Exma. Senhora Chefe do Gabinete de Sua Excelência a Presidente da Assembleia da República Dra. Noémia Pizarro RESPOSTA À PERGUNTA N.º 3484/XII/1.

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Transcrição:

Exma. Senhora Chefe do Gabinete de Sua Excelência a Presidente da Assembleia da República Dra. Noémia Pizarro SUA REFERÊNCIA SUA COMUNICAÇÃO DE NOSSA REFERÊNCIA Nº: 5699 ENT.: 5369 PROC. Nº: DATA 31/07/2012 ASSUNTO: RESPOSTA À PERGUNTA N.º 3484/XII/1.ª Encarrega-me a Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade de enviar cópia do ofício n.º 4932, datado de 31 de julho, do Gabinete da Senhora Ministra da Justiça, sobre o assunto supra mencionado. Com os melhores cumprimentos, A Chefe do Gabinete Marina Resende Gabinete da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade Palácio de São Bento (A.R.) 1249-068 Lisboa, PORTUGAL TEL + 351 21 392 05 00/06 FAX 21 392 05 15 EMAIL gabinete.seapi@maap.gov.pt www.portugal.gov.pt

Pergunta n.º 3484/XII/1ª do Grupo Parlamentar do PCP Encerramento do Tribunal de Alcácer do Sal, no Concelho de Alcácer do Sal, Distrito de Setúbal 1. Para o Governo, o encerramento do Tribunal de Alcácer do Sal, não criará mais dificuldades no acesso dos cidadãos à justiça e contribuirá para a desertificação do concelho já bastante penalizado por políticas de encerramento de serviços públicos? 2. Como pretende o Governo garantir as acessibilidades da população de Alcácer do Sal à justiça? Considera que a criação de uma extensão judicial é suficiente? 3. A concentração do volume processual no Tribunal de Grândola conduzirá a uma justiça mais lenta. Como avalia o Governo esta realidade, caso venha a concretizar-se a reorganização do mapa judiciário? 4. Por que razão o Governo não ouviu a opinião das autarquias do Concelho de Alcácer do Sal sobre este processo? Quando pretende fazê-lo? 5. O Governo pretende avançar com esta reorganização do mapa judiciário, mesmo contra a opinião das autarquias e das populações? A organização judiciária nacional consta de diploma legal (Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro e Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto, para as três comarcas piloto) e o documento que está atualmente em apreciação, Linhas Estratégicas para a reforma da organização judiciária, de 15.06.2012, elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pelo Despacho da Ministra da Justiça n.º 2486/2012, de 6.02.2012, é um documento prévio a qualquer consagração legal, que se destina a firmar cuidadosamente os pressupostos técnicos e a fundamentar opções organizativas, tendo por esse motivo o Ministério da Justiça optado por submetê-lo a ampla discussão e debate públicos. Recorda-se a metodologia seguida pelo Ministério da Justiça neste domínio: i. Em Setembro de 2011 solicitou à Direcção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) que desse início a estudos preliminares de avaliação do modelo de alargamento da reforma da organização judiciária ao abrigo da Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto, sob certas premissas orientadoras, e em Novembro de 2011 determinou que tais estudos fossem plasmados num documento abrangente;

ii. Este estudo da DGAJ foi concluído em Janeiro de 2012, consistindo no Ensaio para reorganização da estrutura judiciária, amplamente divulgado pelo Ministério da Justiça; iii. Em Fevereiro de 2012, pelo Despacho n.º 2486/2012, da Ministra da Justiça, publicado em 20.02.2012, foi constituído um grupo de trabalho, coordenado pelo Chefe do, que deu imediato início a um processo de audições públicas sobre o referido Ensaio. iv. Entre Fevereiro e Maio de 2012, a Senhora Ministra da Justiça reuniu pessoalmente com o Conselho Superior de Magistratura, o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, o Conselho Superior do Ministério Público e a Associação Nacional dos Municípios Portugueses, e o grupo de trabalho reuniu com 48 representantes de Câmaras Municipais e diversas entidades do sector. v. Em 15 de Junho de 2012, em resultado dos trabalhos daquele grupo, foi concluído o documento Linhas estratégicas para a Reforma da Organização judiciária, divulgado nessa data junto de todos os municípios nacionais e disponível no site do Governo. vi. Este documento encontra-se em discussão pública, e neste âmbito foram já realizadas 14 reuniões com representantes de Câmaras Municipais. vii. Esta fase de discussão pública será concluída no final do mês de Julho, após o que terá início a fase de preparação de trabalhos de ante projetolei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, que será então, nos termos habituais, sujeito a consulta pública. Em respostas às perguntas concretamente colocadas: 1. e 2. As Extensões Judiciais são pontos de atendimento ao cidadão, prestado por oficiais de justiça, com acesso integral ao sistema de informação do Tribunal, isto é, a todos os processos em curso na comarca, e onde também será possível a entrega de articulados e documentos, a prestação de informações, a audição de partes ou testemunhas através de videoconferência e, até, a realização de audiências de julgamento. Devem ser instaladas quando o acesso a serviços da justiça corresponde a uma procura expectável de pelo menos 200 processo por ano (como sucede com

Alcácer do Sal), ou 100 processos e não exista oferta de serviços da justiça a uma distância inferior a 30 Km, ou quando a distância à instância mais próxima seja superior a 1 hora. A organização assim descrita, que estrutura cada tribunal judicial de 1ª Instância em Instância Central, com secções especializadas, a funcionar preferencialmente na sede do distrito, Instâncias locais, de competência genérica, e Extensões Judiciais, como portas de entrada para os serviços de justiça, permite, em termos globais, a alocação de cerca de 48 magistrados judiciais, 44 magistrados do Ministério Público e de 255 oficiais de justiça a especialização e ao tratamento de processos pendentes em atraso. Tendo em conta o atendimento que pode ser prestado na Extensão judicial, esta cobre uma parte significativa das necessidades da população local. 3. Toda a oferta da comarca de Setúbal é alterada, com uma outra distribuição processual, que se entende virá a permitir melhor resposta à população. 4. O grupo de trabalho nomeado pela Ministra da Justiça tem estado sempre disponível para reunir com todas as autarquias que o solicitaram, nos alargados prazos de consulta pública estabelecidos. Em qualquer caso, os diplomas que estruturam a reforma da organização judiciária serão também submetidos a consulta pública. 5. Como acima descrito, tem sido promovido uma ampla auscultação pública e a população ficará melhor servida, tendo, dentro do modelo de organização judiciária preconizado, em diversos pontos do país, sido encontrados com os representantes locais as soluções que melhor sirvam os interesses e necessidades das populações envolvidas. Acresce que a estrutura ora preconizada é flexível, podendo assim vir a sofre as alterações que se venham a revelar mais adequadas para o melhor serviço de justiça. Tendo em conta os princípios orientadores adoptados no desenho do novo mapa o alargamento da dimensão territorial das comarcas, passando cada tribunal da área do mesmo distrito administrativo (em regra), a constituir uma secção do mesmo tribunal judicial de 1ª Instância; o aprofundamento da especialização, de acordo com o movimento expectável do conjunto de tribunais (transformados em instâncias centrais, especializadas, ou locais, do mesmo distrito administrativo), com a criação de secções especializadas em todas as matérias em que o movimento processual justifique a afetação exclusiva de pelo menos um juiz ao tratamento daqueles

processos; e a implementação de estruturas de gestão das comarcas com competências na área de gestão processual e de distribuição de recursos humanos, constituídas por um juiz presidente, um procurador coordenador e um administrador judiciário, a funcionar em cada comarca - sobressairão, a curto/médio prazo, inegáveis ganhos para o cidadão e para o funcionamento eficiente da estrutura judiciária.