DIREITO ELEITORAL BRUNO GASPAR DE OLIVEIRA CORRÊA Promotor de Justiça Janeiro - Ministério Público do Estado do Rio de Professor de Direito Eleitoral
Ao responder positivamente a Consulta 1398/2007, formulada pelo antigo PFL, o TSE fixou, por maioria, o seguinte entendimento: os partidos políticos e as coligações conservam direito a vaga obtida pelo sistema eleitoral proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou de transferência do candidato eleito por um partido para outra legenda (TSE Resolução 22526/2007). Concluiu o relator: uma arbitrária desfiliação partidária implica renúncia tácita do mandato, a legitimar, portanto, a reivindicação da vaga pelos partidos.
ADI 5081 / DF - DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO Julgamento: 27/05/2015 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Ementa: INAPLICABILIDADE DA REGRA DE PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA AO SISTEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO. (...)2. As decisões nos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. 3. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular. 4. Procedência do pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade.
Decisão (continuação ADI nº 5081/DF O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu da ação e julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade, quanto à Resolução 22.610/2007, do Tribunal Superior Eleitoral, do termo ou o vice, constante do art. 10; da expressão e, após 16 (dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelo sistema majoritário, constante do art. 13, e para conferir interpretação conforme à Constituição ao termo suplente, constante do art. 10, com a finalidade de excluir do seu alcance os cargos do sistema majoritário. Fixada a tese com o seguinte teor: A perda do mandato em razão da mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e dasescolhas feitas pelo eleitor. Falou, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros, Procurador-Geral da República. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 27.05.2015.
TSE PET - Agravo Regimental em Petição nº 31126 - PORTO ALEGRE - RS Acórdão de 09/02/2017 Relator(a) Min. Luiz Fux Ementa: ELEIÇÕES 2014. AÇÃO DE PERDA DE MANDATO ELETIVO POR DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA. DEPUTADO FEDERAL. EXPULSÃO. ATO VOLUNTÁRIO. NÃO CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DOS ENUNCIADOS DE SÚMULAS NOS 26 DO TSE E 182 DO STJ. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 2. In casu, a ausência de impugnação aos fundamentos do decisum objurgado no tocante à falta de interesse de agir da agremiação partidária constitui razão suficiente para o não provimento do presente regimental. 3. A infidelidade partidária pressupõe o desligamento voluntário, e sem justa causa, do filiado eleito pela legenda, de modo que não se afigura cabível a propositura de ação de decretação de perda de mandato eletivo por ato de infidelidade partidária quando a desfiliação provém de expulsão do parlamentar, como na hipótese em apreço, nos termos da jurisprudência consolidada por este Tribunal Superior. 4. Agravo regimental desprovido.
TSE PET - Embargos de Declaração em Questão de Ordem em Petição nº 56703 - BRASÍLIA - DF Acórdão de 16/11/2016 Relator(a) Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Ementa: DEPUTADO FEDERAL. DESFILIAÇÃO. AÇÃO DE PERDA DE CARGO ELETIVO AJUIZADA POR SUPLENTE DA COLIGAÇÃO PELA QUAL SE ELEGEU O TRÂNSFUGA. ILEGITIMIDADE ATIVA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. 1. In casu, conforme assentado no acórdão embargado, a vacância pode ser de índole ordinária ou extraordinária. Na ordinária, a sucessão ocorre com a posse do suplente da coligação. Na extraordinária, que versa especificamente sobre as situações de infidelidade partidária - hipótese dos autos -, a vaga deverá ser destinada, necessariamente, a suplente do partido do trânsfuga, haja vista que, em situações tais, a perda do mandato se destina, única e exclusivamente, a recompor o espaço perdido pela agremiação. 2. Logo, forçoso reconhecer a ausência de legitimidade ativa do suplente da coligação para a propositura da ação de perda de cargo eletivo por desfiliação partidária sem justa causa. Reforça esse entendimento a possibilidade de a infidelidade ocorrer dentro da coligação.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 91, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2016 Altera a Constituição Federal para estabelecer a possibilidade, excepcional e em período determinado, de desfiliação partidária, sem prejuízo do mandato. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Art. 1º É facultado ao detentor de mandato eletivo desligar-se do partido pelo qual foi eleito nos trinta dias seguintes à promulgação desta Emenda Constitucional, sem prejuízo do mandato, não sendo essa desfiliação considerada para fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e televisão. Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, em 18 de fevereiro de 2016.
TRE-SP decide que não se aplica a Emenda Constitucional nº 91 a desfiliações partidárias formalizadas antes da promulgação da emenda. Decisão foi tomada no julgamento de ação da PRE-SP contra vereadora de Araraquara, que perdeu o mandato por infidelidade partidária. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) julgou procedente, na sessão de hoje, ação de perda de cargo eletivo ajuizada pela Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo (PRE-SP) contra Edna Sandra Martins, vereadora do município de Araraquara. O tribunal acolheu, por unanimidade, o entendimento da PRE-SP de que a vereadora desfiliou-se do Partido Verde (PV), partido pelo qual foi eleita, sem justa causa, o que enseja a perda do mandato eletivo, de acordo com a legislação eleitoral. O tribunal afastou a aplicação da recém promulgada Emenda Constitucional (EC) nº 91, que estabelece a possibilidade, excepcional e por período determinado (30 dias seguintes à promulgação da emenda, ocorrida no dia 18 de fevereiro do corrente), de desfiliação partidária sem perda do mandato. O tribunal decidiu que essa emenda não se aplica a desfiliações passadas, mas apenas àquelas que ocorrerem no prazo de 30 dias mencionado, que está atualmente em curso. Como a vereadora desfiliou-se do PV em 08 de julho de 2015, sua situação não se enquadra na hipótese da mencionada EC.
ADI 1351 / DF - DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 07/12/2006 Órgão Julgador: Tribunal Pleno PARTIDO POLÍTICO - FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR - PROPAGANDA PARTIDÁRIA GRATUITA - FUNDO PARTIDÁRIO. Surge conflitante com a Constituição Federal lei que, em face da gradação de votos obtidos por partido político, afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de propaganda partidária gratuita e a participação no rateio do Fundo Partidário. NORMATIZAÇÃO - INCONSTITUCIONALIDADE - VÁCUO. Ante a declaração de inconstitucionalidade de leis, incumbe atentar para a inconveniência do vácuo normativo, projetando-se, no tempo, a vigência de preceito transitório, isso visando a aguardar nova atuação das Casas do Congresso Nacional.
PET - Agravo Regimental em Petição nº 4459 - SÃO LUÍS - MA Acórdão de 25/06/2013 Relator(a) Min. José De Castro Meira Ementa: GRAVE DISCRIMINAÇÃO PESSOAL NO PROCESSO DE ESCOLHA DE REPRESENTANTE PARTIDÁRIO. MATÉRIA INTERNA CORPORIS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. MERA DIVERGÊNCIA INTRAPARTIDÁRIA. DESPROVIMENTO. 1. De acordo com a jurisprudência do TSE, não compete à Justiça Eleitoral apreciar matéria relativa à dissidência interna dos partidos políticos na eleição de seus dirigentes. Precedentes. 2. Na espécie, a alegada ausência de debate no processo de escolha do novo presidente estadual do partido agravado revela a existência de mera disputa intrapartidária entre filiados, tendo por objetivo o alcance de posição política mais elevada dentro da agremiação, circunstância que não constitui justa causa para a desfiliação do agravante. Precedente. 3. Agravo regimental não provido.
TRE RS RREG - RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATO nº 452 - Novo Tiradentes/RS Acórdão de 05/09/2008 Ementa: RECURSO. ELEIÇÕES 2008. REGISTRO DE CANDIDATURAS. VALIDADE DE CONVENÇÃO PARTIDÁRIA. PRELIMINAR. Competência da Justiça Eleitoral para analisar controvérsias sobre questões internas das agremiações partidárias quando houver reflexo direto no processo eleitoral, sem que esse controle jurisdicional interfira na autonomia das agremiações partidárias, garantido pelo art. 17, 1º, da CF.
RESPE - Recurso Especial Eleitoral nº 442363 - PORTO ALEGRE - RS Acórdão de 28/09/2010 Relator(a) Min. Arnaldo Versiani Leite Soares Ementa: Registro. Quitação eleitoral. Desaprovação de contas de campanha. 1. A Lei nº 12.034/2009 trouxe novas regras no que tange à quitação eleitoral, alterando o art. 11 da Lei nº 9.504/97, que, em seu 7º, passou a dispor expressamente quais obrigações necessárias para a quitação eleitoral, entre elas exigindo tão somente a apresentação de contas de campanha eleitoral. 2. A desaprovação das contas não acarreta a falta de quitação eleitoral. 3. Eventuais irregularidades na prestação de contas relativas a arrecadação ou gastos de recursos de campanha podem fundamentar a representação objeto do art. 30-A da Lei nº 9.504/97. Decisão: O Tribunal, por maioria, proveu o recurso, nos termos do voto do Relator. Vencidos a Ministra Cármen Lúcia e os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski (presidente). Votaram com o Relator os Ministros Aldir Passarinho Junior, Hamilton Carvalhido e Marcelo Ribeiro.
RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 12544 - RIO DAS OSTRAS - RJ Acórdão de 25/10/2012 Relator(a) Min. José Antônio Dias Toffoli 1. O entendimento proferido no REspe nº 4423-63, no sentido de que "a desaprovação das contas não acarreta a falta de quitação eleitoral", não se aplica ao caso vertente, porquanto a candidata deixou de apresentar as contas e houve decisão que as julgou como não prestadas, não sendo possível reconhecer a quitação eleitoral para o pleito de 2012. 2. A simples reiteração das teses recursais não dá ensejo ao provimento do agravo regimental. 3. Agravo regimental desprovido. Decisao: O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
TSE AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 14905 - Belo Horizonte/MG Acórdão de 29/03/2016 Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA PARTIDÁRIA. ART. 45, IV, DA LEI Nº 9.096/95. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA FEMININA. 1. Inobservância da reserva legal de 10% do tempo da propaganda partidária a ser destinado ao incentivo da participação feminina na política (Lei nº 9.096/95, art. 45, IV). 2. Segundo o entendimento desta Corte, "a mera participação de filiada na propaganda partidária, desvinculada de qualquer contexto relacionado à inclusão das mulheres na política, não é suficiente para promover e difundir a participação feminina na política" (AgR-REspe nº 271-63/GO, rel. Min. Luciana Lóssio)
RP - Representação nº 139448 - BRASÍLIA - DF Acórdão de 02/10/2014 Relator(a) Min. Admar Gonzaga Neto Ementa: ELEIÇÕES 2014.. DIREITO DE RESPOSTA. PROPAGANDA ELEITORAL. ART. 58 DA LEI DAS ELEIÇÕES. CARÁTER OFENSIVO. FATO SABIDAMENTE INVERÍDICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. 1. Na linha de entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, o exercício de direito de resposta, em prol da liberdade de expressão, é de ser concedido excepcionalmente. Viabiliza-se apenas quando for possível extrair, da afirmação apontada como sabidamente inverídica, ofensa de caráter pessoal a candidato, partido ou coligação. 2. O direito de resposta não se presta a rebater a liberdade de expressão e de opinião que são inerentes à crítica política e ao debate eleitoral. 3. O fato sabidamente inverídico a que se refere o art. 58 da Lei nº 9.504/97, para fins de concessão de direito de resposta, é aquele que não demanda investigação, ou seja, deve ser perceptível de plano. 4. Improcedência do pedido.
A Resolução TSE 23.462/15, que tratou do direito de resposta nas eleições municipais de 2016, estabeleceu: Art. 18. Os pedidos de direito de resposta formulados por terceiro, em relação ao que foi veiculado no horário eleitoral gratuito, serão examinados pela Justiça Eleitoral e deverão observar os procedimentos previstos na Lei nº 9.504/1997, naquilo que couber.
RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 13896 - Acórdão de 10/11/2015 Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva 1. A divulgação, em entrevista concedida a emissora de rádio, de dados supostamente coletados em pesquisa de opinião pública, sem prévio registro na Justiça Eleitoral, mediante referência a percentuais de votos e aos nomes dos candidatos e do instituto responsável pela realização da pesquisa, atrai a incidência da multa prevista no 3º do art. 33 da Lei nº 9.504/97. 2. No caso, não houve apenas a referência genérica ao resultado de pesquisa, mas a indicação de números e percentuais, além da afirmação de que a pesquisa foi realizada por instituto de credibilidade. 3. A mera reprodução de pesquisa irregular divulgada em outro veículo de comunicação não afasta a violação ao art. 33 da Lei das Eleições. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
CTA - Consulta nº 6275 - BRASÍLIA - DF Acórdão de 17/03/2016 Relator(a) Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Ementa: CONSULTA. PROPAGANDA ELEITORAL. ART. 46 DA LEI Nº 9.504/97. NOVA REDAÇÃO. LEI Nº 13.165/2015. INTERPRETAÇÃO. DEBATE. CANDIDATOS. PARTICIPAÇÃO. CONVITE. OBRIGATORIEDADE. REPRESENTATIVIDADE. CÂMARA DOS DEPUTADOS. COLIGAÇÃO. POSSIBILIDADE. PARTIDO POLÍTICO. EQUIPARAÇÃO. 3. A norma contida no caput do art. 46 da Lei nº 9.504/97 deve ser interpretada levando-se em consideração, no caso de eleição proporcional, a representatividade de todos os partidos que compõem uma determinada coligação e, no caso de eleição majoritária, a soma dos representantes dos seis maiores partidos que integrem a coligação, semelhante ao que ocorre no caso de distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita, prevista no art. 47, 2º, I, da Lei nº 9.504/97.