DIREITO CONSTITUCIONAL Parte 4 Profª. Liz Rodrigues
Art. 14, 7º, CF/88: são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Inelegibilidade por motivo de parentesco (inelegibilidade reflexa): Observe o limite: território de jurisdição (circunscrição) do titular. Desmembramento: a inelegibilidade reflexa alcança o município desmembrado.
Cônjuges e parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção: a restrição aplica-se aos filhos de criação, se houver vínculo socioafetivo, uniões estáveis, homoafetivas ou apenas religiosas. Súmula Vinculante n. 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no 7. do artigo 14 da Constituição Federal.
Território, para fins de reflexa: inelegibilidade Estado País Município
Substitutos e sucessores: a inelegibilidade reflexa se aplica aos seus parentes e cônjuges, caso aqueles tenham exercido as funções nos seis meses anteriores ao pleito. Exceção: a vedação não se aplica se o cônjuge ou parente já eram titulares de mandatos eletivos e estão concorrendo à reeleição. Ex: Ângela Amin (prefeita de 1997 a 2005) e Esperidião Amim (governador de 1999 a 2003).
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 1º mandato Ângela 2º mandato Ângela Mandato Amin
Art. 14, 9º, CF/88: lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Outros casos de inelegibilidade estão previstos na Lei Complementar n. 64/90 e na Lei Complementar n. 135/10 (Lei da Ficha Limpa). Os prazos de inelegibilidade foram fixados em oito anos, mas o início da contagem varia: alguns são contados do término do mandato, outros, do término da legislatura, do término do cumprimento da pena ou da eleição.
Art. 14, 8º, CF/88: o militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Militar alistável: é o de carreira (e não o conscrito); as regras aplicam-se também aos membros das polícias militares e corpos de bombeiros militares. Obs.: o art. 142, V da CF/88 veda a filiação dos militares a partidos políticos. Então, se contar com menos de dez anos, deve afastar-se das atividades, mas, se contar com mais de dez anos, a filiação ao partido não lhe é exigível como condição de elegibilidade.
- TSE: I A transferência para a inatividade do militar que conta menos de dez anos de serviço é definitiva, mas só exigível após deferido o registro da candidatura. II A filiação partidária a um ano da eleição não é condição de elegibilidade do militar, donde ser irrelevante a indagação sobre a nulidade da filiação do militar ainda na ativa, arguida com base no art. 142, 3º, V, da Constituição (Ac. n. 20.318).
- TSE: Filiação partidária de militar da ativa. Inexigência. A condição de elegibilidade relativa à filiação partidária contida no art. 14, 3º, inciso V, da Constituição não é exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura, após prévia escolha em convenção partidária (Res.-TSE nº 20.993/2002, art. 12, 2º). Recurso especial a que se dá provimento para deferir o registro (Ac. nº 20.285). -.
- Agregação: situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número (art. 80, Lei n. 6.880/80).
Cassação: retirada arbitrária dos direitos políticos de um cidadão. É expressamente vedada. Pode haver a privação de direitos políticos, temporária ou definitivamente e a CF/88 não indica quais são as hipóteses de perda e quais são as de suspensão. Perda: privação definitiva dos direitos políticos. Suspensão: privação temporária destes direitos. É possível a reaquisição.
I cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado. Este é um caso típico de perda de direitos políticos que decorre da perda da condição de nacional. O cancelamento da naturalização é feito por sentença, e a reaquisição da nacionalidade depende do sucesso de uma eventual ação rescisória.
II - incapacidade civil absoluta. - Caso de suspensão dos direitos políticos, perdura enquanto a situação de incapacidade persistir. A incapacidade civil absoluta é reconhecida por sentença (exceto no caso de pessoas menores de 16 anos) e, se vier a cessar, a pessoa reassume a capacidade de exercer estes direitos.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. - Outra hipótese de suspensão. - Abrange toda e qualquer condenação penal definitiva; os efeitos duram até a extinção da punibilidade.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. - O art. 5º, VIII estabelece que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir a prestação alternativa, fixada em lei.
- Escusa de consciência: como regra geral, não gera nenhum tipo de sanção desde que exista uma prestação alternativa e o indivíduo não se recuse ao seu cumprimento. - Porém, a recusa em cumprir tanto a obrigação quanto a prestação alternativa leva à perda dos direitos políticos (Silva, Mendes, Moraes, dentre outros).
- No entanto, é importante destacar que há autores (Novelino) e bancas examinadoras que entendem que este é um caso de suspensão de direitos políticos. - Vale destacar, também, que o art. 4º da Lei n. 8.239/91 (regulamenta a prestação de serviço alternativo ao serviço militar obrigatório) trata a hipótese como sendo de suspensão de direitos políticos.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, 4º. - A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/92) enumera os atos de improbidade e suas sanções, inclusive a suspensão de direitos políticos pelo prazo de 3 a 10 anos.
- Vale destacar que parte da doutrina diferencia os casos de perda e suspensão considerando se a privação vai se dar por tempo determinado (suspensão) ou indeterminado (perda) ou se a sua recuperação depende ou não de alguma conduta do cidadão.
Art. 14, 10, CF/88: O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Art. 14, 11, CF/88: A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Diplomação: ato solene, pelo qual a Justiça Eleitoral oficialmente declara quem são os eleitos e os suplentes, entregando a eles os respectivos diplomas devidamente assinados. Diploma: é o documento emitido pela Justiça Eleitoral, após o processamento do pleito, para reconhecer que a pessoa ali indicada tem legitimidade para assumir o cargo para o qual concorreu e foi eleita.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Eficácia diferida: princípio da anterioridade da lei eleitoral. Garantia individual do cidadão, é considerada uma cláusula pétrea.