restrito tornar-se irrestrito, deixando orbitais tornarem-se complexos, e reduzindo a simetria desses orbitais. Se alguma instabilidade fosse

Documentos relacionados
6 Resultados e Discussão

Estudo dos mecanismos de formação das espécies PN e NS no meio interestelar, em cometas e atmosferas planetárias

ESTUDO DA REAÇÃO PH 2 + NH 2

Correlação Eletrônica - CI e MP2

Estudo Teórico das Propriedades Cinéticas da Reação NF+F = N+F 2

Geralmente, fazemos simplificações e desenvolvemos modelos. A matéria é composta por átomos e moléculas

1.1 Interações de van der Waals. Quem inclue eficientemente?

CONSTRUÇÃO DE SUPERFÍCIE DE ENERGIA POTENCIAL DE ESPÉCIES DIATÔMICAS DE INTERESSE AMBIENTAL, ASTROFÍSICO E ATMOSFÉRICO

PGF Física Atômica e Molecular

Disciplina: SiComLíMol 1

Data de entrega dos resumos

Introdução à Física Atômica e Molecular

Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Palavras-chave: ligação de hidrogênio; cetonas; cálculos ab initio.

Física Atômica e Molecular

Os orbitais 2p (3 orb p = px + py + pz ) estão na segunda camada energética, portanto mais afastados que o orbital esférico 2s, logo mais energético.

Operadores e Função de Onda para Muitos Elétrons. Introdução à Física Atômica e Molecular UEG Prof. Renato Medeiros

Análise de Alimentos II Espectroscopia de Absorção Molecular

Princípios da Mecânica ondulatória. Funções de onda atômicas são somadas para obter funções de onda moleculares

Espectrometria de luminescência molecular

Introdução ao Método de Hartree-Fock

Maxwell Severo da COSTA; Freddy Fernandes GUIMARÃES

Disciplina: FGE5748 Simulação Computacional de Líquidos Moleculares 1

Processo de Seleção e Admissão aos Cursos de Mestrado e de Doutorado para o Semestre Edital n 002/PPGQMC/2014 EXAME DE SELECÃO PARA O MESTRADO

APLICANDO QUÍMICA COMPUTACIONAL NO ENSINO DE QUÍMICA Railton Barbosa de Andrade Universidade Federal da Paraíba,

APLICAÇÃO DE MÉTODOS DA QUÍMICA QUÂNTICA PARA A DESCRIÇÃO DO EFEITO ISOTÓPICO NA ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL DO METANOL

Esta etapa foi desenvolvida na teoria RRK

Uso da teoria de perturbação de segunda ordem no cálculo das frequências vibracionais anarmônicas dos espectros infravermelho e Raman

Química Orgânica I. Ácidos e Bases, tipos de reações, intermediários de reações e termodinâmica e cinética de reações orgânicas.

Estrutura física da matéria Espectro atômico de sistemas com dois elétrons: He, Hg

A energia de formação para o B em um sítio de Si ou C no bulk é dada pelas seguintes

PROCESSO DE SELEÇÃO 2017 TURMA 2018 ANTES DE RESPONDER ÀS QUESTÕES DESTA PROVA, LEIA ATENTAMENTE ESTAS INSTRUÇÕES:

ÍNDICE. Prefácio... 5

DICAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO ATIVO EM CÁLCULOS MULTICONFIGURACIONAIS: UM ESTUDO DE CASOS

Moléculas. Usamos a aproximação de Born- Oppenheimer, que considera os núcleos fixos, apenas o e - se movimenta.

Apresentações com base no material disponível no livro: Atkins, P.; de Paula, J.; Friedman, R. Physical Chemistry Quanta, Matter, and Change

Temas de Química em espiral Gil, V e Paiva, J. C.

ESTUDO TEÓRICO DAS PROPRIEDADES ÓTICAS DO TIOFENO

Átomos e Moléculas. Ligações moleculares. Energia do ion. A molécula de hidrogênio H 2

Física Moderna II - FNC376

A teoria de Hartree. r r. r r

Aula 09 Teoria de Ligação de Valência

EXAME DE SELEÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DO INSTITUTO DE QUÍMICA-ARARAQUARA-UNESP 24/01/2012 CURSOS: MESTRADO E DOUTORADO

QUI109 QUÍMICA GERAL (Ciências Biológicas) 8ª aula /

Teoria do Orbital Molecular

8 Conclusões e Trabalhos Futuros

Universidade Federal do Paraná Departamento de Física Laboratório de Física Moderna

FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I. Ronaldo Rodrigues Pela

Mais um exemplo e as dificuldades inerentes a uma teoria "incompleta"

Estrutura e Ligações em Moléculas Orgânicas

Teoria dos Orbitais Moleculares. Prof. Fernando R. Xavier

ESTUDO DOS EFEITOS DE GRUPOS RETIRADORES OU DOADORES DE ELÉTRONS EM CÁLCULOS DE BARREIRAS ROTACIONAIS INTERNAS DE COMPOSTOS AROMÁTICOS.

Física Molecular Estrutura das Ligações Químicas

FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I. Ronaldo Rodrigues Pela

2.1 Princípios gerais da ligação química. Ligações químicas

Física Moderna II Aula 08

Disciplina de Didáctica da Química I

As bases da Dinâmica Molecular - 9

CURSO DE RESOLUÇÃO DE PROVAS de MATEMÁTICA da ANPEC Tudo passo a passo com Teoria e em sequência a resolução da questão! Prof.

Física Moderna II - FNC376

Átomos multi-eletrônicos

3 Reações Proibidas por Spin

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Química e Biologia. Dr. Tiago P. Camargo

Espectro eletromagnético revisando. região do UV-Visível. aprox 360 nm aprox 900 nm aprox 100 nm

Introdução à Modelagem Molecular

Física Moderna II Aula 05. Marcelo G Munhoz Pelletron, sala 245, ramal 6940

3 Especificação Estatística da Dispersão dos Modos de Polarização em Cabos de Fibra Óptica

Aula anterior. Equação de Schrödinger a 3 dimensões. d x 2m - E -U. 2m - E -U x, y, z. x y z x py pz cin cin. E E ( x, y,z ) - 2m 2m x y z

O espectro de Absorção do Benzeno. Um Caso Difícil.

Onde se lê nanoparticulas (pg. 05), o correto é nanopartículas. Entretanto, os nanomateriais apresentam uma estrutura eletrônica semelhante as

6 Otimização de Funções de Base

7. Resultados e discussão

Seminário. Teoria de Ligação de Valência - TLV UMA ABORDAGEM MECÂNICO QUÂNTICA DAS LIGAÇÕES COVALENTES

Introdução ao curso, Ligação química e TOM. Aula 1

Átomo de Hidrogênio 1

A equação de Schrödinger é uma equação que descreve como um estado quântico, ψ(r,t), de um sistema físico muda com o tempo.

Física Moderna II Aula 07

Tabela Periódica dos elementos

Sistemas de Controle 1

A teoria dos orbitais moleculares

CINÉTICA QUÍMICA PROFª SIMONE

Mecânica Quântica. Veremos hoje: Dualidade onda partícula Princípio da Incerteza Formulações da MQ Equação de Schrodinger Partícula numa caixa

PQI 5861 Tratamento de Águas e Efluentes: Processos Avançados

INTRODUÇÃO À ASTROFÍSICA LIÇÃO 19 A DISTRIBUIÇÃO DE MAXWELL-BOLZTMANN

Elétron confinado. Dualidade onda-partícula para o elétron Onda estacionária Elétron numa caixa Átomo de de Broglie

C n i é n t é i t c i a

FF-296: Teoria do Funcional da Densidade I. Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

CINÉTICA QUÍMICA. Obs.: a variação da quantidade deverá ser sempre um valor positivo, então ela deverá ser em módulo. 1.

Química Geral I. Química - Licenciatura Prof. Udo Eckard Sinks

étodos uméricos SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES (Continuação) Prof. Erivelton Geraldo Nepomuceno PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Teoria dos dispositivos Semicondutores

Física Moderna 2. Aula 9. Moléculas. Tipos de ligações. Íon H2 + Iônica Covalente Outras: ponte de hidrogênio van der Waals

Projeto de iniciação científica desenvolvido na UFFS campus Cerro Largo, PRO-ICT/UFFS 2

PROVA PARA INGRESSO NO MESTRADO. Programa de Pós Graduação em Química 14/06/2017 NOME

Análise Instrumental ESPECTROSCOPIA NA LUZ VISÍVEL E ULTRAVIOLETA

Universidade de São Paulo Instituto de Física. Física Moderna II. Profa. Márcia de Almeida Rizzutto 2 o Semestre de Física Moderna 2 Aula 8

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Licenciatura em Matemática. Ênfase. Disciplina A - Cálculo II

3ª Ficha de Avaliação de Conhecimentos Turma: 10ºB. Física e Química A 10ºAno

Instituto de Química Programa de Pós-Graduação em Química DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Estudos da Fragmentação de Confôrmeros Cis e Trans do ácido Fórmico Induzidas por Excitações Eletrônicas

MECANISMOS DE REAÇÕES DE

Transcrição:

5 Metodologia A maioria dos cálculos foi feita utilizando o software GAUSSIAN03 69, apenas um dos cálculos de acoplamento spin-órbita foi feito utilizando o programa MOLPRO 70 através de cooperação com o Dr. Luiz Guilherme M. de Macedo do Departamento de Química da UNESP de Bauru. A primeira etapa do trabalho consistiu em propor os mecanismos de formação das espécies em estudo, PN e NS. Partindo dos sistemas NH x, PH x, com x = [0-3], foram propostas possíveis rotas de formação para a espécie PN, passando por algumas espécies intermediárias. O mesmo foi feito para a espécie NS, partindo dos sistemas NH x e SH y, com x = [0-3] e y = [0-2]. Com os caminhos propostos, obtêm-se todas as estruturas que possivelmente fazem parte destes mecanismos de formação. A segunda parte consistiu em propor as estruturas e fazer os cálculos de otimização e freqüência. Nessa etapa, deve-se levar em consideração a simetria da espécie e sua multiplicidade, a fim de se obter a estrutura de menor energia para cada molécula ou radical. Então, vários testes são feitos com diferentes estruturas e depois há uma comparação das energias para saber qual é a mais estável. Para esses cálculos, utilizou-se a metodologia DFT 71,72, com o funcional B3LYP como um chute inicial. Foram utilizados dois conjuntos de base, primeiramente um menor, o 6-311++G(d,p) e depois, como uma forma de melhorar os resultados, um maior conjunto de base, o 6-311++G(3df,3pd). Com os resultados do DFT, utilizou-se a metodologia coupled cluster com simples e duplas excitações (CCSD) 73-75 e o conjunto de base 6-311++G(d,p). Infelizmente, não foi possível utilizar a o conjunto de base 6-311++G(3df,3pd) devido a limitações de memória dos nossos computadores e softwares e conseqüentemente ao custo computacional. As estabilidades dessas funções de onda Hartree-Fock (HF) foram testadas com respeito às várias limitações na relaxação: deixando um determinante HF

54 restrito tornar-se irrestrito, deixando orbitais tornarem-se complexos, e reduzindo a simetria desses orbitais. Se alguma instabilidade fosse encontrada, a função de onda seria reotimizada com a redução apropriada nas limitações, repetindo testes de estabilidade e reotimizando até uma função de onda estável ser encontrada. Depois, a função de onda estável é usada nos cálculos subsequentes. Com as estruturas otimizadas, cálculos de energia single-point foram feitos para cada espécie. As energias single-point para as estruturas dos reagentes, produtos e estados de transição foram calculadas usando a teoria coupled-cluster com simples e duplas excitações e triplas excitações perturbativas, CCSD(T). 76 Como as estruturas já estavam otimizadas, esse cálculo é feito bem rápido e um conjunto de base maior pôde ser empregado, o 6-311++G(3df,3pd). A partir dessas energias calculadas, os diagramas de energia puderam ser feitos para os mecanismos propostos. Observando as reações, os estados de transição (TS) também foram propostos. A não ser para as reações de adição, que são reações que ocorrem sem barreira, os TS para cada reação foram calculados. A estruturas dos TS foram verificados por subsequentes cálculos de freqüência, que permitem determinar as frequências vibracionais imaginárias relacionadas ao caminho de reação. Os cálculos de otimização, frequência e energia single-point foram feitos da mesma maneira que para os reagentes e produtos das reações. Um outro tipo de cálculo também foi feito para os TS: o cálculo das coordenadas de reações intrínsecas (IRC) 77,78 usando o conjunto de bases 6-311++G(d,p), que serve para garantir que as estruturas dos estados de transição são mesmo pontos de sela e se esses realmente são os estados de transição sugeridos para a reação. Pelo cálculo de IRC pode-se observar de qual estrutura o TS partiu e qual estrutura ele irá formar, confirmando, então, o mecanismo proposto. Acrescentando os estados de transição aos diagramas, obtêm-se os mecanismos para a formação das espécies PN e NS, e assim, pode-se analisar quais serão as reações energeticamente favoráveis. Com a análise das reações, percebeu-se que algumas delas eram proibidas por spin, então foi necessário fazer o cálculo da probabilidade delas ocorrerem. Para isso utilizou-se a teoria de Landau-Zener. 68 Como foi dito antes, foi necessário o cálculo do acoplamento spin-órbita, e para isso utilizou-se as

55 metodologias CASSCF 79,80 e MRCI 46,81 e o conjunto de bases cc-pvtz. O espaço ativo utilizado para cada espécie é mostrado na tabela 3: Tabela 3: Espaço ativo utilizado para os cálculos CASSCF e MRCI Espécies MRCI(N,M) Espaço ativo (N,M) CASSCF(N,M) PNH 3 (13,11) (11,8) H 3 PN (13,11) (11,8) H 2 PN (12,10) (12,8) HPNH 3 (14,12) (12,8) 2 NSH 2 (13,10) (10,7) H 3 NS (14,11) (11,8) NSH (12,9) (12,8) onde N é o número de elétrons e M é o número de orbitais. A escolha do espaço ativo é muito importante para obter bons resultados. A princípio tentou-se utilizar todos os elétrons e orbitais da camada de valência juntamente com mais quatro orbitais virtuais, porém, este é um cálculo de alto custo computacional que não foi possível fazer nas máquinas disponíveis em nosso laboratório. Então, foi-se diminuindo gradualmente o espaço ativo até encontrar um onde fosse possível fazer os cálculos. Os cálculos de MRCI foram feitos Dr. Luis Guilherme da Universidade Estadual Paulista utilizando o programa MOLPRO. Com os valores da constante de acoplamento, foi feito o cálculo da probabilidade utilizando a equação de Landau-Zener 62,68. 5.1 Otimização de geometria 57 As otimizações de geometria geralmente tentam localizar o mínimo na superfície de energia potencial, deste modo, predizendo as estruturas de equilíbrio do sistema molecular. As otimizações também podem localizar estruturas de estados de transição de reações. Em ambos os mínimos e pontos de sela, a primeira derivada da energia, conhecida como o gradiente, é zero, e com isso o somatório de todas as forças da molécula é zero. Um ponto crítico na superfície de energia potencial onde as forças moleculares são zero é chamado de ponto estacionário. Todas as

56 otimizações localizam um ponto estacionário, embora nem sempre seja o ponto crítico pretendido. A otimização de geometria começa com uma estrutura molecular especificada no arquivo de entrada, e percorre ao longo da superfície de energia potencial. Ela computa a energia e o gradiente em cada ponto, e depois determina o quão longe e em que direção está o próximo passo. O gradiente indica a direção ao longo da superfície na qual a energia diminui mais rapidamente a partir do ponto em que está. A otimização torna-se completa quando ela converge, ou seja, quando as forças são zero, ou quando o próximo passo é muito pequeno, abaixo do valor limiar definido pelo algoritmo. Os critérios de convergência usados pelo algoritimo são: 1) As forças devem ser zero. Especificamente o componente máximo da força deve ser abaixo do valor 0,00045 (interpretado como zero). 2) A raiz quadrada das forças deve ser zero. 3) O cálculo que substituirá o próximo passo deve ser menor que o valor definido de 0,0018. 4) A raiz quadrada da diferença para o próximo passo deve ser abaixo de 0,0012. A otimização também pode ser usada para encontrar estruturas de estados de transição bem como estruturas de estados excitados, desde que ambos correspondam a pontos estacionários na superfície de energia potencial. 5.2 Cálculo de frequências 57 O programa Gaussian pode computar o espectro vibracional de moléculas em seu estado fundamental e estado excitado. Além disso, predizer as frequências e intensidades dos modos normais espectrais. Frequências moleculares dependem da segunda derivada da energia com respeito à posição nuclear. Derivadas segundas podem ser avaliadas analiticamente pelos métodos HF, DFT, MP2, CCSD e CASSCF.

57 Uma importante informação que se pode obter com o cálculo de frequência é saber a natureza do ponto estacionário encontrado pela otimização da geometria. As otimizações de geometria convergem para uma estrutura na superfície de energia potencial onde as forças do sistema são essencialmente zero. A estrutura final pode corresponder a um mínimo na superfície de energia potencial ou pode representar um ponto de sela, que é um mínimo com respeito a algumas direções na superfície e um máximo em outra direção. Se a frequência encontrada for imaginária há uma grande possibilidade dessa estrutura ser um estado de transição.