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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N I MUI mil um um um um iiiii um mi mi Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000, da Comarca de São Carlos, em que é agravante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, sendo agravado PEDRO MENDONÇA DE OLIVEIRA. ACORDAM, em 11 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PIRES DE ARAÚJO (Presidente), ALIENDE RIBEIRO E FRANCISCO VICENTE ROSSI. São Paulo,31 de janeiro de 2 011. (" _ ^t-^^t PIRES DE ARAÚJO PRESIDENTE E RELATOR

AGRAVO DE INSTRUMENTO N 0000399-49.2011.8.26.0000 Agravante: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO Agravada: PEDRO MENDONÇA DE OLIVEIRA Comarca: SÃO CARLOS V.21.691 OBRIGAÇÃO DE FAZER - INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE DEPENDENTE QUÍMICO - BEM JURÍDICO PROTEGIDO É A VIDA DO SER HUMANO - PROVIDÊNCIA QUE NÃO PODE AGUARDAR MEDIDAS ADMINISTRATIVAS, SOB PENA DE FRUSTRAR O DIREITO DO PACIENTE MULTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - POSSIBILIDADE - "As 'astreintes' podem ser fixadas pelo juiz de ofício, mesmo sendo contra pessoa jurídica de direito público, que ficará obrigada a suportá-las caso não cumpra a obrigação de fazer no prazo estipulado" (STJ-RF 370/297: 6 a T., REsp 201.378). No mesmo sentido: STJ-5 3 T., REsp 267.446-SP, rei. Min. Felix Fischer, j.3.10.00, deram provimento, v.u., DJU 23.10.00, p. 174; STJ-1 a T., REsp 690.483-AgRg, rei. Min. José Delgado, j.19.4.05, negaram provimento, v.u., DJU 6.6.05, p. 208; STJ-2" T., REsp 810.017, rei. Min. Peçanha Martins, j. 7.3.06, deram provimento, v.u., DJU 11.4.06, p. 248; RT 808/253, 855/255 - Multa Reduzida - Recurso parcialmente provido. Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão de fls. 131/132 que, em ação de obrigação de fazer ajuizada por Pedro Mendonça de Oliveira em face da Fazenda do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Carlos e de Danilo Santos de Oliveira, o Juízo de primeiro grau deferiu a liminar nos seguintes/termos:

2..."DEFIRO a liminar e autorizo a internação compulsória do paciente DANILO SANTOS OLIVEIRA. Em conseqüência, DETERMINO aos representantes do Município de São Carlos e do Estado de São Paulo que realizem a internação do requerido Danilo em clínica especializada em dependentes químicos, pelo tempo necessário ao tratamento do vício, seja na rede pública de saúde ou em clínica particular, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais)". Alega a agravante, em síntese, que o Hospital Cairbar Schutel possui estrutura suficiente para internar o filho do agravado em regime semi-aberto, conforme preceitua a Portaria n. 251/GM/2002. Sustenta que a mesma Portaria impõe aos Hospitais psiquiátricos públicos aparato necessário ao interno, que é o caso. E não há qualquer impedimento que um hospital psiquiátrico cuide de dependentes químicos. Aduz, ainda, que a declaração emitida pelo Presidente do Hospital Cairbar foi, de forma equivocada, interpretada pelo agravado. Pede a exclusão da multa diária imposta sob a alegação de que inexiste desídia por parte do Ente Público agravante e, subsidiariamente, a dilação do prazo para cumprimento da determinação imposta na decisão ora agravada. Finalmente, pleiteia a concessão do efeito suspensivo e, no mérito, a reforma da decisão. É o relatório. O presente recurso comporta julgamento imediato independentemente de ulteriores providências. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Fazenda do Estado de São Paulo em face de decisão que deferiu liminar parado Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21.691 (39'15)

3 fim de garantir a internação de dependente químico na rede pública de saúde ou em clínica particular, às expensas da ora agravante e do Município de São Carlos. Dispõe o art. 196 da Constituição Federal: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". A Lei n 8.080 de 19.9.1990 estabelece que a saúde é "um direito fundamental do ser humano devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício" (art. 2 o ). O caso específico diz respeito a um dependente químico imoderado, fato atestado por médico vinculado à própria Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos (fls. 80). Nestes termos, cuida-se de saúde pública o que resulta de providências médicas assecuratórias da vida do filho do agravado. A jurisprudência deste E. Tribunal é no sentido de garantir internação pelo tempo necessário a dependente químico: "Agravo de Instrumento - Ação Civil Pública - Pedido de internação compulsória de dependente químico - Admissibilidade - O interditando é usuário imoderado de entorpecentes, colocando em risco sua própria vida e a de seus familiares - Internações ambulatoriais e tratamentos anteriores que se revelaram ineficazes - Cabimento da internação involuntária em local apropriado para dependentes químicos pelo tempo necessário à stíêt recuperação - Recurso provido" (Agravo de Instrumento n. 0 Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21.691 (3915) / í /

4 990.10.191299-6, Rei. Des. Sérgio Gomes, data de julgamento: 01.09.10, 9 a Câmara de Direito Público). "Tutela antecipada - Deferimento pelo juízo 'a quo' para o fim de determinar à ré-agravante o custeio do tratamento prescrito ao autor, através de internação em clínica para tratamento de dependentes químicos, até que desapareça a necessidade de sua realização, sob pena de multa diária - Decisório que merece subsistir, visto que se trata de garantir o direito à vida e à saúde do ora agravado - Incidência do disposto nos arts. 196 e 198, II, da CF" - (Agravo de Instrumento n. 855.130-5/1-00, Rei. Des. Paulo Dimas Mascaretti, j. 18.03.09) Na relatoria do E. Des. Ricardo Dip depreende-se que diante de um "quadro de instrução processual ainda não por inteiro submetido, na instância originária, ao contraditório - pode por agora dizer-se inequívoca, acolitada da verossimilhança das alegações de fundo e do patente receio de lesão irreparável, a antecipação de tutoria foi prudentemente deferida pelo Juízo de origem. Com efeito, não se ignora que há estritos limites postos para a apreciação e o julgamento deste recurso, no qual ainda não se discute em profundidade o mérito da causa, pendente a adequada possível produção contraditória de novas provas na instância de origem, de sorte que o juízo da prudência aconselha, a esta altura, acautelar in limine um bem jurídico indefinidamente mais digno - como o é a vida - de preferência a prescrições regulamentares que, tardando em socorrê-la, acarretariarrvcr grave risco de, a final, frustrar-se a salvaguarda de um direito natural / / Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21.691 (3,915)

reconhecido como intangível pela Constituição vigente." (Agravo de instrumento n. 398.135-5-3). Ademais, há de se observar que o próprio diretor presidente do Hospital Cairbar Schutel manifestou a inadequação de estrutura para tratamento de dependentes químicos ao asseverar que "o hospital não disponibiliza infra-estrutura para um tratamento adequado e completo" (fls. 82/83). No tocante à multa diária, revendo anterior posicionamento deste julgador a respeito do tema - de que o estabelecimento de multa em face do Poder Público por eventual atraso no cumprimento da obrigação, em última análise, traria prejuízos aos próprios contribuintes - passo a adotar o entendimento majoritário desta C. Câmara bem como da jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores no sentido de admiti-la (multa diária cominatória) contra a Fazenda Pública, na hipótese de descumprimento de obrigação de fazer, nos termos do art. 461 do Código de Processo Civil. Nesse sentido: "As 'astreintes' podem ser fixadas pelo juiz de ofício, mesmo sendo contra pessoa jurídica de direito público, que ficará obrigada a suportá-las caso não cumpra a obrigação de fazer no prazo estipulado" (STJ-RF 370/297: 6 a T., REsp 201.378). No mesmo sentido: STJ-5 a T., REsp 267.446-SP, rei. Min. Felix Fischer, j.3.10.00, deram provimento, v.u., DJU 23.10.00, p. 174; STJ-1 a T., REsp 690.483-AgRg, rei. Min. José Delgado, j. 19.4.05, negaram provimento, v.u., DJU 6.6.05, p. 208; STJ-2 a T., REsp 810.017, rei. Min. Peçanha Martins, j. 7.3.Q6r\ deram provimento, v.u., DJU 11.4.06, p. 248; RT 808/253, 855/255 (cfe. ' Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21.691

6 nota 7b do art. 461 do "CPC e legislação processual em vigor", Theotonio Negrão e José Roberto F. Gouvêa, 40 a ed., pág. 560/561). E, ainda: " ( ) nada há que excepcione a Fazenda Pública, como devedora de obrigação de fazer, à sujeição às normas dos artigos 644 e 461 do Código de Processo Civil, e subsidiariamente o disposto no art.645 do mesmo diploma, valendo-se o Juízo da execução do feixe de possibilidades oferecido pelo referido artigo 461. Pacificado o entendimento da jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça a esse respeito: 'É cabível, mesmo contra a Fazenda Pública, a aplicação de multa diária ('astreintes') como meio coercitivo para impor o cumprimento de medida antecipatoria ou de sentença definitiva de obrigação de fazer ou entregar coisa, nos termos dos artigos 461 e 461 a do CPC. Precedentes' (STJ, 1 a Turma, R.Esp. 806.765/RS, j. 20.04.2006, Rei. o Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI). 'Saliente-se, por fim, que não se sustem o entendimento da Corte de origem no sentido de que a condenação da Fazenda ao pagamento de multa diária é medida inócua. Com efeito, não se desconhece que cabe ao Estado responsabilizar civil, penal e/ou administrativamente o agente público que deixa de cumprir obrigação proveniente de determinação judicial' (STJ, 2 a Turma, R.Esp. 738.511- RS, j. 06.09.2005, Rei. o Min. FRANCIULLI NETTO)." 1 1 Agravo de Instrumento n. 565.802.5/0, rei. Des. Aroldo Viotti. Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21

7 Todavia, deve ser observado que não se justifica fixação em valor tão elevado, na medida em que esse quantum foge da regra em situações análogas. Assim, razoável que se fixe o valor com parcimônia, evitando-se situação de locupletamento indevido. A multa deve ter seu caráter de estímulo ao cumprimento da ordem, mas não deve ultrapassar os limites da razoabilidade. Assim, verifica-se que o valor fixado pelo douto magistrado de primeiro grau, mostra-se excessivo, razão pela qual reduzo a multa para R$ 300,00 (trezentos reais) por dia de atraso no cumprimento da obrigação determinada pela decisão monocrática. Registre-se, também, que o prazo concedido pelo Juízo 'a quo' de 10 dias é razoável, não se mostrando exíguo. As demais questões serão abordadas na ação principal, em respeito ao duplo grau de jurisdição. / Do exposto, dá-se.parcjal provimento ao recurso unicamente para reduzir a multa diária! 'nrantendo-se, no mais, a r. decisão agravada. / ri PIRES/DE ARAÚJO / / Relator \y Agravo de Instrumento n 0000399-49.2011.8.26.0000 - São Carlos - V.21.691 (3915)