UTENTES DA VIA MAIS VULNERÁVEIS

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Transcrição:

FICHA TÉCNICA UTENTES DA VIA MAIS VULNERÁVEIS Níveis GDE Temas Transversais Síntese informativa Nível 1 Nível Atitudinal; Nível 3 Nível Táctico Tema 2 - Atitudes e Comportamentos; Tema 6 - Domínio das Situações de Trânsito Vulnerabilidade de certos utentes Crianças enquanto peões Idosos enquanto peões Deficientes enquanto peões Ciclistas e veículos de duas rodas Condutores inexperientes SUGESTÕES DE OPERACIONALIZAÇÃO FORMAÇÃO TEÓRICA Nível 1 Nível Atitudinal - Conhecimentos Básicos de Segurança Rodoviária Objectivos Métodos e Recursos Compreender as características, as dificuldades e as limitações dos utentes da via mais vulneráveis Método expositivo Método interrogativo Método activo Grupos de discussão Trabalhos de grupo Portaria nº 536/2005, de 22 de Junho Cap. I, Sec. I, IV -1,2,3 FORMAÇÃO PRÁTICA Nível 3 Nível Táctico - Domínio das Situações de Trânsito Objectivos Métodos e Recursos Assumir no trânsito os comportamentos de prevenção para utentes vulneráveis, respeitando as suas limitações e dificuldades Método demonstrativo Método interrogativo Condução comentada Veículo de instrução Portaria nº 536/2005, de 22 de Junho Cap. II, Sec. II, 3.10 1

UTENTES DA VIA MAIS VULNERÁVEIS VULNERABILIDADE DE CERTOS UTENTES A vulnerabilidade dos utentes da via é um sintoma de deficiente envolvente rodoviária e falta de responsabilização de quem a utiliza. Antes de sermos condutores, todos somos peões, e cada condutor, também peão, tem a obrigação de os respeitar e de ser solidário e compreensivo com as suas dificuldades. As estatísticas demonstram esta realidade, ou seja, dão conta do elevado número de acidentes com peões. Na verdade, verificam-se todos os anos um elevado número de atropelamentos, sendo a sua maior parte dentro das localidades. Nº % TOTAL VÍTIMAS Atropelamentos 5412 Mortos 127 16 % Feridos Graves 513 20 % Feridos Ligeiros 5179 16 % Fonte: ANSR 2008 35% dos atropelamentos ocorrem no atravessamento de vias e nos locais assinalados para esse efeito, ou seja, nas passadeiras, e, dentro das localidades representam 90% dos atropelamentos mortais e 60% dos atropelamentos com feridos. 2

CRIANÇAS ENQUANTO PEÕES Cerca de 7% das mortes por atropelamentos verificam-se com crianças e jovens em idade escolar ou mesmo pré-escolar (menores de 18 anos) representando este grupo cerca de 30% do total das vítimas por atropelamento (Fonte, ANSR 2008). As capacidades físicas e mentais da criança desenvolvem-se gradualmente e somente quando atinge os 11 ou 12 anos é que se pode afirmar que possuem efectivamente as mesmas aptidões de um adulto para fazer face ao trânsito rodoviário. As crianças, pelo seu comportamento distraído e irreflectido, são na maior parte das vezes imprevisíveis no trânsito. As principais razões que explicam este comportamento devem-se, em parte, à sua pequena estatura e reduzido campo de visão em comparação com o dos adultos. Por outro lado, caracterizam-se por revelarem dificuldade de concentração, mesmo perante perigos rodoviários explícitos, não adaptando o seu comportamento às exigências de trânsito que nesse momento enfrentam. Concorre também para o agravamento do risco, a falta de exemplo didáctico de muitos adultos, que acabam por assumir na maior parte das vezes comportamentos desadequados às condições adversas que encontram no trânsito. 3

IDOSOS ENQUANTO PEÕES Este é talvez o grupo mais vulnerável, pois representa mais de 50% da vítimas mortais em atropelamentos nos indivíduos com mais de 60 anos de idade. A maior parte dos idosos desloca-se mais devagar do que os jovens, o que deve ser salvaguardado quando se trata de dimensionar, por exemplo, uma passagem de peões, e deva ser respeitado pelos condutores. Dado o processo de envelhecimento a que estão sujeitos, vêem reduzidas progressivamente as suas capacidades físicas e cognitivas, embora eles próprios nem sempre se apercebam das suas limitações. Estas limitações associadas à pressão do ambiente rodoviário, que não é complacente com tais situações, torna-os utentes da via especialmente vulneráveis no trânsito. Este grupo etário apresenta um elevada taxa de mortalidade, relacionada com a sua maior debilidade física e por apresentarem maior dificuldade na recuperação pós-acidente. As suas dificuldades de locomoção, as dificuldades sensoriais ao nível da visão e da audição, tornam-nos vítimas fáceis. 4

PESSOAS DEFICIENTES ENQUANTO PEÕES Incluem-se neste grupo de pessoas as que têm de locomoção, dificuldades sensoriais (cegos, surdos) e ou dificuldades psíquicas. Face a estas limitações, os condutores têm de lhes dar mais tempo, sempre que os encontram no trânsito. E na verdade, estes cidadãos portadores de deficiência deparam- -se diariamente com dificuldades acrescidas no seu relacionamento com a envolvente rodoviária, dado que esta não está devidamente preparada com estruturas que sejam consentâneas com as dificuldades das suas necessidades de mobilidade. Muitas vezes, como condutores, não temos a capacidade de identificar algumas destas deficiências num peão, simplesmente por olhar para ele. Devemos compreender que estes utentes tão específicos sofrem muito com as dificuldades apresentadas pela circulação rodoviária e seus obstáculos, pondo em causa não só a sua integridade física, mas também os direitos fundamentais dos cidadãos, no seu geral e dos que precisam de atenção especial. Aos peões, crianças, idosos e deficientes têm de ser dada atenção especial pelos restantes utentes da via, particularmente pelos condutores. 5

Cabe portanto a todos nós estarmos sensíveis a esta problemática e, diariamente, conscientes que o civismo na estrada, a paciência e a comunicação compreensiva e consentânea são fortes ferramentas para a diminuição dos acidentes números e consequentes flagelos deles resultante. Como podemos reduzir o risco dos atropelamentos e acidentes com peões? Cabe especialmente aos condutores, zelarem pela segurança dos peões, seja qual for a sua idade, condição ou estatuto. Devem acautelar sempre o atravessamento das vias pelos peões, mesmo fora das zonas definidas para esse efeito; Em zonas urbanas ou residenciais e outras zonas com peões, reduza sempre a velocidade para um nível que lhe permita imobilizar o veículo no caso de qualquer aparecimento inesperado de alguém a atravessar a via; a velocidade máxima de 50 kms/hora em zonas urbanas, representa a capacidade de imobilizar o veículo num espaço de cerca de 25 metros após o avistamento do peão e verificada a necessidade de travar, isto no caso de boas condições de aderência e visibilidade; nos atropelamentos acima dos 50 kms/hora a probabilidade de sobrevivência do peão desce para os 10%, e acima dos 60 kms/hora, os atropelamentos são todos potencialmente mortais; em zonas de maior afluência de peões, ruas estreitas, zonas residenciais e escolares e espaços peatonais, a velocidade deve ser reduzida para os 30 kms/h; quando se aproximar de uma passadeira, existindo qualquer peão próximo, mesmo que ainda não esteja a iniciar o atravessamento, reduza a velocidade e prepare-se para parar; ao parar junto de uma passadeira, imobilize o veículo suficientemente afastado da passadeira por forma a facilitar a visão do peão para outros condutores e a facilitar a visão dos condutores para o peão; ao parar numa passadeira para permitir o atravessamento de um peão, evite dar-lhe qualquer sinal que lhe transmita confiança. Por vezes os peões perante a cedência de passagem dada por um condutor, tendem a agradecer, sentem-se seguros e menosprezam a segurança, muitas vezes atravessando sem verificar se vêm outros veículos; quando parar junto de uma passadeira e enquanto aguarda o atravessamento do peão, verifique o transito à retaguarda e nas vias paralelas. Se necessário, sinalize aos outros condutores para reduzirem a velocidade ou pararem; Nalguns locais e especialmente para dar apoio ao atravessamento de uma criança ou idoso, pode colocar o seu veículo numa posição que dificulte a passagem de outros veículos, impedindo assim um potencial atropelamento. 6

CICLISTAS E VEÍCULOS DE DUAS RODAS Este tipo de utentes estão muito sujeitos a acidentes, porque utilizam veículos que não os protegem em caso de queda ou colisão. Muitas vezes revelam comportamentos que: Tendem a impressionar os outros, principalmente os seus pares; Assumem comportamentos de risco ou exibicionistas; Efectuam manobras perigosas e/ou proibidas; Particularmente nos veículos motorizados, conduzem agressivamente e com velocidades elevadas. A melhor maneira de evitar acidentes com utentes de duas rodas é circular afastado deles, dando-lhes espaço, pois a sua trajectória pode sofrer a qualquer momento desvios bruscos. 7