DESPACHO SEJUR N.º 213/2014



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Transcrição:

EMENTA: Implantação de programa educacional de graduação em medicina para profissionais em saúde. SOBRATI. Ausência de previsão legal. Comunicação ao MPF. Possível prática de delito ético. a) As publicações e chamadas públicas divulgadas no site da citada associação SOBRATI são capitaneadas por profissional médico, podendo caracterizar, em tese, violação a preceitos do Código de Ética Médica, o que permite, no caso, o exercício da capacidade fiscalizatória dos Conselhos de Medicina. b) Todavia, concluiu-se pela impossibilidade do CFM em promover a análise ética expediente em epígrafe, haja vista tratar-se de caso concreto, cuja competência originária para conhecimento é do Conselho Regional de Medicina do Estado em que o médico está vinculado, sob pena de supressão de instância. c) A publicidade do caso se mostra danosa ao sistema de consumo, em especial aos profissionais médicos, porque há interesses envolvidos, inclusive financeiros. Tais informações, caso sejam inverídicas podem vir a ludibriar os consumidores com falsas promessas de títulos acadêmicos que não são reconhecidos pelo MEC e pelo CFM, devendo este Conselho comunicar o fato ao MPF, objetivando relatar os fatos que se apresentam, bem como subsidiar tal órgão de elementos indicativos da suposta prática de infrações administrativas e criminais contra as relações de consumo. DESPACHO SEJUR N.º 213/2014 (Aprovado em Reunião de Diretoria em 03/06/2014) Interessado: Presidente do Conselho Federal de Medicina Expedientes n.ºs 4653/2014; 4689/2014 e 4609/2014. Assunto: Implantação de programa educacional de graduação em medicina para profissionais em saúde. SOBRATI. Ausência de previsão legal. Comunicação ao MPF. Possível prática de delito ético. I DA SITUAÇÃO FÁTICA Trata-se de questionamento encaminhado pelo Sr. Presidente do Conselho Federal de Medicina, no qual solicita avaliação jurídica sobre suposta Resolução n.º 020/2014, da Sociedade Brasileira de Medicina Intensiva SOBRATI, que supostamente teria implantado programa educacional de graduação em medicina para profissionais de saúde. Tal programa criaria situação inusitada em que quaisquer profissionais da área de saúde (não médicos), com no mínimo dois anos de experiência, poderiam ingressar em

curso especial de graduação em medicina através da Universidade UDABOL (Universidade Boliviana), com supervisão da SOBRATI. Tal sistema permitiria o ingresso de tais graduandos já a partir do 7º semestre no curso de medicina, devendo o estudante permanecer em Santa Cruz BO por 02 anos, e 01 (um) ano de internato no Brasil para cursar outras disciplinas. Junto ao expediente, consta o teor da citada resolução, a qual vem subscrita pela pessoa de nome Douglas Ferrari, que se intitula presidente da SOBRATI. Em consulta ao site do CFM, verifico que tal pessoa, Douglas Ferrari Carneiro é médico inscrito no CRM/SP sob o n.º 58232, possuindo especialidade em medicina intensiva, RQE n.º 16330. Já em pesquisa no site do SOBRATI não foi possível verificar o teor da Resolução que ora se analisa, porém há link que direciona para edital de convocação de programa de mestrado profissionalizante em terapia intensiva MPTI, a ser ministrado por tal associação, bem como chamada pública para que os profissionais de diversas áreas da saúde se tornem filiados. Ressalte-se que a presente análise refere aos expedientes n.º 4653/2014; 4689/2014 e 4609/2014, os quais referem-se, em essência, à mesma situação fática e jurídica a ser analisada neste Parecer. É o relatório. II DA ANÁLISE JURÍDICA A presente análise deve ser iniciada com a constatação de que os Conselhos de Medicina são as pessoas jurídicas legalmente estabelecidas para realizar a disciplina moral, técnica e científica da medicina. Tal competência tem fulcro na Lei nº 3.268, de 30.09.57: Art. 2º - O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são órgãos supervisores da ética profissional em toda a República e ao mesmo tempo julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhe zelar e trabalhar, por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente; (...) Art. 15 São atribuições dos Conselhos Regionais: a) deliberar sobre a inscrição e cancelamento do quadro do Conselho; (...) h) promover, por todos os meios ao seu alcance, o prefeito desempenho técnico e moral da medicina e o prestígio e bom conceito da medicina, da profissão e dos que a exerçam...

Desse modo, em um primeiro momento, podemos verificar que as publicações e chamadas públicas divulgadas no site da citada associação, denominada SOBRATI, são capitaneadas por profissional médico, podendo sua conduta caracterizar, em tese, violação a preceitos do Código de Ética Médica, o que permite, no caso, o exercício da capacidade fiscalizatória dos Conselhos de Medicina, eis que suas atribuições disciplinares somente podem ser exercidas sobre aqueles que efetivamente são chamados de médicos, isto é, aqueles que preencham os requisitos previstos em lei e estejam regularmente inscritos em Conselho Regional de Medicina. Todavia, como a questão fática pode vir a individualizar possível prática de conduta em desacordo às normas do Código de Ética Médica, o Conselho Federal de Medicina está, neste momento processual, impossibilitado de realizar a requerida análise, tendo em vista que os mesmos fatos devem ser submetidos à apreciação do Conselho Regional de Medicina do São Paulo em sindicância e posterior processo ético profissional, haja vista ser este o órgão competente para apreciar e julgar, originariamente, delitos éticos cometidos nesse Estado Federativo. Assim, qualquer manifestação do CFM quanto ao caso concreto poderá levar a uma supressão de instância, causando a nulidade de todo o procedimento administrativo disciplinar porventura instaurado em desfavor do médico que praticou a conduta informada. Já em outra linha de intelecção, tem-se que as publicações divulgadas no site da SOBRATI possuem exponencial potencialidade lesiva ao sistema de proteção do consumidor, nos termos em que definido no art. 5º, inciso XXXII, bem como no art. 170, inciso V, da CF/88, os quais impõem ao Estado a defesa das relações de consumo. Como se vê, há a divulgação, por meio da internet, de programas de mestrado e graduação que são totalmente destituídos de autorização legal para funcionamento e que não estão fundamentados em qualquer base normativa idônea, já que não possuem autorização de funcionamento emitida pelos órgãos estatais responsáveis pelo sistema de ensino. saber: No caso, o citado curso de mestrado é divulgado com o seguinte título, a O Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, no uso das suas atribuições, orientado na Portaria de n o 17 de 28 de dezembro de 2009 e do MS ( No 3432 de 12 de agosto de 1998 - RDC 07 / 2010 ), vem estabelecer a abertura do Edital para candidatos interessados em Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva com formação em Professores Mestres Intensivistas para os Cursos do Sistema de Ensino da SOBRATI. Ocorre que a Portaria n.º 17/2009 do MS, que dispõe sobre o mestrado profissional no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, informa em seu art. 5º que Os cursos de mestrado profissional a serem submetidos à CAPES poderão ser propostos por universidades,

instituições de ensino e centros de pesquisa, públicos e privados, inclusive em forma de consórcio, atendendo necessária e obrigatoriamente aos requisitos de qualidade fixados pela CAPES e, em particular, demonstrando experiência na prática do ensino e da pesquisa aplicada. Assim, necessariamente, as entidades que ministram tais cursos devem ser registradas e autorizadas pela CAPES. Em simples pesquisa no site de tal instituição 1, verifica-se que a SOBRATI não possui autorização para ministrar tais cursos em nível de mestrado. Desse modo, essa publicidade se mostra extremamente danosa ao sistema de consumo, em especial aos profissionais médicos, porque há interesses envolvidos, inclusive financeiros. Tais informações, caso sejam inverídicas, podem vir a ludibriar os consumidores com falsas promessas de títulos acadêmicos que não são reconhecidos pelo MEC e pelo CFM. Ademais, na situação que se apresenta, a violação às regras de consumo tem potencial, inclusive, para que haja repressão no campo penal, eis que o Código de Defesa do Consumidor tipifica de forma expressa a realização ou promoção de publicidade que o autor sabe ou deva saber enganosa ou abusiva, conforme o art. 67 do Codex, a saber: Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Porém, no que se refere à matéria de proteção ao sistema de consumo, bem como relativa à repressão penal, falece competência a este CFM para promover diligências ou apuração de tais condutas, devendo, sim, comunicar aos órgãos competentes para tal desiderato, ou seja, o Ministério Público Federal, pois a divulgação foi promovida por meio de site na internet, denotando-se haver interação com entidades de ensino bolivianas, caracterizando, desse modo, a supranacionalidade do potencial lesivo. III DA CONCLUSÃO Desse modo, este SEJUR OPINA para: 1. O encaminhamento da matéria ao CRM/SP para a devida análise, haja vista tratar-se de possível delito ético, cuja competência originária para conhecimento é do Conselho Regional de Medicina do Estado em que o médico está vinculado, sob pena de supressão de instância; 2. O encaminhamento de Ofício ao Ministério Público Federal, juntamente com a documentação acostada a esta manifestação, objetivando relatar 1 http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/projetorelacaocursosservlet?acao=pesquisarregia oies&codigoregiao=3&descricaoregiao=sudeste

os fatos que se apresentam, bem como subsidiar tais órgãos de elementos indicativos da suposta prática de infrações administrativas e criminais contra as relações de consumo; Este é o parecer, s.m.j. Brasília-DF, 29 de maio de 2014. Rafael Leandro Arantes Ribeiro Advogado do Conselho Federal de Medicina DE ACORDO: José Alejandro Bullón Chefe do Setor Jurídico