Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB/SP. Loteamentos Fechados Temas Polêmicos e Atuais



Documentos relacionados
REGULAMENTO DE COMPENSAÇÕES POR NÃO CEDÊNCIA DE TERRENOS PARA EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS VERDES PÚBLICOS DECORRENTE DA APROVAÇÃO DE OPERAÇÕES URBANÍSTICAS

Condomínios & Associações: principais diferenças

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 82, DE 13 DE SETEMBRO DE 2004

Flávio Ahmed CAU-RJ

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Atribuições do órgão conforme a Lei nº 3.063, de 29 de maio de 2013: TÍTULO II DAS COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Regularização Fundiária. Rosane Tierno 02 julho -2011

PERGUNTAS E RESPOSTAS CONSTANTES NO GUIA DE SERVIÇOS 2007 PMA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PROJETO DE LEI Nº 051/2012

A observância da acessibilidade na fiscalização de obras e licenciamentos de projetos pelos municípios

Instrução n. 22/2007. O SECRETÁRIO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE, no uso de suas. Considerando o Princípio do Desenvolvimento Sustentável;

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Instrumento preventivo de tutela do meio ambiente (art. 9º, IV da Lei nº /81)

Estatuto da Cidade - Lei 10257/01

PROJETO DE LEI Nº, de (Do Sr. Marcelo Itagiba)

PARCELAMENTO E USO DE SOLOS NO INSTITUTO DA POSSE. Estefânia Prezutti Denardi Enga. Florestal, consultora ambiental, formanda em Direito.

1 de 5 03/12/ :32

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

PERGUNTAS E RESPOSTAS CONSTANTES NO GUIA DE SERVIÇOS DA PREFEITURA

LEI DOS INSTRUMENTOS

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NO DIREITO BRASILEIRO.

Cidade de São Paulo. 3ª CLÍNICA INTEGRADA ENTRE USO DO SOLO E TRANSPORTES Rio, out/2011

ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE ILHÉUS GABINETE DO PREFEITO LEI Nº 3.745, DE 09 DE OUTUBRO DE 2015.

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 408, DE 2012

RESIDENCIAL SANTA MONICA MEMORIAL DESCRITIVO ANEXO I

O presente processo trata da regularização jurídica da área de propriedade municipal concedida à comunidade kaigangue. A

PROJETO LEI Nº Autoria do Projeto: Senador José Sarney

LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE POLUIÇÃO VISUAL URBANA

Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97 7/10/2010

RESUMO. É elaborado pelo Executivo municipal e aprovado pela Câmara municipal por meio de lei.

LEI Nº 1.275, DE 28 DE JULHO DE 2011.

Planejamento e gestão da expansão urbana

Relatório de Vistoria Técnica com Cadastramento do Imóvel

LEI MUNICIPAL Nº /08

O principal instrumento de planejamento urbano do município

O DIREITO À MORADIA E O PROCESSO DE VALORIZAÇÃO DO SOLO. Instrumentos de planejamento e gestão do solo urbano em disputa

Medida Provisória nº 691/2015

PROJETO DE LEI Nº 70/2011. A CÂMARA MUNICIPAL DE IPATINGA aprova:

DECRETO ESTADUAL nº , de 13 de agosto de 2007

PLANO DIRETOR DE TRANSPORTE E MOBILIDADE DE BAURU - PLANMOB

RESOLUÇÃO Confea Atribuições

LEI Nº. 715/2015, DE 30 DE ABRIL DE 2015

Licenciamento Ambiental e Municipal

OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS Instrumentos de viabilização de projetos urbanos integrados

Marco legal. da política indigenista brasileira

O PAPEL DO MUNICÍPIO NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EXPERIÊNCIAS E PROBLEMAS

Parágrafo único. A instalação dos equipamentos e mobiliários referidos no art. 2º desta Lei deverá respeitar o direito à paisagem.

O Prefeito Municipal de Teresina, Estado do Piauí

A IMPLANTAÇÃO DE CONSELHO CONSULTIVO EM SOCIEDADES LIMITADAS COMO FORMA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

4.9 PROJETO DE LEI DO DIREITO DE PREEMPÇÃO

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE USO E OCUPAÇÃO DO CÂMPUS ITAJAÍ

Diretoria de Patrimônio - DPA

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXPANSÃO DO PARANOÁ

1. Das competências constitucionais sobre matéria condominial e urbanística.

Parcelamento do Solo. Projeto de Loteamentos

PROGRAMA PARAISÓPOLIS Regularização Fundiária

Programa de Regularização Fundiária de Interesse Social

3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.

Lei n.º 1/2005 de 10 de Janeiro.

Coordenação-Geral de Tributação

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ARMANDO MONTEIRO

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

Novas formas de prestação do serviço público: Gestão Associada Convênios e Consórcios Regime de parceria- OS e OSCIPS

DIRETRIZES DE CONTROLE EXTERNO Projeto Qualidade e Agilidade dos TCs QATC2

I seja aprovado o projeto arquitetônico;

Classificação DOS EMPREENDIMENTOS DE TURISMO NO ESPAÇO RURAL:

Prefeitura Municipal de São José dos Campos - Estado de São Paulo - de.:il/q±j0=1 O\ LEI COMPLEMENTAR N 256/03 de 1Ode Julho de 2003

AUDIÇÃO NA COMISSÃO PARLAMENTAR DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E PODER LOCAL. Projeto de Lei Nº 368/XII

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

Desapropriação. Não se confunde com competência para desapropriar (declarar a utilidade pública ou interesse social): U, E, DF, M e Territórios.

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PREFEITURA MUNICIPAL DE JARDIM

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁ

Regulação municipal para o uso de espaços públicos por particulares e pelo próprio Poder Público. Mariana Moreira

2º Fórum Sobre Hidrovias As Hidrovias como fator de desenvolvimento.

TRANSFERÊNCIA DO POTENCIAL CONSTRUTIVO

Instrução Normativa 004 de 16 de maio de 2005 da Bahia

Art. 1 º Esta Lei estabelece os princípios para o planejamento e a execução das políticas públicas do Município do Rio de Janeiro.

DECRETO Nº DE 11 DE JULHO DE O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, e

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO PROJETO DE LEI Nº 2.658, DE 2003

O Saneamento Básico em Regiões Metropolitanas Um olhar sobre o Estatuto da Metrópole

ESTADO DE MATO GROSSO PREFEITURA MUNICIPAL DE COLNIZA GABINETE DA PREFEITA. Lei nº. 116/2003. Súmula :

APROVA OS MODELOS DE ALVARÁS DE LICENCIAMENTO OU AUTORIZAÇÃO DE OPERAÇÕES URBANÍSTICAS

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS E NORMAS GERAIS DE DIREITO URBANÍSTICO

LEI Nº 848/01 DE, 01 DE OUTUBRO

PREFEITURA MUNICIPAL DE SIMÃO DIAS Gabinete do Prefeito

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

DECRETO Nº , DE 16 DE MAIO DE 2007 DODF DE

RIO GRANDE DO NORTE LEI COMPLEMENTAR Nº 478, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.

UNIDADE V Tributação sobre a propriedade. 1. Imposto sobre a propriedade territorial rural Legislação Constituição (art.

Notas: Aprovada pela Deliberação Ceca nº 868, de 08 de maio de Publicada no DOERJ de 19 de maio de 1986

CONDIÇÕES GERAIS PU 12 meses 1 sorteio, pagamento variável Modalidade: Incentivo Processo SUSEP: /

L E I LEI Nº. 691/2007 DE 27 DE JUNHO DE 2.007

Apresento a seguir as minhas contribuições para a Audiência Pública em epígrafe.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMAS SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO

GABINETE DO PREFEITO

PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU

LEI Nº 5138 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1992

Transcrição:

Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB/SP Loteamentos Fechados Temas Polêmicos e Atuais Painel I Parcelamento do Solo Conceitos e Aspectos Legais 20 de junho de 2006 1

Loteamento art. 2º, 1º da Lei 6766/79 Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. Lote art. 2º, 4º da Lei 6766/79 Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe. 2

Art. 2º, 5º da Lei 6766/79: Consideram-se infra-estrutura básica os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluvias, iluminação pública, redes de esgoto santário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não. 3

Art. 1º da Lei 6766/79: O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei. Parágrafo único: Os Estados, O Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementares ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais. 4

(a). quando for para definir as dimensões do lote; (b). para definir se a zona onde se localiza a gleba de terra é urbana, de extensão urbana ou ainda, de urbanização específica; (c). para definir as áreas destinadas a sistemas de circulação, implantação de equipamento urbano e comunitário, espaços livrs de uso público, tudo, proporcionalmente à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovado por lei municipal; (d). a lei municipal definirá os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo; e (e) é a Prefeitura Municipal quem primeiro define as diretrizes básicas para o uso do solo, traçado dos lotes, sistema viário, espaços livres, áreas reservadas para equipamentos urbanos e comunitários, fixando inclusive, após a aprovação do projeto de loteamento, o prazo para sua implementação. 5

Art. 30 Compete aos Municípios: I legislar sobre assuntos de interesse local; (...) VIII promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante panejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. Art. 182 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixada em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvovimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instrumento básico de desenvolvimento e de expanção urbana. 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor 6

Art. 2º - A política urbana tem por objetivo ordenar o peno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: IV planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transportes e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; VI ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de uso incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar com pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deteriorização das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental. 7

Ora, é fácil perceber que a ordenação da cidade através de normas urbanísticas é assunto predominantemente local, e tal idéia reforçase ainda mais diante da explicitação da natureza do Plano Diretor, verdadeiro instrumento de planejamento estratégico do próprio Município (Edésio Fernandes, in Direito Urbanístico, Del rey Editora). 8

(...) a aprovação de loteamento é ato de alçada privativa da Prefeitura, atendidas as prescrições da União, os preceitos sanitários do Estado e as imposições urbanísticas do Município, ouvidas previamente as autoridades militares e as florestais com jurisdição na área e o INCRA, se a gleba estiver na zona rural. Loteamentos especiais estão surgindo, principalmente nos arredores das grandes cidades, visando a descongestionar as metrópoles. Para esses loteamentos não há, ainda, legislação superior específica que oriente a sua formação, mas nada impede que os Municípios editem normas urbanísticas locais adequadas a essas urbanizações. E tais são os denominados loteamentos fechados, loteamentos integrados, loteamentos em condomínio, com ingressos só permitido aos moradores e pessoas por eles autorizadas e com equipamentos e serviços urbanos próprios, para auto-suficiência da comunidade. Essas modalidades merecem prosperar. Todavia, impõe-se um regramento legal prévio para disciplinar o sistema de vias internas (que em tais casos não são bens públicos de uso comum do povo) e os encargos de segurança, higiene e conservação das áreas comuns e dos equipamentos de uso coletivo dos moradores, que tanto podem ficar com a Prefeitura como com os dirigentes do núcleo, mediante convenção contratual e remuneração dos serviços por preço ou taxa, conforme o caso. 9

Entendemos, assim, que por lei, o Município pode autorizar o loteamento fechado, e, consequentemente, o uso das vias de circulação e praças dentro dele, exclusivamente aos seus proprietários, através de dois institutos de Direito Administrativo: a permissão de uso ou a concessão de uso. (...) Inegavelmente, as vias, praças e espaços livres no loteamento fechado são bens do domínio do Município, desde a data do registro do loteamento (art. 22 da Lei 6766/79) ou desde a aprovação do projeto, como afirma o doutor Prof. Hely Lopes Meirelles. (...) Mas a Administração do Município pode afetá-los, destiná-los, ao aprovar o loteamento fechado por ato administrativo, para outra categoria de bens os de uso especial e permitir ou conceder o seu uso para os proprietários dos lotes do loteamento fechado. 10

Conclusões: Em face de tudo o que ficou exposto, podemos estabelecer as seguintes conclusões: a) O loteamento fechado, apesar de não estar previsto, especificamente, na lei 6766 de 19.12.79, é forma de parcelamento do solo urbano que deve ser submetida às disposições desse diploma legal. b) As vias de comunicações, praças e espaços livres integrantes do loteamento fechado passa, desde a data do registro do loteamento, a integrar o domínio do Município (art. 22 da Lei 6766/79), sendo, portanto, de sua competência autorizar o fechamento do loteamento e autorizar, por decreto ou por lei, o uso daqueles bens públicos, através dos institutos de permissão de uso ou da concessão de uso. 11

Art. 7º. É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares, remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, ou outra utilização de interesse social. 12

Condomínio loteamento fechado Vias de circulação e áreas de uso comum Não caracterização de locais abertos ao público Uso somente autorizado pela administração Admissibilidade Ausência de afronta ao art. 5º, XVI, da CF. (3ª Câmara Cível do TACivMG Ap. 195.051). Condomínio especial Loteamento fechado Despesas de conservação das partes comuns Cobrança das cotas relativas ao orçamento aprovado em Assembléia Geral Legitimidade Possibilidade de os proprietários desses lotes assumirem a obrigação da manutenção de equipamentos urbanos que, normalmente, seriam de responsabilidade do poder Público Obrigatoriedade de quem usufrui das utilidades, contribuir na proporção indicada na Convenção. (6ª Câmara do TARJ, Ap. 11.863) 13

A lei é sempre tida como válida não porque a sua constitucionalidade tenha sido objeto de exame pelas comissões técnicas do Parlamento, nem porque se deve presumir que este procure sempre agir com pleno respeito à órbita constitucional de seus poderes. Não. Ela, desde que se apresente formalmente perfeita, há de ser considerada boa, firme, válida, como qualquer outro ato do poder público, ou qualquer ato jurídico, na órbita privada, até que sua ineficácia ou nulidade seja reconhecida ou declarada pelos tribunais. 14

Irrelevante, in casu, tratar-se de condomínio informal ou irregular, associação de moradores, com ou sem convenção ou estatuto registrado, pois entre partes, no conjunto fechado, os serviços e utilidades necessários são inquestionavelmente rateados. Caberá ao Judiciário desconstituir e punir eventual tentativa do fabrico de associação ou condomínios espúrios onde, v.g., uma célula de espertalhões queira extorquir obulos-cota da comunidade fechada. 15

Obrigado Marcelo Manhães de Almeida 16