DIREITO PENAL MILITAR Teoria da Pena Parte 2 Prof. Pablo Cruz
Pena até dois anos imposta a militar Teoria da Pena Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional:(redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos.
Aos militares que sejam condenados até dois anos de reclusão ou detenção, far-se-á a conversão da pena para a de prisão, cumprindo-a, o oficial, em estabelecimento militar qualquer, e as praças em estabelecimento penal militar (presídio militar), e na falta deste em estabelecimento militar qualquer, separando-se, inclusive, dos presos disciplinares. Lembre-se que, de acordo com o art. 61 do CPM, o militar que se submete à uma pena superior a 2 anos cumprirá sua pena em estabelecimento civil. Embora a doutrina afirme que: Tal situação (militar cumprir sua pena em estabelecimento civil) só pode ocorrer, na verdade, se o militar perdesse o seu posto ou patente.
Pena superior a dois anos, imposta a militar Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
Em caso de ausência de penitenciaria militar o preso ficará recolhido em estabelecimento prisional comum. Nesse sentido, dispõe a súmula 192 do STJ: COMPETE AO JUIZO DAS EXECUÇÕES PENAIS DO ESTADO A EXECUÇÃO DAS PENAS IMPOSTAS A SENTENCIADOS PELA JUSTIÇA FEDERAL, MILITAR OU ELEITORAL, QUANDO RECOLHIDOS A ESTABELECIMENTOS SUJEITOS A ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
Pena privativa da liberdade imposta a civil Teoria da Pena Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) Cumprimento em penitenciária militar Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
Pena de impedimento Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar. Trata-se de pena aplicada ao civil insubmisso (art. 183 do CPM).
Pena de suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função Art. 64. A pena de suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena.
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano. Pena de reforma Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do sôldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do sôldo.
Conceitos relacionados Teoria da Pena Cargo militar, pela definição do art. 20 da Lei 6.880 de 09/12/1980 (Estatuto dos Militares), é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a um militar em serviço ativo, encontrandose especificados nos Quadros de Efetivo ou Tabelas de Lotação das Forças Armadas. Função militar é o exercício das obrigações inerentes ao cargo militar (Lei 6.880, art. 23). Agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número (Estatuto dos Militares, art. 80).
... Afastamento é a retirada do militar, do serviço ativo. Pode dar-se por força de sentença judicial ou por ocasião de licença, que é a autorização para afastamento total do serviço, em caráter temporário, concedida ao militar, obedecidas as disposições legais e regulamentares. Licenciamento é o ato de exclusão da praça do serviço ativo de uma Força Armada, após o término do tempo de serviço militar inicial, com a sua inclusão na reserva (Regulamento do Serviço Militar, art. 3, n 24). Disponibilidade é a situação de vinculação do pessoal da reserva a uma organização militar durante o prazo fixado pelos Ministros Militares, de acordo com as necessidades de mobilização (Regulamento do Serviço Militar, art. 3, n 13).
Sobre o tema, vale a lição de Ione de Souza Cruz e Cláudio Amin Miguel: A suspensão tem, por óbvio, caráter temporário, e determina o afastamento do oficial (detentor de posto) ou da praça (cabo, sargento e suboficial/subtenente detentores de graduação) mediante agregação, afastamento, licenciamento ou disponibilidade, termos esses definidos no Estatuto do Militares (Lei nº 6.880/80) (Op. cit. p. 130). [...] a reforma é uma das hipóteses de passagem do militar à situação de inatividade. Como pena, é operada ex officio (art.104, inciso IV), e pode ser imposta a oficiais e praças, estas últimas com estabilidade assegurada. (...)
De fato, a pena de reforma aplicada a uma praça não estável haveria de constituir verdadeiro prêmio, uma vez que importaria uma constituição de direito que possuía na atividade, antes da condenação. Mesmo assim, o art. 65 impõe a redução do valor dos proventos a serem auferidos em caso de condenação à pena de Reforma, a fim de que não seja o sentenciado beneficiado com uma remuneração integral. Contudo, há que se registrar que os militares são servidores públicos, garantindo-se-lhes a Constituição Federal a irredutibilidade de vencimentos. Decerto o militar pode ser condenado à pena de Reforma. A remuneração cabível, porém, deverá ser calculada proporcionalmente ao seu tempo de efetivo (...)
serviço, podendo-lhe ser vedado o recebimento de quantia superior àquela que vinha percebendo na ativa. Cumpre registrar que não se trata de pena pecuniária, e sim de verdadeira segregação do infrator do convívio de seus pares. (Op. cit. p. 134).
Superveniência de doença mental Teoria da Pena Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a manicômio judiciário ou, na falta dêste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada custódia e tratamento. Tempo computável Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata.
Transferência de condenados Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma região, distrito ou zona pode cumprir pena em estabelecimento de outra região, distrito ou zona.
Penas acessórias As Penas Acessórias, são as que dependem da imposição de uma principal para sua aplicação. São consideradas, efetivamente, espécies de sanção penal e não podem ser confundidas com os denominados efeitos da condenação, que estão previstos no art. 109 do CPM, embora verifiquemos um tratamento diferenciado desses termos no Direito Constitucional e no Direito Penal comum.
Penas acessórias As Penas Acessórias, são as que dependem da imposição de uma principal para sua aplicação. São consideradas, efetivamente, espécies de sanção penal e não podem ser confundidas com os denominados efeitos da condenação, que estão previstos no art. 109 do CPM, embora verifiquemos um tratamento diferenciado desses termos no Direito Constitucional e no Direito Penal comum.
Penas acessórias Teoria da Pena
Perda de pôsto e patente Teoria da Pena Art. 99. A perda de pôsto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações. A perda do posto e da patente, prevista no art. 99, sendo pena acessória, só poderá ser aplicada pelo STM para os oficiais militares federais e pelos TJM ou TJ s (onde não existir TJM) para os oficiais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares.
A perda do posto e da patente, portanto, extrapolou o universo do CPM para ser tutelado pela CF. Assim, para um estudo adequado, devemos analisar o seguinte dispositivo constitucional: Art. 142 [...] 3º.[...] Inciso VI e VII da CF: VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior.
Na esfera federal, tanto a hipótese do inciso VI quanto a do inciso VII passam pelo crivo do poder judiciário, pois ao STM (Tribunal militar) caberá ratificar a decisão do Conselho de Justificação no caso do inciso VI ou decidir propriamente no caso do inciso VII. Daí se concluir que a perda do posto ou patente não é automática.
Indignidade para o oficialato Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.