TELEVISÃO COMUNITÁRIA : A TRAJETÓRIA DA TV CULTURA DE SANTA BÁRBARA D OESTE PROF. DR. ADOLPHO QUEIROZ 1. Giuliane Strapasson 2 Hélio Francis Martins 3



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Transcrição:

Giuliane Strapasson 2 Hélio Francis Martins 3 TELEVISÃO COMUNITÁRIA : A TRAJETÓRIA DA TV CULTURA DE SANTA BÁRBARA D OESTE PROF. DR. ADOLPHO QUEIROZ 1 RESUMO Este artigo procura resgatar a história da TV Cultura, canal 43, de Santa Bárbara d Oeste, uma empresa de comunicação comunitária, de caráter público, inaugurada pela Prefeitura Municipal da cidade em 4 de dezembro de 1997 e que mantém uma programação diária de duas horas, emitindo telejornais, talkshows e serviços de utilidade pública. Além desta questão o artigo procura discutir uma pesquisa de audiência, aplicada entre os dias 13 a 18 de janeiro de 1999, que confirmou a aceitação do projeto pela comunidade local, a partir dos registros de audiências nos seus principais programas. **** INTRODUÇÃO Foi inaugurada na manhã de 4 de dezembro de 1997, nos estúdios improvisados junto a uma casa de bombas do Departamento deágua e Esgoto, a TV Cultura, canal 43, de Santa Bárbara d Oeste. Tratase de uma emissora de caráter comunitário e público, mantida pela Prefeitura Municipal da cidade, através 1 Adolpho Queiroz é Doutor em Ciências da Comunicação pela UMESP, São Bernardo do Campo; professor do programa de pós-graduação em comunicação na UMESP e da Faculdade de Comunicação da UNIMEP; é assessor de comunicação da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d Oeste/ S.P. 2 Giuliane Strapasson é estudante do Curso de Publicidade e Propaganda da UNIMEP e co - autora dos livros A história da imprensa em Santa Bárbara d Oeste, Socep, 1997 e Imprensa e eleições em Santa Bárbara d Oeste, 1998 e A história da Câmara Municipal de Santa Bárbara d Oeste, 1998. 3 Hélio Francis Martins é estudante do Curso de Publicidade e Propaganda da Unimep e co - autor dos livros A história da Banda União Operária de Santa Bárbara d Oeste, 1997 ; Imprensa e eleições em Santa Bárbara d Oeste, 1998 e História da Câmara Municipal de Santa Bárbara d Oeste, 1998.

da sua Secretaria de Cultura e Turismo, que ocupa duas horas diárias na grade de programação da TV Cultura - Fundação Padre Anchieta. Esta ação foi possível porque a Fundação Padre Anchieta liberou a diversos municípios paulistas, a possibilidade de interagirem na grade original de programação, estimulando a produção de material jornalístico e de difusão das culturas locais. Desde então, tem-se percebido um constante avanço na programação e nos trabalhos desenvolvidos pela emissora, que para mostrar o nível de desenvolvimento que a cidade vem atingindo na área de comunicações, no dia 4 de dezembro de 1997, entrou em operação a TV Cultura de Santa Bárbara d Oeste, canal 43 (UHF). A retransmissora da Fundação Padre Anchieta entrou no ar com o telejornalismo e a sua primeira imagem foi a própria inauguração do canal. O telejornal é dirigido pelo radialista Flávio Barbosa, da Santa Bárbara FM e vai ao ar todos os dias, às 18:30 horas. Dos 15 minutos de duração, um minuto é dedicado à história da cidade. Segundo o radialista, O barbarense conhece as muralhas da China, a França, mas poucos conhecem sobre nossos atores, imagens e esportes 4 A programação também inclui um programa semanal de 45 minutos, chamado Mídia e política. Nele, o jornalista Adolpho Queiroz entrevista personalidades importantes da cidade abordando assuntos relacionados à política e comunicação local. Apesar de a programação ser inteiramente gravada e editada em Americana, no estúdio da Produtora Z, a TV Cultura de Santa Bárbara possui equipamento técnico para a criação de vinhetas para informações de utilidade pública e pretende, mais tarde, fazer toda a produção na própria cidade. 5 SANTA BÁRBARA, UM POUCO DE HISTÓRIA A abertura de uma estrada de rodagem em 1810 ligando a freguesia de Santo Antonio de Piracicaba à Vila de São Carlos de Campinas, atraiu sesmeiros à região, entre eles, Dona Margarida da Graça Martins, que comprou duas léguas quadradas e fundou uma fazenda com engenho de açúcar. ao doar terras à Cúria Paulistana, oito anos depois, D. Margarida pretendia que nelas fosse construída uma capela em louvorà Santa Bárbara e que se fundasse um povoado. Com a capela erguida, 4 de dezembro de 1818 foi considerada a data oficial da fundação da cidade.. A 1842 a Capela Curada foi elevada à categoria de Freguesia. E somente em 1869 a Freguesia passou a se chamar Vila de Santa Bárbara dos Toledos : A povoação crescia em todas as direções e a idéia de sua elevação à vila já amadurecia no pensamento dos barbarenses. Os homens a quem cabia a direção de mando iniciaram as demarches necessárias para a 4 QUEIROZ, Adolpho e NEGRI, Ana Camila ( orgs). A História da Imprensa em Santa Bárbara d Oeste. Santa Bárbara d Oeste, Editora Socep, 1998, pg. 23.

concretização dessa aspiração coletiva. Ela viria como prêmio ao desenvolvimento social, político e financeiro. 6 Com uma população de 171. 000 habitantes, a cidade conta hoje com grande desenvolvimento da cultura e do lazer 7 especialmente com relação ao museu da imigração onde estão sendo feitas exposições que resgatam a história da cidade. E essa preocupação em preservar a própria história também atinge setores particulares, como a Fundação Romi, por manter a história da imprensa da cidade guardada em seu Acervo Histórico, cuidadosamente organizado pelo historiador Antonio Carlos Angolini. 8 Na década de 20, surgiram indústrias de implementos agrícolas e indústrias têxteis. Com o passar dos anos, surgiram novas indústrias, produzindo tecidos, implementos agrícolas e tornos mecânicos. Na década de 50 foi produzido o primeiro automóvel brasileiro, a ROMI-ISETTA 9 A história das comunicações na cidade remonta a 1891, quando foi instalado o primeiro telefone, que pertencia ao fornecedor de dormentes de madeira,sr. Albino Picada e era ligado diretamente a estação da Estrada de Ferro Paulista, na cidade. Antes disso, porém já surgiam as primeiras experiências de jornalismo impresso : Em 1888 surgiu um primeiro jornal chamado A Aurora, dirigido pelo Dr. Cândido Prado, o jornal era impresso em Rio Claro e chegava a Santa Bárbara aos domingos. Não restou nenhum exemplar desse jornal pioneiro. Sabemos que existiu graças a um artigo publicado num dos jornais da cidade. 10 O jornal Cidade de Santa Bárbara registrou que há 43 anos, Santa Barbara possuiu um pequeno jornal intitulado A Aurora, redigido pelo Sr. Cândido Prado. Temos à vista os números 2, 7 e 11 desse órgão de imprensa barbarense e delles extrahimos notas sobre a vida da então Villa de Santa Bárbara. 11 No século XX, a cidade editou vários jornais diários, semanários e possui hoje uma rede que contém um jornal Diário, fundado em 7 de setembro de 1985; três emissoras locais de rádio, duas Fms, Rádio Luzes e Santa Bárbara FM e uma AM, Rádio Brasil, uma revista bimensal, Diversa e o canal local de televisão. UM CANAL COMUNITÁRIO 5 O DIÁRIO, Santa Bárbara d Oeste, 5 de dezembro de 1997, página 5. 6 CRIVELLARI, José Maria. Santa Bárbara d Oeste - Edição Histórica. Santa Bárbara d Oeste, Editora Focus, 1971, página 10. 7 TODODIA ( jornal diário ), Edição especial de 179 anos de Santa Bárbara d Oeste. Americana, 4 de dezembro de 1997, Paulo César Faggionato. 8 idem. 9 Home- page da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d Oeste. 10 QUEIROZ, Adolpho e NEGRI, Ana Camila ( orgs). A história da imprensa em Santa Bárbara d Oeste. Santa Bárbara d Oeste, Editora Socep, 1988, página 17. 11 Cidade de Santa Bárbara, Papéis Velhos, Santa Bárbara d Oeste, 14 de junho de 1931.

Numa justificativa que fez, publicamente, durante um seminário promovido pela Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional na cidade 12, o idealizador do projeto do canal comunitário e Secretário de Cultura e Turismo do município, Paulo César D Elboux, mostrou que a cidade -- como as demais da região -- nunca tiveram muito espaço nos telejornais regionais. As notícias que apareciam -- quando apareciam -- eram para falar de aspectos negativos da cidade. Trata-se de uma situação que vem imperando nos últimos vinte anos, desde a inauguração da EPTV, Empresas Pioneiras de Televisão, subsidiária da Rede Globo,no município de Campinas, que propiciou um grande desenvolvimento para o jornalismo regional. Na atualidade, vários canais regionais interagem com a comunidade barbarense como a CNT de Americana, a TVBrasil de Campinas ( ligada ao SBT) e a Rede Bandeirantes de Televisão. Em função destes antecedentes, D Elboux procurou construir uma grade de programação que privilegiasse o telejornalismo, a memória local, o esporte e as discussões sobre a política e a comunicação locais. Com isso foram criados o Telejornal Santa Bárbara Hoje, primeira e segunda edições. A primeira, logo as sete horas da manhã, com debates ao vivo, notícias e entrevistas, todas ao vivo. E outro no final da tarde, das 18:30 às 19 horas, fazendo um panorama dos acontecimentos da cidade. E nos horários das 22:30 às 23:30 horas, foi criada uma linha de talk-shows. Às segundas-feiras tem sido reapresentados os jogos do União Agrícola Barbarense -- que vem fazendo uma excelente campanha no Campeonato Paulista da série A1, seguido de mesa redonda e debates com técnicos, jogadores, dirigentes. Este programa recebe em média 200 telefonemas, para as perguntas e os sorteios realizados. às quintas-feiras ( com reprises programadas para o sábado à tarde) é apresentado o programa História e memória, que procura resgatar aspectos da cultura local, com entrevistas. E às sextas-feiras, é realizado o programa Mídia e política que discute semanalmente um assunto de interesse do campo da política e das comunicações. A programação inclui a transmissão de programas culturais ao vivo, como o Canta Santa Bárbara, realizado no auditório da prefeitura aos domingos pela manhã, em que uma personalidade local é homenageada por sua atuação no campo da cultura. além disso, duplas sertanejas, corais, cantores locais, regionais, apresentam-se para abrilhantar o programa. 13 Depois de um ano de atividades, a TV Cultura, canal 43 de Santa Bárbara d Oeste, foi objeto de uma pesquisa de audiência, cujos comentários aparecem em seguida. 12 Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, seminário Fluxos midiáticos regionais, de 22 a 27 de julho de 1997. Relatório técnico científico. Santa Bárbara d Oeste, 1997. 13 Estas homenagens estão registradas nos livros Canta Santa Bárbara I e II, da coleção Santa Bárbara história e memória, editados pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e pela editora Socep, entre 1997/1999.

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA Esta pesquisa foi realizada entre os dias 13 a 18 de janeiro de 1999, ouvindo 983 pessoas, residentes em diversos bairros da cidade. O planejamento, pesquisa e análise foi feito pelo prof. Dr. Adolpho Queiroz, Assessor do Gabinete do Prefeito Municipal; a coleta de dados foi realizada pelos estudantes do Curso de Comunicação Social da Unimep, Hélio Francis Martins, Nilvo Colucci, Giuliane Strapasson, Denise Pio e Ana Paula Bagarollo, que tiveram como incumbência inicial, entrevistar pessoas que tivessem assistido, pelo menos uma vez, ao longo de 1998, algum programa da TV Cultura da cidade, e para atingir este universo de 983 pessoas, foram necessários pelo menos 3.000 contatos -- o que revela inicialmente que para conseguirmos um entrevistado que já tivesse acompanhado a programação, foram necessários outros dois contatos. Cada entrevistador realizou cerca de 200 entrevistas individuais, a partir de um questionário de 18 perguntas que buscavam o perfil sócio-econômico dos entrevistados ( sexo, idade, escolaridade, renda pessoal, bairro em que reside) e o perfil da audiência da emissora, com questões específicas sobre a freqüência com que o entrevistado assistia a programação, o horário em que costuma sintonizar os programas, a qualidade dos programas atualmente exibidos, se a televisão local está contribuindo para a informação da população e o desenvolvimento da cultura local, se é um serviço indispensável ou pouco importante, se a programação é democrática ou discriminadora, se o canal local deveria exibir ou não anúncios de empresas da cidade, se o entrevistado conhecia a localização dos estúdios da emissora, seus profissionais, se tinha sugestões para melhorar os programas exibidos e avaliava também o fato de a TV e a rádio municipal, a Santa Bárbara FM, ao exibirem simultaneamente o jornal da manhã, se estariam atingindo ou não seus objetivos. A pesquisa foi solicitada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, para avaliar, após um ano de atividades, se o projeto de um canal local de televisão estaria ou não cumprindo seus objetivos. A apresentação dos dados que se seguem, com seus respectivos comentários, seguiu a um padrão definido pelos seus formuladores, e vem apresentada a partir de duas premissas básicas : há um indicativo de qual a percepção do público masculino sobre a programação da televisão; outra do público feminino e, por fim, uma totalização dos dados. Este formato da pesquisa, possibilita uma leitura mais minuciosa sobre tendências da audiência local sobre a atual grade de programação, bem como apresenta sugestões importantes para públicos com gostos e preferências distintos.

1. Análise da pesquisa 1.1. Com relação a primeira questão, foram ouvidas 983 pessoas, sendo 520 homens ( 52,9 %), 460 mulheres ( 46,8%) e foram entregues 3 questionários sem o preenchimento adequado deste campo, revelando-se uma presença masculina no universo dos entrevistados em torno de 6% a mais do que a amostragem feminina. 1.2. Com relação a segunda questão, predominou no rol de entrevistados, pessoas mais jovens, entre 16 a 25 anos ( 33,23% ), vindo a seguir os que possuem faixa etária entre os 26 a 35 anos ( 24,04%); de 36 a 45 anos (18,08%); de 46 a 55 anos ( 13,43%) e entrevistados com mais de 55 anos (10,61%), tendo-se uma visão inicial de que 57,27% dos entrevistados estão na faixa economicamente ativa registrada entre os 16 e os 35 anos. 1.3. Com relação à terceira questão sobre a escolaridade dos entrevistados,, constatou-se que a maioria absoluta (52,96%) possui apenas o curso primário; enquanto freqüentaram o curso colegial cerca de 33,61% dos entrevistados; o quadro se completa com 8,52% tendo cursado uma universidade e 4,35% dos entrevistados que afirmou não ter freqüentado nenhuma escola. A característica mais marcante da cidade, do ponto de vista educacional, portanto, é que mais da metade tem apenas o curso primário. 1.4. Com relação à questão sobre renda pessoal, os que ganham apenas 1 salário mínimo são 10,99% da população; enquanto 42,22% recebem entre 2 a 5 salários mínimos; 13,12% recebem entre 6 a 10 salários; 1,63% ganham mais de 10 salários mínimos. Neste quesito, 32,04% dos entrevistados preferiram não responder a questão. A prevalência na cidade é de uma renda que gira entre 2 a 5 salários mínimos. 1.5. Com relação aos bairros em que residem os entrevistados, a pesquisa percorreu 25 bairros, tendo procurado ouvir opiniões em cada um deles. Houve maior incidência de entrevistados na região central ( 17,75%), no Molon ( 13,06%), no Jardim Europa ( 13,96%), no Santa Rita ( 13,76%), na Cidade Nova ( 6,78%) e no Jardim Pérola ( 5,58%), tendo sido ouvidas pessoas nos demais bairros da cidade. ANÁLISE 1 PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DOS ENTREVISTADOS Esta pesquisa aponta, como primeira resposta, a informação de que o perfil mais aproximado dos entrevistados neste projeto é assim composto : homens, com idade entre 16 a 25 anos, curso primário completo, renda pessoal variável entre 2 a 5 salários mínimos, residente na região central - Molon - Jardim Europa - Santa Rita.

1.6. Com relação à pergunta com que freqüência você assiste a programação da TV Cultura, canal 43, Santa Bárbara d Oeste, tivemos 25,53% respondendo que assistem diariamente; 74,16 % assistem esporadicamente e 0,31% informaram que nunca sintonizaram a programação da emissora. Ficando evidente que ainda não há uma fidelização com relaçãoà programação. 1.7. Com relaçãoà pergunta sobre as condições de recepção das imagens, os dados indicam que 58,49% recebem a imagem de forma adequada e 41,51% estão com problemas na recepção da programação. Análise 2 Outra evidência no processo de recepção da TV Cultura de Santa Bárbara d Oeste que se evidencia nesta resposta -- e que teve como premissa metodológica desta pesquisa, de ouvir apenas os entrevistados que já tivessem assistido a programação uma vez, é de que há ainda barreiras técnicas a serem superadas, com o objetivo de que a programação seja vista em toda a cidade. Há problemas mais localizados de audiência na Zona Leste de Santa Bárbara. 1.8. Com relação ao horário em que mais comumente a população assiste a programação da TV Cultura, os dados obtidos foram 26,94% pela manhã; 61,22% à noite; obtendo-se também uma resposta não prevista de 10,82% de pessoas que confirmaram que assistem a programação pela manhã e à noite, mantendo-se um nível de fidelização, portanto, de 10,82%. Fica evidente, igualmente a identificação do público com a programação noturna. RESPOSTAS SOBRE A PROGRAMAÇÃO 1.9. Com relação ao Jornal Santa Bárbara Hoje, primeira edição, exibido no período da manhã, 37,96% disseram que o programa é bom ; 11,94% afirmaram que o programa é regular ; 0,31% disseram que o programa é ruim; 0,10% sugeriram que ele é péssimo e outros 41,02% disseram nunca ter assistido a este telejornal. A evidência que transparece é que a maioria expressiva acha o programa de bom nível e bem realizado. 1.10. Com relação ao Telejornal 2a. edição, exibido à noite, o índice de bom foi de 43,88%; o de regular, 17,45%; o de ruim 1,02% e não houve quem o tivesse classificado como péssimo. Enquanto isso,

28,06% afirmaram nunca ter assistido ao jornal noturno. Igualmente nesta questão, há uma forte aprovação ao programa, com 43,88% de respostas favoráveis. 1.11. Sobre o programa Cultura nos Esportes, 37,67% consideram o programa bom ; 8,32% o consideram regular; 0,98 % o consideram ruim; 0,20 % o consideram péssimo e 42,95% informaram que nunca assistiram este programa. Evidentemente que este programa tem um forte apelo no público masculino e vive um momento especial, em função da ascensão do principal time de futebol da cidade, o União Agrícola Barbarense, que disputa em 199 a principal divisão do Campeonato Paulista de Futebol. 1.12. Sobre o programa História e memória, as respostas foram : bom 22,24% ; regular 8,98% ; ruim, 1,12%; nenhuma indicação para péssimo, enquanto que 56,94% afirmaram nunca ter assistido este programa. Há igualmente uma boa parcela de aprovação, de 22,24% ao programa. 1.13. Sobre o programa Mídia e política, os índices de aprovação são de 11,40% (bom); 7,80% ( regular); 1,50% (ruim); 0,30% péssimo, enquanto 66,20% informaram que nunca assistiram este programa. Há uma modesta aprovação ao programa de 11,40%, revelando-se um alto índice de desconhecimento sobre suas atividades ( 66,20% ). SOBRE A IMAGEM INSTITUCIONAL DO PROJETO 1.14. Sobre a opinião popular, se a TV Cultura estaria contribuindo para a informação da população e o desenvolvimento da cultura local, as respostas foram quase que unânimes : 93,27% dos entrevistados afirmaram que sim, a TV Cultura contribui para o desenvolvimento local; enquanto que 6,73% disseram que não, a TV não contribui para o desenvolvimento local. 1.15. Sobre a questão de que a televisão local tornou-se um veículo obrigatório, os entrevistados disseram que hoje ela é indispensável ( 14,61%); outros disseram que ela é importante ( 81,67%) e apenas 3,73% afirmaram que o projeto da televisão local é pouco representativo. 1.16. Sobre o nível de ação política da programação, a população entende majoritariamente (75,57%) que a sua programaçãoé democrática; outros a vêem como engajada ( 19,84%) e apenas 4,59% a consideram discriminadora. 1.17. Sobre a possibilidade de exibição de anúncios de empresas locais, 92,76% dos entrevistados consideram que a emissora deveria exibir anúncios de empresas locais, enquanto que apenas 7,24% não aprovaram esta iniciativa. 1.18. Sobre o fato de existir um estúdio para a TV Cultura, 37,40% dos entrevistados disseram que conheciam o local, no Jardim São Francisco; enquanto 62,60% afirmaram desconhecer a existência do estúdio.

1.19. Com relação aos profissionais que mais se destacam no trabalho jornalístico da emissora, despontaram os nomes dos apresentadores Flávio Barbosa ( 23,31%), Oswaldo Bachin RJ. (15,54%) e Luciana D Elboux ( 9,53%) 1.20. Sobre as sugestões para melhorar a programação, 52,09% não emitiram opinião sobre o tema; e 7,56% disseram que a programação, como está concebida, está boa. A melhoria de condições técnicas também foi bastante comentada, com 7,47% das respostas e a exigência de novos programas ( 9,89%) também foi solicitada. Outros índices e sugestões podem ser melhor observados na tabela em anexo sobre este tema. 1.21. Sobre tipos de programas que devessem ser incentivados na programação local, 26,18% dos entrevistados não responderam a questão ou não tinham sugestões a dar; enquanto 7,46% querem mais programas de esportes; 7,46% querem programas para jovens; 5,32% querem mais programas sobre a cidade; 7,16% querem programas infantis; 6,03% querem mais programas educativos e 5,73% querem mais musicais, entre outras opções. 1.22. Sobre a questão da adequação da transmissão simultânea do jornal da manhã pela Santa Bárbara FM e pela TV Cultura, 78,18 % dos entrevistados disseram ser favoráveis a transmissão em conjunto; enquanto 21,82% disseram que não aprovam tal estratégia. ANÁLISE 3 Com relaçãoà programação, os índices de aprovação são reveladores de uma grande aceitação por parte do público, dos telejornais locais, do programa esportivo, do programa de memória e de política. Contudo, a população espera novas iniciativas no sentido de ampliação da grade de programação com a exibição de programas para jovens, musicais e programas infantis. Há também grande apoio para a possibilidade de uma maior integração entre o canal local e o empresariado, com a apresentação de anúncios publicitários institucionais. Entre os profissionais, os que aparecem com mais freqüência, conquistaram mais notoriedade entre os entrevistados, em função da qualidade das suas contribuições. E especialmente há aprovação da sociedade local com relação ao projeto, respondidas nas questões sobre as contribuições que a TV Cultura tem dado à cultura local, o seu papel democrático e que se transformou num serviço importante para a comunidade. De posse destes dados, a Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d Oeste e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, passam a dispor de elementos e informações gerenciais e estratégicas capazes de aferir os resultados do projeto inicial, dar-lhe mais consistência e investir em outras ações, sinalizadas pelo público como importantes.

CONCLUSÕES Na medida em que se trata de iniciativa pioneira na cidade no campo da televisão, este projeto, implantado há pouco mais de um ano, tem conseguido cumprir os seus objetivos de divulgar para a cidade, seus acontecimentos diários ; registrar as atividades desenvolvidas pela Prefeitura Municipal ; incentivar debates sobre questões políticas locais ; difundir a cultura através da série de programas sobre a memória local ; estimular o esporte, especialmente neste momento em que o principal time de futebol da cidade conquistou o privilégio de disputar o principal campeonato paulista de futebol, bem como ensejar o resgate da auto - estima local. Como verificamos, a partir do depoimento do Secretário de Cultura, faltava este canal de diálogo com a sociedade local, que sempre viu poucas imagens sobre o município nas televisões regionais e nacionais e passou a ter um contato diário com os acontecimentos da cidade no seu canal local. O resultado da pesquisa, embora comprove ainda um impacto relativo da programação sobre a comunidade -- para realizá-la, os pesquisadores contataram três pessoas para que uma respondesse afirmativamente que já tinha assistido a programação local -- e em razão de dificuldades técnicas, em virtude da potência do canal local, nem toda a comunidade consegue captar as informações disseminadas pela emissora. Vale também dizer que, com apoio da comunidade -- através de parcerias firmadas com o jornal O Diário, a Fundação Romi, e um posto de gasolina, foi possível construir um estúdio, onde estão instaladas as bases de operação do canal local, que hoje emprega cerca de 20 profissionais, entre técnicos, apresentadores e jornalistas. Uma experiência pioneira para a comunicação local, em fase de consolidação. BIBLIOGRAFIA CIDADE DE SANTA BÁRBARA ( jornal ). Papéis Velhos. Santa Bárbara d Oeste, 14 de junho de 1931. CRIVELLARI, José Maria. Santa Bárbara d Oeste - Edição Histórica. Santa Bárbara, Editora Focus, 1971. FAGGIONATO, Paulo. Suplemento Especial de 178 anos de Santa Bárbara d Oeste. Tododia ( jornal). americana, 4 de dezembro de 1997. HOME PAGE da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara d Oeste http://www.dglnet.com.br/ santabarbara/home01.htm

QUEIROZ, Adolpho e NEGRI, Ana Camila França de ( orgs). A história da imprensa em Santa Bárbara d Oeste. Santa Bárbara d Oeste, Editora Socep 1998.