Recurso tb difere do reexame necessário, pois neste não há a voluntariedade

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3 RECURSOS CONCEITO: É o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de uma decisão judicial que se impugna.

4 Recurso é diferente de ação de impugnação autônoma, como por exemplo ação rescisória que embora tb almejem modificar o julgado, mas nas ações de impugnação autônoma isso se dá em outra relação de direito processual. Recurso tb difere do reexame necessário, pois neste não há a voluntariedade

5 Natureza jurídica Posiciono-me, em consonância com o entendimento majoritário da doutrina, no sentido de atribuir aos recursos a natureza de um desdobramento do direito de ação que havia sendo exercido no âmbito do processo em que foi proferida a decisão que se visa impugnar.

6 Trata-se, na verdade, como exaustivamente já afirmamos, de um prolongamento do direito de ação, agora em fase recursal. A relação processual já existe quando da interposição do recurso, pois, se nova ação houvesse, haveria o óbice intransponível da litispendência.

7 Classificação dos recursos: Há diversas formas de se classificar os recursos: total e parcial; principal e adesivo, ordinário e excepcional e de fundamentação vinculada e livre. Os legitimados para recorrer se encontram no art. 499, do CPC que são: a parte vencida, o terceiro prejudicado e o MP.

8 Princípios gerais Entendeu por bem o legislador vedar às partes litigantes a criação de recursos próprios com o escopo de exercitarem o seu inconformismo diante da decisão judicial desfavorável.

9 A esta vedação, aplica-se o chamado princípio da taxatividade dos recursos, "segundo o qual somente são considerados como tais aqueles designados, em numerus clausus, pela lei federal". Assim, sempre que estabelecer a lei quais os recursos cabíveis para impugnar determinadas decisões,

10 ela o faz taxativamente, cabendo somente à lei federal criá-los, vez que a Constituição da República, artigo 22, I, estabelece a competência exclusiva da União Federal para legislar sobre normas de Direito Processual.

11 A enumeração, ainda que taxativa, não enseja, porém, o entendimento de que não poderão haver outras espécies de recurso, diversas das estabelecidas pelo artigo 496 do diploma processual civil. Isto porque, conforme já observamos, o princípio da taxatividade indica que as espécies de recurso deverão ser designadas por lei federal, sendo possível a sua criação fora do Código de Processo Civil, portanto.

12 Art. 496 CPC São cabíveis os seguintes recursos I Apelação; II Agravo; III Embargos Infringentes; IV Embargos de Declaração;

13 V Recurso Ordinário; VI Recurso Especial; VII Recurso Extraordinário; VIII Embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.

14 Este princípio, também conhecido como da singularidade ou unicidade, significa dizer que de cada decisão judicial será cabível um único recurso, vedando-se às partes a interposição de dois ou mais recursos, cumulativamente, para impugnar a mesma parte de uma decisão.

15 A regra geral é a de que para cada há um recurso adequado, e somente um. Este princípio, de previsão expressa pelo Código de Processo Civil de 1939 (art. 809, parte final), subsiste implícito no estatuto vigente.

16 A fungibilidade dos recursos é decorrência lógica do princípio da uni-recorribilidade. Na fungibilidade, ocorre o aproveitamento do recurso erroneamente nominado, como se fosse o que devia ter sido interposto.

17 O fundamento de tal princípio encontra-se na regra geral da instrumentalidade das formas, prevista nos artigos 244 e 249 do diploma processual civil em vigor, em que, tendo atingido o ato sua finalidade não há que se falar em nulidade.

18 O princípio da fungibilidade era expressamente regulado pelo art. 810 do Código de Processo Civil de 1939, que possibilitava a conversão de uma espécie de recurso em outra, no caso de equívoco da parte, desde que não houvesse erro grosseiro. O Código vigente não reproduziu a norma do estatuto anterior, subsistindo, porém, ainda assim, o princípio da fungibilidade em nosso ordenamento.

19 Para que seja aproveitado o recurso, ainda que este tenha sido apresentado erroneamente, necessário se impõe que neste (i) haja dúvida objetiva, ou seja, controvérsia existente na doutrina e na jurisprudência a respeito da aplicação do recurso adequado para impugnar determinado decisório;

20 (ii) inexista e erro grosseiro, que ocorre, e.g., quando o recurso interposto contraria expressa indicação legal quanto ao aplicável à espécie; e (iii) haja interposição tempestiva, devendo ser apresentado no prazo para o recurso que seria cabível.

21 A este princípio já nos referimos quando do estudo da conceituação dos recursos, definido-os como remédio voluntário, verdadeiro ato de vontade, decorrente de uma insatisfação pessoal do recorrente em face do decisório impugnado.

22 Assim, todo e qualquer recurso decorrerá, necessariamente, da livre manifestação das partes, cabendo a elas verificar a viabilidade ou não do meio impugnativo.

23 O princípio da proibição de reforma para pior, também apontado como princípio da personalidade dos recursos, (65) indica que o recurso interposto só poderá aproveitar ao recorrente, não podendo beneficiar a parte que não o utilizou.

24 Nas palavras de ALEXANDRE CÂMARA, "em outros termos, não se pode, no julgamento de um recurso, agravar a situação de quem recorreu". Neste sentido decidiu, em recente julgamento, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

25 Entendemos que o princípio da proibição da reformatio in pejus nada mais é que decorrência lógica da vedação do julgamento ultra e extra petita, consagrada pelo art. 128 c/c o art. 460, ambos do diploma processual civil vigente.

26 Exceção: julgamento do recurso com aplicação do princípio da causa madura, pois o recorrente que teve sua pretensão julgada extinta sem resolução do mérito, pode ao final ter a mesma pretensão julgado improcedente, o que força concluir que estará em situação pior do que no pretérito.

27 Juízo de admissibilidade Intrínsecos: cabimento, legitimidade para recorrer, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

28 É impeditivo do poder de recorrer o ato de que diretamente haja resultado a decisão desfavorável àquele que, depois, pretenda impugná-la; por exemplo, da sentença que homologa a desistência da ação não pode recorrer a parte que desistiu. São fatos extintivos a renúncia ao direito de recorrer e a aceitação da decisão.

29 Extrínsecos: tempestividade, regularidade formar, preparo. Devolutivo: consiste simplesmente na devolução da matéria ao órgão que irá apreciar o julgado. Suspensivo: Evita que a sentença comece a ter qualquer eficácia.

30 OBS: A regra no direito brasileiro é que os recursos são recebidos no duplo efeito. Casos há que o recurso é recebido tão somente no efeito devolutivo, isto sim conta no art. 520 do CPC que são: quando homologar a divisão ou a marcação;

31 condenar a prestação de alimentos; decidir o processo cautelar; rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem, ou, ainda, confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

32 Obs. Hoje o juízo de admissibilidade dos recursos é exercido tanto pelo juízo prolator da decisão, quanto ao juízo ad quem. O novo CPC. modificará tal situação ao prever que o juízo de admissibilidade somente será exercido pelo órgão ad quem.

33 Para finalizar este módulo de teoria geral dos recursos trataremos do recurso adesivo previsto no art. 500 do CPC, lembrando desde já que este não é um meio autônomo de recurso, mas sim uma forma de interposição da apelação,

34 dos embargos infringentes do recurso extraordinário e do recurso especial. Seu requisito específico é a existência de sucumbência recíproca, sendo o certo que este é subordinado ao recurso principal.