CARTILHA: DIREITOS DOS DOCENTES

Documentos relacionados
Como se proteger de situações de intimidação, assédio e defender a liberdade de cátedra

Direito Penal Material de Apoio Professor Antonio Pequeno.

VIOLAÇÃO À LIBERDADE DE CÁTEDRA, DE ENSINO E DE PENSAMENTO. O QUE FAZER?

Rixa. Rixa Participar de rixa, salvo para separar os contendores

CRIMES CONTRA A HONRA. (continuação)

Atuando em favor da vítima. Prof. Rodrigo Capobianco Legale

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - SANTA CATARINA GABINETE DO PROCURADOR REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO/PRSC

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte V. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

CRIMES CONTRA A PESSOA

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais - Parte 4. Prof. Karina Jaques

RECOMENDAÇÃO CONJUNTA Nº 73/2018

Petrolina PE, 04 de novembro de Da Assessoria Jurídica Daniel Besarria. Para os Docentes da Universidade de Pernambuco.

QUAIS SÃO OS DIREITOS DAS PESSOAS COM EPIDERMÓLISE BOLHOSA? Inclusão escolar, social e no trabalho

AULA 03 ROTEIRO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 5º; 37-41; ; LEI DE 13/07/1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E C A PARTE 03

Art A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA NO MUNICIPIO DE CHAPECO-SC GABPRM2-CHPJ

Crimes Digitais.

INTERNET SEGURA (AB)USO, CRIME E DENÚNCIA

Art O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Direito Constitucional

POEB - POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

LEI Nº DE 30 DE DEZEMBRO DE 2009 TÍTULO I PRINCIPAIS BASES DE ORDEM LEGAL TÍTULO II CONCEITUAÇÃO E ÓRGÃOS DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

CORREGEDORIA EM AÇÃO NA TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

DIREITO PENAL. Crimes decorrentes de preconceito de raça ou cor. Lei nº 7.716/1989. Parte 2. Prof.ª Maria Cristina.

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde (continuação)

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO TOCANTINS. Recomendação no 117/2018/PRTO/PRDC. Procedimento Administrativo no /

Regime de Colaboração: um desafio para a educação pública com qualidade

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes

DIREITO PROCESSUAL PENAL

03/04/2017. Departamento de Psicologia Psicologia da Aprendizagem aplicada à área escolar Profª Ms. Carolina Cardoso de Souza

Estado de Mato Grosso MINISTÉRIO PÚBLICO 2ª Promotoria de Justiça Cível de Alta Floresta/MT

PROVA OBJETIVA DA POLÍCIA FEDERAL DELEGADO DE POLÍCIA QUESTÕES DE DIREITO PENAL QUESTÃO 58

Direito Penal CERT Regular 5ª fase

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSIDERANDO os princípios referendados na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE ÉTICA DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECCIONAL DO ESTADO DA BAHIA

ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

1. Questões Prova - Escrivão PC PR

II INFÃNCIA EM FOCO O ATO INFRACIONAL E (IN)DISCIPLINAR NO CONTEXTO ESCOLAR: busca de alternativas com trabalhos em parceria

RECOMENDAÇÃO N 3/2018/1ºOFÍCIO/PRM/RVD. Procurador da República signatário, no exercício de suas funções legais, em

Arts. 205 ao 214 da CF/88 PROF.(A) RENATA GLANZMANN

Direito Penal III. Aula 10 04/04/2012. Exercícios de Revisão para a prova 11/04/2012 1ª V.A. Aula 11 18/04/ Difamação art.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República em Cáceres Mato Grosso RECOMENDAÇÃO N. 12/2014

QUESTÕES. 13 É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença

CELULARES DO DR. DIÓGENES GOMES: e

Simulado Aula 01 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL. Prof. Cristiano Lopes

Ética e sigilo na divulgação de. médicas. Jorge R. Ribas Timi

Lei Nº 4749 de 03 de janeiro de 2007 de São Luis

Redes Sociais da Internet Módulo II

Aula 01 Princípios fundamentais e direitos individuais. Estrutura do Curso 09/02/ aulas com 10 questões e 06 aulas com 15 questões cada uma;

Direitos da Pessoa com Deficiência

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco

Direito Penal. Penas privativas de liberdade. Dosimetria da pena privativa de liberdade Noções gerais. Prof.ª Maria Cristina

COPAPI POLÍTICA DE GÊNERO VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES E GÊNERO NA UNIVERSIDADE. Profª Drª ANA CLAUDIA FIGUEIREDO 1REBOLHO

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA PREVENÇÃO E COMBATE À PRÁTICA DE ASSÉDIO NO TRABALHO ÂMBITO DE APLICAÇÃO E PRINCÍPIOS GERAIS. Artigo 1º

CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Regime de Colaboração: um desafio para a educação pública com qualidade

Dos Direitos Individuais (I) Profª Me. Érica Rios

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA CCJC AOS PROJETOS DE LEI N os 215, E 1.589, DE 2015

VIOLÊNCIA SEXUAL. Entenda e ajude a combater SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES SECRETARIA DE GOVERNO

LEI MUNICIPAL N.º 768/05 Novo Tiradentes(RS), 27 de Outubro de 2.005

FEDERATION INTERNATIONALE DES FEMMES DES CARRIERES JURIDIQUES

EM DEFESA DA LIBERDADE DE CÁTEDRA PEQUENO MANUAL EM DEFESA DA LIBERDADE DE CÁTEDRA DOS PROFESSORES

Nº da aula 03 CRIMES CONTRA A HONRA

RECOMENDAÇÃO Nº 04/2018/1º OFICIO/PRAM

DIREITO CONSTITUCIONAL

Educação e Federação na Constituição

REPRESENTAÇÃO DISCENTE NA EAD

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CONSELHO UNIVERSITÁRIO RESOLUÇÃO Nº 45/2016

De acordo com a disciplina constitucional a respeito do direito à educação, assinale a alternativa correta.

MINUTA. PROJETO DE LEI Nº, DE DE DE 2013 (Autor do Projeto: Governador do Distrito Federal)

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Legislação Penal Especial Lei de Tortura Liana Ximenes

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. A Geografia Levada a Sério

Sinttel-DF RESPEITA AS MINA. Assedio Sexual e caso de policia. Denuncie

SANÇÕES APLICÁVEIS AOS SERVIDORES PÚBLICOS DE SP

Código de Processo Penal Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

Caros amigos, trago hoje a resolução da prova de Direito Penal aplicada pela Fundação Carlos Chagas no último domingo, dia 4 de março de 2007.

PONTO 1: Introdução PONTO 2: Crimes contra honra PONTO 3: Crimes contra honra em espécie. 1. Introdução:

CARTILHA DE PREVENÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL E MORAL NO ESPORTE

Aula 05. Parte Geral. I Pessoas (continuação)

Veja como denunciar maus-tratos praticados contra animais

Questões de Concursos Aula 01 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL. Prof. Cristiano Lopes

Sabia que a universidade também é espaço de cidadania? O que é cidadania?

Simulado Aula 02 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL. Prof. Cristiano Lopes

UFRJ REGIMENTO GERAL PARTE IV TÍTULO V DO REGIME DISCIPLINAR CAPÍTULO I DA INTRODUÇÃO

Etica na internet. FATEC Jahu Bases da Internet Prof.º: Célio Sormani Jessica Maiara Lavoredo

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte 2. Prof. Karina Jaques

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO/RS

INSTRUÇÃO PGE N 05, de 11 de outubro de 2018.

22 de setembro de 2015 Belo Horizonte Luciano Nunes

LDB Introdução. Conceito de Educação 12/07/2017

SEGURANÇA PÚBLICA: TERCEIRIZAÇÃO E IGUALDADE. ADILSON ABREU DALLARI Prof. Titular da PUC/SP

CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO. Cláusula 1.ª

Transcrição:

PROIFES CIDADANIA CARTILHA: DIREITOS DOS DOCENTES PROIFES-FEDERAÇÃO PROIFES CIDADANIA

APRESENTAÇÃO Esta cartilha tem o objetivo de fornecer aos docentes das Instituições Federais de Ensino do Brasil um resumo dos seus direitos e breves orientações do que fazer caso sejam vítimas de assédio, invasão de sala de aula, gravação e exposição indevida de vídeos, ofensas, ameaças e violências. O docente tem o direito constitucional de liberdade de ensinar, que consiste em não sujeição a censura em respeito aos princípios da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber e o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (arts. 205 e 206 da Constituição Federal). O processo educacional brasileiro é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei n 9.394, de 20/12/1996) que regulamenta o sistema educacional público ou privado do Brasil, da educação básica ao ensino superior. 1

1 ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL QUE GARANTEM A LIBERDADE DE ENSINAR A todos os docentes é garantido o direito constitucional de liberdade acadêmica, direito inerente a sua atividade, conforme estabelecido nos artigos 205, 206 e 207 da Constituição Federal: Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. 2

Além disso, a Autonomia Universitária, descrita no artigo 207 da Constituição Federal, também se aplica à atividade docente, conferindo aos professores e professoras autonomia didático-científica. Em resumo, a Constituição garante a liberdade de ensinar, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e a valorização dos profissionais da educação. Agregado a esses dispositivos, o artigo 5º caput e inciso IX da Constituição Federal destacam: Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. CONSTITUIÇÃO Da República Federativa do Brasil 3

2 ARTIGOS DA LDB QUE TRATAM DO PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; LDB Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; 4

3 DECISÃO DO STF Em manifestação sobre as invasões às universidades ocorridas durante o pleito eleitoral de 2018 o plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu pela: suspensão dos efeitos de atos judiciais ou administrativos, emanados de autoridade pública que possibilitem, determinem ou promovam o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e a coleta irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e divulgação do pensamento nos ambientes universitários ou em equipamentos sob a administração de universidades públicas e privadas e serventes a seus fins e desempenhos. 5

4 ASSÉDIO INTIMIDAÇÃO AGRESSÃO Assédio consiste em um tipo de violência em que uma pessoa ofende, destrata, humilha, fere a honra e a dignidade de outra. Todos os trabalhadores e trabalhadoras, públicos e privados, possuem o direito a um ambiente de trabalho saudável. Assédio no ambiente de trabalho se caracteriza em um conjunto de atos hostis, como coações, humilhações, perseguições, punições, etc, praticados pelo assediador contra o trabalhador, com o objetivo de prejudicá-lo injustamente e degradar sua condição física, psíquica, moral e jurídica. Os docentes podem ser vítimas de assédio quando agredidos em sua honra agressões verbais, de caráter constrangedor por alunos e colegas de trabalho, com cargos de chefia ou não, que insistentemente interfiram no conteúdo das aulas e na condução da atividade docente, expondo a honra e a imagem dos docentes, às vezes expondo a intimidade destes, por razão, fato ou circunstância que não condiz com a realidade, tampouco com o objeto de estudo ou da aula ministrada. 6

Não restam dúvidas de que o assédio na relação aluno-professor ocorre quando os valores essenciais que permeiam a educação são esquecidos e desvalorizados e, nesse contexto de valores deturpados, o professor é submetido ao constrangimento moral, descaracterizando-se o processo educativo. Recentemente o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco (PE) expediu duas recomendações, sendo uma direcionada à Secretaria Estadual de Educação, à Secretaria de Educação do Recife e à Universidade de Pernambuco assinada em conjunto com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), e a outra, à Universidade Federal de Pernambuco, à Universidade Federal Rural de Pernambuco e ao Instituto Federal de Pernambuco. MPF e MPPE recomendam que não haja qualquer atuação ou sanção arbitrária, bem como, que seja impedida qualquer forma de assédio moral a professores, por parte de estudantes, familiares ou responsáveis. 7

5 GRAVAÇÃO DE AULA PODE SER ASSÉDIO Caso o docente tenha sua aula gravada sem autorização prévia, e essa gravação tenha finalidade de constrangê-lo e expô-lo na comunidade acadêmica, rede social ou aplicativo de mensagens, esta gravação constitui prática de assédio. Este ato, que é uma forma de violência, também fere o direito autoral do docente - que é personalíssimo pois cada aula ministrada é uma obra intelectual, ensejadora de direitos, portanto, tutelada e protegida pela Lei 9.610/98 Lei de Direitos Autorais. O DOCENTE TEM O DIREITO DE NÃO PERMITIR FILMAGEM E GRAVAÇÃO DE SUAS AULAS. Nestes casos, o professor ou professora que não desejarem que suas aulas sejam gravadas podem notificar diretamente a Instituição Federal de Ensino, os alunos via ambiente web (Moodle; Blackboard; ou outros sistemas do gênero) ou diretamente, de maneira verbal. Sugere-se que, sempre que possível, o docente inclua a informação sobre a proibição de filmar e gravar suas aulas nos Planos de Ensino das disciplinas. 8

A divulgação de fotos e vídeos envolvendo a imagem de uma pessoa, sem sua autorização, também viola o artigo 20 do Código Civil: Art. 20 - Salvo se auto- rizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 9

6 INVASÃO DE SALA DE AULA CONSTITUI ATO DE ASSÉDIO Em sala de aula, no exercício de sua profissão, o docente é a autoridade máxima, sendo responsável pela condução das atividades. Qualquer ação estranha à atividade, como a entrada de pessoas em sala de aula, deverá ser previamente e expressamente autorizada pelo docente. Caso haja a entrada de pessoas sem permissão, configurando invasão à sala de aula, ocorrerá a prática de assédio, pois esta invasão é um ato que constrange e afeta a autoridade e imagem do docente. Se esse ato evoluir para algum outro tipo de ameaça além do assédio, haverá a prática de crime de ameaça, podendo haver punição de detenção de um a seis meses ou multa, conforme o artigo 147 do Código Penal. 10

7 O QUE O DOCENTE DEVE FAZER QUANDO FOR VÍTIMA DE ASSÉDIO? O professor ou professora, quando vítima de assédio, deve interromper a atividade e avisar aos presentes o motivo de sua interrupção. Nesse momento deve agir com zelo no sentido de tentar coletar provas referentes à violência que está sofrendo, seja por meio de testemunha, que pode ser qualquer pessoa presente, seja por intermédio de gravação de som e ou imagem (foto e vídeo). Imediatamente deve informar seu superior e os canais institucionais de denúncia colocados à disposição. Se o assediador for outro docente, técnico ou aluno, a vítima pode exigir da Instituição Federal de Ensino, por escrito, a instauração de processo administrativo disciplinar em face do agressor. O assediado deve, sempre que possível, reportar o ocorrido ao seu sindicato, que poderá acompanhá-lo a uma delegacia de polícia para instaurar o procedimento criminal e, dependendo da intensidade das ameaças, buscar ajuda jurídica também junto à Instituição Federal de Ensino. Poderá ainda protocolizar sua denúncia junto ao Ministério Público Federal. 11

8 RECOMENDAÇÕES: COMO AGIR Ficar calmo e nunca permanecer sozinho. Jamais entrar em contato direto com o assediador, nem pessoalmente nem por telefone. Agrupar o maior número possível de indícios e provas, falar e registrar o contato com testemunhas do fato. Acionar imediatamente os órgãos de Segurança da instituição de ensino Universidade/Instituto Federal. Denunciar, em órgão da instituição de ensino, para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Procurar imediatamente o Sindicato ao qual é vinculado, para que a Assessoria Jurídica deste lhe dê o amparo necessário. Exigir por escrito uma providência oficial da Universidade. 12

9 QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS QUE O ASSEDIADOR PODE SOFRER? Responsabilização Penal Palavras ofensivas e de menosprezo contra professores caracterizam ocorrência dos chamados "crimes contra a honra", assim designados e tipificados em nosso Código Penal: Calúnia (art. 138 do Código Penal): -Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propaga ou divulga. 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Difamação (art. 139 do Código Penal); - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Injúria (art. 140 do Código Penal): - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (...) 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ao, e multa, além da pena correspondente à violência. 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003). 13

Também poderá o infrator ser denunciado pelo crime de TORTURA que é sofrimento físico e mental imposto a uma pessoa. A violência e tortura são práticas hediondas. Tortura (LEI 9.455/1997) I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental (...) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Responsabilização Cível (indenização por danos morais) Pode o docente em determinados casos, propor ação de indenização, em decorrência de assédio moral, constrangimento e dano a sua honra e imagem. Em defesa da cidadania, liberdade de expressão e de ensinar. Em defesa da educação pública gratuita e de qualidade. Em defesa da democracia e da cidadania. 14