EXCELENTÍSSIMA SENHORA PRESIDENTA DA CÂMARA MUNICIPAL DE LIMEIRA - SP. A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA E PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO CIDADÃO DEFENDE, associação constituída nos termos da lei civil, com sede e foro na cidade de Limeira, deste Estado, na rua Padre Joaquim Franco de Camargo Júnior, nº 92, Jardim Montezuma, inscrita no CNPJ do MF, sob nº 05974558/0001-91, atos constitutivos anexos por xerocópias que os subscritores desta declaram serem autênticas, na forma da lei, com fundamento nos arts. 339, II e IV, 340, 366 e 367 do Regimento Interno desta Casa Legislativa, através de seu Vice Presidente e advogado que a esta subscreve, vem, respeitosamente a honrosa presença de Vossa Excelência oferecer DENÚNCIA contra o Vereador José Joaquim Fernandes Raposo Júnior, pelas razões de fato e de direito que passa a expor: Na data de 02 de agosto de 2005, mais precisamente as 15:00h foi protocolado nesta Casa Legislativa um requerimento do Vereador Joaquim Fernandes Raposo Júnior para Vossa Excelência solicitando licença médica pelo período de 33 dias, ou seja, de 1º de agosto de 2005 até 03 de setembro de 2005. Para tanto o Edil Joaquim Raposo apresentou atestado médico emitido pelo Doutor Antônio José Alan, CRM 35.536 alegando as doenças J-80-0 e R 73-0 (doc. anexos). Primeiramente é necessário salientar que o médico em questão é endocrinologista e atende pela Medical conforme documento também anexo. As doenças relacionadas ao CID apresentado no atestado médico são respectivamente, J80-0 Síndrome do desconforto respiratório do adulto e R73 Aumento da glicemia conforme o Código Internacional de Doenças.
Causa muita estranheza um endocrinologista atestar síndromes respiratórias e que o aumento de glicemia não tem o condão para um afastamento das obrigações tão grande, mas vamos a gravidades dos fatos seguintes. Estando licenciado por ordem médica devida o seu suposto desconforto respiratório o denunciado começa a aparecer constantemente na coluna social dos jornais locais em festas, workshops, inaugurações e pior atendendo normalmente em seu consultório como será demonstrado. Nos dias 05, 06 e 07 de agosto, portanto durante sua licença médica REMUNERADA o nobre vereador este presente ativamente no V ENCONTRO COOPERATIVISTA UNIMED LIMEIRA, na cidade de Campos do Jordão, conforme foto veiculada no Jornal GAZETA DE LIMEIRA de 21 de agosto de 2005, cópia anexa. No dia 10 de agosto de 2005 o Vereador Joaquim Raposo esteve presente na NOITE DO CAMARÃO na choperia HARD CHOPP III conforme demonstrado pela foto no JORNAL DE LIMEIRA do dia 21 de agosto de 2005, sempre ao lado de sua esposa (jornal anexo). A noite do Camarão aconteceu no dia 10 de agosto de 2005 conforme propaganda veiculada no Jornal de Limeira de 09 de agosto de 2005 conforme jornal anexo. No dia 23 de agosto de 2005 o vereador foi fotografado logo atrás do Vice Governador Cláudio Lembo na inauguração da ALJÓIAS/2005, conforme se comprova pelo Jornal GAZETA DE LIMEIRA em anexo. Estes fatos por si só demonstram que o vereador Joaquim Raposo nunca esteve doente a ponto de afastar-se de sua função pública por 33 dias e ainda mais receber seus provimentos de forma integral conforme se comprova pelo holerite anexo. A atitude do edil de se afastar por licença médica e participar de vários encontros, festas, inaugurações e ainda atender normalmente em seu consultório é incompatível com o decoro parlamentar além de configurar improbidade administrativa conforme será ainda demonstrado.
A Lei 8429/92 na cabeça do artigo 9º define como ato de improbidade importando em enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, e notadamente. A partir do momento em que o Nobre edil simula doença, em conluio com o médico Antonio José Alan, para licenciar-se recebendo seus proventos e comprovadamente mediante as provas apresentadas mostra-se em perfeito gozo de sua saúde, aufere indevidamente vantagem patrimonial em detrimento dos cofres públicos, praticando ato de improbidade que pode gerar sua cassação conforme art. 339, II do Regimento Interno desta Casa. Agiu igualmente com falta de decoro parlamentar ao praticar a conduta acima demonstrada, pois o decoro não aceita comportamento desonesto, conduta imprópria, senão vejamos a definição de decoro. O conceito de decoro, no entanto, é indeterminado, e como as palavras da Constituição devem ser entendidas em seu sentido vulgar salvo quando a palavra só tiver sentido técnico ou quando este for inequívoco em face do contexto temos como ponto de partida, de recorrer aos dicionários. Segundo o Houaiss, decoro significa recato no comportamento, decência, acatamento das normas morais, dignidade, honradez, pundonor, seriedade nas maneiras, compostura, postura requerida para exercer qualquer cargo ou função pública. Conforme o Aurélio, decoro significa correção moral, compostura, decência, dignidade, nobreza, honradez, brio, pundonor. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa define decoro como respeito pelas boas maneiras, pelas conveniências sociais, compostura no modo de estar, de se comportar. Conforme Maria Helena Diniz (Dicionário Jurídico), decoro, na linguagem jurídica em geral quer dizer: a) honradez, dignidade ou moral; b) decência; c) respeito a si mesmo e aos outros. A linguagem jurídica, no caso, não difere muito do sentido comum. Portanto, a Constituição incorporou o sentido ao seu significado normativo. Quando se trata de decoro parlamentar, a palavra está diretamente ligada ao tipo de comportamento, vale dizer, seriedade nas maneiras, respeito pelas boas maneiras. Definido o decoro, podemos afirmar sem pestanejar que o vereador Joaquim Raposo faltou com decoro em sua conduta ao apresentar atestado médico, por endocrinologista da Medical, atestando doença respiratória e no tempo de sua licença, participar do workshop da UNIMED em Campos do Jordão (05 à 07 de
agosto de 2005), ir na Festa do Camarão no Hard Chopp III (10 de agosto de 2005), ir a inauguração da ALJÓIAS/2005 (23 de agosto de 2005) e ainda atender normalmente em seu consultório médico durante o período licenciado. Ao receber seus proventos indevidamente, uma vez que não estava realmente incapacitado para exercer sua função além de ferir o decoro parlamentar, por ser uma conduta desonesta que fere a honradez, a moral e a decência, praticou também ato de improbidade administrativa por enriquecimento ilícito previsto no caput do artigo 9º da Lei 8.429/92. Todas as condutas praticadas pelo Vereador Joaquim Raposo também estão tipificadas no artigo 7º, I e III do Decreto Lei 201 de 1967 que define os crimes de responsabilidades dos prefeitos e vereadores. É importante deixar frisado que esta Casa Legislativa tem como primazia e dever a guarda da Constituição Federal e demais leis e por obrigação, deve coibir este tipo de comportamento que corrói os cofres públicos e mancham a dignidade, honradez e a moral dos outros vereadores e da própria Câmara em si. Importante também informar que foi requerido ao Presidente da Unimed de Limeira, o relato descritivo do total de consultas realizadas pelo Edil Joaquim Raposo em seu consultório médico no período em que estava licenciado. (Ofício Anexo). Para deixar consignado que além dos ferimentos demonstrados linhas atrás, o Edil feriu também a Constituição Federal em seu artigo 37, 6º ao romper, através da sua conduta atípica, o princípio da Moralidade Administrativa o que será objeto da competente Ação Civil Pública em defesa da Moralidade Administrativa para a devolução do dinheiro recebido indevidamente com juros e correção monetária. Ante a todo o exposto, requeremos a Vossa Excelência que receba a presente DENÚNCIA contra o vereador JOSÉ JOAQUIM FERNANDES RAPOSO JÚNIOR, por praticas de infração ético-parlamentar tipificadas nos incisos II e IV do artigo 339 c/c 2º, incisos II e III do artigo 347 da Resolução 44/90 (Regimento Interno desta Câmara) combinado com o inciso II do artigo 21 da Lei Orgânica do Município, além do ferimento concreto do art. 7º do Decreto Lei 201/67 e do caput do art. 9º da Lei 8429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) devido a sua conduta que feriu o decoro parlamentar ao apresentar atestado médico sem realmente estar impossibilitado de exercer sua função de vereador e perceber indevidamente seus proventos o que gerou enriquecimento ilícito e tipificou sua conduta por improbidade
administrativa, determinando sua leitura e colocação em votação pelo Egrégio Plenário, a fim de que, aprovado o seu recebimento pela maioria absoluta, na mesma sessão seja constituída a Comissão Processante Integrada por cinco vereadores sorteados entre os desimpedidos, observado o princípio da representação proporcional, na medida do possível, elegendo-se desde logo o Presidente e o Relator, e afastando-se, imediatamente o denunciado, seguindo normalmente seu tramite até final julgamento, conforme procedimento previsto expressamente no Regimento Interno desta casa, proclamando-se o resultado imediatamente e expedindo-se a resolução de cassação do mandato do Denunciado. Requer-se também que seja oficiado a Unimed de Limeira para apresentar o relatório das consultas realizadas pelo Denunciado entre o período de 01/08/2005 à 03/09/2005. Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, perícias, juntada de oportunos documentos, oitiva de testemunhas que serão também oportunamente arroladas e depoimento pessoal do denunciado, sob pena de confesso. Nestes termos, Pede deferimento. Limeira, 04 de janeiro de 2005. Carlos Renato Monteiro Patrício Vice Presidente ONG Defende OAB/SP 143.871