INTRODUÇÃO. = 1 µg de retinol = 12 µg de b caroteno. = 7,2 µg de outros carotenóides. 1 UI : = 0,3 µg retinol = 3,6 µg b caroteno ESTRUTURA QUÍMICA



Documentos relacionados
2 - Biodisponibilidade. Biodisponibilidade Velocidade e extensão de absorção de um fármaco a partir de uma forma de administração

Nestas últimas aulas irei abordar acerca das vitaminas. Acompanhe!

METABOLISMO DE LIPÍDEOS

Figura 1: peridrociclopentanofenantreno

AULA VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS. Patricia Cintra

Dra. Kátia R. P. de Araújo Sgrillo.

VITAMINAS. COMPOSTOS ORGÂNICOS, NECESSÁRIOS EM QUANTIDADES PEQUENAS -mg, µg/ DIA;

Recuperação. Células tecidos órgãos sistemas. - As células são as menores unidades vivas e são formadas por três regiões:

Profa. Alessandra Barone

M E T B O L I S M O CATABOLISMO ANABOLISMO

9/30/2014. Por que engenheiros biomédicos precisam estudar anatomia e fisiologia? Introdução. Fisiologia. Anatomia

CURSO de MEDICINA VETERINÁRIA - Gabarito

VITAMINA A. Nutrição e Biodisponibilidade de Nutrientes Curso de Nutrição

Eliane Petean Arena Nutricionista - CRN Rua Conselheiro Antônio Prado 9-29 Higienópolis Bauru - SP Telefone : (14)

Hormonas e mensageiros secundários

Biomassa de Banana Verde Integral- BBVI

REGISTRO: Isento de Registro no M.S. conforme Resolução RDC n 27/10. CÓDIGO DE BARRAS N : (Frutas vermelhas) (Abacaxi)

O CICLO DO ERITRÓCITO

Na aula de hoje continuaremos a estudar as vitaminas. Acompanhe!

47 Por que preciso de insulina?

Função orgânica nossa de cada dia. Profa. Kátia Aquino

Perfil Lipídico. Prof. Fernando Ananias FUNÇÃO DOS LIPÍDIOS

Células A (25%) Glucagon Células B (60%) Insulina Células D (10%) Somatostatina Células F ou PP (5%) Polipeptídeo Pancreático 1-2 milhões de ilhotas

Álcool e energéticos. Uma mistura perigosa. José Guerchon Camila Welikson Arnaldo Welikson Barbara Macedo Durão


Aula 9 Sistema digestório

TECIDOS. 1º ano Pró Madá

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL - UNISC DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA II

Membranas Biológicas e Transporte

Sistemas do Corpo Humano

RESENHA: Novas perspectivas na luta contra a dependência química provocada pela cocaína.

ANTICORPOS. CURSO: Farmácia DISCIPLINA: Microbiologia e Imunologia Clínica PROFESSORES: Guilherme Dias Patto Silvia Maria Rodrigues Querido

Excreção. Manutenção do equilíbrio de sal, água e remoção de excretas nitrogenadas.

Disciplina de Fisiologia Veterinária. GH e PROLACTINA. Prof. Fabio Otero Ascoli

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS - 9.º ANO

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS 9.º ANO

TABELA DE EQUIVALÊNCIA Curso de Odontologia

Professor Fernando Stuchi M ETABOLISMO DE C ONSTRUÇÃO

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 269, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

Níveis de organização do corpo humano - TECIDOS. HISTOLOGIA = estudo dos tecidos

Profa. Susana M.I. Saad Faculdade de Ciências Farmacêuticas Universidade de São Paulo

NUTRIÇÃO DE GATOS. DUTRA, Lara S. 1 ; CENTENARO, Vanessa B. 2 ; ARALDI, Daniele Furian 3. Palavras-chave: Nutrição. Gatos. Alimentação.

prorrogada(o) por:resolução RDC nº 182, de 03 de outubro de 2006

substância intercelular sólida, dura e resistente.

Nutrição. tica (SND) Disciplina:Nutrição para Enfermagem Curso: Enfermagem Semestre: 4º. Profa. Dra. Andréia Madruga de Oliveira Nutricionista

Disciplina: FISIOLOGIA CELULAR CONTROLE DA HOMEOSTASE, COMUNICAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO CORPO HUMANO (10h)

MICRONUTRIENTES: Vitaminas e Minerais

Confira a lista dos 25 melhores alimentos para emagrecer:

EXERCÍCIOS PARA O 8 ANO (2015)

Os lipídios são substâncias com estrutura variada sendo muito abundantes em animais e vegetais;

Ingredientes: Óleo de açaí e vitamina E. Cápsula: gelatina (gelificante) e glicerina (umectante).

SISTEMA URINÁRIO. Prof. Me. Leandro Parussolo

Alimentação na Gestação

Ingredientes: Óleo de castanha do pará e vitamina E. Cápsula: gelatina (gelificante) e glicerina (umectante).

3ªsérie B I O L O G I A

Dra. Kátia R. P. de Araújo Sgrillo.

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO I BIOENERGÉTICA: CICLO DE KREBS

NUTRIÇÃO. Prof. Marta E. Malavassi

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE. Profª Sandra Carvalho

1. Introdução. Digestão, Absorção e Transporte:

EXERCÄCIOS DE HISTOLOGIA. 1- (PUC-2006) Associe o tipo de tecido animal Å sua correlaçéo:

TECIDO CONJUNTIVO 28/07/2015. Origem mesodérmica; Grande quantidade de substância intercelular: Profº Fernando Vascularizado.

COMUNICAÇÃO CELULAR. Bioquímica Básica Ciências Biológicas 3º período Cátia Capeletto

VITAMINA B2. Riboflavina. Informações Técnicas. INCI NAME: Riboflavin ou Lactoflavin CAS NUMBER:

METABOLISMO. Nesta 3 a parte da disciplina nosso principal objetivo é compreender os mecanismos pelos quais as células regulam o seu metabolismo

O corpo humano está organizado desde o mais simples até o mais complexo, ou seja, do átomo microscópico ao complexo organismo humano macroscópico.

95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. uma secreção serosa outra secreção mucosa

Plaquetas e hemostasia. Cláudia Minazaki

INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA. Profª. Juliana Delatim Simonato Rocha Lab. de Ecofisiologia Animal LEFA - CIF/CCB

Histologia animal. Equipe de Biologia

Proteína: digestibilidade e sua importância na produção. Fabrizio Oristanio (Biruleibe)

2 Conservação do sangue e hemocomponentes

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. uma secreção serosa outra secreção mucosa

ENZIMAS. Células podem sintetizar enzimas conforme a sua necessidade.

Biologia - 3ª Série Histologia Data: 13 de junho de 2007

HYDROPOM Licopeno Bioliquefeito

Multivitamínicos Minerais. Regulamentação no Brasil

Jornal Especial Fevereiro 2013

Unidade 1 Adaptação e Lesão Celular

Síntese Artificial de Peptídeos

INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

A LINGUAGEM DAS CÉLULAS DO SANGUE LEUCÓCITOS

Rejeição de Transplantes Doenças Auto-Imunes

Alimentos de Soja - Uma Fonte de Proteína de Alta Qualidade

Sistema Digestivo - Função

Concentração no local do receptor

Na aula de hoje, iremos ampliar nossos conhecimentos sobre as funções das proteínas. Acompanhe!

PROPRIEDADES E VISÃO GERAL DAS RESPOSTAS IMUNES. FARMÁCIA PROFa SIMONE PETRI AULA - 1

SISTEMA DIGESTIVO. Ciências Naturais 9º ano

Questão 89. Questão 91. Questão 90. alternativa A. alternativa E

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 269, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

Metabolismo de Lipídios PEDRO LEONARDO DE PAULA REZENDE

FISIOLOGIA RENAL EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E VALOR NUTRICIONAL DE ÓLEOS E GORDURAS


VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

DIGESTÃO HUMANA. Sistema Digestório. Professor: Fernando Stuchi. Enzimas Caminho da digestão Etapas da digestão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

Transcrição:

INTRODUÇÃO A Vitamina A foi a 1º vitamina lipossolúvel a ser descoberta em 1913 por McCollum & Davis e Osborne & Mendel. É um termo genérico que designa qualquer composto com atividade biológica de retinol(ross AC). A vitamina A existente nos vegetais amareloalaranjados e folhosos, é um precursor (pró-vitamina A), que precisa ser convertido em retinol no intestino e no fígado. Entre aproximadamente mil carotenóides já reconhecidos na natureza, apenas alguns são precursores de vitamina A, mas dados de composição dos alimentos são disponíveis para apenas três: β- caroteno, α-caroteno e β-criptoxantina. Dentre estes, o β- caroteno é o que possui maior atividade biológica de retinol, proporcionando duas moléculas de vitamina A ( retinal)por molécula de β- caroteno. A vitamina A pré-formada da dieta, encontrada em fontes animais, como o fígado, e em menor proporção na gema de ovo, consiste principalmente de ésteres de retinil, que são ácidos graxos de cadeia longa esterificados na cadeia lateral do retinol. (Sommer, 1995 Blomhoff, 1994). A atividade da vitamina A é expressa em equivalente de retinol (µg ER) = 1 equivalente de atividade de retinol (µg RAE) RETINOL, eficiência = 1 (100% utilizável) β CAROTENO, eficiência = 1/12 Outros Carotenóides, eficiência = 1/24 (α-caroteno e β-criptoxantina) 1 µg RAE: = 1 µg de retinol = 12 µg de b caroteno = 24 µg de outros carotenóides 1 UI : = 0,3 µg retinol = 3,6 µg b caroteno = 7,2 µg de outros carotenóides ESTRUTURA QUÍMICA

O retinol ( álcool) e o retinal ( aldeído) são facilmente interconversíveis no organismo por reações de oxi-redução. O ácido retinóico é formado nos tecidos através da oxidação irreversível do retinal. METABOLISMO DA VITAMINA A No lúmen intestinal, os ésteres de retinil provenientes da dieta ( principalmente o palmitato de retinil) são emulsificados com sais biliares e hidrolizados por várias enzimas pancreáticas e hidrolases antes da sua absorção(blomhoff,1994). Em concentrações fisiológicas, a absorção de retinol é facilitada, enquanto em nivéis farmacológicos, a absorção é por difusão passiva (Blomhoff, 1994 e IOM 2002). No enterócito, o retinol se liga à proteína ligadora de retinol celular (cellular retinol bindingprotein - CRPBII) e o retinol complexado é esterificado pela lecitina:retinol aciltransferase (LRAT). Quando grandes doses são absorvidas e a CRPBII se torna saturada e a esterificação do retinol livre é feita pela acyl CoA:retinol aciltransferase (ARAT). Os ésteres de retinil são então incorporados aos quilomícrons, entram na circulação linfática e migram para circulação sanguínea onde sofrem vários processos bioquímicos resultando em quilomicrons remanescentes (QMr). Embora o fígado seja o principal destino dos QMr, a captação extrahepática destes pode ser uma via alternativa de captação do retinol para tecidos como medula óssea, baço, tecido adiposo, músculo esquelético e rins. Em torno de 50 a 90% do retinol ingerido é absorvido e transportado pelos quilomicrons, na forma de ésteres de retinil, para o fígado, que é responsável pelo armazenamento, metabolismo e distribuição da vitamina A para os tecidos periféricos, contendo cerca de 50-80% das reservas corporais.

A captação dos QM r é feita pelas células parenquimatosas hepáticas. Nestas células, os ésteres de retinil são hidrolisados pela enzima hidrolase éster de retinil. O retinol formado se liga a RBP podendo ser liberado para a circulação sangüínea, oxidado até ácido retinóico, metabolizado para formas mais polares pelo sistema enzimático citocromo P450 e conjugado com sais biliares para excreção na bile, ou ser transportado para as células estreladas onde é armazenado. A proteína ligadora de retinol 1 (CRBP1) pode estar envolvida neste transporte intercelular, e não a RBP ao contrário do que se pensava. Nas células estreladas ou células de ITO, o retinol ligado a CRBP1 é esterificado pela enzima lecitina:retinol aciltransferase (LRAT) e os ésteres de retinil resultantes são armazenados. Quando o retinol está presente em níveis elevados e a CRBP1 está saturada, a enzima retinol aciltransferase (ARAT), como ocorre no intestino, pode esterificar o excesso (Blomhoff,1994). A mobilização do retinol a partir das células de Ito, ocorre após a hidrólise dos ésteres de retinil e o retinol é liberado ligado a RBP. No sangue, o complexo RBP-retinol se combina com a TTR, uma proteína também sintetizada pelo fígado, formando a holo-rbp. O retinol é então removido da corrente sangüínea e utilizado pelas células alvo. Uma parte significativa do beta-caroteno é transformado em retinal na mucosa intestinal por uma clivagem na posição central pela enzima 15,15 dioxigenase, ou mais recentemente chamada de monooxigenase, posteriormente reduzido a retinol e segue a mesma via do retinol. A vitamina A pré formada é altamente biodisponível, enquanto a biodiponibilidade e bioconversão dos carotenóides depende de vários fatores. Porém, a eficiência da absorção de ambos parece depender da quantidade e da qualidade de lípideos dietéticos. FUNÇÕES: A vitamina A participa de várias atividades biológicas: diferenciação epitelial, visão e sistema imunológico, desenvolvimento ósseo, reprodução, hematopoiese, síntese de glicoproteínas e glisoaminoglicanos, além de atividade antioxidante. Sua ação no sistema imune consiste em:

Manutenção da integridade epitelial Manutenção da imunocompetência: Síntese de linfócitos T e B Resposta mediada por anticorpos Estímulo à atividade de fagocitose dos macrófagos Regulação da resposta para patógenos específicos Manutenção da síntese de células killer Aumento na produção de interleucinas 1 e citoquinas rnenhuma deficiência nutricional apresenta maior sinergismo com doença infecciosa do que a da vitamina A, pois esta deficiência associa-se a prejuízo na resposta imunológica propiciando maior susceptibilidade a infecções (SCRIMSHAW et al, 1968). A vitamina A também participa como constituinte dos pigmentos visuais. Sua forma 11- cis retinal combina-se com a opsina para formar a rodopsina nos bastonetes da retina. A absorção da luz catalisa a fotoisomerização do 11 cis retinal deste complexo para trans retinal em vários bastonetes, o que desencadeia a sinalização para as células neuronais e a clivagem da rodopsina, que precisa ser regenerada. Na deficiência de vitamina A não há quantidades disponíveis de 11 cis retinal para formar novamente a rodopsina e começam a aparecer os sintomas de deficiência visual em presença de pouca luz A vitamina A também participa no processo visual na forma de ácido retinóico, sendo responsável pela diferenciação das células da membrana conjutival, córnea e outras estruturas. A vitamina A atua ainda na manutenção do tecido epitelial da pele e mucosas. Na ausência deste nutriente as células dos epitélios sofrem uma diferenciação anormal com formação de células escamosas e queratinizadas, afetando a função normal do epitélio gastrointestinal, respiratório, da pele e aparelho urinário. A vitamina A tem também papel primordial no crescimento, desenvolvimento e reprodução, modulando a diferenciação celular. O mecanismos envolvido parecem ser desencadeados pela ligação do ácido retinóico a receptores nucleares específicos, regulando, consequentemente, a expressão genética por meio de uma cascata de eventos. Além disto, é um nutriente de grande importância epidemiológica, sendo sua deficiência considerada um dos principais problemas nutricionais no Brasil, principalmente em estados do nordeste em grupos clássicos de risco como pré-escolares, gestantes, puérperas, recém natos e lactentes.

RECOMENDAÇÕES: (IOM, 2002) Idade IDR(µg/d) Idade IDR(µg/d) 0 a 6m 400 Gestante 7 a12m 500 <18a 750 1 a 3a 300 19 a 50a 770 4 a 8a 400 Nutriz Masculino <18a 1200 9 a 13a 600 19 a 50a 1300 14 a >70a 900 Feminino 9 a 13a 600 14 a >70a 700 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Ross AC. Cellular metabolism and actuation of retinoids: roles of cellular binding proteins. Faseb J 1993; 7: 317-327 Blomhoff R. Transport and metabolism of vitamin A. Nutr rev 1994; 52: S13-S23 Scrimshaw; Taylor, C. E.; Gordon, J. E.,. Interactions of nutrition and infection. 57 th ed. Geneve: World Health Organization. 1968 NATIONAL ACADEMY PRESS. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, vanadium, manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium and zinc. Food and Nutrition Board. Institute of Medicine (IOM). Washington, 2002