DIVERSIDADE E IDENTIDADE SOCIOCULTURAL NO DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COM CRIANÇAS AMAZÔNIDAS EM UM AMBIENTE HOSPITALAR 1 RESUMO

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Transcrição:

DIVERSIDADE E IDENTIDADE SOCIOCULTURAL NO DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COM CRIANÇAS AMAZÔNIDAS EM UM AMBIENTE HOSPITALAR 1 Jessyca Moraes de Oliveira (Autor); Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia Universidade do Estado do Pará (Jessyca.ped@gmail.com) Camila Freire Siqueira (Co-autor); Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia Universidade do Estado do Pará (milafreiresiqueira@gmail.com) Rosilene Ferreira Gonçalves Silva (Orientador). Professora da Universidade do Estado do Pará e Pedagoga da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Universidade do Estado do Pará (rosilenefgs@gmail.com) RESUMO Este artigo retrata a importância de atividades educativas voltadas às questões culturais de valorização da identidade de crianças, através de práticas lúdico-pedagógicas em uma enfermaria pediátrica realizadas por extensionistas da Universidade do Estado do Pará, através de um projeto na linha da pedagogia hospitalar pelo Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagogia em Movimento (GEPPEM). O objetivo foi trabalhar no ambiente hospitalar as questões culturais com as crianças hospitalizadas, devido a necessidade de reafirmar a identidade amazônica que se perde ao longo da história, por hábitos, costumes e crenças de outros lugares ou pela desvalorização dos saberes das populações locais. Foram realizadas práticas pedagógicas sistematizadas e sequenciais por meio de um subprojeto ao qual remetia essa temática, sendo construídas com as crianças e pré-adolescentes recortes de imagens, pinturas, colagem e contação de lendas, com intuito estimular o reconhecimento e implicações de suas culturas, bem como, desenvolver a coordenação motora, a imaginação e interação. Também, foi ressaltado a valorização de suas particularidades e respeito a cultura dos outros. O resultado do trabalho é percebido por meio da relevância que esta ação oferece ao processo de desenvolvimento cognitivo, sociocultural das crianças e o apoio à recuperação e manutenção da saúde dos educandos enfermos. As atividades pedagógicas contribuíram para transformar um ambiente anteriormente conceituado como sofredor e triste, para um que está engajado e preocupado com o público que necessita de cuidados humanizados. Palavras-chave: Educação. Cultura. Ludicidade. Ambiente hospitalar. 1. INTRODUÇÃO Ao longo da história houve várias reformas sanitárias e mudanças nas políticas públicas de saúde, no entanto somente em 1998 foram efetivadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando então a garantia por lei de direitos em relação a saúde integral. Dessa forma, proporcionou aos indivíduos o direito da promoção, proteção e recuperação da saúde. Logo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 veio para defender os direitos que implicam no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Então, a educação é um dos direitos assegurados a 1 Artigo desenvolvido a partir de atividades realizadas na enfermaria pediátrica Santa Ludovina da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará através da extensão universitária do Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagogia em Movimento (GEPPEM) da Universidade do Estado do Pará.

esses mencionados anteriormente, de forma que deve ser igualitária e efetiva para alcançar a cidadania moral e ética desses indivíduos na sociedade. Sendo assim, o contexto de afastamento de sua vivencia cotidiana devido o ingresso no hospital, não deve ser impedimento para o cumprimento na oferta do ensino-aprendizagem que lhe é garantido. Não obstante, a pedagogia hospitalar está como causadora desse alcance na vida de crianças e adolescentes hospitalizados com objetivo de garantir a não redução ou afetação no seu desenvolvimento. Vale ressaltar, a importância das práticas pedagógicas que serão desenvolvidas no atendimento desse aluno-paciente, pois principalmente através do lúdico será perceptível a mudança no dia a dia no hospital, tornando o lugar menos doloroso e sofrido. Reaparecendo o sorriso e a esperança de persistir para sua cura. Então, a ludicidade, seja por brinquedos, pintura, recorte, contação de estória ou uma brincadeira, trará vida nos ambientes em que esse público está inserido. Dessa forma, foram realizadas atividades lúdicas pedagógicas com crianças e préadolescentes em uma enfermaria pediátrica, tanto no espaço em grupo, quanto nos leitos, possibilitando o acesso à todas. Com intuito de trabalhar temáticas que são imprescindíveis na educação da região amazônica. Então, a cultura foi o enfoque da atividade, assim, BRASIL (1997) determina cultura como um conjunto de saberes e características diversas que devem fazer parte da identidade de crianças e adolescentes que vivem nessa localidade, sendo respeitadas e valorizadas. Em suma, resgatar e reafirmar a cultura da sua respectiva região com esses jovens são ações que interferem na formação futura dos mesmos, tanto no âmbito de ver as coisas, quanto na capacidade de suas atitudes. Portanto, o objetivo de intervenções como essa práxis sempre será o cidadão que reconhece suas origens e luta para que não se apaguem. 2. DESENVOLVIMENTO A priori, a educação faz-se presente a todo instante em qualquer lugar na sociedade. Sendo assim, seja através da interação e (ou) comunicação com pessoas, animais ou objetos, ocorre a troca de conhecimentos e construção de novos. Então, nesse pensamento Brandão (1981) enfatiza que existem distintos contextos sociais capazes de fundamentar aprendizados e ensinamentos necessários à vida em sociedade, dessa forma o hospital é um indiscutível gerador dos últimos mencionados, principalmente no convívio com crianças e adolescentes internados que trazem de suas vivencias conhecimentos indispensáveis para ser compartilhas e trabalhadas.

A pedagogia hospitalar veio garantir o direito da criança de estudar, aprender, brincar e de interferir de forma positiva no tratamento e recuperação da mesma. Uma vez que foram afastadas do convívio social, escolar, familiar e de tudo que estavam habituadas a fazer devido ao aparecimento de enfermidades a qual restringiram sua vivência por curto ou longo prazo no hospital, a atuação do pedagogo vem para tornar esse dia-a-dia menos doloroso. Então, proporcionar a esse aluno-paciente atividades e ações que foquem no ser-criança é uma forma de interferi no seu desenvolvimento atual e futuro, bem como na escola. Nesse sentido, Silva e Silva (2013, p.44) afirmam que É preciso que passemos a visualizar a educação no âmbito da saúde, pois ela nos acompanha desde o nascimento até a morte, e por ser dessa forma, Educação é vida, e vida é Saúde. Assim sendo, a educação é humanizadora, faz parte da vida e interfere no sujeito, assim como a saúde, portanto o desenvolvimento mental e físico que a educação proporciona nas crianças e jovens garante à eles o êxito na recuperação, seguida se sua alta do hospital. Portanto, a capacitação correta que os pedagogos tanto da educação formal e não formal devem ter é uma exigência para a obtenção de cidadãos conhecedores do contexto em que estão inseridos, capazes de se posicionarem diante de situações impostas, seja atitudinal ou emocional. Então, nessa perspectiva as crianças e adolescentes hospitalizadas tem o direito de desenvolver a autonomia que necessita e requer para o alcance de sua total formação como adulto, bem como ocorre nas escolas (FREIRE, 2013). A experiência educativa aqui retratada surgiu por meio do Projeto de Extensão em Pedagogia Hospitalar vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagogia em Movimento (GEPPEM) da Universidade do Estado do Pará (UEPA) a qual desenvolve suas ações pedagógicas na Fundação Santa Casa Misericórdia do Pará (FSCMP). Os sujeitos atendidos foram crianças de três a doze anos de idade submetida em tratamento de saúde na enfermaria pediátrica Santa Ludovina, com objetivo de reafirmar as origens sociais e culturais de cada criança, bem como suas diversidades particulares, além de desenvolver objetivos específicos, ou seja, imaginação, interação e coordenação motora, trabalhando de forma lúdica pedagógica. As práticas lúdico-pedagógicas são uma forma de conquistar a criança e a brincadeira é capaz de permitir o prazer e segurança ao se expressar nas atividades (KISHIMOTO, 1997). Então, por meio do subprojeto seguiu de maneira sequenciais e metodológicas, agregada a atividades de interesse das crianças, considerando também a relevância que esta oferece ao processo de desenvolvimento cognitivo, sociocultural e a recuperação e manutenção da saúde. Para desenvolver as atividades educativas associadas à cultura se abordou as seguintes temáticas: quem eu sou; os

tipos de moradias; o lugar de onde vim e as histórias, lendas e casos de onde viemos, vale destacar que cada tema era correspondente a um dia de atendimento tanto no espaço coletivo, quanto no leito. Sendo assim, o desenvolvimento das atividades se deu em quatro dias ininterruptos e os dados foram obtidos através de observação, descrição e análise das atividades e fotografias. Logo, começou por meio da identificação dos sujeitos envolvidos naquele período, para observar o contexto sociocultural que os mesmos estão inseridos na realidade cotidiana, também foi enfatizada a importância de cada um na sociedade e como a diversidade cultural contribui para crescimento pessoal e social, foi feito também uma atividade de confecção artesanal da certidão de nascimento. Em outro momento, foi explicado os tipos de moradias em uma roda conversa com auxílio de imagens acerca das diversas moradias que existem e dessa maneira investigar a estrutura física das moradias dos alunos-paciente, bem como os valores associados a elas e, após, foi pedido à eles que construíssem suas casas. Seguido, ainda as temáticas, foi questionado com cada um a respeito do lugar de onde cada aluno veio, identificando suas localidades de origem. Depois disso foi falado sobre outros lugares e as diversidades culturais presente em cada local e para reforçar, foi entregue as crianças imagens afim de descreverem por meio de colagem em um papel A4 as principais características que lembravam o lugar aonde vivem fora do ambiente hospitalar. Figura 1: Criança fazendo a colagem no papel A4. Para finalizar as ações pedagógicas relacionadas às temáticas propostas incialmente aqui, a saber, as histórias, lendas e casos de onde viemos, foi realizada a contação de estória regional do curupira e por meio de uma roda de conversa se discutiu o universo imaginário das lendas e casos de alguns lugares apresentados pelas crianças e, como elas são importantes para identidade das pessoas da região amazônica. Os resultados são descritos a seguir. No contexto das práticas educativas em ambientes não escolares como o hospital, foi possível realizar durante o primeiro semestre de 2017, algumas atividades com crianças e préadolescente a qual apresentaram diversas patologias de alta e média complexidade,

consequentemente, os dias de atendimento correspondeu ao tempo de permanência que cada paciente-aluno, bem como respeitando os limites de aprendizagem dos mesmos. Diante desse cenário, as propostas apresentadas teve a finalidade de oportunizar aos sujeitos envolvidos um trabalho lúdico, pedagógico e dialógico relacionado às diversidades culturais a fim de reafirmar a identidade da criança amazônida. Vale ressaltar, que tratar dessa problemática com crianças e adolescente é de suma importância, os Paramentos Curriculares Nacionais (PCNs) também recomenda um trabalho voltado à pluralidade cultural em idade escolar, frente à valorização e o respeito às diversas culturas (BRASIL, 1997) ainda que a realidade hospitalar não seja considera um lugar agradável, não se pode dizer que ele é isento de conhecimento. Considerando que a interação sociocultural acontece independentemente do espaço, vale ressaltar que o pedagogo nesse cenário é o profissional que tem uma percepção ampliada no que se refere mediar a aquisição de novos conhecimentos e manifestação de afetividade, interação e socialização através de estratégias metodológicas de ensino e aprendizagem que vise garantir um direito assegurado por lei no Brasil, obrigatoriamente, pelo Estatuto da Criança e adolescente (ECA), através de resolução n 41, de outubro de 1995, que no item 9, destaca o Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programa de educação para saúde, acompanhamento durante a sua permanência no hospital. Por isso, o pedagogo deve trabalhar juntamente com equipe multiprofissional de saúde no hospital. Assim, o trabalho realizado pelas graduandas do curso de pedagogia/uepa juntamente com o apoio da classe hospitalar, articulou didaticamente as práticas educativas para alcançar os objetivos aqui propostos, integrando o lúdico como estratégias metodológicas. À medida que as atividades foram realizadas permitiu uma descoberta acerca da realidade sociocultural dos alunos pacientes, até então desconhecida. Durante as atividades as crianças e pré-adolescentes mostraram um sentimento de afeto ao recordarem a casa, o lugar, as pessoas de onde vivem, mais uma vez percebemos que o ambiente hospitalar era um espaço desagradável. Ainda que o cenário seja desconfortável foi possível despertar um sentimento de pertencimento em relação ao lugar e com os sujeitos sociais a qual eles estão inseridos, assim como perceber como isso interfere na convivência social, na linguagem, no costume, no hábito com outras pessoas, e consequentemente, na formação de suas identidades. Portanto viabilizar um espaço acolhedor e de desenvolvimento de uma educação de qualidade, na perspectiva de um trabalho a partir da diversidade cultural foi importante para o

conhecimento e reconhecimento da identidade amazônida na enfermaria pediátrica para que fosse possível reafirmar as origens socioculturais da região amazônica que se perde ao longo da história, por hábitos, costumes e crenças de outro lugar. 3. CONCLUSÃO A prática educativa frente a diferenças culturais em um hospital por meio do projeto de extensão universitária tem se revelado como um meio eficiente para assegurar o direito as crianças e adolescentes de estudar, aprender, brincar e de interferir de forma positiva no tratamento e recuperação da mesma. Deste modo as ações realizadas buscaram uma práxis pedagógica que proporcionasse uma convivência harmoniosa e respeitosa frente às diferenças socioculturais, além de mediar o conhecimento e reconhecimento da especificidade de cada identidade para reafirmar de maneira contextualizada as origens histórica e social na formação das identidades amazônidas, e assim valoriza-la. Concomitantemente uma oportunidade para as graduandas do curso de pedagogia/uepa aprender, interagir e socializar com novas práticas pedagógicas no processo de formação e aperfeiçoamento científico e metodológico de futuros profissionais da educação em um ambiente escolar e não escolar em uma sociedade onde o mercado de trabalho oferece grandes desafios. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural, orientação sexual/ secretaria de Educação Fundamental Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico de Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS. Documento base para Gestores e trabalhadores do SUS - 4. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. Brasil. Estatuto da criança e do adolescente (1990). Estatuto da criança e do adolescente: Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. 3. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. 33. Ed. São Paulo. Brasiliense. 1995. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Paz e Terra, 1996. KISHIMOTO, T. M (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 2. ed. São Paulo: Cortez. 1997. SILVA, Neilton da; SILVA, Elane de A. Pedagogia Hospitalar: fundamentos e práticas de humanização e cuidado. Cruz das Almas/BA. UFRB. 2013.