Registro: 2012.0000201382 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 0074712-49.2009.8.26.0000, da Comarca de São Caetano do Sul, em que é agravante OFICINA DE CERÂMICA E ARTES LTDA sendo agravado EMILIO LOPEZ SERRANO. ACORDAM, em 36ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PALMA BISSON (Presidente sem voto), ARANTES THEODORO E DYRCEU CINTRA. São Paulo, 10 de maio de 2012. Jayme Queiroz Lopes RELATOR Assinatura Eletrônica
36ª. CÂMARA AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0074712-49.2009.8.26.0000 AGRAVANTE: Oficina de Cerâmica e Artes Ltda. AGRAVADO: Emílio Lopez Serrano e S/M COMARCA: São Caetano do Sul 1ª V. Judicial (Proc. n. 1813/08) Voto n. 11921 EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO RECONVENÇÃO DA RECONVENÇÃO CABIMENTO DEMAIS ARGUMENTOS QUE NÃO PODEM SER APRECIADOS NESTA OPORTUNIDADE SOB PENA DE SUPRESSÃO DE UM GRAU DE JURISDIÇÃO. Agravo de Instrumento improvido. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão de fls. 20 destes autos, que tem o seguinte teor: Anoto, de início, que o fato de não ter sido pleiteada (na ação principal) a condenação da empresa-requerida ao pagamento de multa contratual por descumprimento de contrato (Feito nº 1.813/2008) não constitui óbice à discussão dessa matéria em outra ação, presente o fato de que a lei não obriga a parte a concentrar, na mesma ação ou processo, a discussão de todos os direitos que ela poderia invocar, logo, da mesma forma que o autor de uma ação, por exemplo, pode mover uma ação para receber indenização por eventuais danos materiais, sem que isso acarrete eventual preclusão para, em outra ação, pleitear a reparação de danos morais, os autores (desta Agravo de Instrumento nº 0074712-49.2009.8.26.0000 voto 11921 2
ação principal) poderiam pleitear, na reconvenção à reconvenção, algum outro direito diverso daquele discutido na ação principal, donde se conclui que razão desassite a empresa-contestante ao acenar com carência e com falta de condição da ação reconvencional oposta pelos autores (Feito nº 346/2009), além de preclusão do pedido (fls. 311/316), devendo ser rejeitada, também, a preliminar de inépcia da petição inicial (fls. 313) suscitada pela empresa-contestante porquanto esta compreendeu satisfatoriamente a exordial daquela reconvenção (Feito nº 346/2009), tanto que ofereceu defesa plausível e contrária à pretensão deduzida pelos reconvintes (fls. 306/320). Encontrando-se presentes a pertinência subjetiva ativa e passiva, bem como as demais condições da ação principal (Processo nº 1.813/2008) e das duas reconvenções (Feitos ns. 255/2009 e 346/2009), declaro saneado o processo, ficando deferida, além da prova oral, a produção de prova pericial objetivando constatar os propalados vícios e imperfeições na instalação (dos produtos adquiridos pelos autores no estabelecimento da empresa-ré) efetuada na cozinha do apartamento indicado na petição inicial (fls. 02/10), devendo constar do laudo pericial o percentual que o serviço de instalação executado nos banheiros representa sobre o total da mão-de-obra contratada. Nomeio, para tanto, a arquiteta MARIA LÚCIA G. PINTO como perita. Faculto às partes a indicação de assistentes técnicos e a formulação de quesitos, no prazo de 5 (cinco) dias (artigo 421, 1º, I e II do Código de Processo Civil). Após a apresentação dos quesitos, notificar-se-á a perita para estimar os honorários pretendidos. Alega a agravante, em síntese, que os agravados apenas pretendem procrastinar o feito; que inexiste no Agravo de Instrumento nº 0074712-49.2009.8.26.0000 voto 11921 3
contrato a multa pleiteada pelos agravados; que a agravante não abandonou a obra, mas sim foi impedida de termina-la; que a análise da multa não foi requerida na inicial; que a reconvenção à reconvenção impôs confusão aos autos, dando azo a se eternizar a demanda; que os agravados deveriam ter postulado a multa na inicial; que é rechaçada a reconvenção à reconvenção para a preservação da economia processual; que são os agravados carecedores da ação; que ocorreu a perda da faculdade processual de postular pela multa; que o feito deve ser declarado extinto. Às fls. 68 foi indeferido o efeito suspensivo pleiteado no recurso, que é tempestivo, foi preparado e respondido (fls. 82/87). É o relatório. Primeiramente, observa-se que o despacho agravado apenas recebeu as contestações e reconvenções apresentadas e designou a realização de perícia. Prosseguindo, correta se afigura a decisão, tendo em vista que não há prejuízo, no caso, na aceitação da reconvenção à reconvenção, uma vez que, ainda que não fosse ela aceita, haveria a possibilidade de os agravados pleitearem o direito em nova ação com o mesmo fim. Com relação à designação de perícia, tem-se que o destinatário da prova é o juiz, não as partes, assim, a colheita de prova pode ser realizada a qualquer momento que Agravo de Instrumento nº 0074712-49.2009.8.26.0000 voto 11921 4
o magistrado entender necessária. Por fim, se é cabível, ou não, a pretensão dos agravados em relação à multa contratual, tal decisão deve ser objeto da sentença, não podendo ser apreciada nesse momento, uma vez que implicaria em supressão de um grau de jurisdição. Ante o exposto, ao recurso é negado provimento. Jayme Queiroz Lopes Relator Agravo de Instrumento nº 0074712-49.2009.8.26.0000 voto 11921 5