Medida Sócio - Educativa de Liberdade Assistida



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Transcrição:

Medida Sócio - Educativa de Liberdade Assistida Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo duma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os outros vejam a luz Lucas 8-16 Secretaria de Cidadania e Trabalho Superintendência da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente 1

Manual de Orientação - Medidas Sócio - Educativas Não Privativas de Liberdade Março /2000 Secretaria de Cidadania e Trabalho Superintendência da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente Av. Universitária n 609, Setor Universitário Goiânia - Goiás Fone: 622694038-622694008 Texto Maria Aparecida Pereira Martins Colaboração Denise Borges Barra Maria Auxiliadora Carmo Lima Maria Socorro Carmo Lima Tiragem: 3000 Impressos É autorizada a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. 2

Índice 1- Apresentação...04 2- O Adolescente e o Ato Infracional...05 3- As Medidas Sócio Educativas...06 4-A Medida Sócio - Educativa de Liberdade Assistida...07 4.1 Operacionalização...08 5- Liberdade Assistida Comunitária - LAC: Um compromisso da comunidade...09 5.1- Papéis do Orientador e do Educador...10 6- Implantação do Programa de Liberdade Assistida nos municípios: Competências...11 7- Bibliografia...12 3

1- Apresentação "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos" Provérbios de Salomão, 27.23 É inegável o cometimento de atos infracionais, inclusive os graves, por adolescentes. É inegável também que eles não se constituem, quantitativamente, em números assombrosos e que o poder público pouco tem feito para a implantação das medidas sócio - educativas. Tal situação provoca um alarme social levando a população a sentir-se privada do seu direito à segurança. É necessário que o poder público invista na operacionalização do Estatuto da Criança e do Adolescente e, nos municípios menores, que este investimento ocorra substancialmente em relação às medidas não privativas de liberdade. De acordo com estas premissas apresentamos esta cartilha, como um subsídio para a implantação da medida sócio -educativa de Liberdade Assistida - L. A. nos municípios do Estado de Goiás. Conforme a opinião da maioria dos doutrinadores e dos pesquisadores da área, de todas as medidas sócio -educativas, a Liberdade Assistida é a que tem se mostrado mais eficiente. Esta eficiência é dada pelo grande envolvimento da comunidade, pela possibilidade de vivenciar o cotidiano ^ dos adolescentes acompanhados, além do seu baixo custo, pois os recursos financeiros empregados na L.A. não são de grande monta. A Liberdade Assistida pressupõe, ainda, para sua execução, uma estreita articulação e integração com os órgãos, entidades e instituições governamentais e não governamentais que desenvolvam ações na área da infância e juventude. Este atendimento em meio aberto levará o adolescente a compreender os limites de sua liberdade em direção à conquista da sua cidadania. 4

2- O Adolescente e o Ato Infracional " Qual, dentre vós é o homem que possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu até encontra - Ia?" Lucas 15.3- Novo Testamento O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90 - ECA fundamentado na Doutrina da Proteção Integral, define para efeito legal como criança a pessoa até doze anos incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos incompletos, considerados cidadãos detentores de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento. Vale lembrar que crianças e adolescentes cometem atos infracionais provocando inquietude, indignação, ameaçando a segurança e despertando muitas vezes a ira das pessoas, passando a serem estigmatizados, discriminados e com seus direitos desrespeitados. É imperioso romper com esta atitude preconceituosa e caracterizar o adolescente autor de ato infracional a partir do que ele é: adolescente. A prática de delitos não se constitui enquanto componente de sua identidade, é um estado situacional que deve ser analisado à luz de sua história. O ECA traduz um conjunto de medidas que são aplicadas mediante a autoria de ato infracional. Para crianças, cabe ao Conselho Tutelar as providências e encaminhamentos, aplicando as medidas de proteção. Para adolescentes, após ser efetuado encaminhamento ao Ministério Público, a quem compete conceder remissão ou representar para a instauração de processo judicial, será aplicada a medida sócio - educativa mais adequada, pelo Juiz da Infância e da Juventude. Portanto, quando o adolescente comete ato infracional, após processo judicial, ele será passível de receber uma medida sócio educativa prevista no ECA, traduzindo em uma verdadeira convocação à responsabilidade. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Art. 103 ECA 5

3- As Medidas Sócio Educativas "É assegurado a todo adolescente o exercício do direito de defesa." Art. 110,112 e 113-ECA As medidas sócio - educativas serão aplicadas a adolescente^ autores de ato infracional, pelo Juiz da Infância e da Juventude nas várias situações, considerando : a gravidade da situação, o grau de participação e as circunstâncias em que ocorreu o ato; sua personalidade, a capacidade física e psicológica para cumprir a medida e as oportunidades de reflexão sobre seu comportamento visando mudança de atitude. Todo procedimento tem participação obrigatória e fiscalização do Ministério Público. São medidas sócio - educativas (Art. 112 - ECA): advertência; Obrigação de reparar o dano; Prestação de serviços à comunidade; Liberdade assistida; Inserção em regime de semiliberdade; Internação em estabelecimento educacional; Qualquer uma das previstas no art. 101, l a VI. A atenção a adolescentes autores de ato infracional requer a atuação integrada do Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública, Segurança Pública e Assistência Social. 6

4- A Medida Sócio - Educativa de Liberdade Assistida Art. 118 - A liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 1 - A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. 2 - A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. ECA É uma medida que impõe condições de vida no cotidiano do adolescente, visando o redimensionamento de suas atitudes, valores e a convivência familiar e comunitária É uma intervenção educativa centrada no atendimento personalizado, garantindo a promoção social do adolescente através de orientação, manutenção dos vínculos familiares e comunitários, escolarização, inserção no mercado de trabalho e/ou cursos profissionalizantes e formativos. A aplicação da medida de liberdade assistida requer uma mudança de concepção, abandonando posturas excludentes e estigmatizantes, adotando posturas e práticas construtivas que incluam o adolescente autor de ato infracional na vida em sociedade 7

4.1- Operacionalização " Não se pode perder de vista que a liberdade assistida constitui medida judicialmente imposta e, como tal, de cumprimento obrigatório." Ana Maria Gonçalves Freitas Os programas de liberdade assistida devem ser estruturados nos municípios, através de parceria com o Judiciário e o Órgão Executor da Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente no município. Compete ao Judiciário a aplicação da medida e a supervisão e ao Órgão Executor Municipal o gerenciamento e o desenvolvimento das ações, tendo o Ministério Público como fiscalizador. Para o funcionamento do Programa é necessário uma Equipe de Orientadores Sociais, devidamente capacitados, que desenvolverão uma ação pedagógica, em conformidade com o Art. 119 - ECA, direcionada em quatro aspectos: Família: reforçar e/ou estabelecer vínculos familiares, através de uma relação de aceitação, colaboração e de co-responsabilidade no processo sócio - educativo; Escola: incentivar o retorno, a permanência e o sucesso escolar objetivando ampliar as perspectivas de vida; Vida profissional: estimular e/ou propiciar a habilitação profissional com vistas ao ingresso no mercado de trabalho; Comunidade: promover e fortalecer os laços comunitários, objetivando a sua reinserção social. Cabe ao orientador social: estabelecer com o adolescente sistemática de atendimentos e pactuar as metas a serem alcançadas, objetivando a construção de um projeto de vida; desenvolver um vínculo de confiança; não fazer julgamentos moralistas; propiciar a capacidade de reflexão sobre sua conduta; avaliar periodicamente o seu "caminhar". É imprescindível apresentai ao Juiz relatórios de acompanhamento dos adolescentes em cumprimento de medida de liberdade assistida 8

5- Liberdade Assistida Comunitária - L AC: Um compromisso da comunidade Os voluntários, as organizações voluntárias, as instituições locais e outros recursos da comunidade serão chamados a contribuir eficazmente para a reabilitação do jovem num ambiente comunitário e, tanto quanto possível, na unidade familiar". Regras mínimas das Nações Unidas para a administração da Justiça da Infância e da Juventude - Regras de Beijing A Liberdade Assistida Comunitária é uma modalidade de atendimento que consiste em apoiar o adolescente, em.conflito com a lei, por meio de um processo educativo comunitário, criando condições favoráveis para que ele possa assumir a sua liberdade. O trabalho será realizado por educadores sociais voluntários recrutados na própria comunidade, capacitados e credenciados pelo Juiz da Infância e da Juventude, possibilitando, assim, um comprometimento maior de todos na reinserção social do adolescente autor de ato infracional. Os educadores sociais deverão ser selecionados, capacitados e acompanhados por um orientador social responsável pela condução do programa de LAC. Cada educador acompanhará um adolescente, mantendo contato com a família, escola, estimulando a profissionalização e realizando demais ações necessárias à sua reinserção social. O orientador social constitui portanto, retaguarda de apoio às dificuldades apresentadas pelos educadores no processo de acompanhamento, sendo o elo de ligação entre o educador, o adolescente, a família, o juiz e o Ministério Público. Deverá realizar reuniões periódicas de estudos de caso e avaliação, desenvolver atividades de formação continuada, articulações com os segmentos da comunidade necessários para o atendimento ao adolescente e remeter relatórios de acompanhamento à autoridade competente. Recomenda-se que o educador social tenha o seguinte perfil: cidadão integrado na comunidade, idoneidade, motivação para o trabalho e não apresentar vícios que possam comprometer sua conduta perante o adolescente. 9

5.1- Papéis do Orientador e do Educador Orientador Social: Repassar ao educador informações sobre o processo judicial do adolescente. Participar de reuniões para sugestões de atendimento bem como de orientação dos casos. Realizar visitas domiciliares para preparar tanto o adolescente, quanto sua família em relação a medida. Manter contato com instituições para os quais os adolescentes foram encaminhados. Passar para os educadores sociais as fichas dos adolescentes. Encaminhar ao Juiz e ao Ministério Público os relatórios elaborados pelos educadores sociais. Avaliar o trabalho dos Educadores Sociais e acompanhar a evolução dos seus casos. Informar o Juiz e o Ministério Público, sobre irregularidade detectada pelo educador social para as devidas providências. Educador Social Manter sigilo sobre a infração do adolescente, demonstrando respeito por sua vida particular. Evitar atitudes assistencialistas, levando em conta o potencial apresentado pelo adolescente. Assumir com responsabilidade o trabalho de acompanhamento, que é um compromisso com o adolescente, a sua família, o juiz e a comunidade, Promover trabalhos com os adolescentes e suas famílias, fugindo do mero assistencialismo ou paternalismo. Ter uma visão ampla e completa da problemática em que estão envolvidos os adolescentes para não cair no julgamento parcial e moralista de um comportamento. Procurar conhecer os recursos da comunidade para acioná-los oportunamente, Manter o Juiz informado com relatório sobre o processo de acompanhamento, remetendo cópia ao Ministério Público. 10

6- Implantação do Programa de Liberdade Assistida nos municípios: Competências A vontade política é fundamental para a implantação dos programas Compete à Secretaria de Cidadania e Trabalho - Superintendência da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente: Organizar o apoio estratégico para promover parcerias nos municípios: articular com o Poder Público local, Ministério Público, Poder Judiciário, Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente para a implantação do programa; Capacitar os Orientadores Sociais, garantindo condições necessárias, para formar uma equipe que tenha a mesma filosofia; Dar suporte técnico às equipes locais, promovendo acompanhamento e avaliações periódicas; Apoiar com a destinação de recursos materiais, conforme a necessidade local e previsto no Plano de Ação da Superintendência. Compete ao Poder Público Municipal: Formar a equipe do Programa de Liberdade Assistida, que pode ser a mesma equipe do Programa de Prestação de Serviços à Comunidade, levando em consideração os recursos humanos existentes no município, respeitando o perfil do orientador e os papéis a serem desempenhados; Viabilizar espaço físico para sediar o programa, fazendo um levantamento dentre os já existentes; Disponibilizar equipamentos que já existam nos órgãos, tais como: mesas, cadeiras, armário, máquina de datilografia, linha telefónica e outros; Adquirir, gradualmente, materiais didáticos, pedagógicos e recursos audiovisuais, iniciando o programa com os disponíveis; Estabelecer parcerias com órgãos governamentais e não governamentais para a execução do programa; Proporcionar condições para a capacitação da equipe de trabalho. A fiscalização do processo de implantação e de execução do Programa de Liberdade Assistida será realizada pelo Ministério Público 11

7- Bibliografia Almeida, Maria de Fátima Moura (Organizadora) - Prática das Medidas Sócio - Educativas em Meio Aberto, Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Santo Angelo RS, 1999. Cury, Munir; Mendez, Emílio Garcia e Silva, Antônio do Amaral e (Coordenadores) - Estatuto da Criança e do Adolescente e Comentado, Malheiros Editores, São Paulo, 1992. ' Estatuto da Criança e do Adolescente/Lei 8.069/90 Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Goiás, 1998. Foglia, Cristina Firmo; Lemos, Noemi e Décia, Ana Cristina M. - Liberdade Assistida Comunitária, Pastoral do Menor Regional NordesteS, Salvador-Ba, 1998. Lima, Maria Auxiliadora Carmo; Barra, Denise Borges e Lago, Maria Nazareth P. do - Programa de Implantação das Medidas Sócio - Educativas Não Privativas de Liberdade, Fundação da Criança, do Adolescente e da Intergração do Deficiente, Goiás, 1998. Limeira, Maria Zilda; Silva, Neuma Neves Câmara da e Subtil, Vanda Silva - Medida Sócio - Educativa de Liberdade Assistida, Fundação Estadual da Criança e do Adolescente, Rio Grande do Norte, 1998. Teixeira, Maria de Lourdes Trassi - Liberdade Assistida. Polémica em Aberto - Instituto de Estudos Especiais PUC/SP/MPAS/CBIA, São Paulo, 1997. Volpi, Mário (Organizador) - O Adolescente e o Ato Infracional, Cortez Editora, São Paulo, 1997. Volpi, Mário (Organizador) - Adolescentes Privados de Liberdade, A Normativa Internacional & Reflexões acerca da responsabilidade penal - FONACRIAD, Cortez Editora, São Paulo, 1997. 12

Endereços Secretaria de Cidadania e Trabalho Superintendência da Criança, do Adolescente e da Integração do Deficiente Av. Universitária n 609 - Setor Universitário Goiânia - Goiás Fone: (62) 269-4038 - (62) 269-4008 - Fax: (62) 202-3346 Gerência do Programa da Criança e do Adolescente Av. Universitária n 609 - Setor Universitário Goiânia - Goiás Fone: (62) 202-2399 - (62) 269-4056 Programa de Liberdade Assistida Av. Anhanguera n 3.643 - Setor Universitário Fone: (62) 565-2647 Goiânia - Goiás Ministério Público Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude Av. B c/ Rua 23 Lt. 15 à 24 - Jardim Goiás Fone: (62) 225-0068 - (62) 243-8029 Goiânia - Goiás 13

Governo do Estado de Goiás Secretaria de Cidadania e Trabalho Superintendência da Criança, do Adolescente e da Integração do deficiente - Gerência do Programa de Reintegração Social do Adolescente Infrator Assessoria de Programas Sócio - Educativos 14

Convénio: Secretaria de Cidadania e Trabalho / Ministério da Justiça / Secretaria de Estado de Direitos Humanos / COMANDA Distribuição Gratuita 15