A importância da Agricultura na Coesão do Território apontamentos a propósito da apresentação de Henrique Pereira dos Santos

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Transcrição:

A importância da Agricultura na Coesão do Território apontamentos a propósito da apresentação de Henrique Pereira dos Santos Francisco Cordovil 13 de Fevereiro de 2019 1. Seleção e sublinhados... 2. Dados e reflexões a propósito... 1º Congres(s)o Ibérico do Milho / Del Maíz XII Congresso Nacional do Milho

apontamentos a propósito da apresentação de Henrique Pereira dos Santos 2. Dados e reflexões a propósito...

Densidade Populacional em 2011 por Freguesias Não há correlação visível (nem causalidade obrigatória) entre o despovoamento e o abandono, a desertificação ou a perigosidade de incêndio.

Regiões 1. Noroeste Litoral 2. Noroeste Interior 3. Douro e Terra Quente 4. Mont. e Plan. N. Interior 5. Cordilh. C. e Pinhal Interior 6. Centro Litoral 7. Oeste, Lx e Setúbal 8. Ribatejo 9. Beira Baixa e Alentejo 10. Algarve Floresta (39%) + Matos (12%) + Sist. Agro-florestais (8%) + Agricultura (26%) = 85% Regiões - divisão territorial adotada e fundamentada no trabalho Cordovil, F., 2018. Política Agrícola e Equidade Territorial no Limiar 2020 - (doc. trab.) in A ocupação e uso dos solos rústicos, apesar da sua enorme diversidade territorial, envolve sempre um combinação sistémica de atividades agrícolas, florestais e agroflorestais. Logo o solo rústico nunca devia ser tratado como um queijo ou uma manta de retalhos... http://www.iniav.pt/menu-de-topo/divulgacao/edicoes-proprias/revistas-cientificas/cadernos-tecnicos-silva-lusitana.

A ocupação e uso agrícola de uma parte significativa do solo é um fator decisivo para reduzir o risco de incêndio rural e florestal... Na sua ausência, regra geral, a perigosidade de incêndio aumenta exponencialmente.

Aumento exponencial da área ardida quando a proporção SAU/SAF se reduz abaixo do limiar 40%...

Aumento exponencial da área florestal e de matos ardida quando a proporção SAU/SAF se reduz abaixo do limiar 40%, devido à maior acumulação e continuidade da vegetação mais combustível e à redução do efeito cortafogo dos campos agrícolas... Exceto perante incêndios de grande intensidade e dimensão a área agrícola é, regra geral, muito mais resistente ao fogo do que os matos e floresta

Aumento exponencial da área ardida quando a proporção SAU/SAF se reduz abaixo do limiar 40%... Grande aumento dos Incêndios a partir dos meados dos anos 90...

< 1% SAF Ardida SAU/SAF < 40% < 1% SAF Ardida SAU/SAF > 40% 1-2% SAF Ardida SAU/SAF < 40% 1-2% SAF Ardida SAU/SAF > 40% > 2% SAF Ardida SAU/SAF < 40% > 2% SAF Ardida SAU/SAF > 40% > 2% SAF Ardida SAU/SAF < 40% N.º de Concelhos 102 % da SAF Ardida (média anual 2000-2017) 4,3 % SAU / SAF (2010) 26 % da SAF Ardida no Continente 65,7 % da SAF Total do Continente 30 < 1% SAF Ardida SAU/SAF > 40% N.º de Concelhos 83 % ardida da SAF (média anual 2000-2017) 0,4 % SAU / SAF (2010) 71 % da SAF Ardida no Continente 7,5 % da SAF Total do Continente 39

Concluindo: A ocupação e uso agrícola de uma parte significativa do solo rústico é um fator insubstituível para reduzir o risco de incêndio rural e florestal... Na sua ausência a perigosidade de incêndio aumenta exponencialmente... Dadas as consequências devastadoras dos incêndios rurais, seria de esperar que as políticas públicas, com destaque para a política agrícola e florestal, incluíssem no topo das suas prioridades o apoio à atividade agrícola nas zonas com maior risco de incêndio. Mas tal não acontece e antes pelo contrário... Para que este e outros problemas que afetam diretamente os espaços rústicos mais frágeis não vão de mal a pior, com as consequências conhecidas, convém arrepiar caminho. E podemos e devemos fazê-lo, em particular através das opções políticas nacionais para o pós 2020. O Henrique Pereira Santos, hoje e aqui, como em muito outros locais bem nos tem chamado à razão e nos aponta caminhos...