AVALIAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM UM HOSPITAL DO INTERIOR DO CEARÁ

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM UM HOSPITAL DO INTERIOR DO CEARÁ SILVA,A.N.A 1 ; BARROS,T.I.A 1 ; BRITO,M.L.L 1 ; FERREIRA,T.C.S 1 ; OLIVEIRA,A.C.L 1 ; TORRES,J.F 1 ; RANGEL,F.E.P 2 ; SOUSA,T.P 2 ; CLEMENTE,G.G 2 DISCENTE DO CURSO DE FARMÁCIA - FACULDADE DE JUAZEIRO DO NORTE( 1 ) FARMACÊUTICA, DOCENTE DO CURSO DE FARMÁCIA - FACULDADE DE JUAZEIRO DO NORTE( 2 ) RESUMO Introdução:Interação Medicamentosa (IM) constitui um problema de saúde pública, relacionada a aumento de gastos em saúde. Estima-se que 3,8% das internações por eventos adversos a medicamentos são decorrentes de IM, destas 68-70% demandam cuidados e 1-2% possibilitam risco de vida. O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar as IM observadas em prescrições da clinica médica de um hospital do interior do Ceará. Metodologia: Tratou-se de um estudo descritivo, de coorte transversal, quantitativo que levantou as interações medicamentosas em 32 prescrições da clínica médica de um hospital do interior do Ceará, mediante autorização da direção do hospital, analisando-as pela base de dados Micromedex.Resultados e Discussão: Foram analisadas 32 prescrições, destas apenas 3,2% (n=1) não apresentaram IM. O número médio de medicamentos por prescrição foi 6,75 (n=3 a 13), o que demonstra 30% de chance de ocorrência de IM para dois ou mais medicamentos, aumentado em 100% quando há oito ou mais medicamentos.as principais potenciais interações com efeitos prejudiciais observadas nas prescrições foram entre dipirona, captopril, insulina, corticoides, diuréticos e a metoclopramida.quanto à gravidade as IM foram classificadas como maior 31,31% (n=31) e moderado 58,59% (n=58).conclusões: Ressalta-se a necessidade de avaliação farmacêutica da incidência de IM nas prescrições hospitalares, para estimular uma redução dos casos e da gravidade, por meio do trabalho da equipe multiprofissional. Palavras-chave Análise de prescrição; Micromedex ; Segurança do Paciente; Farmácia Clínica. _ ABSTRACT Introduction: Drug Interaction(DI) a public health problem, related to an increase in health spending. It is estimated that 3.8% of hospitalizations for adverse events are a risk issue, as 68-70% require care and 1-2% provide life risk. The objective was to identify and analyze the medical messages in medical records of a hospital in the interior of Ceará. Methodology: This is a descriptive, cross-sectional, quantitative cohort generated as drug interactions

in 32 clinical prescriptions of a hospital in the interior of Ceará, with the authorization of the hospital management, analyzing them through the Micromedex database. Results and Discussion: 32 prescriptions were analyzed, only 3.2% (n=1) did not present DI. The median number of medications per prescription was 6.75 (n=3 to 13), which shows a 30% chance of DI occurring for two or more drugs, increased by 100% when there are eight or more drugs. As main potential interactions among the species observed in the prescriptions were between dipyrone, captopril, insulin, corticosteroids, diuretics and metoclopramide. The higher the DI, the more classified 31.31% (n=31) and the moderate 58.59% (n=58). Conclusions: The implementation of DI in cases of hospitalization, emergency and severity cases is emphasized through the work of the multiprofessional team. Keywords - Prescriptionanalysis; Micromedex ; Patientsafety; ClinicalPharmacy. INTRODUÇÃO Interação Medicamentosa (IM) é um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida, ou de algum agente químico ou ambiental, constituindo causa comum de eventos adversos, e ainda, possível alteração da toxicidade (NEVES, 2015). A ocorrência de IM é um problema de saúde pública e está relacionada a internações hospitalares e aumento de gastos em saúde. Estima-se que 3,8% das internações por eventos adversos a medicamentos são decorrentes de IM, sendo que 68-70% das IM demandam cuidados médicos e 1-2% colocando em risco a vida do paciente (GONÇALVES, 2016). Em unidades de internação, os pacientes são submetidos a múltiplos medicamentos, o que aumenta o risco de IM, agravado pela idade, em decorrência do quadro clínico e instabilidades apresentadas pelos pacientes internados, além de comorbidades que podem estar associadas (SILVA, 2017). Em decorrência da posição ocupada na logística dos medicamentos, o profissional farmacêutico representa um elo entre o processo e o medicamento, possibilitando a identificação e correção de problemas relacionados a medicamentos (GONÇALVES, 2016). Portanto, a partir desse cenário, a presente pesquisa se propõe a identificar e analisar as interações medicamentosas observadas em prescrições da clinica médica de um hospital do interior do Ceará. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo descritivo, de coorte transversal, quantitativo que levantou as interações medicamentosas de um hospital do interior do Ceará em prescrições da clínica médica, analisando-as pela base de dados IBM

Micromedex. A ferramenta de Verificação de Interação de Medicamentos informa a classificação das interações quanto à recomendação e riscobenefícios, a qualidade da documentação sobre, e um breve resumo da interação medicamentosa. O local da pesquisa é na clínica médica de um hospital de porte pequeno, municipal, no interior do Ceará, com perfil de complicações de patologias crônicas e infecções, com média de 60 internações por mês. O serviço da farmácia não conta com atividades clínicas, apenas assistenciais hospitalares. Os dados das interações foram coletados de prescrições da clínica médica, durante uma semana do mês de junho, mediante autorização da direção do hospital.foram incluídas todas as prescrições, de prontuários de pacientes internados no período de coleta, mesmo de datas anteriores, exceto as prescrições sem inclusões ou exclusões de medicamentos de um dia para o outro.as IM foram analisadas por meio de tabelas e gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas 32 prescrições, destas 96,8% (n=31) apresentaram IM e 3,2% (n= 1) não apresentaram nenhuma IM entre os fármacos prescritos. O número de medicamentos por prescrição ficou entre 3 e 13 medicamentos (média de 6,75).Avalia-se que há 30% de chance de ocorrência de IM em pacientes que utilizam dois ou mais medicamentos, e esse risco aumenta em 100% quando utilizam oito ou mais, o que certifica que a taxa de ocorrência de IM sobe paralelamente à elevação do número de medicamentos (GONÇALVES, 2016). O total de medicamentos nas 31 prescrições com IMfoi de 213, sendo os mais frequentesforam: Dipirona 14,08% (n=30); Captopril 11,73% (n=25); Ceftriaxona 8,45% (n=18); Insulina Regular Humana em 7,98% (n=17) e Tramadol em 7,04% (n=15). Destes, com exceção do antibiótico, estavam prescritos na maioria das vezes, para uso se necessário, caracterizando IM em potencial. Sobre as classe de medicamentos verificou-se um predomínio do uso de analgésicos, seguido dos anti-hipertensivos e antibacterianos. A análise das 31 prescrições com IM mostrou que 15 medicamentos diferentes estavam envolvidos em IM. Foi possível detectar 93 IM potencias, sendo 72 repetidas e 21 eram de tipos diferentes. O número de IM por prescrição variou de 1 a 7 (média=3). As IM encontradas mais frequentemente se encontram no gráfico 1, nos quais os diuréticos prescritos foram Espironolactona, Furosemida e Hidroclorotiazida e os corticoides: Dexametasona e Hidrocortisona.Quanto à gravidade as IM foram classificadas como maior e moderada, não sendo observadas IM menores e contraindicadas. A documentação na literatura para as IM foi na maioria razoável seguida de excelente e boa, como se observa na tabela 1.

Gráfico 1: Principais interações encontradas nas prescrições. Fonte: Própria. Tabela 1. Classificações das IM de acordo com gravidade e documentação. Fonte: Própria. Segundo Santos (2012), as IM com efeitos prejudiciais observadas nas prescrições aos pacientes em tratamento anti-hipertensivo se devem aos AINES (27%), pois inibem a síntese renal de prostaglandinas ou causam retenção de fluídos orgânicos e sódio, antagonizando efeitos anti-hipertensivos. A dipirona com diuréticos (10%) pode resultar em redução do efeito diurético e anti-hipertensivo dessa classe, enquanto o captopril junto a insulina (16%) resulta em uma potencialização do efeito hipoglicemiante (QUEIROZ, 2014; REMPEL, 2015). O manejo para prevenção ou resolução das interações medicamentosas potenciais pode ser realizado a partir de ajuste de dose, monitoramento, precaução, substituição, avaliação da resposta terapêutica, alterações no aprazamento, entre outras intervenções. (LEÃO, 2014) CONCLUSÕES Neste estudo, ressalta-se a necessidade de avaliação farmacêutica da presença de IM nas prescrições hospitalares, devidoao número de medicamentos. O risco relacionado às IM foi evidenciado pelo número de

potenciais interações moderadas e maiores encontradas. Na caracterização dos medicamentos envolvidos, observou-se repetição de classes que ocasionavam as interações. As prescrições da clínica médica apresentaram alto risco de IM, possivelmente agravadaspelo quadro dos pacientes (idade, doenças crônicas e antibioticoterapia). Portanto, é importante analisar o índice de ocorrência das IM, para estimular uma diminuição dos casos e da gravidade destas, por meio do trabalho da equipe multiprofissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GONÇALVES, S.S; RODRIGUES, H.M. S; JESUS, I.S; CARNEIRO, J.A. O; Lemos G.S. Ocorrência Clínica de Interações Medicamentosas em Prescrições de Pacientes com Suspeita de Reação Adversa Internados em um Hospital no Interior da Bahia. Rev. Aten. Saúde, São Caetano do Sul, v. 14, n. 48, p. 32-33, abr./jun., 2016. LEÃO, D.F.L; MOURA, C.S.; MEDEIROS, D.S. Avaliação de interações medicamentosas potenciais em prescrições da atenção primária de Vitória da Conquista (BA), Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 311-318, 2014. MICROMEDEX. Verificação de Interação de Medicamentos do IBM Micromedex (versão eletrônica). Truven Health Analytics, Greenwood Village, Colorado, EUA. Disponível em: http://www.micromedexsolutions.com/. Acesso em: 22/06/18. NEVES, C; COLET, C. Perfil de uso de antimicrobianos e suas interações medicamentosas em uma UTI adulto do Rio Grande do Sul. Rev. de Epidemio. Cont. de Infec. Ano V, Vol. 5,nº 2, abr./jun., 2015. QUEIROZ, K. C. B., et al. Análise de interações medicamentosas identificadas em prescrições da UTI Neonatal da ICU-HGU. Journal of Health Sciences, v. 16, n. 3, 2015. REMPEL, C.; et al. Análise da medicação utilizada por diabéticos e hipertensos. Revista Caderno Pedagógico, v. 12, n. 1, 2015. SILVA, J.S; DAMASCENA, R.S. Avaliação das interações medicamentosas potenciais no âmbito da UTI adulta. Rev. Multidisciplinar e de Psicologia. Vol.11, nº 39, 2017. SANTOS, J. C; JUNIOR, M. F; RESTINI, C. B. A. Potenciais interações medicamentosas identificadas em prescrições a pacientes hipertensos. Rev.da Soc. Bra., v. 10, n. 4, p. 308-17, 2012.