DESEMPENHODE PLANTAS DE NIM INDIANO ORIGINADAS DE MUDAS PRODUZIDAS EM DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO Débora Caroline Defensor Benedito (1) ; Kemele Cristina Coelho (2) ;Adalberto Brito de Novaes (3) ; Renan Alves Santos (4) (1) Graduanda em Engenharia Florestal; Universidade Estadual Sudoeste da Bahia; Endereço eletrônico (Email):debora_defensor@outlook.com; (2) Graduanda em Engenharia Florestal; Universidade Estadual Sudoeste da Bahia; kemelecristina@hotmail.com; 3) Professor, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia;adalberto.brito@globo.com; (4) Mestrando em Engenharia Florestal; Universidade Estadual Sudoeste da Bahia;renan_alvessantos@hotmail.com. RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar, no campo, o desempenho de plantas de Nim Indiano (Azadirachta indica A. Juss) originadas da produção de mudas em diferentes sistemas de produção, no município de Vitória da Conquista-BA. Foram adotados quatro tratamentos arranjados em um delineamento em blocos casualizados, sendo eles: T1 - sacola plástica (382 cm³); T2 - sacola plástica (165 cm³); T3 - tubete (288 cm³); T4 - tubete (55 cm³), obedecendo a um espaçamento de 3,0 x 3,0 m. Os parâmetros avaliados foram: altura da parte aérea (H) e diâmetro ao nível do solo (D). As mudas produzidas em sacolas plásticas (382 cm³) e tubetes (288 cm³), após seis anos do plantio, apresentaram as maiores médias em relação aos demais tratamentos. Palavras-chave: Parâmetros morfológicos, Azadiractha indica, recipientes. ABSTRACT The objective of this study was to evaluate the performance of Nim Indian (Azadirachta indica A. Juss) plants from the production of seedlings in different production systems in the city of Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. It was adopted four treatments arranged in a randomized block design, being: T1 - plastic bag (382 cm³); T2 - plastic bag (165 cm³); T3 - tube (288 cm³); T4 - tube (55 cm³), with a spacing of 3,0 x 3,0 m. The evaluated parameters were: shoot height (H) and diameter at the soil level (D). The seedlings produced in plastic bags (382 cm³) and tubes (288 cm³), after six years of planting, presented the highest averages in relation to the other treatments. Key words: Morphological parameters, Azadiracthaindica, containers. INTRODUÇÃO A Bahia, particularmente o semiárido ainda apresenta uma enorme dependência em produtos e subprodutos oriundos das florestas plantadas. Apesar de a região ser rica em inúmeras espécies florestais, ainda assim, são escassas as pesquisas com espécies utilizadas em projetos silviculturais. Isto se deve ao desconhecimento do comportamento das espécies florestais nativas e exóticas na
região, das dificuldades em se conseguir material botânico para a sua reprodução, manejo adequado visando o pleno desenvolvimento e melhoramento genético, dentre outras. Diante deste cenário o reflorestamento é estratégico para todo o país, tendo em vista que a demanda por madeira aumenta a cada dia. Uma estratégia competitiva é a procura pela vantagem competitiva favorável, com o objetivo de obter uma posição sustentável e lucrativa contra as forças que determinam a concorrência (PORTER, 1989). O Nim Indiano (Azadirachta indica A. Juss) é uma espécie pertencente à família Meliaceae, originária do Sudeste da Ásia e cultivada na Ásia, África, Austrália, América do Sul e América Central (MARTINEZ et al., 2002). No Brasil, a primeira introdução feita de forma oficial foi realizada pelo Instituto Agronômico do Paraná, em 1986, com sementes procedentes das Filipinas (NEVES &CARPANEZZI, 2008). Trata-se de uma árvore que já apresenta boa aceitação nas regiões Norte, Sudeste, Centro-Oeste e atualmente no Nordeste brasileiro. Os plantios dessa espécie têm possibilitado grande retorno financeiro aos produtores, devido a sua ampla utilização, como folhas desidratadas, madeira e, principalmente, extratos pesticidas oleosos (MOURÃO et al., 2004). De acordo com Neves (1996) o Nim é uma espécie silvícola valiosa na Índia e na África e está se tornando popular na América Central. Por ser uma árvore robusta, é ideal para programas de reflorestamento e para recuperação de áreas degradadas, áridas e costeiras. A árvore também é utilizada para sombreamento, quebra-vento, além de possuir madeira de qualidade para a produção de móveis, construção civil, lenha e carvão. Conforme Mourão et al. (2004), as mudas de Nim indiano podem ser produzidas em sacos plásticos com uma boa irrigação, devendo as sementes ser semeadas a dois centímetros de profundidade, direto nos recipientes ou em sementeiras. A espécie pode ser propagada via sementes, estaquia e cultura de tecidos. Esse método de semeadura tem sido amplamente utilizado para a produção dessa espécie, isso se deve a redução de operações, diminuição de custos, redução do prazo para produção da muda e a diminuição de perdas por doenças fúngicas, devido à menor concentração por unidade de área. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar, no campo, o desempenho de plantas de Nim Indiano (Azadirachta indica A. Juss) originadas da produção de mudas em diferentes sistemas de produção, no município de Vitória da Conquista-BA. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Campo Agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, no município de Vitória da Conquista - BA, localizado nas coordenadas geográficas a 14º 51 de latitude sul e 40º 50 de longitude oeste de Greenwich no período de abril de 2011. A região apresenta relevo plano a levemente ondulado e precipitação pluviométrica variando de 700 a 1.100 mm anuais, sendo os meses mais chuvosos de novembro a março. A temperatura média anual é de 21 ºC. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, com textura média e de topografia plana e boa drenagem. A vegetação característica e predominante da região é a Floresta Estacional Semidecidual Montana (NOVAES et al., 2008). Tratamentos e procedimentos estatísticos Foram utilizados quatro tratamentos (T), envolvendo dois sistemas de produção de mudas (sacolas plásticas e tubetes), que ficaram dispostos da seguinte forma T1 - sacola plástica (382 cm³); T2 - sacola plástica (165 cm³); T3 - tubete (288 cm³); T4 - tubete (55 cm³). Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com quatro tratamentos e cinco repetições, totalizando 20 parcelas, as quais constaram de seis mudas cada, perfazendo um total de 120 mudas no experimento, estabelecido em um espaçamento de 3,0 x 3,0 m. Foram avaliadas as seguintes características morfológicas: altura da parte aérea e diâmetro ao nível do solo, seis anos após o plantio. Para a obtenção do diâmetro foi utilizado a suta florestal e para a altura, o clinômetro. Todos os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela1, constam os dados de altura da parte aérea e diâmetro de colo das mudas produzidas no viveiro. As maiores médias para todos os parâmetros avaliados foram obtidas de sacola plástica com 382 cm 3 de capacidade volumétrica, o que pode estar associado ao maior volume de substrato contido neste recipiente (BARROSO et al., 2000). Não houve diferença estatística entre os dois tamanhos de tubetes estudados, todavia, as menores médias foram verificadas em mudas produzidas em tubetes de 55 cm³, o que pode ser atribuído à sua menor dimensão, promovendo maior restrição radicial. Tabela 1.Valores médios de altura da parte aérea e diâmetro de colo de mudas de Nim Indiano (Azadirachta indica), quatro meses após a semeadura. Tratamentos Altura(cm) Diâmetro(cm) Sacolaplástica 382 cm³ 35,62 a 4,17 a Sacolaplástica 165 cm³ 22,12 b 3,25 b Tubete 288 cm³ 11,24 c 2,65 c Tubete 55 cm³ 9,28 c 2,49 c Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os valores para altura da parte aérea e diâmetro ao nível do solo de plantas de Nim Indiano, seis anos após o plantio, são apresentados na Tabela 2. Como já supracitado, estatisticamente não houve diferença significativa entre os tratamentos, entretanto, numericamente, pode observar uma pequena diferença entre os tratamentos, onde se observou que as plantas oriundas de mudas produzidas no sistema tubete 288 cm³, apresentaram as maiores médias para o parâmetro diâmetro o que, de acordo com Carneiro (1995), se deve provavelmente à melhor formação do sistema radicial, propiciada pelas estrias presentes nos tubetes, que direcionam o sistema radicial. Com um sistema radicial bem formado, a muda apresenta uma maior eficiência na absorção dos nutrientes disponibilizados durante o plantio. Para Gomes et al (2002), tubetes com tamanhos maiores disponibilizam mais nutrientes, uma vez que os pesos dos adubos foram adicionados em relação aos volumes do substrato. Além disto, o maior volume da embalagem não limitou o crescimento das raízes, aumentando a quantidade de substrato explorado e, consequentemente, a maior absorção de nutrientes. Quanto à sacola plástica com 382 cm³, estas apresentaram as maiores médias para diâmetro ao nível do solo observando numericamente, pois também estatisticamente não tem diferença entre si. Segundo Antoniazzi et al. (2013), têm-se preferido, de forma geral, nos plantios de recomposição florestal, mudas oriundas de sacos plásticos de grande volume, tendo em vista, que suas características acarretam maior sobrevivência e crescimento após o plantio. Tabela 2. Valores médios de altura da parte aérea e diâmetro ao nível do solo de plantas de Nim indiano (Azadirachta indica), seis anos após o plantio. Tratamentos Altura (m) Diâmetro (cm) Sacolaplástica 382 cm³ 5,05 a 15,02 a
Sacolaplástica 165 cm³ 4,63 a 13,91 a Tubete 288 cm³ 5,22 a 13,39 a Tubete 55 cm³ 4,36 a 12,68 a CV% 16,79 12,27 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV% coeficiente de variação. Foram verificadas valores menores em plantas oriundas de mudas produzidas em tubetes de 55 cm³ Segundo Novaes et al. (2002), podem ser atribuídos à sua menor dimensão, promovendo maior restrição radicial, o que pode ter influenciado o seu desempenho no campo. Resultados similares foram encontrados por Malavasi & Malavasi (2006), trabalhando com mudas de Cordia trichotoma (Arrab. ex Steud), Entretanto, não se constatou diferenças significativas entre os tratamentos através do teste Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES Para produção de mudas de Nim indiano, pode-se utilizar sacos plásticos com capacidade de 382 cm³ ou tubetes de 288 cm³, pois ambos os tratamentos proporcionaram mudas de qualidade da fase adulta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONIAZZI, A. P.; BINOTTO, B.; NEUMANN, G. M.; SAUSEN, T. L.; BUDKE, J. C. Eficiência de recipientes no desenvolvimento de Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae). Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 313-317, 2013. BARROSO, D. G. CARNEIRO, J. G. de A.; NOVAES, A. B. de; LELES, P. S.dos S. Efeitos do recipiente sobre o desempenho pósplantio de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. e E. urophylla S.T. Blake. Revista Árvore, Viçosa, v. 24, n. 3, p. 291-296, 2000. CARNEIRO, J. G. A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba: Campos/UENF. UFPR/FUPEF, 1995. 451 p. GOMES, J.M. et al. Parâmetros morfológicos na avaliação da qualidade de mudas de Eucalyptusgrandis, R. Árvore, Viçosa-MG, v.26, n.6, p.655-664, 2002. MALAVASI, U. C.; MALAVASI, M. M. Efeito do volume do tubete no crescimento inicial de plântulas de Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud e Jacaranda micranta Cham. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 1, p. 11-16, 2006. MARTINEZ, S. S.; RAMOS, A. L. M.; CARNEIRO, S. M. T. P. G.; BRECHELT, A. O nim, Azadirachta indica: natureza, usos múltiplos, produção. Londrina: IAPAR, 2002. 142 p. MOURÃO, S. A.; ZANUNCIO, J. C.; SILVA, J. C. T; JHAM, G. N. Nim indiano (Azadirachta indica): mil utilidades. Boletim de Extensão, 47. Viçosa: UFV, 2004. 26 p., il. Bibliografia: ISSN 1415-692X. NEVES, B. P.; NOGUEIRA, J. C. M. Cultivo e utilização do nim indiano (Azadirachta indica A. Juss), Goiânia: EMBRAPA CNPAF, 1996.
NEVES, E. J. M.; CARPANEZZI, A. A. O Cultivo do Nim para Produção de Frutos no Brasil. Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 8 p. (Circular Técnica, 162). NOVAES, A. B.; LONGUINHOS, M. A. A.; RODRIGUES, J.; SANTOS, I. F. dos; GUSMÃO, J. C. Caracterização e demanda florestal da região sudoeste da Bahia. In: SANTOS, A. F.,2002. NOVAES, A. B. de; SANTOS, I. F. dos; LONGUINHOS, M. A. A. (Org.). Memórias do II Simpósio sobre Reflorestamento na Região Sudoeste da Bahia. 1. ed. Colombo: Embrapa Florestas, v. 1, 2008, p. 25-43. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 18 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989. AGRADECIMENTOS Agradecimento à instituição de ensino Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB, pela colaboração na instalação do experimento e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia- FAPESB, pela concessão da bolsa de iniciação científica.