Performances Culturais Arte/Educativas nos espaços da EMAC/UFG

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Transcrição:

Performances Culturais Arte/Educativas nos espaços da EMAC/UFG João Marcos de Souza joaomarcos@outlook.com Fernanda Pereira da Cunha fernanda.pcunha@hotmail.com Resumo: Este estudo se ancora sob a luz epistemológica da Arte/Educação e Performances Culturais. Busca-se desenvolver performances culturais Arte/Educativas como meio de expressão crítico-reflexiva sobre hábitos ritualísticos, caracterizados pelo entendimento difuso entre público e privado, no que tange a práticas culturais que podem estar se (re)configurando sob um outro paradigma na contemporaneidade nos espaços da EMAC/UFG. Palavras-chave: Arte/Educação. Performances Culturais. Ritos. Teatro. 1) INTRODUÇÃO Performances Culturais Arte/Educativas nos espaços da EMAC/UFG fazem parte do projeto de pesquisa Arte/Educação Crítica no ciberespaço, que se insere nos estudos do Grupo de Pesquisa e-arte/educação Crítica certificado pelo CNPq. O presente texto tem por objeto o estudo e realização de proposições pedagógicas intermidiáticas Arte/Educativas através de performances culturais como meio de expressão crítico/reflexivo sobre hábitos ritualísticos caracterizados pelo entendimento difuso entre público e privado, no que tange práticas culturais que podem estar se (re)configurando sob outro paradigma na contemporaneidade. Tomás Tadeu da Silva nos adverte que no entendimento estrito, só podem ser consideradas performativas aquelas proposições cuja enunciação é absolutamente necessária para a consecução do resultado que anunciam (SILVA, 2011, p. 93). Desse modo, as intervenções e-arte/educativas foram promovidas por meio de performances culturais como forma de expressão reflexiva e crítica sobre hábitos ritualísticos. Vale ressaltar, como salienta a professora da Universidade do Estado de Santa Catarina - UESC, Beatriz A. V. Cabral que ritual no seu entendimento etimológico, é o comportamento ordinário transformado por meio da

condensação, exagero, repetição, e ritmo direcionados a sequências de comportamento servindo a funções específicas (CABRAL, 1999, p. 14). Ao ampliar o conceito etimológico acerca do rito, compreendendo-o como meio de expressão em que se abre espaço para evidenciar contradições Cabral nos afirma que o ritual caracteriza-se por: possuir estruturas com qualidades formais e relacionamentos definidos; possuir sistemas de significação simbólicos; constituir-se como um processo ou um conjunto de ações performáticas; constituir-se como uma experiência (CABRAL, 1999, p. 14). É neste sentido do rito enquanto sistema de (re)significação simbólica expresso pelas performances culturais que vêm se ascendendo no cotidiano da EMAC, que nos adverte à gênese paradigmática entre ações ambivalentes advindas do entendimento difuso entre público e/ou privado, que se abre o nosso interesse acadêmico e científico em pesquisar essas contradições. Para tanto, iniciamos este estudo com o levantamento e seleção de referências bibliográficas sobre aspectos históricos e conceituais das práticas artísticas performáticas em contextos culturais, sob a luz epistemológica da Arte/Educação e Performances Culturais. Uma vez selecionadas e analisadas as referências, partimos para registros in loco. 2) METODOLOGIA O registro das práticas ritualísticas do cotidiano da EMAC/UFG se fazem necessários para que a partir destes registros possamos analisar e identificar os ritos que se estabelecem e configuram a paisagem performática da realidade atual da EMAC/UFG. Identificados estes ritos, poderemos conceber ações intervencionistas por meio de performances culturais Arte/Educativas neste ambiente. Assim, pelo aspecto pedagógico em prol de ações intervencionistas, a metodologia selecionada deste plano de trabalho se caracteriza pela sua natureza metodológica em pesquisa-ação. Esta pesquisa-ação culminou na pratica pedagógica de performances culturais Arte/Educativas intervencionistas nos espaços públicos da EMAC/UFG.

Para tanto, concebemos os procedimentos metodológicos desta pesquisa em duas etapas, as quais apresentamos a seguir. 2.1)1ª Etapa: Registros textuais através de Diário de Bordo Por meio do Diário de Bordo realizamos os primeiros registros das ações para identificar práticas ritualísticas, cujos ritos compõem as performances culturais da EMAC/UFG. Estes registros foram realizados de 23 de outubro de 2012 a 13 de novembro de 2012, durante o período matutino, das 08h00 as 12h00. A escolha deste horário deve-se ao fato de ser o período com o maior número de alunos transitando na EMAC, visto que os cursos da referida unidade acadêmica são em sua maioria predominantemente matutinos 1 e/ou integrais. Quadro 1: Síntese do Diário de Bordo 2 Dia Hora Pessoas no chão 23/10/2012 09h00 1 Três alunos estão deitados no chão do hall. 23/10/2012 10h15 2 Um aluno está sentado no chão do corredor do segundo piso dificultando a entrada na sala 212. 25/10/2012 11h40 3 Um grupo de cinco alunos deitados no chão do hall. Dois deles parecem dormir. 26/10/2012 10h25 4 Um casal de alunos está abraçado e sentado no chão do espaço que dá acesso para os banheiros e salas de aula do segundo piso. 29/10/2012 08h50 5 Um grupo de cerca de oito alunos está sentado no chão do hall. Três destes alunos tocam violões e outros dois alunos estão deitados. 30/10/2012 09h30 6 Dois alunos deitados no chão do hall. 30/10/2012 11h20 7 Aluno sentado no chão do corredor do segundo piso dificultando a abertura da porta da sala 211. 01/11/2012 08h25 8 Aluno está sentado no chão do hall próximo a uma tomada, para recarregar a bateria do seu celular. 05/11/2012 09h30 9 Três alunos sentam-se no chão do hall para comer. 05/11/2012 11h50 10 No hall, há cerca de dez alunos deitadas e/ou sentadas no chão. 06/11/2012 08h15 11 Um aluno dorme no chão do hall. 07/11/2012 08h35 12 Um aluno dorme deitado no chão do hall. 08/11/2012 10h00 13 Um aluno dorme sentado no chão do hall. 08/11/2012 11h50 14 Quatro alunos estão sentados no chão do hall, dos quais dois estão tocando violão. 09/11/2012 10h00 15 Um grupo de sete alunos se senta no chão do hall, próximo à porta do laboratório de informática. 12/11/2012 12h00 16 Dois alunos dormem no chão do hall. 13/11/2012 10h50 17 No hall, três alunos estão deitados no chão. Fonte: Diário de bordo de João Marcos de Souza (bolsista PIVIC 2012/2013) integrante do grupo de pesquisa e-arte/educação Crítica. Sobre a categoria Pessoas no chão, constatamos a ocorrência do uso do chão para descanso e principalmente o chão do hall 3, que se apresenta em 1 Os cursos matutinos e integrais da unidade têm início às 07h30 da manhã, o que justifica o horário escolhido para a observação. 2 Apresentamos neste texto somente a categoria Pessoas no chão, porém também foram levantadas as seguintes categorias: Descarte do lixo, Uso do computador e Uso do vaso sanitário no banheiro masculino.

82,5% dos registros do Diário de Bordo. Em geral os alunos estão deitados e/ou dormindo no chão, como revelam os registros de quase todos os dias, em diferentes horários. Diante das constatações apresentadas pela análise da Síntese do Diário de Bordo [ver Quadro 1], indagamos: O que leva esses alunos a dormir? O chão do hall é o melhor espaço para descanso na EMAC? O hall, preferência dos alunos, poderia ser utilizado sob outro paradigma? Este espaço poderia oferecer áreas de descanso e/ou atividades recreativas? Este espaço poderia ser adaptado sob a necessidade que o uso dele se configura? Impulsionados por estes questionamentos e análises referentes ao Diário de Bordo, apresentados acima, partimos para a nossa segunda etapa de registro das práticas do cotidiano da EMAC: os registros fotográficos. 2.2) 2ª Etapa: Registros Fotográficos Colocamo-nos a realizar registros fotográficos para confrontar e ilustrar os registros já realizados através do Diário de Bordo. Os registros foram realizados de 21 de janeiro de 2013 a 08 de fevereiro de 2013, no mesmo horário dos registros realizados por meio de Diário de Bordo, já apresentado acima. Imagem 1: Alunos dormindo no chão do hall. Fonte: João Marcos de Souza (bolsista PIVIC 2012/2013) integrante do grupo de pesquisa e- Arte/Educação Crítica. Imagem 2: Alunos sentam-se no chão do hall para tocar violões e conversar. Fonte: João Marcos de Souza (bolsista PIVIC 2012/2013) integrante do grupo de pesquisa e- Arte/Educação Crítica. 3 Hall neste estudo refere-se a um dos espaços de entrada e trânsito da EMAC que dá acesso às dependências do prédio. Neste espaço se encontra o único laboratório de informática do prédio, a sala 101, dedicada para estudos corporais do curso de Artes Cênicas e o Teatro do prédio, que é também uma sala de aula. Encontram-se ainda dois banheiros, masculino e feminino, bem como uma sala para os funcionários da manutenção.

As práticas ritualísticas do cotidiano, apresentadas neste estudo, anunciam os intentos para a consecução das performances Arte/Educativas. Para a consecução destas performances é necessário estar imbuído de criticidade, o que reforça a necessidade de reflexão sob os registros coletados. 3) Performances Culturais Arte/Educativas O eixo central deste estudo se apresenta em possibilitar ações arte/educativas performáticas como meio pedagógico/crítico na busca de promover reflexões tanto para os alunos envolvidos no grupo de pesquisa em que este projeto está inserido, como mencionamos acima, bem como promover ações intervencionistas no âmbito arte/educativo para o público 4 da EMAC. Sob a luz dos estudos de Cabral compreendemos a eficácia estéticopedagógica do rito. Enquanto ação simbólica, o ritual é ambivalente, aponta para transações reais e permite que os participantes evitem uma confrontação direta com os eventos. Assim sendo, rituais são pontes que conduzem as pessoas através de situações as quais no contexto real seriam tensas. (CABRAL, 1999, p. 15) Desse modo, através de ações performáticas buscou-se promover intervenções arte/educativas para possibilitar aos transeuntes da EMAC/UFG confrontação direta, cujo confronto não potencializa a tensão, mas a reflexão com os ritos e práticas do cotidiano que vêm se instaurando nas dependências da unidade, (re)configurando uma nova paisagem. Assim se estabelecem, pela natureza epistemológica da área das artes, as concepções das performances artísticas que devem estar intrínsecas nos ritos culturais mediante as práticas arte/educativas, pois é na expressão artística, pela sua gênese na ação simbólica, que pode se evidenciar a contradição, a ambivalência entre os ritos. Nesse viés, para a performance se predispõe a percepção crítica para o ato em si, uma vez que, para a consecução da performance, se faz imperativa a consciência da ação do ato num dado rito. Nessa ambiência o ato 4 O público transeunte da EMAC é composto, geralmente, por alunos e professores do curso de Música e Artes Cênicas. Ademais, outras pessoas que transitam pelo prédio, visto que ele liga outras unidades como a Reitoria da UFG e a Biblioteca Central Prof. Alpheu da Veiga Jardim.

performático artístico-pedagógico deve estar imbuído de criticidade, autonomia, autogovernança. Quais qualidades formais e estéticas se circunscrevem nas estruturas das imagens analisadas no que tange as práticas culturais do cotidiano da EMAC? Que sistemas de significação simbólica são evocados pelas fotografias que revela as performances culturais desta unidade acadêmica? A partir destes eixos questionadores suscitados pela análise das fotografias levantadas, elaboramos a proposição pedagógica para a ação da performance Arte/Educativa, a qual intitulamos SonEMAC 5 [ver Quadro 2]. Quadro 2: Performance cultural e-arte/educativa SonEMAC. A intervenção seguinte foi realizada no dia 19/07/2013 entre as 09h00 e 14h00. Os registros foram realizados por Yasmin Gonçalves e Lyra, bolsista PIBIC 2012/2013. Intento artístico-pedagógico Promover a reflexão crítica sobre o rito: deitar no chão, por meio do questionamento: este espaço pode ser utilizado sob outro paradigma? Proposta Faremos a instalação de uma rede no hall da EMAC. Um performer já preparado ficará deitado o tempo todo. A rede será instalada próximo as tomadas do hall. Enquanto o performer está deitado, todas as tomadas serão ocupadas por equipamentos eletrônicos, impedindo o uso das mesmas pelos transeuntes. Enquanto o performer estiver deitado, outro performer coletará entrevistas com as opiniões e impressões dos transeuntes acerca desta proposição. Figurinos e acessórios Uma rede instalada no hall da EMAC. O performer que fará o primeiro momento da intervenção estará vestido como um transeunte qualquer. Câmeras para filmar e fotografar. Referências estéticas Performances e instalações da artista paraense Berna Reale; Performances da artista iugoslava Marina Abramović. Fonte: Proposta de intervenção elaborada por João Marcos de Souza (bolsista PIVIC 2012/2013) - integrante do grupo de pesquisa e-arte/educação Crítica. Imagem 3: Foto da performance SonEMAC. 5 Intitulamos esta intervenção SonEMAC, por se tratar de um anagrama da conjugação do verbo Sonecar na terceira pessoa do plural: Sonecam, ação esta que pudemos registrar no cotidiano da EMAC.

Fonte: Yasmin Gonçalves e Lyra (bolsista PIBIC 2012/2013) - integrante do grupo de pesquisa e-arte/educação Crítica. 4) CONCLUSÕES A Imagem 10 ilustra uma das cenas ocorridas da performance cultural Arte/Educativa por nós realizada que denominamos SonEMAC, a qual objetivamos possibilitar o confronto deste rito rebatido através da promoção da fruição artística aos transeuntes da EMAC/UFG. Concebemos como rito rebatido neste estudo a possibilidade que a prática artística pode viabilizar por poder devolver, como um espelho, para o espectador/intérprete uma cena do cotidiano real dos transeuntes da EMAC, expressa através da linguagem da performance artística. No que tange a utilização da rede de descanso para a performance cultural arte/educativa que realizamos na EMAC, a qual confronta a paisagem que os transeuntes se habituaram a ver, tem como eixo pilar promover o deslocamento o transeunte da realidade habitual. Em seu sentido mais redutível, a rede remete ao descanso e ao deleite de modo confortável, diferente do chão utilizado pelos transeuntes com a mesma finalidade. Deste modo, a rede é um símbolo, uma representação abstrata do ato de dormir. A imagem da rede suspensa no ambiente em que os transeuntes estão habituados a ver pessoas dormindo pelo chão poder-se-á promover o questionamento acerca do rito explicitado fazendo deste modo, com que os transeuntes venham a se questionar sobre si mesmos acerca da contradição existente entre os conceitos do universo público e privado na EMAC referente à utilização do espaço público. Na prática teatral, a imagem é uma abstração simbólica. É colocar em signo uma realidade e/ou uma paisagem, embora algumas práticas contemporâneas venham a desconstruir esta ideia. A performance Arte/Educativa SonEMAC apresentada neste estudo encena (coloca em imagens) o rito deitar no chão. Assim, através desta encenação, nosso ato pedagógico se centra na enunciação artístico-educativa das práticas ritualísticas do cotidiano deslocado para a (re)elaboração de performances culturais, ao possibilitar reflexões estéticas através de intervenções arte/educativas em seus contextos

socioculturais, no caso em específico no universo da Escola de Música e Artes Cênicas. 5) Obras citadas CABRAL, Beatriz A. V. Ensino do teatro: experiências interculturais. Florianópolis: Imprensa Universitária, 1999. SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.