5º Simposio de Ensino de Graduação ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM AFETAR O CONSUMO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS HOSPITALIZADOS

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5º Simposio de Ensino de Graduação ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM AFETAR O CONSUMO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS HOSPITALIZADOS Autor(es) ÉDER FRANCISCO RIBEIRO FINALLI Co-Autor(es) LIA CAROLINA SATO FONTANA MARCELLE CAETANO FERREIRA SINEIDE VIRGÍNIA DA CONCEIÇÃO CERRI Orientador(es) Luciene de Souza Venancio Evento A dieta hospitalar é importante por garantir o aporte de nutrientes ao paciente internado e, assim, preservar ou recuperar seu estado nutricional, pelo seu papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas e também por ser uma prática que desempenha um papel relevante na experiência de internação, uma vez que, atendendo a tributos psicossensoriais e simbólicos pode atenuar sofrimento gerado por esse período em que o sujeito está separado de suas atividades e papéis desempenhados na família, na comunidade e nas relações de trabalho e encontra-se ansioso dado o próprio adoecimento e pela disciplina e procedimentos hospitalares, muitas vezes pouco compreendidos (GARCIA, 2006). O paciente deve ser o centro de reflexão das políticas de qualidade alimentar e nutricional nas instituições hospitalares. A alimentação hospitalar como parte dos cuidados hospitalares oferecidos aos pacientes, deve integrar qualidades e funções que atendam não só às necessidades nutricionais e higiênicas, como também às necessidades afetivas dos mesmos (SOUSA, PROENÇA, 2004). É responsabilidade do nutricionista adequar a oferta dos alimentos à prescrição dietética de cada cliente/paciente, devendo respeitar não somente suas preferências, mas também as limitações impostas pelas doenças, assim como a disponibilidade de pessoal e financeira do serviço (BORGES et al, 2006). Avaliar o estado nutricional, as mudanças de peso durante a internação e a prescrição das dietas hospitalares de pacientes em hospitais é de fundamental importância, uma vez que, a desnutrição hospitalar é uma realidade em nosso meio (WAITZBERG, RODRIGUES, CORREIA, 2000). Estudos mostraram que a maior prevalência de desnutrição é encontrada em pacientes hospitalizados com neoplasias e com doenças gastrintestinais sendo estas, mais comuns em pacientes idosos. A desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pacientes hospitalizados aumentando o tempo de 1/7

permanência hospitalar, a incidência de infecções e complicações pós-operatórias, a mortalidade e o retardo da cicatrização de feridas (GARCIA et al, 2004). Entre os principais fatores determinantes de desnutrição encontram-se o maior consumo das reservas energéticas e nutricionais do paciente, em resposta ao tratamento (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, etc). A iatrogenia é outro fator que contribui para a desnutrição intra-hospitalar, assim como longos períodos de jejum calórico-protéico associados a intolerância à alimentação fornecida pelo hospital, seja por problemas mecânicos na deglutição, falta de apetite ou devido ao tipo de alimento oferecido (WAITZBERG, RODRIGUES, CORREIA, 2000). 1. Introdução A dieta hospitalar é importante por garantir o aporte de nutrientes ao paciente internado e, assim, preservar ou recuperar seu estado nutricional, pelo seu papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas e também por ser uma prática que desempenha um papel relevante na experiência de internação, uma vez que, atendendo a tributos psicossensoriais e simbólicos pode atenuar sofrimento gerado por esse período em que o sujeito está separado de suas atividades e papéis desempenhados na família, na comunidade e nas relações de trabalho e encontra-se ansioso dado o próprio adoecimento e pela disciplina e procedimentos hospitalares, muitas vezes pouco compreendidos (GARCIA, 2006). O paciente deve ser o centro de reflexão das políticas de qualidade alimentar e nutricional nas instituições hospitalares. A alimentação hospitalar como parte dos cuidados hospitalares oferecidos aos pacientes, deve integrar qualidades e funções que atendam não só às necessidades nutricionais e higiênicas, como também às necessidades afetivas dos mesmos (SOUSA, PROENÇA, 2004). É responsabilidade do nutricionista adequar a oferta dos alimentos à prescrição dietética de cada cliente/paciente, devendo respeitar não somente suas preferências, mas também as limitações impostas pelas doenças, assim como a disponibilidade de pessoal e financeira do serviço (BORGES et al, 2006). Avaliar o estado nutricional, as mudanças de peso durante a internação e a prescrição das dietas hospitalares de pacientes em hospitais é de fundamental importância, uma vez que, a desnutrição hospitalar é uma realidade em nosso meio (WAITZBERG, RODRIGUES, CORREIA, 2000). Estudos mostraram que a maior prevalência de desnutrição é encontrada em pacientes hospitalizados com neoplasias e com doenças gastrintestinais sendo estas, mais comuns em pacientes idosos. A desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pacientes hospitalizados aumentando o tempo de permanência hospitalar, a incidência de infecções e complicações pós-operatórias, a mortalidade e o retardo da cicatrização de feridas (GARCIA et al, 2004). Entre os principais fatores determinantes de desnutrição encontram-se o maior consumo das reservas energéticas e nutricionais do paciente, em resposta ao tratamento (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, etc). A iatrogenia é outro fator que contribui para a desnutrição intra-hospitalar, assim como longos períodos de jejum calórico-protéico associados a intolerância à alimentação fornecida pelo hospital, seja por problemas mecânicos na deglutição, falta de apetite ou devido ao tipo de alimento oferecido (WAITZBERG, RODRIGUES, CORREIA, 2000). 2. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo analisar a freqüência de fatores que podem afetar o consumo alimentar e conseqüentemente o estado nutricional de pacientes hospitalizados. 3. Desenvolvimento Todos os sujeitos que participaram do presente estudo foram informados em detalhes sobre os procedimentos a que seriam submetidos e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. No período de março a abril de 2007, foram recrutados 102 pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, hospitalizados em um hospital público no interior do estado de São Paulo. Foi realizado um estudo transversal, em que se objetivou analisar a freqüência de fatores que podem afetar o consumo alimentar e o estado nutricional de pacientes hospitalizados. Os critérios para inclusão no estudo foram: assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, adultos e idosos, com idade acima de 19 anos, indivíduos 2/7

acamados e deambulantes, pacientes contactuantes ou com responsável para responder os questionários e pacientes hospitalizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os critérios de não inclusão no estudo foram: pacientes com idade inferior a 19 anos, pacientes não contactuantes que não apresentavam um responsável para responder os questionários, pacientes que não concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), gestantes e pacientes conveniados ou particulares. Todos os pacientes responderam a um questionário com dados sócio-demográficos (nome, registro hospitalar, número de leito, data da hospitalização, sexo, idade, raça/cor, ocupação, anos de estudo, procedência e estado civil), hábitos gerais ( hábito tabágico e de consumo de bebida alcóolica, prática de atividade física e hábito intestinal), clínicos (diagnósticos clínico, secundário e uso de medicamentos) e um questionário específico com questões que avaliaram os fatores que podem afetar no consumo alimentar e provocar a desnutrição em pacientes hospitalizados como ansiedade, ambiente, apetite, dieta, medicamentos, tipos de alimentos consumidos e hábito das refeições hospitalares, presença de dor, cirurgia, alteração do sono, ruídos, dificuldades de deglutição e mastigação e ausência de dentição. Os pacientes deambulantes foram submetidos á aferição de peso (FRISANCHO, 1990), estatura (FRISANCHO, 1990) e cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) através do peso dividido pela estatura ao quadrado (OMS, 2000). Os pacientes acamados foram submetidos à aferição de altura do joelho (FRISANCHO, 1990), prega cutânea subescapular (HARRISON et al, 1998; e FRISANCHO, 1990) e circunferência da panturrilha (CALLAWAY et al, 1988) para cálculo da estimativa de peso e estatura (CHUMLEA et al,1985). A classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) para adultos foi segundo a OMS (2000) e para idosos LIPSCHITZ (1994). Para análise estatística dos dados, utilizou-se a estatística descritiva (medidas de dispersão e distribuição de freqüência). 4. Resultados A população hospitalizada era composta em sua maioria por mulheres (52%), de raça/cor branca (63%), ativa profissionalmente (62%), casada e procedente da cidade onde o estudo foi realizado (77%). A média de idade foi de 57 anos (20-98) e de anos de estudo foi 3 (2-4) anos. Grande parte dos pacientes não fumava (70%), não consumia bebida alcoólica (82%), era sedentário (89%) e apresentava hábito intestinal normal (69%). De acordo com o diagnóstico clínico e secundário, a maioria dos pacientes apresentava doenças pulmonares (20%) e doenças cardiovasculares (12%). O medicamento mais utilizado pelos mesmos foi o antiulceroso. Sabe-se que no Brasil a doença pulmonar é a segunda maior causa de internação, seguida das doenças cardiovasculares (DCV) (GARCIA, MERHI, PEREIRA, 2004), conforme observado no presente estudo. Nos últimos anos houve um aumento de internações por doenças respiratórias, principalmente em idosos, sendo a pneumonia a causa mais importante das hospitalizações, representando 47% das internações sazonal marcante (TOYOSHIMA, ITO, GOUVEIA, 2005). As DCV representam a primeira causa de morte no Brasil, são consideradas problemas de saúde pública e apresentam como fatores de risco o tabagismo, inatividade física, além de dieta rica em gordura saturada, fatores estes presentes na maioria dos pacientes que participaram do presente estudo, com conseqüente aumento dos níveis de colesterol e hipertensão arterial (ISHITANI et al, 2006). Estudos epidemiológicos mostraram que os fatores de risco de doenças relacionadas ao coração estão ligados a alguns hábitos dietéticos incorretos (CERVATO et al, 1997). De acordo com a avaliação nutricional realizada, o diagnóstico nutricional dos pacientes adultos evidenciou que grande parte apresentava eutrofia (53%) e os idosos apresentavam distribuição semelhante de magreza (35%), eutrofia (33%) e excesso de peso (33%). Em estudo realizado por Garcia, Merhi e Pereira (2004), observou-se que de 143 pacientes hospitalizados, 35,9% eram eutróficos, 41% obesos e 23,1% desnutridos. A desnutrição está relacionada às condições socioeconômicas precárias e a ingestão inadequada e insatisfatória de nutrientes. É uma das maiores causadoras do aumento de morbidade e mortalidade entre idosos hospitalizados, ocorrendo em até 65% desses pacientes (AZEVEDO et al,2006). Na presente pesquisa, a desnutrição também foi encontrada em maior freqüência em pacientes idosos. A obesidade é um fator de risco cardiovascular que mais prevalece na população. Entre os fatores de risco de doenças do coração, a obesidade é mais encontrada na população idosa. Uma das causas desse fenômeno está relacionada ao estilo e hábitos de vida incorretos (CRUZ et al, 2004). A obesidade também foi encontrada no estudo realizado, estando presente em maior 3/7

freqüência entre os pacientes adultos do que em idosos. Em relação aos fatores dietéticos que podem afetar o consumo alimentar e o estado nutricional, a maioria dos pacientes relatou apresentar bom apetite (56%), consumir toda a dieta oferecida pelo hospital (56%), os alimentos e as refeições servidos no hospital eram semelhantes ao habitual (46% e 48%, respectivamente), e não apresentava dificuldade de deglutição (82%) e mastigação (76%) e apresentava dentição (73%) (Tabela 1). Portanto, dentre os fatores dietéticos, a redução do apetite e do consumo da dieta hospitalar, podem ser os fatores mais relevantes na alteração do consumo alimentar entre os pacientes deste hospital. Dentre os fatores causais atribuídos à desnutrição hospitalar, a alimentação é considerada um fator circunstancial, pelas mudanças alimentares, troca de hábitos e horários alimentares. A intolerância à alimentação hospitalar é uma condição inquestionável, na medida em que sugere a necessidade de suporte nutricional sem relacionar os motivos pelos quais esse aporte não é coberto pela própria alimentação hospitalar (GARCIA, 2006).Com relação a outros fatores, que não dietéticos, que podem afetar o consumo alimentar, verificou-se que grande parte dos pacientes não apresentava ansiedade (72%), achavam o ambiente agradável (83%), não apresentavam interferência no apetite em relação aos medicamentos (88%), não sentiam dor (56%), não passaram por cirurgia (88%), dormiam bem e não se incomodavam com os ruídos (72% e 82%, respectivamente) (Tabela 2). Portanto, a presença da dor foi o fator não dietético, que mais pode afetar o consumo alimentar mais relatado pelos pacientes deste hospital. Segundo Garcia, Merhi e Pereira (2004), a desnutrição também deve ser levada em conta em pacientes idosos hospitalizados, uma vez que se apresentam desnutridos na admissão ou desenvolvem sérias deficiências nutricionais durante a hospitalização. É responsabilidade do nutricionista adequar a oferta dos alimentos à prescrição dietética de cada cliente/paciente, devendo respeitar não somente suas preferências, mas também as limitações impostas pelas doenças, assim como a disponibilidade de pessoal e financeira do serviço, uma vez que a alimentação é o componente cultural importante para indivíduos, mesmo no momento em que se encontram hospitalizados (NONINO- BORGES et al, 2006). 5. Considerações Finais De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, foi possível concluir que dos fatores dietéticos analisados, o que mais pode interferir no estado nutricional dos pacientes hospitalizados é a falta de apetite, juntamente com a presença da dor, que foi o principal fator não dietético observado na mesma. Referências Bibliográficas AZEVEDO, L.C. de., MEDINA, F., SILVA, A.A. da., CAMPANELLA, E.L.S. Prevalência de desnutrição em um hospital geral de grande porte de Santa Catarina/Brasil. Arquivos Catarinenses de Medicina, v.35, n.4, 2006. BORGES,C.V.N., RABITO, E.I., SILVA,K., FERRAZ, C.A., CHIARELLO,P.G., SANTOS,J.S., MARCHINI, J.S. Desperdício de alimentos intra-hospitalar. Revista de Nutrição, Campinas, vol. 19,n.3, mai/jun, 2006. CALLAWAY, C.W., CHUMLEA, W.C., BOUCHARD, C., HIMES, J.H., LOHMAN, T.G., MARTIN, A.D., MITCHELL,C.D., MUELLER,W.H., ROCHE,A.F., SEEFEIDT,V.D. Anthropometric standardizations reference manual. Human Kinetcs, Champaign, p.39-53, 1988. CERVATO, A. M., MAZZILLI, R. N., MARTINS, I. S., MARUCCI, M.de F. N., Dieta habitual e fatores de risco para doenças cardiovasculares. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.31, n.3, p. 1-14, jun. 1997. CHUMLEA, N.C., ROCHE, A.F., STEINBAUNGH, M.L. Estimating stature from knee height for persons 60 to 90 years of age. J Am Geriatr Soc, v.33, n.2, p.116-120, 1985. CRUZ, I. B. M, ALMEIDA, M. S.C, SCHWANKE, C. H. A., MORIGUCHI, E. H., Prevalência de obesidade em idosos longevos e sua associação com fatores de risco e morbidades cardiovasculares. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 1-14, abr./jan. 2004. FRISANCHO, A.R. Anthropometric Standars for the Assessment of Growth and Nutritional Status. Ed. United States of América: The University of Michigan Press, p.189, 1990. GARCIA, R.W.D. A dieta hospitalar na perspectiva dos sujeitos envolvidos em sua produção e em seu planejamneto. Revista de Nutrição, Campinas, v.19, n.2, p.129-144, mar./abr., 2006. GARCIA, R.W.D., MERHI, V.A. L., PEREIRA, A M.Estado Nutricional e sua evolução em pacientes internados em clinica médica. Revista Brasileira de Nutrição Clínica 2004; vol.19, n.2, p. 59-63. HARRISON, G.G., BUSKIRK, E.R., LINDSAY, C.J.E., 4/7

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