QUALIDADE DE MUDAS DE Enterolobium contortisiliquum PRODUZIDAS EM DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO

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1 QUALIDADE DE MUDAS DE Enterolobium contortisiliquum PRODUZIDAS EM DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO Ariane Miranda de Oliveira (1) ; Alessandro Santos (2) ; Nayane Amaral Santos (3) ; Thaimara Gomes Costa (4) ; Adalberto Brito de Novaes (5) (1) Estudante; Pós Graduação Stricto Sensu, UESB; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; mirandadeoliveira.ariane@gmail.com; (2) Estudante; Pós Graduação Stricto Sensu, UESB; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; sandro.biouesb@hotmail.com; (3) Estudante; Pós Graduação Stricto Sensu, UESB; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; nay.amaral82@gmail.com ; (4) Graduada; Ciências Biológicas, UESB/ Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; thaimaragc@gmail.com; (5) Professor; Pós Graduação, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; adalberto.brito@globo.com RESUMO O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade de mudas de Enterolobium contortisiliquum provenientes de diferentes sistemas de produção. A pesquisa foi conduzida na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, município de Vitória da Conquista, BA e as sementes foram obtidas do horto florestal da Prefeitura Municipal. O experimento foi instalado em um delineamento inteiramente casualisado com cinco tratamentos que possuíram seis mudas cada, sendo 30 plantas por parcela, perfazendo um total de 150 plantas em todo o experimento. Os tratamentos adotados foram: T1 = Tubete de 55 cm 3 ; T2 = Tubete de 120 cm 3 ; T3 = Saco de polietileno de 954,0 cm 3 ; T4 = Saco de polietileno de 284,7 cm 3 e T5 = Ellepot de 115,45 cm 3. Avaliou-se a altura da parte aérea, diâmetro de colo, relação altura/diâmetro, massa fresca da parte aérea, massa fresca da raiz, massa fresca total, massa seca da parte aérea, massa seca da raiz, massa seca total, relação massa seca da parte aérea/massa seca da raiz e Índice de Qualidade de Dickson (IQD). Os recipientes tipo sacos plásticos proporcionaram o maior crescimento em altura da parte aérea, diâmetro de colo e massas fresca e seca totais, possibilitando, provavelmente, a produção de mudas com melhor qualidade. Palavras-chave: Tamboril, recipientes, silvicultura. ABSTRACT/ RESUMEN The present work aimed to evaluate the quality of Enterolobium contortisiliquum seedlings from different production systems. The research was conducted at the State University of Southwest of Bahia, municipality of Vitória da Conquista, BA and the seeds were obtained from the forestry horticulture of the City Hall. The experiment was installed in a completely randomized design with five treatments that had six seedlings each, being 30 plants per plot, making a total of 150 plants throughout the experiment. The treatments adopted were: T1 = Tubete of 55 cm 3 ; T2 = Tube of 120 cm 3 ; T3 = cm 3 polyethylene bag; T4 = Polyethylene bag of cm 3 and T5 = Ellepot of 115,45 cm 3. The height of the shoot, height/diameter ratio, fresh shoot mass, fresh root mass, total fresh mass, dry shoot mass, root dry mass, total dry mass, mass ratio root dry matter/root dry matter and Dickson Quality Index (IQD). Plastic bags provided the greatest growth in shoot height, neck

2 diameter and total fresh and dry mass, making possible the production of seedlings with better quality. Key words/palabras clave: Tamboril, containers, forestry. INTRODUÇÃO O mercado florestal tem-se mantido aquecido nas últimas décadas, pois é responsável por injetar dinheiro no mercado financeiro brasileiro, fornecer empregos e gerar diversos serviços como a produção de mudas florestais em todo o país. Uma das espécies mais utilizadas na produção de mudas para reflorestamento de áreas degradadas é a Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong, pertencente a família Fabaceae e popularmente conhecida como tamboril, orelha de macaco e pau-de-sabão. Sua ampla distribuição no território brasileiro e o rápido crescimento inicial a torna apropriada para plantios mistos e reflorestamento de áreas degradadas (LORENZI, 1998; ARAÚJO, 2011). A produção de mudas em viveiros se fortalece devido a grande demanda para fins de reflorestamentos que podem ser direcionados tanto para o extrativismo e/ou fins madeireiros. Com isso tem-se a necessidade de se produzir mudas com elevada qualidade dispondo de locais apropriados, tecnologia e principalmente estudos científicos. Esses estudos devem, dentre outros, proporcionar a produção de mudas com elevada sobrevivência no campo e identificar sistemas de produção eficientes e de baixo custo. Entre os aspectos estudados na avaliação da qualidade de mudas estão os parâmetros morfológicos que basicamente se constituem pelo estudo da parte aérea e sistema radicular, seja por meio de análise fresca ou seca. Segundo Fonseca (2000), os parâmetros morfológicos estão sendo ressaltados em pesquisas com a finalidade de mostrar que os critérios que adotam essas características são importantes para o sucesso do desempenho das mudas após o plantio no campo. Os recipientes consistem em outro importante aspecto na produção das mudas florestais necessitando de modernização e melhoria do custo-benefício, tal como ocorre com o Ellepot, recipiente degradável, cilíndrico e formado por composto celulósico. Esta tecnologia além de ambientalmente benéfica, aumenta o rendimento operacional nos viveiros e plantios, uma vez que a produção é automatizada levando a uma redução de procedimentos como a assepsia, transporte dos recipientes de polietileno e sua retirada da muda antes do plantio (OLIVEIRA, 2016). Conforme as informações acima expostas, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de mudas de Enterolobium contortisiliquum produzidas em três diferentes sistemas de produção, sacos plásticos, tubetes e Ellepot. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O trabalho foi conduzido no viveiro florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, município de Vitória da Conquista, BA. O local encontra-se a 14º53 de latitude sul e 40º48 de longitude oeste, apresenta relevo plano a levemente ondulado, temperatura média anual de 21 ºC e pluviosidade anual entre 700 e 1100 mm (NOVAES et al., 2008). Recipientes e substratos Os recipientes usados constaram de sacos plásticos com duas capacidades volumétricas, 954,0 cm 3 e 284,7 cm 3. Já os tubetes usou-se os modelos cônicos com 55 e 120 cm 3 de volume de

3 substrato. O terceiro sistema de produção constou do Ellepot com 115,45 cm 3 de capacidade volumétrica. Quanto aos substratos, usou-se para os tubetes o substrato comercial Bioplant acrescido de 3 g litro -1 de substrato do adubo de liberação lenta Osmocote. Os sacos plásticos foram preenchidos com uma mistura de terra de subsolo e esterco bovino na proporção de 60/40, acrescidos de 20,0 g de ureia, 192,0 g de superfosfato simples e 15,0 g de cloreto de potássio/m 3 de substrato. Já nos Ellepot, utilizou-se o substrato comercial Carolina Soil. Após o enchimento dos recipientes, as sementes da espécie em estudo, foram limpas com imersão em álcool 70%, escarificadas com lixa, semeadas e, em seguida, submetidas a duas regas diárias. Tratamentos e procedimentos estatísticos Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco tratamentos: T1 = Tubete de 55 cm 3 ; T2 = Tubete de 120 cm 3 ; T3 = Saco de polietileno de 954,0 cm 3 ; T4 = Saco de polietileno de 284,7 cm 3 e T5 = Ellepot de 115,45 cm 3 com cinco repetições e seis plantas por parcela totalizando 150 mudas no experimento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey (p<0,05). Parâmetros morfológicos avaliados Aos 120 dias após a semeadura, as mudas foram retiradas dos recipientes, lavadas com água para remoção do substrato e colocadas sobre papel madeira em bancada do laboratório durante 24 horas para perda do excesso de água. Em seguida, foram avaliadas as seguintes variáveis morfológicas: altura da parte aérea (H), diâmetro de colo (DC), relação altura/diâmetro (H/D), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), massa seca total (MST), relação massa seca da parte aérea/massa seca da raiz (MSPA/MSR) e Índice de Qualidade de Dickson (IQD). As mensurações da altura e do diâmetro ocorreram com auxílio de régua milimétrica e paquímetro digital, respectivamente. A biomassa foi obtida após separação das mudas em parte aérea e raiz por meio de um estilete e pesagem em balança analítica, sendo a massa seca determinada após submissão das plantas à estufa de circulação de ar a 65 ºC até atingirem peso constante. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os sacos de polietileno proporcionaram maior crescimento em altura da parte aérea, diâmetro de colo e massas fresca e seca totais (Tabela 1). A MST das mudas produzidas nos sacos de 954,0 cm 3 foi aproximadamente 75%, 69% e 57% superior as provenientes de tubete de 120 cm 3, 55 cm 3 e Ellepot, respectivamente. Os maiores valores de altura e diâmetro encontrados nos sacos de polietileno podem ser atribuídos ao maior volume de substrato disponível para as plantas. Segundo Lopes et al (2005), estas mudas teriam maiores disponibilidades de nutrientes e sobretudo água, uma vez que os tubetes e os Ellepot perdem umidade facilmente, podendo comprometer o seu crescimento. Essa característica fica ainda mais evidenciada nos Ellepot, sugerindo-se maior atenção no manejo desses recipientes. Tais resultados refletem nas massas fresca e seca total, de comportamento

4 semelhante a H e DC. Cunha et al. (2005) verificaram que substratos contendo esterco bovino favorecem o crescimento de raízes, o que corrobora com os dados obtidos neste estudo. Tabela 1 Valores médios de Altura da parte aérea (H), diâmetro de colo (DC), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca de raízes (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca de raízes (MSR) e massa seca total (MST) de mudas de Enterolobium contortisiliquum, 120 dias após semeadura Tratamento H MFR MFT MSPA MSR MST DC (mm) MFPA (g) (cm) (g) (g) (g) (g) (g) 1 17,04 b 2,92 c 1,01 b 0,88 bc 1,89 b 0,40 b 0,37 b 0,77 b 2 16,68 b 3,45 bc 1,05 b 0,96 bc 2,01 b 0,45 b 0,39 b 1,08 b 3 24,70 a 4,32 a 4,41 a 2,53 a 6,94 a 1,65 a 0,85 a 2,51 a 4 22,00 a 3,93 ab 3,65 a 1,38 b 5,03 a 1,59 a 0,53 b 2,13 a 5 13,04 c 2,69 c 1,24 b 0,26 c 1,49 b 0,51 b 0,12 c 0,62 b CV (%) 9,13 12,79 29,43 39,69 31,14 29,01 27,28 18,54 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05). O tratamento quatro destaca-se em detrimento dos demais, tendo em vista que alcançou melhores respostas quando comparado aos tubetes e Ellepot, além de responder de forma semelhante ao saco plástico de maior volume, apesar do menor volume de substrato. Abreu et al. (2015), estudando o crescimento de mudas de tamboril em sacos plásticos e tubetes, encontraram resultados que corroboram com os obtidos no presente estudo. Apesar das contribuições da altura da parte aérea e do diâmetro de colo para a avaliação das mudas, autores como Gomes et al. (2002) consideram que ao relacionar variáveis morfológicas, obtêm-se informações mais seguras quanto a qualidade das mudas. Encontrou-se neste estudo valores de relação MSPA/MSR bastante superiores aos obtidos por Abreu et al. (2015) ao estudarem produção de mudas de E. contortisiliquun. Os diferentes sistemas de produção não influenciaram na relação H/D, todavia, quando observou-se a relação massa seca da parte aérea e massa seca da raiz, verificou-se que os tubetes proporcionaram maior equilíbrio na distribuição da biomassa nas plantas (Tabela 2). Já o IQD sinalizou o saco de maior volume como melhor resultado. Tabela 2 - Relação altura/diâmetro do coleto (H/DC), relação massa seca da parte aérea/massa seca de raiz (MSPA/MSR) e Índice de Qualidade de Dickson (IQD) de Enterolobium contortisiliquum aos 120 dias após semeadura Tratamento H/DC MSPA/MSR IQD 1 6,14 a 1,13 d 0,11 bc 2 4,96 a 1,15 d 0,18 bc 3 5,94 a 1,98 c 0,32 a 4 6,18 a 3,08 b 0,24 ab 5 4,95 a 4,32 a 0,07 c CV (%) 13,83 18,54 38,70 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05). As mudas produzidas em sacos plásticos com 284,7 cm 3 também apresentaram valores de índice de qualidade de Dickson (IQD) significativamente superiores aos demais tratamentos. Segundo Gomes et al. (2003), quanto maior esse valor dentro de um conjunto de mudas, melhor o padrão de qualidade, contudo são necessários estudos para a determinação de faixas de valores ótimos para mudas florestais nativas.

5 De modo geral todos os tratamentos propiciaram o crescimento das mudas até os 120 dias de avaliação, podendo, portanto, inferir que todos os métodos de adubação, semeadura e manejo ao longo do experimento foram viáveis para o crescimento das mudas, porém apresentaram padrões diferentes para expedição. CONCLUSÕES Nas condições em que foi desenvolvido o trabalho e considerando os resultados obtidos, pode concluir que os recipientes sacos plásticos produziram mudas de Enterolobium contortisiliquum com melhor qualidade, conforme os parâmetros avaliados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A. P, SOBRINHO S. P. Germinação e produção de mudas de tamboril (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong) em diferentes substratos. Revista Árvore, Viçosa, v.35, p , CUNHA, A. O.; ANDRADE, L. A.; BRUNO, R. L. A.; SILVA, J. A. L.; SOUZA, V. C. Efeitos de substratos e das dimensões dos recipientes na qualidade das mudas de Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex D.C.) Standl. Revista Árvore, Viçosa, v.29, n.4, p , FONSECA, E. P. Padrão de qualidade de mudas de Trema mícrantha (L.) Blume., Cedrela fissilis Vell. e Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. produzidas sob diferentes períodos de sombreamento. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, p. Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista, GOMES, J. M.; COUTO, L.; LEITE, H. G.; XAVIER, A. X.; GARCIA, S. L. R. Crescimento de mudas de Eucalyptus grandis em diferentes tamanhos de tubetes e fertilização N-P-K. Revista Árvore. Viçosa, v. 27, n. 2, p , GOMES, J. M.; COUTO, L.; LEITE, H. G.; XAVIER, A.; GARCIA, S. L. R. Parâmetros morfológicos na avaliação da qualidade de mudas de Eucalyptus grandis. Revista Árvore, Viçosa, v. 26, n. 6, p , LOPES, J. L. W.; GUERRINI, I. A.; SAAD, J. C. C.; SILVA, M. R. Efeitos da irrigação na sobrevivência, transpiração e no teor relativo de água na folha em mudas de Eucalyptus grandis em diferentes substratos. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 68, p , LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v.1. 2rd. Nova Odessa, São Paulo: Plantarum; p.

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