas, calculou-se a temperatura superficial corporal usando a equação adaptada de Richards (1971): TC = (0,06 x TCr) + (0,7 x TD) + (0,09 x TP) + (0,15 x TA). A emissão de calor foi medida uma vez ao dia, por gaiola e por uma das aves, durante todo o período experimental, com o uso de câmera termográfica (modelo Hotter HT3, com coeficiente de emissividade de 0,96), e por meio de um software (IR Reporter V. 1.0) gerando um valor médio de emissão de calor para cada ave. Os resultados das análises foram verificados quanto a normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias usando PROC UNIVARIATE (SAS 9.0), seguindo o modelo Yijl = µ + Ai + Dj + Dj (Ai) + eijl, em que: µ = média geral, Ai = efeito do ambiente, Tj = efeito de tempo, Tj(Ai) = efeito de interação tempo e ambiente, Dj = efeito de dieta, Dj(Ai) = efeito de interação dieta e ambiente, eij = erro. Os resultados foram submetidos ao Teste de Tukey Ajustado, adotando-se um nível de significância de 5%. Resultados e Discussão A temperatura cloacal foi influenciada pela dieta, de forma que os animais que ingeriram a dieta que continha apresentaram valores superiores aos que ingeriram, principalmente em ambiente quente. Desta forma, quanto maior

a ingestão de ração, maior a produção de calor metabólico e, consequentemente, maior a temperatura cloacal aferida (Tabela 1). Tabela 1. Emissão de calor ( C) pela ave e parâmetros fisiológicos: frequência respiratória (FR), temperatura cloacal (TCloacal) e temperatura superficial corporal (TCorporal) de acordo com as dietas e os ambientes térmicos Ambiente** Frio Termoneutro Quente Item Energia metabolizável*** EPM* FR (mov/min) 21,7 19,5 19,5 22,5 18,5 21,5 0,63 TCloacal ( C) 40,6 a 40,1 b 40,7 a 40,5 b 41,0 a 40,3 b 0,12 TCorporal ( C) 28,8 C 28,1 C 29,1 B 29,4 B 31,8 A 31,6 A 0,36 Emissão de calor ( C) 21,2 C 21,9 C 28,6 B 28,3 B 32,2 A 31,3 A 0,70 Valor de P Dieta Ambiente Interação FR (mov/min) 0,337 0,809 0,180 TCloacal ( C) 0,047 0,518 0,653 TCorporal ( C) 0,652 0,0001 0,673 Emissão de calor ( C) 0,716 0,0001 0,597 *Erro Padrão da Média; **Médias seguidas de letras Maiúsculas diferentes (A,B,C) na mesma linha com efeito de Ambiente pelo Teste de Tukey Ajustado (P<0,05); *** Médias seguidas de letras minúsculas diferentes (a,b) na mesma linha com efeito de Dieta pelo Teste de Tukey Ajustado (P<0,05). A manutenção da homeostase de energia é altamente complexa e trata-se do somatório dos estímulos externos e internos que influencirão a ingestão de nutrientes, tais como o genótipo (aves de algumas linhagens consomem mais ração outras), a composição de dieta (formulação ou valor nutritivo da matéria-prima que

possam comprometer a composição verdadeiramente digestível e, portanto, aproveitável pelo animal), forma e processamento da ração (peletizada ou farelada), relação entre energia metabolizável e proteína, ambiência (inclusive o efeito térmico) e acometimento de doenças (aves doentes reduzem ou param de consumir ração) (Elwinger et al., 2016). O ambiente influenciou a temperatura superficial corporal de forma que as aves apresentaram temperaturas superiores quando expostas ao ambiente frio, intermediárias quando em ambiente termoneutro e menores em ambiente frio, indicando a absorção de calor por radiação, no ambiente quente, e perda de calor, por convecção no ambiente frio (Pereira et al., 2008). A frequência respiratória das aves não foi alterada pelos fatores tipo de dieta e ambiente e não houve interação entre os fatores dieta e ambiente para nenhum dos parâmetros estudados. Conclusão A temperatura cloacal é alterada pelo tipo de dieta consumida enquanto que a temperatura superficial e a emissão de calor pelas aves sofreu influência do ambiente, sendo maiores em ambientes quentes. Referências Elwinger K, Fisher C, Jeroch H, Sauveur B, Tiller H, Whitehead CC. 2016. A brief history of poultry nutrition over the last hundred years. Journal of World Poultry Science 72:1 20. Pereira DF, Vitorasso G, Oliveira SC, Kakimoto SK, Togashi CK, Soares NM. 2008. Correlations between Thermal Environment and Egg Quality of Two Layer Commercial Strains. Brazilian Journal of Poultry Science 10:81 88. Richards S. 1971. The significance of changes in the temperature of the skin and body core of the chicken in the regulation of heat loss. Journal of Physiology 216:1 10.