O PAPEL DA AUTORIDADE MARÍTIMA PORTUÁRIA NA GARANTIA DA SEGURANÇA DA CARGA, NOS NAVIOS E NO ESPAÇO PORTUÁRIO Victor Alexandre de Carvalho Director Geral do IMPA Instituto Marítimo Portuário de Angola 1
ÍNDICE 1. ENQUADRAMENTO 2. CONCEITO DE SEGURANÇA MARÍTIMA 3. O INSTITUTO MARÍTIMO E PORTUÁRIO DE ANGOLA 4. ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO MARÍTIMO E PORTUÁRIO DE ANGOLA 5. PORTOS DE ANGOLA 6. CONCLUSÕES 2
CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO 3 3
O comércio de mercadorias, e em especial o comércio intercontinental por via marítima, cresceu enormemente no último século. Por via marítima, transportam-se cargas de todo o tipo, desde as ramas de petróleo e gás natural liquefeito aos minérios de ferro, uranio, cobre, às sucatas metálicas para reciclar, veículos, vestuário, televisores, trigo, açúcar, café, cimento, madeira, entre outros. 4 4
A introdução de contentores de carga nos anos 60 permitiu melhorar as condições do transporte das mercadorias, reduzindo as perdas e avarias, introduzir rapidez na transferência de cargas, e aumentar o volume de mercadorias transportadas. 5 5
Assim, a economia mundial depende fortemente do transporte marítimo, uma vez que mais de 70% das mercadorias são transportadas por embarcações, devido às suas características únicas que o distinguem dos restantes modos, principalmente pela sua elevada capacidade de carga e também por ser dos mais eficientes a nível energético. 6 6
Comércio Marítimo Mundial (mil milhões de toneladas-km) 7 7
No transporte marítimo de mercadorias existem muitos tipos de navios, consoante a carga que transportam, sendo os mais importantes, os navios de carga geral, estando incluído nestes os navios de contentores, os graneleiros, que são responsáveis pelo transporte de cargas a granel sólidas, como é o caso do carvão, e líquidas, como é o caso do gás natural e o petróleo (petroleiros), existem também navios ro-ro, que transportam principalmente veículos, entre outros. 8 8
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A esmagadora maioria dos países necessita de transportar por via marítima, combustíveis, matérias primas, bens alimentares ou manufacturados, entre outros. Uma embarcação, no exercício da sua actividade, tanto a navegar como em porto, pode interferir com a segurança de outros navios e da própria instalação portuária. 10 10
O conceito de segurança, hoje em dia, extravasa assim, a dimensão da embarcação, estendendo-se por isso a todo o meio envolvente. 11 11
Mas, qual o conceito de segurança marítima? 12 12
CAPÍTULO 2 CONCEITO DE SEGURANÇA MARÍTIMA 13 13
A paz mundial e a prosperidade dos estados dependem, em grande medida, da segurança no âmbito marítimo global portos, costas, águas territoriais e alto mar. A palavra segurança tem a sua origem na palavra latina securus, agregação de se, significando desprovido de ou sem, e curus, com o significado de cuidado. A conotação inicial da palavra era pois a de sem preocupação, estar com tudo garantido, não precisar de cuidar ou ocupar-se de si mesmo. 14 14
Quando consideramos a segurança no contexto do mar, deverá ter-se presente o seu carácter multidimensional, nomeadamente segurança face às ameaças de acções criminosas contra a segurança das pessoas, bens e recursos, segurança ambiental e da navegação face a acidentes de origem humana ou decorrentes de catástrofes naturais. 15 15
Para uma melhor precisão destas dimensões da segurança marítima, é vantajoso considerar as designações em língua inglesa, que as separa em maritime security e maritime safety, que agregam um conjunto de operações, tarefas e preocupações diferenciadas. 16 16
Safety, envolve o conjunto de medidas destinadas a garantir uma navegação segura por parte dos navios, isto é, quer na envolvência das condições de bordo (qualificação dos tripulantes, estiva e movimentação da carga e, em geral, as condições de navegabilidade estruturais e de equipamentos do navio), quer no sistema de ajudas à navegação e de ordenamento das aproximações a um porto que permitem, aos navios, uma navegação segura. 17 17
Security, envolve todas as medidas de segurança física aplicáveis no espaço sob jurisdição portuária, aos tripulantes e passageiros dos navios e aos demais funcionários que operam nos portos, bem como aos próprios navios. 18 18
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Assim, e quanto ao objeto, segurança marítima abrange a «segurança do transporte marítimo» - em que o enfoque se traduz no «navio» e na sua movimentação - e a «segurança portuária» - que respeita, essencialmente, às áreas sob jurisdição portuária, abrangendo os diversos terminais, a área terrestre adjacente e a área molhada. 20 20
Compete às autoridades e organizações marítimas nacionais e internacionais, entre outras, definir, aprovar, fiscalizar e fazer cumprir as normas e as disposições legais relativas à construção e operação de embarcações. Objectivo: Garantir a segurança das pessoas e bens que as embarcações transportam, bem como prevenir a poluição ambiental. 21 21
Em Angola, quem supervisiona e regula um dos principais Sectores Estratégicos da Economia, o Sector Marítimo e Portuário, é o Instituto Marítimo e Portuário de Angola IMPA. 22 22
CAPÍTULO 3 INSTITUTO MARÍTIMO E PORTUÁRIO DE ANGOLA 23 23
O Instituto Marítimo e Portuário de Angola, abreviadamente IMPA, é um Instituto Público, dotado de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e patrimonial, criado para exercer as funções de coordenação, orientação, controlo, fiscalização, licenciamento, certificação e regulamentação de todas as actividades relacionadas com a Marinha Mercante, com as Capitanias, com os Portos e actividades conexas. 24 24
25 1.650 km Tendo o IMPA a sua sede em Luanda, e detendo jurisdição sobre todo o território nacional, que contempla 1.650 quilómetros de costa e 1.295 quilómetros de área fluvial navegável 25
necessita de ter algumas das suas atribuições exercidas pelas Capitanias dos Portos de Cabinda, do Soyo, de Luanda, de Porto Amboim, do Lobito e do Namibe e por 19 Delegações Fluviais, constituindo-se estas como as Delegações Regionais ou Provinciais do Instituto, as quais se encontram reguladas por legislação específica. 26 26
27 Existem 6 (seis) Capitanias Marítimas em Angola: 27
As Capitanias são dirigidas pelos Capitães dos Portos a quem são conferidas competências nos âmbitos da autoridade marítima, do salvamento e socorro marítimos, da segurança da navegação, do exercício de funções de carácter técnico-administrativo, do registo patrimonial de embarcações, da protecção e conservação do domínio público marítimo e da defesa do património cultural subaquático, da pesca, da aquicultura e das actividades conexas e ainda no campo contra-ordenacional. 28 28
CAPÍTULO 4 ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO MARÍTIMO E PORTUÁRIO DE ANGOLA 29 29
O IMPA, de acordo com o seu Estatuto Orgânico, tem competência, entre outras, para intervir de modo a: Assegurar o cumprimento das leis e regulamentos vigentes; 30 30
Homologar o tipo de equipamentos a utilizar no ramo; Promover o desenvolvimento de todas as actividades ligadas à Marinha Mercante e Portos, incluindo a investigação, formação e treinamento de pessoal nos domínios científicos e tecnológicos; 31 31
Analisar e propor a homologação e aplicação em território nacional das recomendações, normas e outras disposições emanadas de entidades e convenções internacionais e regionais, nos ramos marítimo e portuário; Estudar e propor leis, regulamentos e providências administrativas, destinadas a garantir, orientar e coordenar o exercício das actividades da marinha mercante e do trabalho portuário; 32 32
Garantir o licenciamento das actividades de transporte marítimo, do trabalho portuário, do domínio público marítimo e de outros de natureza afim, nos termos da legislação respectiva e inspecionar o cumprimento das condições impostas nos respectivos títulos de licenciamento, autorizações, contratos de concessão e outros; 33 33
Organizar a participação e intervenção do sector nas organizações internacionais, assegurar os seus direitos e os compromissos nelas assumidos pela administração e coordenar a distribuição dos documentos e informações ligadas aos assuntos internacionais; 34 34
Normalizar os sistemas e procedimentos das operações de busca e salvamento e realizar quaisquer outras tarefas que por força da lei ou por determinação superior lhes sejam incumbidas; 35 35
Licenciar, certificar, autorizar e homologar as actividades, os procedimentos, as infraestruturas, os equipamentos e demais meios afectos à Marinha Mercante e aos Portos, cujo exercício, qualificações e utilização estejam condicionados, nos termos da lei e demais regulamentos aplicáveis; 36 36
Promover a aplicação e fiscalizar o cumprimento das leis, regulamentos, normas e requisitos técnicos aplicáveis, no âmbito das suas atribuições e aplicar as multas correspondentes às infracções; 37 37
Coordenar, com a entidade competente, os procedimentos relativos à vigilância marítima e à prevenção da poluição do meio ambiente marítimo. 38 38
CAPÍTULO 5 PORTOS DE ANGOLA 39 39
A Segurança Marítima, tanto do safety como do security, tem uma importância fundamental na protecção das relações comerciais entre os vários actores ligados ao comércio internacional importadores, exportadores, transitários, agentes de navegação, companhias seguradores e, naturalmente, a própria Administração Pública enquanto garante das condições de segurança nos Portos. 40 40
A protecção da carga angolana, seja na componente de importação como de exportação, exige que a segurança nos Portos Nacionais tenha elevados índices de qualidade, de garantia, de modo a que não ofereçam dúvidas aos operadores internacionais quanto à segurança patrimonial, dos navios, da carga e dos recurso humanos. 41 41
É reconhecido pela generalidade dos intervenientes no comércio internacional que a segurança nos Portos, objectivamente e subjectivamente, são um factor que condiciona o custo do frete marítimo, do valor do seguro das cargas e da forma como os próprios armadores podem, face a diversas alternativas de destinos, preferirem determinados Portos, em detrimentos de outros. 42 42
Deste modo, o frete e o seguro tem uma relação muito íntima com as condições de segurança dos Portos em ambas as vertentes referenciadas anteriormente safety e security. 43 43
Angola, conforme é sabido, foi durante muito tempo, penalizada (os operadores económicos, os consumidores e a própria economia nacional) pela forma como a segurança nos Portos marítimos era encarada pela generalidade dos stakeholders, designadamente, pelos armadores. 44 44
A elevação do frete marítimo, nesse período, era tal, que as Autoridades viram-se coagidas a implementar um mecanismo de negociação que permitisse discutir com as contrapartes no exterior o valor do frete marítimo, de modo a nivelar para valores correntes de mercado tipos de navio e natreza de carga homóloga. 45 45
E, foi assim, que nasceu a Bolsa Nacional de Frete. 46 46
Na actualidade, estão ultrapassadas muitas condições de vigentes constrangimento nessa altura. Pontualmente, ainda existam algumas dificuldades. Com a progressiva expansão e modernização dos Portos Nacionais, reforço da segurança marítima e qualidade do atendimento, foram sendo progressivamente ultrapassadas ou mesmo eliminadas. 47 47
Por outro lado, se a normalidade da situação é conhecido internamente, teremos de fazer todos os esforços possíveis para levar um quadro actualizado, em termos de segurança marítima nos Portos Angolanos, à comunidade e aos mercados que, connosco, interagem, demonstrando que, efectivamente, Angola tem progredido muito e no bom sentido em matéria de Segurança Marítima. 48 48
E continuamos ainda a desenvolver todos os esforços necessários para dotar a totalidade dos Portos com as condições de infra-estrututras e de equipamentos (VTS e outros equipamentos) indispensáveis a assegurar um nível de excelência na segurança marítima a todos os níveis e, sobretudo, a criar nos armadores, na tripulações dos navios, e nos donos da carga, a consciência perfeita de que os seus interesses, o seu património e a vida humana estão protegidos e salvaguardados com as condições existentes. 49 49
CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES 50 50
Devido à imprevisibilidade e ao grau de risco normalmente associado ao transporte marítimo, surgiu desde há muito a necessidade de regulamentar a actividade marítima, especialmente no que concerne à segurança marítima. Esta realidade tem como objectivos minimizar a perda de vidas humanas e de bens materiais, bem como proteger o meio ambiente. 51 51
A segurança marítima, que visa não só a proteção dos passageiros e trabalhadores marítimos, mas também a preservação do ambiente marinho e das regiões costeiras, constitui um objetivo fundamental da política de transportes marítimos de Angola. 52 52
O IMPA, enquanto Instituto regulador do Sector Marítimo e Portuário de Angola, tem na segurança das infraestruturas, dos equipamentos, das instalações e dos sistemas marítimos e portuários; na valorização do Sector Marítimo e Portuário e na preservação do meio ambiente e a luta contra a poluição valores que enformam a sua actuação. 53 53
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MUITO OBRIGADO 55