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Transcrição:

Direito Processual Civil 3 Recursos (artigos 994 a 1.044 do CPC) Teoria geral dos recursos Material de apoio: https://www.youtube.com/watch?v=2nfqkj3avsw Conceito Recurso pode ser definido como o meio processual cujo objetivo seja anular, reformar, integrar ou aclarar(esclarecer, elucidar) uma decisão judicial, dentro de um mesmo processo, evitando que esta seja acobertada pela preclusão ou coisa julgada. Modalidades recursais O artigo 994 do CPC traz a lista de recursos cíveis (rol taxativo) disponíveis a saber: I Apelação; II Agravo de instrumento; III Agravo interno; IV Embargos de declaração; V Recurso ordinário; VI Recurso especial; VII Recurso extraordinário; VIII Agravo em recurso especial ou extraordinário; XI Embargos de divergência. Características - Interposição: os recursos não inauguram um novo processo, por isso mesmo, o verbo interpor é adequado a se utilizar quando um recurso é apresentado em juízo, porque traz a ideia de colocar dentro, ou seja, adicionar uma nova etapa a algo em andamento. - Voluntariedade: só será interposto se assim desejar a parte interessada.

- Impossibilidade de inovação nos recursos: não se pode invocar matéria que não tenha sido discutida no juízo inferior ou anteriormente. Essa regra possui exceções, como a prevista no artigo 493 do CPC: Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz toma-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.. Outro exemplo é a alegação de qualquer matéria de ordem pública, pois estas, por não se sujeitarem a preclusão, podem ser entrar de forma inédita no âmbito recursal. Classificação dos recursos (artigo 1.002 do CPC) I - TOTAIS E PARCIAIS (Extensão da matéria impugnada) - Recurso total: é aquele que impugna a decisão no todo ou na sua integralidade. Exemplo: Numa ação que A promove contra B, pleiteando: 1 A anulação de um contrato de venda e compra; 2 A restituição de parcelas pagas por ocasião daquela avença; e 3 Danos morais, o juiz profere sentença julgando os pedidos (todos) totalmente procedentes. Inconformado, o réu B interpõe recurso de apelação contra toda a decisão (as 3 partes), isto é, quanto à parcela que anula o contrato, a que determina a restituição de quantias pagas e a que condena em danos morais. - Recurso parcial: é aquele cuja impugnação do recorrente se dirige apenas a parte da decisão. Exemplo: Imagine que na situação apresentada acima, o réu B não recorra contra a parcela da sentença que anulou o contrato, mas apele quanto às demais condenações, isto é, a determinação de devolução das quantias pagas (porque, por exemplo, entende que são devidas em razão da utilização do bem em certo período) e a condenação em danos morais (por discordar de sua ocorrência no caso concreto). II PRINCIPAL E ADESIVO (momento em que o recurso é interposto) - Recurso principal (independente): é quando ambas as partes estão insatisfeitas com a decisão judicial e interpõem cada qual o seu recurso. Possui previsão legal no artigo 997 do CPC Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. - Recurso adesivo: previsto no 1º e 2º do artigo 997, é quando uma das partes que deixou de interpor recurso, em um primeiro momento, o faz depois de ser notificado da interposição de recurso da parte contrária. Este recurso se subordina ao recurso independente. III FUNDAMENTAÇÃO LIVRE OU VINCULADA - Recursos de fundamentação livre: via de regra, admite-se qualquer tipo de crítica à decisão, bastando que a parte tenha sofrido um gravame dela decorrente.

- Recursos de fundamentação vinculada: são aqueles em que o mero gravame decorrente da decisão não é o bastante para caber o recurso. É preciso, para além disso, um prejuízo específico estabelecido pelo legislador. Deste modo, não aceitam qualquer fundamentação ou crítica, mas apenas os relativos aos vícios enumerados taxativamente em lei. IV ORDINÁRIOS E EXTRAORDINÁRIOS (Possibilidade ou não de um amplo reexame da causa em todas as suas partes, inclusive a reapreciação das provas produzidas) - Ordinários (regra): permitem o amplo reexame da causa. Estes têm como objetivo principal proteger o direito subjetivo das partes litigantes contra vício ou injustiça da decisão judicial - Extraordinários (exceção): restringem o reexame da causa, porque sua finalidade não é a proteção imediata do direito subjetivo da parte, mas sim o direito objetivo (CF, Leis Federais e Tratados Federais), uniformizando sua interpretação. Não visam apenas a correção do caso concreto, mas também a uniformidade de interpretação da legislação federal e a eficácia e integridade das normas da própria CF, com clara função política, voltados exclusivamente às questões de direito, e não de fato. Princípios recursais - Duplo grau de jurisdição: É aquele pelo qual, como regra, deve existir a possibilidade de uma causa ser decidida ao menos duas vezes, por dois órgãos diferentes do Poder Judiciário. Gera, assim, a concepção de que uma decisão proferida por juízo inferior (a quo) será passível de revisão por juízo superior (ad quem), não apenas evitando o abuso de poder por parte do julgador, mas, mais propriamente, reconhecendo a falibilidade humana. - Taxatividade: de acordo com este princípio, só existem os recursos previstos em lei (lei federal ou CF), que cria um rol taxativo ou exaustivo (numerus clausus). - Unirrecorribilidade (unicidade, singularidade): dispõe que para cada tipo de decisão judicial só cabe um recurso, sendo vedada a interposição simultânea ou cumulativa de dois ou mais recursos, pela mesma parte, contra uma mesma decisão judicial. Há uma exceção, qual seja, a possibilidade de interposição simultânea de recurso extraordinário e especial quando a decisão violar, a um só tempo, a norma constitucional e federal, rente ao que vem previsto no artigo 102, III; e 105, III; ambos da Constituição. - Fungibilidade: em determinadas condições, um recurso pode ser recebido como se fosse outro, sem que isso represente julgamento extra ou ultra petita. A fungibilidade é uma exceção ao cabimento recursal, afastando, pois a correspondência. Parte da premissa de que pode existir dúvidas sobre qual o recurso cabível, apesar dos esforços do legislador em ser claro. - Dialeticidade: exige-se que todo recurso seja formulado por meio de petição na qual a parte, não apenas manifeste sua inconformidade com ato judicial impugnado, mas também e necessariamente, indique os motivos de fato e de direito pelos quais requer o novo julgamento da questão nele cogitada, sujeitando-os ao debate com a parte contrária.

- Voluntariedade: o direito de recorrer participa do caráter dispositivo do próprio direito de ação, ou seja, é necessário que o recorrente manifeste voluntariamente o desejo de recorrer. - Irrecorribilidade em separado das interlocutórias: pelos princípios de economia processual, de celeridade e da oralidade, que dominam todo o processo moderno, não se tolera a interrupção da marcha processual para apreciação de recursos contra decisões de questões incidentais (interlocutórias), ou seja, as decisões são recorríveis, mas os recursos não têm efeito suspensivo e os autos não saem do juízo da causa, não havendo prejuízo para o desenvolvimento normal do processo. - Complementariedade: prevê a hipótese que autoriza a complementação de um recurso já interposto. - Proibição da reformatio in pejus: é uma limitação no julgamento do recurso, cujo resultado não poderá agravar a situação do recorrente, mas apenas melhorá-la ou mantê-la tal qual antes. Uma exceção que a doutrina costuma apontar à proibição da reformatio in pejus acaba sendo aquela ligada às matérias que devem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador, como é o caso, por exemplo das condições da ação e da prescrição, entre tantos outros. - Consumação: o processo se desenvolve numa estrutura de preclusões, isto é, a partir da concepção de que o processo deve ter seu andamento, em etapas previamente definidas, que serão paulatinamente vencidas, até que se atinja sua finalidade, qual seja, extinguir-se e entregar a prestação jurisdicional a quem esta seja devida. Requisitos recursais (Juízo de admissibilidade) REQUISITOS INTRÍNSECOS (ligados à existência do direito de recorrer) Cabimento do recurso: é o requisito de admissibilidade segundo o qual o recurso interposto deve ser previsto em lei (lei federal ou Constituição) e adequado ao tipo de decisão judicial. Legitimidade recursal: é a manifestação da legitimidade ad causam (condição da ação) na esfera dos recursos. O artigo 996 do CPC prevê: O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Interesse recursal: é a manifestação do interesse de agir (condição da ação). Não basta estar legitimado a recorrer, é preciso ter interesse para praticar o ato. Haverá interesse recursal sempre que não se obtiver o melhor resultado possível esperado do processo, ou seja, se houver sucumbência. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer: ambos podem ser reunidos sob a denominação de requisitos negativos, porque são situações que, se presentes, impedem o processamento normal do recurso, isto é, obstam seu conhecimento ou admissão. Fato impeditivo do direito de recorrer é a desistência do recurso, assim entendido o ato do recorrente, posterior à interposição do recurso, pelo qual manifesta (por petição ou mesmo oralmente na sessão de julgamento) o desejo de não vê-lo julgado.

Fatos extintivos ao direito de recorrer descritos pela doutrina são a renúncia e a aquiescência. A renúncia ocorre quando o recorrente, antes mesmo de interpor o recurso, abre mão do poder de recorrer. Pode ser total ou parcial. A aquiescência significa a aceitação da decisão manifestada pelo sujeito prejudicado por ela. REQUISITOS EXTRÍNSECOS (ligados ao modo de exercitar o direito de recorrer) Tempestividade: O prazo pode ser conceituado como o período em que o ato processual da parte pode ser validamente praticado. Com os recursos ocorre o mesmo fenômeno. A lei prevê o prazo dentro do qual o ato pode ser praticado, sob pena de se perder a oportunidade de fazê-lo. No artigo 1.003, 5º, do CPC temos: Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 dias.. Obs.: nos embargos de declaração, conforme previsto no artigo 1.023 do CPC, o prazo é de 5 dias. Preparo: previsto no artigo 1.007 do CPC: No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.. O preparo consiste no prévio pagamento das despesas relativas ao processamento do recurso. Não sendo realizado o preparo, aplica-se a pena de deserção (abandono). O 1º do artigo 1.007 dispõe: São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.. Regularidade formal: é a necessidade de que o recurso interposto obedeça às regras formais de interposição exigidas pela legislação especificamente para cada recurso. O recurso deve ser interposto na forma escrita, utilizando-se a língua portuguesa e deve estar acompanhado das respectivas razões recursais. Efeitos dos recursos - Devolutivo: é a devolução da matéria impugnada ao Poder Judiciário (especificamente ao órgão competente para julgar o recurso (ad quem)). - Suspensivo: é o efeito pelo qual a eficácia da decisão fica suspensa. Como consequência, se a decisão não produz efeitos, não poderá ser executada, por exemplo. Obs: Agravo de instrumento não possui efeito suspensivo. - Translativo: permite que no julgamento do recurso, o órgão competente avance para questões que transcendem o alcance das razoes ou contrarrazões do recurso. - Obstativo: é aquele pelo qual o recurso, mantendo a litispendência, impede que sobre a decisão recorrida se opere a preclusão ou, se atinente ao mérito, a coisa julgada. - Regressivo: é aquele que permite que o próprio juízo a quo, convencido das razões do recorrente e do desacerto da própria decisão, retrate-se.

Poderes do relator (artigos 932 e 933) Ao relator, portanto, compete presidir o recurso no âmbito do tribunal, inclusive em relação à produção de prova no processamento do recurso de apelação. Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.

Apelação (artigos 1.009 a 1.014 do CPC) Material de apoio: https://www.youtube.com/watch?v=-knpxomkt5a Conceito Sabemos que a sentença é o pronunciamento judicial com fundamento nos artigos 485 e 487 do CPC, que encerra a fase cognitiva (de conhecimento) do procedimento comum, bem como extingue a execução. A apelação é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição (a quo), para levar a causa ao reexame nos tribunais de segundo grau de jurisdição (ad quem). É cabível nas hipóteses previstas no artigo 1.009 do CPC, e denomina-se apelante quem interpõe o recurso; a parte contrária é denominada de apelado. Requisitos de admissibilidade Cabimento: como regra geral, a apelação é o recurso cabível contra sentença, conforme dispõe o caput do artigo 1.009 do CPC. De outro lado, há hipóteses atípicas, que são excepcionais e também indicam o cabimento do recurso de apelação diante de decisões interlocutórias. São elas: 1 Decisões interlocutórias previstas no artigo 1.015 do CPC que tenham sido proferidas dentro da sentença (capítulo de uma sentença), conforme artigo 1.009, 3º, do CPC; 2 O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória, na letra do artigo 1.013, 5º, do CPC; e 3 Decisões interlocutórias que não se sujeitam ao regime de preclusão, como prevê o artigo 1.009, 1º, do CPC. Legitimidade recursal: são legitimados a apelar de uma decisão, na forma do artigo 996 do CPC, a parte, o terceiro prejudicado e o Ministério Público (como parte ou como fiscal da ordem jurídica). Interesse recursal: é a manifestação do interesse de agir para a prática do ato. Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do poder de recorrer: assim como na teoria geral dos recursos, a desistência, a renúncia e a aquiescência impedirão que o órgão julgador aprecie o mérito da apelação. Tempestividade: seguindo a regra geral dos recursos, a apelação deve ser interposta no prazo de 15 dias, a teor do 5º do artigo 1.003 do CPC. A contagem é em dias úteis. Preparo: como qualquer recurso, a apelação se sujeita ao preparo recursal e mais uma vez aqui se aproveitam as considerações da teoria geral dos recursos.

Regularidade formal: sua apresentação se fará por petição escrita (jamais oral) dirigida ao juízo de primeiro grau. Os elementos mínimos da petição de apelação, previstos no artigo 1.010 do CPC, são: I Os nomes e a qualificação das partes; II A exposição do fato e do direito; III As razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV O pedido de nova decisão. Efeitos - Devolutivo: no artigo 1.013 do CPC temos: A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.. O efeito devolutivo é estudado sob duas vertentes distintas: extensão e profundidade. A extensão do efeito devolutivo é limitada pelo pedido do apelante, ou seja, é o apelante que definirá qual o capítulo da sentença apelada que pretende que seja reexaminado pelo tribunal, até porque nada impede que o recurso seja parcial (artigo 1.002 do CPC). A profundidade refere-se às questões ou aos fundamentos que serão analisados na apelação, ainda que não considerados pela decisão recorrida. Assim o tribunal, ao julgar a apelação, apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado (artigo 1.013, 1º, do CPC). - Suspensivo: via de regra, o efeito suspensivo é aquele pelo qual a eficácia da decisão fica suspensa, obstruindo, consequentemente, a decisão de produzir efeitos, ou seja, o recurso com efeito suspensivo não suspende propriamente os efeitos da decisão, mas impede que estes se produzam. Os casos de apelação despida de efeito suspensivo são aqueles descritos no 1º do artigo 1.012, que dispõe: Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I homologa divisão ou demarcação de terras; II condena a pagar alimentos; III extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI decreta a interdição.

O rol apresentado não é exaustivo. Existem outras situações em que a apelação não terá efeito suspensivo. Por exemplo, a apelação em ações regidas pela lei 8.245/91 (Lei de Locações de Imóveis Urbanos), conforme seu artigo 58, V. - Retratação: como regra, a apelação não permite a retratação do juízo que proferiu a sentença. Isso porque, publicada a sentença, o juiz não pode, em regra, mais alterá-la (artigo 494, CPC). Em exceções relativas ao recurso de apelação temos: 1 apelação contra sentença que indefere a petição inicial (artigo 331, CPC); 2 apelação contra sentença que julga liminarmente improcedente o pedido (artigo 332, 3º, CPC); 3 apelação contra sentença que extingue o processo sem resolução do mérito (artigo 485, 7º, CPC); 4 apelação contra sentença proferida nas causas que digam respeito a direitos de criança ou adolescente (artigo 198, VI, ECA). Interposição e processamento O processamento da apelação é, resumidamente, bifásico. Inicia com sua interposição e recebimento no juízo a quo e termina com sua admissibilidade e julgamento de mérito no tribunal ad quem. - No juízo a quo A apelação será interposta em petição escrita dirigida ao juízo de primeiro grau (a quo), ou seja, ao mesmo órgão prolator da decisão recorrida, conforme artigo 1.010 do CPC. Interposta a apelação, ela será recebida pelo juízo a quo, onde, ordinariamente, será determinada a intimação do apelado, que então poderá: 1 - Apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias (artigo 1.010, 1º, CPC); 2 - Interpor apelação adesiva (artigo 997, 1º e 2º, CPC). - No juízo ad quem Com a chegada dos autos ao tribunal, a apelação reger-se-á conforme o artigo 1.011, CPC e, mais genericamente, à luz do regramento geral referente à ordem dos processos no tribunal, já analisado anteriormente. Apenas o relator estará autorizado a julgar monocraticamente o recurso quando presente alguma das circunstancias do artigo 932, III a V, conclusão que resulta do próprio artigo 1.011, I. Esta decisão monocrática desafia recurso de Agravo Interno (artigo 1.021, CPC). Não sendo o caso de julgamento monocrático, contudo, o relator elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado (artigo 1.011, II, CPC).

Questões de fato não invocada no juízo inferior Prevê o artigo 1.014, CPC que As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provas que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.. Essa disposição não trata da alegação de fatos novos (supervenientes). Estes podem ser veiculados, na apelação ou outro momento, porque o artigo 493, CPC assim autoriza expressamente. O objeto da norma são os fatos antigos que não foram alegados a seu tempo. Se houver motivo justo, podem ser veiculados de forma inédita na apelação, atentando-se apenas para a necessidade de contraditório. Por fim, a restrição alcança apenas as questões de fato, mas não as de direito, que podem ser alegadas a qualquer tempo. Agravo de Instrumento (artigos 1.015 a 1.020 do CPC) Material de apoio: https://www.youtube.com/watch?v=jelzurs5aww Conceito e cabimento O agravo de instrumento é o recurso cabível para atacar uma decisão interlocutória elencada no artigo 1.015 do CPC, isto é, que verse sobre: I Tutela provisória; II Mérito do processo; III Rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV Incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI Exibição ou posse de documento ou coisa; VII Exclusão de litisconsorte; VIII Rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI Redistribuição do ônus da prova nos termos do artigo 373, 1º. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário (artigo 1.015, parágrafo único do CPC), além de outros casos previstos em lei. Se as

questões mencionadas no artigo 1.015 do CPC integrarem capítulo de sentença, porém, o recurso cabível é o de apelação (artigo 1.009, 3º; e artigo 1.013, 5º, do CPC). Taxatividade do rol do artigo 1.015 do CPC Em que pese a polemica sobre o assunto, é mais adequado compreender que o rol do artigo 1.015 do CPC é taxativo, porque assim expressamente quis o legislador. Ficam ressalvados os casos em que a interpretação histórica e sistemática de legislação especial e extravagante também sugerirem o cabimento do agravo de instrumento. Cabimento de mandado de segurança diante de interlocutórias não agraváveis Diante de uma decisão interlocutória não agravável, excepcionalmente o mandado de segurança haverá de ser admitido, desde que tal decisão seja teratológica (que contraria a lógica) ou gere uma situação de urgência. Tempestividade O agravo de instrumento deve ser interposto no prazo de 15 dias. O mesmo prazo terá o agravado para apresentar contrarrazões. Preparo O agravo de instrumento se sujeita a preparo, seguindo tudo o que foi exposto na teoria geral dos recursos a respeito, adicionando a previsão do artigo 1.017, 1º do CPC. Regularidade formal - Aspectos gerais: o agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição escrita (e não oralmente) que contenha os elementos previstos no artigo 1.016 do CPC. Deve-se atentar à exigência de que o agravante indique o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. - Instruções da petição (artigo 1.017): I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

1 o Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. - Cópias: o recurso deverá ser instruído com as cópias a que se refere o artigo 1.017 do CPC (obrigatórias e facultativas), salvo se os autos do processo em primeiro grau sejam eletrônicos ( 5º do artigo 1.017 do CPC). Eventual vício de forma será sanável, à luz da previsão do artigo 932, parágrafo único e artigo 1.017, 3º, ambos do CPC. Efeito suspensivo O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo. Caso o agravante pretenda atribuir tal efeito ao seu recurso, deverá observar o artigo 995, parágrafo único e o artigo 1.019, I, ambos do CPC. O mesmo se diga ao chamado efeito ativo. Interposição e processamento O agravo de instrumento será interposto por petição escrita diretamente no tribunal competente (artigo 1.016 do CPC). Existem diversas formas de interposição do agravo de instrumento, conforme o 2º do artigo 1.017 do CPC. São elas: I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei. Interposto o recurso, este será recebido e distribuído imediatamente (artigo 1.019, caput, 1º parte), podendo o relator assumir qualquer uma das condutas descritas no artigo 1.019 do CPC, ou seja: 1 Rejeitar liminarmente o agravo de instrumento; ou 2 Admitir o processamento regular do agravo de instrumento, quando em 5 dias observará as previsões dos incisos I a III do artigo 1.019, quais são: I Poderá atribuir efeito suspensivo ou ativo ao recurso, comunicando ao juiz sua decisão; II Ordenará a intimação do agravado para que responda no prazo de 15 dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; III Determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 dias.

Finalmente, o próximo passo é o julgamento do agravo de instrumento, que poderá ser monocrático (exceção) ou colegiado (regra). Comunicação ao juízo a quo Como o agravo de instrumento é interposto diretamente no tribunal, enquanto o processo continua com sua tramitação normal na instância inferior, o CPC prevê a necessidade do juízo de primeiro grau ser informado pelo agravante sobre a interposição do recurso, observado o artigo 1.018, caput do CPC. Tal informação: 1 Viabiliza o juízo de retratação (tendo em vista o efeito regressivo), e 2 Facilita sua ampla defesa no agravo de instrumento, evitando que o agravado se desloque até o tribunal para obter cópias do agravo de instrumento. Sendo eletrônicos os autos no tribunal, a comunicação é faculdade (artigo 1.018, caput, do CPC). Se os autos no tribunal não forem eletrônicos, a comunicação será obrigatória e deverá ser feita em 3 dias a contar da interposição (artigo 1.018, 2º, CPC), sendo que o descumprimento da exigência, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento (artigo 1.018, 3º, CPC). Agravo Interno (artigo 1.021 do CPC) Cabimento O agravo interno é cabível em qualquer recurso, ação originária de Tribunal ou mesmo no reexame necessário previsto no artigo 496 do CPC. Ele também é cabível em qualquer tipo de decisão proferida monocraticamente pelos relatores nos Tribunais: decisões interlocutórias, de andamento do processo no âmbito dos Tribunais; decisões que resolvam o mérito da demanda (por exemplo, dando ou negando provimento ao recurso conforme ou desconforme a jurisprudência consolidada com força vinculante). Requisitos de admissibilidade, interposição e processamento O agravo interno será dirigido ao próprio relator que proferiu a decisão monocrática agravada. Entretanto, será julgado pelo órgão colegiado competente para o julgamento do próprio recurso onde se originou a decisão agravada. Exemplificando, em um recurso de apelação, a decisão monocrática do relator que for objeto de agravo interno será apreciada pela Turma ou Câmara, conforme o regimento interno. No caso de decisões proferidas em ações rescisórias ou mandados de segurança originários, o agravo interno será destinado ao relator, mas apreciado pelas Seções especializadas.

Não se exige recolhimento de preparo no agravo interno, pois é interposto nos próprios autos principais. O prazo de interposição é de 15 dias, aplicável a regra geral do artigo 1.003, 5º do CPC, sendo idêntico o prazo para o agravado apresentar suas contrarrazões. À Fazenda conta-se o prazo em dobro, nos termos do artigo 183. Após esse prazo, não ocorrendo retratação, o agravo interno será incluído em pauta para julgamento pelo respectivo colegiado, havendo a necessidade da devida intimação dos patronos das partes. No caso de haver retratação, o recurso, ação originária ou reexame necessário onde se deu a decisão agravada volta a ter seu curso regular e o agravo interno perde seu objeto, restando prejudicado. Admite-se ainda, que seja proferida nova decisão monocrática por parte do Relator no mesmo recurso originário, desde que em sentido diverso daquela primeira decisão agravada. Após a interposição, a parte contrária é intimada para, em 15 dias, apresentar resposta. Decorrido esse prazo, não havendo reconsideração da decisão, o recurso será incluído em pauta e julgado pelo respectivo colegiado. Nesse julgamento, não há, em regra, sustentação oral, salvo disposição em sentido diverso do regimento interno do Tribunal. É vedado julgar o agravo interno através de mera reprodução das razões da decisão agravada (artigo 1.021, 3º, CPC). Multa O agravo interno julgado, por unanimidade, manifestamente inadmissível ou manifestamente improcedente, em votação unânime pelo órgão colegiado, sujeita o agravante ao pagamento (para o agravado) de multa fixada entre 1% a 5% sobre o valor atualizado da causa. A interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao recolhimento da multa. A Fazenda Pública e os beneficiários da justiça gratuita recolhem apenas ao final. Embargos de Declaração (artigos 1.022 a 1.026 do CPC) Material de apoio: https://www.youtube.com/watch?v=xne_vyugd3c Natureza jurídica Os embargos de declaração têm natureza jurídica recursal, até porque estão previstos no artigo 994, IV, do CPC, sujeitando-se ao respectivo regime jurídico.

Cabimento O artigo 1.022 do CPC trata do cabimento dos embargos de declaração. No aspecto objetivo, caberão tais embargos contra qualquer decisão judicial. No aspecto finalístico, vale lembrar que se trata de recurso de fundamentação vinculada, cabível apenas para: I Esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II Suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; ou III Corrigir erro material. Cabimento em caso de omissão Quanto a esta hipótese de cabimento, vale destacar a previsão do artigo 1.022, parágrafo único do CPC, segundo o qual será considerada omissa a decisão que: I Deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; ou II Incorra em qualquer das condutas descritas no artigo 489, 1º. Nada obstante, o vício de omissão da decisão poderá ser solucionado em grau de apelação, ainda que a parte não tenha oposto os embargos de declaração (artigo 1.013, 3º, III, do CPC). Legitimidade recursal São aplicáveis as mesmas considerações da teoria geral dos recursos. Adicione-se que o amicus curiae poderá opor embargos de declaração (artigo 138, 1º, do CPC). Interesse recursal No caso dos embargos de declaração, a noção de prejuízo, que gera o interesse recursal, merece interpretação particular, pois, não apenas o vencido poderá opor embargos de declaração, mas igualmente o vencedor poderá fazê-lo. O interesse recursal nos embargos de declaração não nasce da derrota no processo, mas da existência de algum dos vícios do artigo 1.022 do CPC, potencialmente prejudiciais à parte embargante.

Tempestividade Os embargos de declaração devem ser interpostos no prazo de 5 dias úteis (artigo 1.023, caput, c.c. artigo 219 do CPC), reservado prazo em dobro para os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos. Preparo Trata-se de recurso dispensado de preparo, conforme prevê o artigo 1.023 do CPC. Regularidade formal Deve-se atentar à previsão do artigo 1.023, caput, do CPC. A petição dos embargos de declaração será dirigida ao próprio prolator da decisão embargada devendo o embargante indicar qual é o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão que ensejou a oposição do recurso, sob pena de não conhecimento do recurso. Oposição e processamento Os embargos de declaração serão opostos perante o próprio juízo prolator da decisão embargada, que também tem competência funcional para seu julgamento. Recebido o recurso, poderá ou não haver contraditório, a depender da possibilidade do acolhimento do recurso modificar a decisão embargada (artigo 1.023, 2º, do CPC). Não será aberto contraditório se não for vislumbrada qualquer possibilidade de modificação da decisão embargada. Efeito devolutivo, translativo e obstativo Os embargos de declaração têm os efeitos devolutivo, translativo (como já se pronunciou o STJ) e obstativo. Efeito suspensivo O artigo 1.026 do CPC deixa claro que os embargos de declaração não têm efeito suspensivo ope legis (automático). É possível, no entanto, obter efeito suspensivo nos embargos de declaração, requerendo-o na forma do 1º do artigo 1.026 do CPC, cabendo ao próprio órgão prolator da decisão embargada decidir sobre a atribuição do efeito suspensivo. Se, todavia, os embargos de declaração forem opostos em razão de decisão recorrível por recurso que tenha efeito suspensivo automático (ope legis), como no caso de sentença, tal decisão não produzirá efeitos porque já nasce com eficácia suspensa (não por causa dos embargos, e sim pela simples possibilidade de se interpor apelação futuramente).

Efeito interruptivo Conforme o caput do artigo 1.026 do CPC, os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso, inclusive nos Juizados Especiais. Tal efeito é reconhecido mesmo que os embargos de declaração não tenham sido admitidos, salvo no caso de manifesta intempestividade. Pouco importa quem opôs embargos de declaração, pois os prazos serão interrompidos para ambas as partes, assim como para o Ministério Público e para terceiros. Ressalve-se apenas que os embargos de declaração à decisão originalmente já embargada pela parte contrária. Efeito infringente Os embargos de declaração podem ter efeito infringente, ou seja, o julgamento deste recurso pode ter como consequência modificar a própria decisão embargada. A mera possibilidade de que os embargos de declaração modifiquem a decisão embargada já é suficiente para que seja aberto contraditório (artigo 1.023, 2º, do CPC) Julgamento O juiz julgará o recurso em 5 dias (artigo 1.024, caput, do CPC). O julgamento ocorrerá no próprio órgão prolator da decisão embargada, sem necessidade de observar a ordem cronológica de conclusão (artigo 12, 2º, V, do CPC). Opostos os embargos de declaração no tribunal contra decisão monocrática, seu julgamento também será monocrático ( 2º do artigo 1.024 do CPC). De outro lado, opostos os embargos de declaração no tribunal contra decisão colegiada, sua decisão também deverá ser colegiada ( 1º do artigo 1.024 do CPC). Direito de complementar ou alterar razões de recurso já interposto Prevê o artigo 1.024, 4º, do CPC, que Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. Desnecessidade de ratificação Conforme o artigo 1.024, 5º, do CPC, Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. O dispositivo afasta o entendimento da Súmula 418 do STJ, que foi cancelada e substituída pela Súmula 579 do mesmo tribunal.

Fungibilidade com agravo interno Decorre do 3º do artigo 1.024 do CPC que O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do artigo 1.021, 1º. Embargos protelatórios O CPC procura punir o sujeito que utiliza os embargos com má-fé. Deste modo, conforme o 2º do artigo 1.026 do CPC, Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 2% sobre o valor atualizado da causa.. Se houver reiteração de embargos declaratórios protelatórios, os 3º e 4º do artigo 1.026 dispõem: 3º - A multa será majorada a até 10% sobre o valor atualizado da causa; - Nenhum outro recurso poderá ser interposto antes que se comprove o depósito prévio do valor da multa (salvo a Fazenda Pública e o beneficiário de gratuidade da justiça, que recolherão a multa apenas ao final); e 4º - A parte fica proibida de opor embargos de declaração pela terceira vez.