OMS: Relatório da situação sobre o Roteiro de Resposta ao Ébola 8 de Outubro de 2014

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Transcrição:

OMS: Relatório da situação sobre o Roteiro de Resposta ao Ébola 8 de Outubro de 2014 O número total de casos prováveis, confirmados e suspeitos (ver Anexo 1) da epidemia da doença do vírus do Ébola (EVD) na África Ocidental notificados até ao final do dia 5 de Outubro de 2014 (semana epidemiológica 40) era de 8033, com 3865 mortes. Os países afectados são Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Estados Unidos da América. Foi notificado um caso confirmado de EVD em Espanha 1, mas como a confirmação foi feita durante a semana que terminou em 12 de Outubro (semana epidemiológica 41), as informações sobre esse caso serão incluídas na próxima actualização do Roteiro de Resposta ao Ébola. A semana passada confirmou a continuação das tendências recentes: a situação na Guiné, Libéria e Serra Leoa continua a deteriorar-se, com transmissão generalizada e persistente da EVD. Os problemas com a recolha de dados na Libéria continuam. É preciso realçar a improbabilidade de que a diminuição notificada do número de novos casos na Libéria, nas últimas três semanas, seja real. Pelo contrário, isso reflecte a deterioração da capacidade de registar dados epidemiológicos rigorosos por parte de agentes de resposta que se encontram sobrecarregados. É óbvio, pelos relatos no terreno e pelos agentes de primeira linha que os casos de EVD estão a ser subnotificados, em várias localidades-chave, e os dados laboratoriais que ainda não foram integrados em estimativas oficiais indicam um aumento do número de novos casos na Libéria. Não há evidências de que a epidemia de EVD na África Ocidental esteja a ser controlada, embora haja evidências de uma redução da incidência nos distritos de Lofa, na Libéria, e Kailahun e Kenema, na Serra Leoa. EXPOSIÇÃO Este é o quinto de uma série de relatórios de situação regulares sobre o Roteiro de Resposta ao Ébola 2. O relatório contém uma análise da situação epidemiológica com base na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde e uma avaliação da resposta medida em função dos indicadores essenciais do Roteiro, quando disponíveis. Os dados contidos no presente relatório baseiam-se na melhor informação disponível. Estão a ser desenvolvidos esforços consideráveis para melhorar a disponibilidade e o rigor da informação sobre a situação epidemiológica e a implementação das medidas de resposta. De acordo com a estrutura do roteiro, os relatórios dos países recaem em três categorias: 1) países com transmissão generalizada e intensa (Guiné, Libéria e Serra Leoa); 2) países que têm um ou vários casos iniciais ou com transmissão localizada (Nigéria, Senegal e Estados Unidos da América); e 3) países contíguos a zonas de transmissão activa (Benim, Burquina Faso, Côte d Ivoire, Guiné-Bissau, Mali, Senegal). O Anexo 2 apresenta uma panorâmica da situação na República Democrática do Congo, onde ocorre um surto de EVD isolado e sem relação com os outros países. 1. PAÍSES COM TRANSMISSÃO GENERALIZADA E INTENSA A tendência ascendente da epidemia continua na Guiné, Libéria e Serra Leoa (Tabela 1). GUINÉ A transmissão na Guiné é persistente (Figura 1), com, aproximadamente, 100 novos casos confirmados de EVD notificados na última semana. Durante muitas semanas, o surto na Guiné foi 1 Ver o relatório da OMS sobre Notícias do Surto de Doenças em: http://www.who.int/csr/don/en/ 2 Ver o Roteiro de Resposta ao Ébola em: http://www.who.int/csr/resources/publications/ebola/response-roadmap/en/ 1

impulsionado pela transmissão em três áreas: a capital, Conacri, Macenta e Gueckedou, a região em que o surto começou. Embora o número de novos casos confirmados e prováveis notificados em Gueckedou tenha permanecido estável e baixo em nas quatro últimas semanas, com quatro a seis casos notificados por semana, o número de novos casos notificados em Macenta variou entre 15 e 71 casos notificados por semana, durante o mesmo período. A transmissão permanece elevada em Conacri, com 15 novos casos confirmados e prováveis notificados na semana epidemiológica 40. O distrito de N Zerekore também notificou um aumento acentuado do número de novos casos, com 20 notificados na semana epidemiológica 40. No leste do país, na fronteira com a Côte d Ivoire, o distrito de Lola notificou casos de EVD pela primeira vez (três casos confirmados; Figura 4). O distrito vizinho de Beyla notificou os seus primeiros casos confirmados na semana passada. Tabela 1: Casos prováveis, confirmados e suspeitos na Guiné, Libéria e Serra Leoa País Definição de casos Casos Casos nos últimos 21 dias Casos nos últimos 21 dias/total de casos Mortes Confirmados 1044 253 24% 587 Guiné Prováveis 180 13 7% 179 Suspeitos 74 65 88% 2 Todos 1298 331 26% 768 Confirmados 941* 136 14% 1018* Libéria Prováveis 1795 567 32% 701 Suspeitos 1188 651 55% 491 Todos 3924 1354 34% 2210 Confirmados 2455 924 38% 725 Serra Leoa Prováveis 37 0 0% 123 Suspeitos 297 190 64% 31 Todos 2789 1114 40% 879 Total 8011 2799 35% 3857 *Na Libéria, foram notificadas 77 mais mortes confirmadas do que casos confirmados. Na Serra Leoa, foram notificadas 86 mais mortes prováveis do que casos prováveis. 275 das mortes adicionais notificadas esta semana a partir da Serra Leoa resultam de uma análise retrospectiva dos registos hospitalares. Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde até ao final do dia 5 de Outubro, relativamente à Guiné e à Serra Leoa, e até 4 de Outubro para a Libéria. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade dos resultados laboratoriais. Figura 1: Casos de doença do vírus do Ébola notificados todas as semanas pela Guiné e Conacri 2

Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade dos resultados laboratoriais LIBÉRIA Continuam a existir enormes obstáculos à recolha de dados na Libéria. As evidências obtidas doa gentes de resposta e do pessoal dos laboratórios no país indicam, sem qualquer dúvida, que existe uma subnotificação generalizada dos novos casos e que a situação na Libéria e, em particular, em Monróvia, continua a deteriorar-se de semana para semana. Aproximadamente, 200 novos casos prováveis e suspeitos, mas muito poucos casos confirmados, foram notificados na capital, Monróvia, em cada uma das últimas três semanas. Uma parte substancial desses casos suspeitos são, com toda a probabilidade, casos genuínos de EVD, e a redução notificada de casos confirmados durante as últimas três semanas reflecte atrasos na comparação entre os resultados laboratoriais e os dados da vigilância clínica. Continuam a fazer-se esforços para resolver urgentemente os problemas na recolha de dados num ambiente que é extremamente hostil, sendo provável que os números sejam revistos em alta, em devido tempo. O distrito de Margibi continua a notificar elevados números de novos casos confirmados e prováveis (31 na semana passada), enquanto o distrito de Grand Cape Mount notificou novos casos, pela primeira vez, em três semanas. Continua a registar-se uma queda do número de novos casos notificados em Lofa, que faz fronteira com Gueckedou, na Guiné, com 12 casos confirmados e prováveis notificados esta semana, em comparação com 39 na semana passada. Esta parece ser uma redução genuína. Figura 2: Casos de doença do vírus do Ébola notificados todas as semanas a partir da Libéria e Monróvia Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade dos resultados laboratoriais. SERRA LEOA A nível nacional, a situação na Serra Leoa continua a deteriorar-se, com um aumento do número de novos casos confirmados em cada uma das últimas sete semanas (Figura 3). A capital, Freetown, e os distritos vizinhos de Bombali, Port Loko e Moyamba notificaram um aumento de casos nas últimas sete a oito semanas. Os distritos de Bo e Tonkolili notificaram igualmente um aumento do número de novos casos confirmados e prováveis durante o mesmo período. Pelo contrário, nas últimas quatro semanas, Kailahun notificou um baixo número de casos (três casos na semana epidemiológica 40) e Kenema cinco casos na mesma semana epidemiológica. Estas zonas tinham anteriormente notificado elevados níveis de transmissão. Os relatórios dos agentes da resposta sugerem que esta redução da incidência é genuína, embora seja necessário investigar mais, antes de isso poder ser confirmado. 3

AGENTES DE CUIDADOS DE SAÚDE O elevado número de infecções por EVD em agentes de saúde (HCW) continua a ser motivo de grande preocupação. Até ao final do dia 5 de Outubro, 401 agentes de saúde tinham sido infectados por EVD, e 232 tinham morrido (Figura 2). Figura 3: Casos de doença do vírus do Ébola notificados todas as semanas a partir da Serra Leoa e Freetown Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade. Tabela 2: Infecções pela doença do vírus do Ébola em agentes de saúde até 5 de Outubro de 2014 País Definição de casos Casos Mortes Guiné Libéria Nigéria* Serra Leoa Confirmados 65 30 Prováveis 8 8 Suspeitos 0 0 Todos 73 38 Confirmados 75 63 Prováveis 89 27 Suspeitos 24 4 Todos 188 94 Confirmados 11 5 Prováveis 0 0 Suspeitos 0 0 Todos 11 5 Confirmados 125 91 Prováveis 2 2 Suspeitos 2 2 Todos 129 95 Total 401 232 *A Nigéria não está classificada como um país de transmissão generalizada e intensa. Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde até ao final do dia 5 de Outubro, relativamente à Guiné e Serra Leoa, e 4 de Outubro para a Libéria. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade dos resultados laboratoriais. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E DISTRITOS RECENTEMENTE AFECTADOS A Figura 4 indica a localização de casos nos países com transmissão generalizada e intensa. Oito distritos, em que anteriormente tinham sido notificados casos confirmados, não notificaram 4

quaisquer casos durante os 21 dias anteriores ao final do dia 5 de Outubro (sete distritos na Guiné, e um na Serra Leoa). Na Guiné, o distrito de Lola notificou casos de EVD pela primeira vez (três casos confirmados). Figura 4: Distribuição geográfica de novos casos e total de casos na Guiné, Libéria e Serra Leoa Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde até ao final do dia 5 de Outubro, relativamente à Guiné e Serra Leoa, e 4 de Outubro para a Libéria. As fronteiras e os nomes apresentados, bem como as designações utilizadas neste mapa, não implicam, da parte da Organização Mundial da Saúde, qualquer tomada de posição quanto ao estatuto jurídico dos países, territórios, cidades ou zonas, ou das suas autoridades, nem quanto à demarcação das suas fronteiras ou limites. As linhas pontilhadas e tracejadas nos mapas representam fronteiras aproximadas, sobre as quais é possível que ainda não exista total acordo. RESPOSTA NOS PAÍSES COM TRANSMISSÃO GENERALIZADA E INTENSA De acordo com o objectivo de garantir uma cobertura geográfica total com actividades complementares de resposta ao Ébola, nos países com transmissão generalizada e intensa, a OMS 5

está a monitorizar os esforços de resposta em cinco domínios (Figura 5). Os desenvolvimentos mais recentes em cada domínio são apresentados abaixo. Gestão dos casos: centros de tratamento do Ébola, unidades de referência e prevenção e controlo da infecção Na Libéria, foi criado um novo centro de isolamento de EVD no distrito de Maryland. Contudo, o número de camas actualmente disponíveis na Libéria e na Serra Leoa ainda fica muito aquém da capacidade necessária (Figura 3). Uma equipa multidisciplinar de 165 agentes de saúde cubanos chegou à Serra Leoa. A OMS está a prestar apoio logístico e formação a essa equipa, para se certificar de que podem ser destacados para as zonas que foram mais atingidas pelo surto. Tabela 3: Número de camas e camas necessárias para doentes com o vírus do Ébola País Actual número de camas Número estimado de camas necessárias Capacidade actual/procura estimada (%) Guiné 160 210 76% Libéria 620 2930 21% Serra Leoa 304 1148 26% A capacidade de camas em cada distrito é planeada com base numa avaliação de necessidades realizada pelo respectivo Ministério da Saúde. Confirmação de casos Onze laboratórios (dois na Guiné, cinco na Libéria e quatro na Serra Leoa) estão agora a funcionar em toda a sua capacidade. No entanto, os dados laboratoriais ainda terão de ser totalmente integrados com os sistemas de vigilância clínica. Vigilância Na Guiné, todos os distritos, excepto Dalaba e Lola, relatam que foram observados mais de 90% dos contactos registados, todos os dias, durante a semana epidemiológica 40. Na Libéria, só o distrito de Montserrado, que inclui a capital, Monróvia, informou que 90% dos contactos registados foram observados todos os dias. Na Serra Leoa, sete dos 14 distritos comunicaram que 90% dos contactos registados foram observados todos os dias. No entanto, há muitos contactos, em muitas zonas, que não estão registados, nem são conhecidos das autoridades competentes. Enterros seguros e dignos Na Libéria, um Gruo de Acção para o Ébola, recentemente criado, consegue agora enviar equipas treinadas em gestão de cadáveres para os ETC e para as comunidades, a fim de se proceder ao seu enterramento seguro. A Cruz Vermelha Liberiana treinou outras equipas de gestão de cadáveres no distrito de Montserrado, que inclui a capital, Monróvia. A organização não governamental Comunidades Mundiais financiará essas equipas. Na Serra Leoa, existem agora mecanismos próprios para enterros seguros, em todos os 14 distritos. Mobilização social Na Guiné, como parte do Festival Tabaski, os líderes religiosos foram mobilizados para transmitirem mensagens de prevenção do Ébola em 7000 sermões, em todo o país. Este esforço foi complementado com uma campanha baseada em SMS sobre práticas de higiene. A UNICEF está a dar apoio a uma nova organização nacional de sobreviventes de EVD, para facilitar a sua reintegração social e ajudar a reduzir o estigma associado à EVD. 6

Na Libéria, o envolvimento das comunidades e a capacitação da sociedade civil prossegue. Contudo, a negação da existência de EVD continua a constituir um desafio. Na Serra Leoa, uma estratégia Nacional de Comunicação sobre o Ébola foi submetida à aprovação do Ministério da Saúde. Se for aprovada, as actividades de mobilização social ligadas à estratégia será o monitorizadas em todos os distritos. Figura 5: Monitorização da resposta na Guiné, Libéria e Serra Leoa até 5 de Outubro de 2014 O Anexo 3 contém a chave completa do código de cores relativo a cada indicador. Os dados aqui apresentados foram recolhidos em várias fontes secundárias, incluindo os Ministérios da Saúde e os relatórios da OMS, OCHA, UNICEF em Conacri e Genebra e relatórios de situação de organizações não governamentais. Inclui-se igualmente informação obtida durante comunicações directas com parceiros e representantes de equipas médicas 2. PAÍSES COM UM OU VÁRIOS CASOS INICIAIS OU COM TRANSMISSÃO LOCALIZADA Três países, Nigéria, Senegal e Estados Unidos da América, notificaram um ou vários casos importados de um país com transmissão generalizada e intensa. 7

Na Nigéria, registaram-se 20 casos e oito mortes. No Senegal, há ocorrência de um caso, mas até agora não se registou nenhuma morte, nem outros casos suspeitos atribuíveis ao Ébola (Figura 4). No dia 30 de Setembro de 2014, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial de Saúde (PAHO/WHO) foi informada sobre o primeiro caso confirmado importado de EVD nos Estados Unidos da América. O doente é um adulto com história recente de viagem para a África Ocidental que desenvolveu sintomas compatíveis com EVD, em 24 de Setembro de 2014, aproximadamente 4 dias depois de chegar aos Estados Unidos da América. O doente procurou cuidados médicos em 26 de Setembro de 2014, e foi colocado em isolamento no dia 28 de Setembro de 2014, no Texas Health Presbyterian Hospital, em Dallas. Enviaram-se amostras para testes aos Centros dos EUA para o Controlo e Prevenção das Doenças, em Atlanta, Georgia, e para o laboratório estadual do Texas. Os resultados forma positivos para o vírus do Ébola. Na Nigéria, todos os 891 contactos já completaram o período de seguimento de 21 dias (362 contactos em Lagos, 529 contactos em Port Harcourt). Uma segunda amostra negativa para EVD foi recolhida no último caso confirmado, no dia 8 de Setembro (há 27 dias). No Senegal, todos os contactos já completaram o período de seguimento de 21 dias, sem notificação de quaisquer novos casos de EVD. Uma segunda amostra negativa para EVD foi recolhida no único caso confirmado no Senegal, no dia 5 de Setembro (há 30 dias). Nos Estados Unidos da América, 48 contactos estão a ser seguidos. Tabela 4: Casos e mortes provocadas pela doença do vírus do Ébola na Nigéria, Senegal e Estados Unidos da América, até ao final do dia 5 de Outubro de 2014 País Definição de casos Casos Mortes Confirmados 19 7 Nigéria Prováveis 1 1 Suspeitos 0 0 Todos 20 8 Confirmados 1 0 Senegal Prováveis 0 0 Suspeitos 0 0 Estados Unidos da América Todos 1 0 Confirmados 1 0 Prováveis..*..* Suspeitos..*..* Todos 1 0 Total 22 8 *Sem dados. Os dados baseiam-se na informação oficial fornecida pelos Ministérios da Saúde. Estes números estão sujeitos a alterações, devido à reclassificação em curso, investigação retrospectiva e disponibilidade dos resultados laboratoriais. 3. PREPARAÇÃO DOS PAÍSES PARA DETECTAREM E RESPONDEREM RAPIDAMENTE A UMA EXPOSIÇÃO AO ÉBOLA A segunda reunião da Comissão de Emergências, convocada pela Directora-Geral da OMS, nos termos do RSI 2005, sobre o surto de 2014 de EVD na África Ocidental, realizou-se com membros e conselheiros da Comissão de Emergências, através de correspondência electrónica, de 16 a 21 de Setembro de 2014. A Comissão sublinhou que todos os Estados não afectados, mas com fronteiras terrestres com Estados onde ocorra transmissão de EVD, deverão: criar urgentemente vigilância 8

para conjuntos de casos de febre ou mortes não explicadas devidas a doença febril; facilitar o acesso a um laboratório de diagnóstico de EVD qualificado; certificar-se de que os agentes de saúde conhecem e tem formação apropriada em procedimentos de IPC; e criar equipas de resposta rápida, com a capacidade de investigar e gerir os casos de EVD cases e os seus contactos. Está em curso uma avaliação da preparação dos Estados vizinhos de Estados com transmissão de EVD. A Comissão recomenda igualmente que todos os Estados devem estar preparados para detectar, investigar e gerir os casos de Ébola; para isso, é preciso garantir o acesso a um laboratório de diagnóstico de EVD qualificado e, se necessário, a capacidade para receber os passageiros oriundos de zonas comprovadamente infectadas pelo Ébola, que cheguem a aeroportos internacionais ou às principais fronteiras terrestres, com doença febril não explicada. ANEXO 1. CATEGORIAS USADAS PARA CLASSIFICAR OS CASOS DE ÉBOLA Os casos de Ébola são classificados como suspeitos, prováveis ou confirmados, de acordo com determinados critérios (Figura 5). Tabela 5: Critérios para a classificação dos casos de Ébola Classificação Suspeito Critérios Uma pessoa, viva ou morta, que tenha ou tenha tido início súbito de febre alta ou contacto com um caso suspeito, provável ou confirmado de Ébola ou com um animal morto ou doente ou ainda com qualquer pessoa com início súbito de febre alta e, pelo menos, três dos seguintes sintomas: dores de cabeça, vómitos, anorexia/falta de apetite, diarreia, letargia, dores estomacais, dores musculares ou das articulações, dificuldade de deglutição, dificuldades respiratórias ou soluços; ou qualquer pessoa com hemorragia não explicada ou qualquer caso de morte súbita não explicada. Provável Qualquer caso suspeito avaliado por um clínico ou qualquer pessoa que tenha morrido de doença suspeita de Ébola e tenha tido uma ligação epidemiológica a um caso confirmado, mas não foi submetida a testes nem teve confirmação laboratorial da doença Confirmado Um caso provável ou suspeito é classificado como confirmado, quando uma amostra dessa pessoa tem um teste laboratorial positivo para o vírus do Ébola. ANEXO 2. SURTO DE ÉBOLA NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO Até 5 de Outubro de 2014, houve 71 casos (30 confirmados, 26 prováveis e 15 suspeitos) da doença do vírus do Ébola (EVD) notificados na República Democrática do Congo, incluindo oito entre os agentes de saúde (HCW). No total, foram notificadas 43 mortes, incluindo oito agentes de saúde. 816 contactos completaram já o período de seguimento de 21 dias. Dos 305 contactos que actualmente estão a ser monitorizados, todos (100%) tinham sido observados até ao dia 5 de Outubro, a última data de notificação de dados. Este surto não está relacionado com o da Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa. 9

ANEXO 3. CHAVE DA FIGURA 6 (MAPA DE MONITORIZAÇÃO DA RESPOSTA Esta escala de cores destina-se a permitir a quantificação do nível de implementação da resposta ao Ébola nos países afectados, em função das acções prioritárias recomendadas e das necessidades avaliadas. Baseia-se na melhor informação disponível através da análise de dados secundários a partir de fontes abertas e de outros relatórios. Não transmite a qualidade nem a adequação das acções tomadas. Capacidade para testes laboratoriais Nenhuma ou inadequada Aguardando destacamento Funcional e respondendo à procura Capacidade necessária, mas informação disponível incompleta Não são necessárias capacidades nesta zona Capacidade para tratamento, quer nos Centros de Tratamento do Ébola (ETC), quer nos centros de referência/isolamento Elevada necessidade não satisfeita de capacidades nos ETU/centros de referência/isolamento Elevada necessidade presentemente não satisfeita, mas capacidades aumentando Actuais necessidades satisfeitas São necessárias capacidades, mas informação disponível incompleta Não são necessárias capacidades nesta zona Identificação de contactos/detecção de casos e contactos sob seguimento Sem capacidades OU capacidades inadequadas para satisfazer as necessidades (e.g., pessoal não qualificado, falta de equipamento) Menos de 90% de contactos identificados por dia, no decurso de uma semana OU maiores necessidades 90% ou mais de contactos identificados por dia, no decurso de uma semana São necessárias capacidades, mas informação disponível incompleta Não são necessárias capacidades nesta zona Enterros seguros Sem capacidades OU capacidades inadequadas para satisfazer as necessidades (e.g., pessoal não qualificado, falta de equipamento) Equipas de enterro seguro activas, mas incapazes de satisfazer as necessidades crescentes Equipas devidamente qualificadas e equipadas activas e aptas a satisfazer as necessidades crescentes (e.g., não é necessário que nenhuma equipa faça mais de cinco enterros por dia) São necessárias capacidades, mas informação disponível incompleta Não são necessárias capacidades nesta zona Mobilização social Sem capacidades OU capacidades inadequadas para satisfazer as necessidades Mobilização activa, mas sem informação sobre a eficácia OU necessidades crescentes OU resistência comunitária encontrada e notificada Mobilização activa bem sucedida notificada E sem resistência das comunidades São necessárias capacidades, mas informação disponível incompleta Não são necessárias capacidades nesta zona 10