O turismo sempre foi uma atividade presente na sociedade, desde a antiguidade



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Transcrição:

1 1. INTRODUÇÃO O turismo sempre foi uma atividade presente na sociedade, desde a antiguidade informalmente até os dias de hoje, em que se tornou um dos elementos componentes da vida econômica e social da sociedade. Atualmente, o turismo pode ser encarado como um dos fenômenos mais significativos, pela soma de setores da atividade que abrange e pelo número de pessoas sobre as quais atua. Seu crescimento adquire enormes proporções, não podendo ignorar-se a importância que assume. As amplas transformações econômicas ocorridas nos anos 90, como o crescimento da riqueza global, consolidação de blocos econômicos e a aceleração tecnológica, o turismo passou a ter em uma posição privilegiada enquanto atividade geradora de recursos, devido aos efeitos diretos dessas transformações na atividade. O turismo é um dos negócios mais promissores da Bahia, que é o lugar preferido pelos brasileiros em férias e um dos maiores destinos do turismo internacional no Brasil. Com um produto turístico consolidado, o Estado oferece atrativos cada vez mais procurados pelo mercado: natureza preservada, cenários exóticos e diversificados, oportunidades de convívio com populações de culturas diferentes, novas experiências e emoções. Atualmente com seus atrativos históricos, culturais e naturais, Salvador é responsável por cerca de metade do fluxo de turista que se dirige á Bahia. Para atender a essa demanda a cidade dispõe de uma variada infra-estrutura receptiva, composta por ampla

2 rede hoteleira, serviços prestados por restaurantes, bares, casas de espetáculo, museus, centros de compras e de artesanato, área para convenções, exposições e feiras, entre diversos outros equipamentos que fazem Salvador um grande centro de atração turística. Todos esses atrativos fizeram de Salvador uma cidade com potencial para investimentos na área do turismo e da cultura. Este trabalho pretende identificar quais foram as principais ações das políticas públicas na área cultural em Salvador que puderam favorecer a expansão da atividade turística nesta cidade. Este trabalho, pretende, portanto, organizar as bases para uma reflexão preliminar sobre as implicações das políticas da área da cultura nas atividades turísticas desenvolvidas em Salvador. A escolha do tema se justifica pela oportunidade de abordar um tema recente: a relação entre a produção cultural e o turismo. Dado o crescimento da atividade turística no Estado, esta discussão se torna muito interessante, uma vez que a cultura baiana é bastante rica e favorece à atividade turística como também à criação de projetos culturais. Tanto o Turismo como a Produção Cultural são grandes alternativas econômicas que geram recursos para o Estado e criam uma grande quantidade de renda e empregos no setor terciário para a população. A iniciativa do tema é oportuno, devido, sobretudo a oportunidade para mim enquanto profissional de turismo e formanda em comunicação social habilitada em produção cultural de tornar conhecida uma das áreas de atuação dos produtores culturais, que são o planejamento turístico e a área de planejamento e gerência cultural, responsável por estabelecer metas e estratégias para o fomento e promoção da cultura e turismo, trabalhadas no estudo em relação às instituições públicas.

3 Quanto aos dados utilizados para o desenvolvimento da pesquisa, eles foram coletados em relatórios de governo, periódicos, revistas, livros, sites e teses. O primeiro passo para a orientação da metodologia a ser adotada para o estudo foi a pesquisa bibliográfica preliminar, feita a partir do levantamento do material existente disponível sobre o assunto. Esses dados foram obtidos através da Bahiatursa, Emtursa e Secretaria da Cultura. Assim como foram feitas leituras de periódicos que retratam o turismo na economia baiana, podendo traçar um perfil atual desta e de seu desenvolvimento. No segundo capítulo apresentaremos uma síntese histórica da evolução da atividade turística na Bahia, no tocante à participação do governo. Essa primeira parte ainda aborda a nova estratégia turística do Estado que o dividiu nas sete zonas turísticas para melhor facilitar o desenvolvimento dos municípios pertencentes a essas zonas. Os investimentos turísticos e seus impactos foram abordados no terceiro capítulo com o objetivo de demonstrar a importância dos investimentos públicos e privados no Estado, caracterizando seus impactos sobre os eixos econômicos e a importância do Prodetur-BA, Programa de Desenvolvimento do Turismo na descentralização dos investimentos estaduais. A relação entre turismo e cultura e a importância de políticas e projetos culturais são abordados no quarto capítulo, que mostra o desenvolvimento e ações das políticas culturais no estado, destacando a cidade de Salvador e sua importância como fator diferencial para a atividade turística. A considerações finais sobre o trabalho são apresentadas ao final. Visando ampliar as informações, apresentamos um conjunto de tabelas, gráficos e figuras inseridas no corpo do trabalho.

4 2. A EVOLUÇÃO DO TURISMO BAHIANO Por sua característica de indústria não poluidora e com altos índices de geração de empregos diretos e indiretos, cobrindo amplo espectro de níveis de formação de pessoal, a indústria de turismo e lazer se adequa à realidade do Brasil, criando renda e permitindo uma extensa geração de novos postos de trabalho. A partir da década de 90, a atividade turística cresceu no mundo significativamente, conforme observa Mendonça (2001). A autora atribuiu ao avanço tecnológico, que permitiu encurtar distâncias e difundir roteiros; a relativa paz no cenário internacional e ao incremento da população idosa e do tempo livre em alguns países, alguns dos fatores que impulsionaram o desenvolvimento turístico mundial. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo - OMT (2000) apud Mendonça (2001), a atividade turística nos anos 90 respondeu por cerca de 8% do total das exportações mundiais, apresentando um fluxo com taxas médias de crescimento da ordem de 5,4% ao ano (quase 564 milhões de pessoas) e um incremento de receita à taxa anual de 7,8% (cerca de 377 bolhões de dólares). No Brasil, o turismo interno e externo apresentaram taxas de crescimento constante nos últimos anos, como conseqüência da melhor imagem do país no exterior e do aumento da renda interna a partir da implementação do plano de estabilização, o Plano Real, que dentre outros benefícios, permitiu um planejamento financeiro de médio e longo prazo. O país, na década considerada, passou da 45 a para a 29 a posição no ranking internacional dos principais receptores de turistas. Entretanto, o Brasil continuou mantendo

5 uma participação aquém de suas potencialidades, recendo menos de 1% do fluxo global de turistas internacionais nos anos 90 e menos turistas do que outros países da América Latina, a exemplo da Argentina e México. (MENDONÇA, 2001). Esse desempenho de crescimento do mercado turístico interno e externo, explicita todo o potencial de desenvolvimento dessa indústria no país, uma vez que as opções de investimento passem a ser tratadas e discutidas no moldes internacionais, como opção séria em uma indústria que cresce a ritmo frenético, em um país que está em transição para o primeiro mundo. A Bahia também apresentou profundas transformações na sua atividade turística nos anos 90, com destaque para os maciços investimentos governamentais em infra-estrutura por meio do Programa de Desenvolvimento do turismo no Nordeste (PRODETUR-NE), a busca de desconcentração da atividade turística para fora do âmbito metropolitano de Salvador, com conseqüente diversificação do produto turístico no Estado, a entrada de grandes cadeias internacionais de hotelaria, o crescimento do turismo de eventos e o aumento da preocupação com a questão ambiental. Assim, a indústria de turismo assume um papel decisivo na economia brasileira, sobretudo no desenvolvimento da região Nordeste, aproveitando o imenso ativo disponível de suas belezas naturais, clima privilegiado e de sua cultura e artes características. 2.1 O mercado de turismo na Bahia Uma das maiores forças econômicas da Bahia se encontra no turismo. Para receber a média de 1,2 milhões de turistas por ano, sendo o segundo pólo turístico de lazer nacional, segundo a Bahiatursa (2000), a Bahia dispõe de 932 quilômetros de belas praias,

6 na maior costa do Brasil, além de um rico patrimônio turístico e cultural, cerca de 1600 hotéis e pousadas e um aeroporto de grande porte. O turismo é encarado pelo Governo Estadual como diretriz estratégica para alavancar o desenvolvimento econômico e social de diversas regiões da Bahia, já que é um setor de rápido crescimento, forte gerador de empregos e multiplicador de outras atividades econômicas. Além disso, necessita de toda uma infra-estrutura pública que acaba por contribuir também para a melhoria de vida da população. Segundo Gaudenzi, (2001, p.79), a Bahia na década de 90 viveu um dos momentos mais importantes de seu desenvolvimento econômico-turístico-cultural, passando a ocupar lugar de destaque na mídia nacional por diversas razões, dentre os quais ele cita: Primeiro, pelo potencial turístico e histórico da localidade que atrai um número crescente de turistas do mundo inteiro. Em segundo lugar, pela singularidade das manifestações populares e pela efervescência cultural e das músicas baianas, as quais são responsáveis pela realização do carnaval e pela explosão do axé music. Um terceiro motivo deve-se ao interesse que está sendo demonstrado por empresas nacionais e multinacionais em investir no Estado. 2.1.1 Salvador: a principal cidade turística Visitar Salvador passou a significar conhecer suas belezas e mistérios, viver uma experiência com fascinantes descobertas e inesquecíveis emoções. A natureza tropical em todo seu esplendor, a cultura rica em manifestações populares, e a história cheia de aventuras e heroísmo. A capital da Bahia, Salvador, foi a primeira cidade brasileira e a primeira capital da América Portuguesa. Passados cinco séculos, a antiga capital brasileira guarda uma arquitetura marcada pelas construções do período colonial. É uma capital de constante

7 ebulição cultural e de patrimônio histórico e arquitetônico inigualáveis, além de dispor da harmonia entre o antigo e o moderno. Salvador é uma cidade de grande beleza natural, situada entre o mar e as colinas da Baía de Todos os Santos, onde a natureza tropical oferece um belo cenário com praias, coqueirais e um clima agradável o ano inteiro. A sua história e seu expressivo acervo artístico e cultural com sua música, dança, rituais e festas, envolve a cidade em um clima de alegria e magia que atraem o seu próprio povo e milhares de turistas o ano inteiro. Todas essas características fazem de Salvador uma cidade com potencial para investimentos no turismo e na cultura. A cidade também tem uma cultura peculiar que se destaca no cenário brasileiro e é reconhecido internacionalmente, devido a efervescência e a difusão de diferentes expressões artísticas, por sua história e pelo legado cultural e religioso que a miscigenação do povo indígena, africano e português gerou. As manifestações culturais de Salvador e os traços e valores de sua população singularizam o local. Fazem parte dessas manifestações a música com um ritmo contagiante, o carnaval, festas, danças populares e religiosas, inúmeros eventos artísticos e culturais como shows, exposições, peças teatrais, espetáculos de dança, toda essa diversificação criam um certo encanto entorno da imagem da cidade que estimula o lazer e o turismo. Porém nem só as festas e as praias garantem o fluxo de turistas para a cidade do Salvador. Existem muitos outros atrativos de destaque, a exemplo das obras arquitetônicas que a cidade possui, com relevância para museus, igrejas, fortes e antigos casarões, mas comuns no Centro Histórico da cidade.

8 Ademais todos esses fatos, Salvador reúne na sua cultura nomes consagrados no mundo das artes. Figuras como Castro Alves, Rui Barbosa, Jorge Amado, Dorival Caymmi que fizeram com que a Bahia possuísse um passado magnífico. Além dos atrativos ligados ao continente existem outros dispostos nas diversas ilhas que compõe a Baía de Todos os Santos. Assim, destaca-se a Ilha de Itaparica, que segundo consta, foi a primeira localidade da Brasil a funcionar como destino turístico quando em 1553, 40 pessoas compuseram a comitiva de Thomé de Souza em visita à localidade. A antiga capital brasileira se transformou no mais novo destino do Brasil, com muitos atrativos e caprichosamente envolvidos em uma nova face. Sendo assim, Salvador, constitui-se como um rico pólo turístico, pois não lhe falta potencial turístico, atrativos para captar uma demanda turística significativa no cenário nacional. Essas características da cidade de Salvador favoreceram o desenvolvimento de uma economia terciária, voltada para o turismo e para a cultura, criando um mercado de bens e serviços simbólicos e culturais com o objetivo de suprir as mais diferentes necessidades de consumo de fruição do lúdico e do lazer. 2.2 O desenvolvimento do turismo baiano A expansão da atividade turística na Bahia iniciou-se na década de 50. Em 1951, através da Lei 242, foi criada para Salvador uma taxa municipal de turismo, uma medida embrionária que mostra a intuição e a adaptabilidade prevalecendo diante da certeza. No período de 1953-1964, foram tomadas outras iniciativas, a exemplo da criação do Conselho de Turismo de Salvador e de uma Diretoria Municipal de Turismo. Nesse mesmo período, foi elaborado um Plano Municipal de Turismo, sem desdobramentos

9 posteriores, e criada a Superintendência de Turismo da Cidade do Salvador Sutursa. Nesse período, o turismo passou a ser reconhecido oficialmente como atividade econômica. A atividade turística caracterizava-se, nessa época, pelo baixo desempenho econômico. Eram precários tanto o acesso aéreo quanto o rodoviário; havia carência de mão-de-obra e a rede hoteleira, com alguma qualidade, limitava-se ao Hotel da Bahia, Meridional e Palace. No ano de 1966, no âmbito do poder público estadual, foi criada a Secretaria de Assuntos Municipais, à qual se vinculava um Departamento do Turismo cuja missão era elaborar um plano de fomento ao turismo e supervisionar as estâncias hidrominerais. Através da Lei 2563, em 1968, surgiu um órgão descentralizado para explorar a indústria e o comércio hoteleiro, de interesse e fomento ao turismo: Hotéis de Turismo do Estado Bahia S/A Bahiatursa, que tinha como objetivo principal o desenvolvimento de atividades turísticas vinculadas à indústria hoteleira construção e ampliação de hotéis e pousadas. A Sutursa foi desativada com a criação da Bahiatursa. Em 1970, foi elaborado pela CLAN/OTI, empresa de Consultoria de Rômulo Almeida, o I Plano de Turismo do Recôncavo. Este plano significou a primeira iniciativa de desenvolvimento do setor turístico como um todo. Dentre os objetivos principais deste plano, Guadenzi (2001, p.79) destaca: a preservação e valorização do patrimônio histórico-cultural baiano; o desenvolvimento urbano das praias e ilhas; o reodernamento completo da infra-estrutura urbana-turística na cidade de Salvador, e, a ampliação do parque hoteleiro. Contudo, poucas idéias chegaram a ser aproveitadas, apenas alguns projetos como o Centro de Convenções, o ferry boat e a Orla Marítima foram concretizados, devido, sobretudo, a priorização do governo no desenvolvimento e expansão industrial.

10 Um ano depois, com Antônio Carlos Magalhães à frente do governo, a atividade do turismo passou a ser prioridade governamental. Em 1971, teve início a execução do Plano de Turismo do Recôncavo e foram criados, a Secretaria da Indústria e Comércio, o Conselho Estadual de Turismo e a Coordenação de Fomento ao Turismo CFT tendo esta elaborado os plano de desenvolvimento da Baía de Todos os Santos, da orla de Salvador, de Ilhéus e de Porto Seguro. Simultaneamente, instalaram-se um programa de pesquisas e um sistema de estatísticas gerencias de turismo, além do inventário do patrimônio monumental do Estado. Em 1972, o setor turístico na cidade de Salvador apresentou grande crescimento, Guadenzi (2001) atribui esse crescimento, em parte, à construção do Pólo Petroquímico e do Centro Industrial de Aratu que causaram impactos diretos e indiretos na construção de novas atividades e serviços. Entre esses impactos, Gaudenzi (2001, p.83) cita: o boom dado à instalação de um Parque hoteleiro na capital, Salvador, com a construção de diversos equipamentos, a citar: o Bahia Othon Palace Hotel, o hotel Le Meridièn, o Salvador Praia Hotel, o Quatro Rodas, o Salvador Praia Hotel e a Pousada do Carmo. Em 1973, através do decreto de n.º 23.371, a razão social da Bahiatursa foi modificada, passando a denominar-se Empresa de Turismo da Bahia S/A, onde seus objetivos foram ampliados a título de melhor atender às necessidades do desenvolvimento do turismo baiano, funcionado como um órgão executor da política setorial na qual prioriza o fomento da hotelaria. Entre suas ações, Gaudenzi (2001, p.83) cita: a realização da Feira da Bahia em São Paulo (1974), considerado o maior evento promocional já realizado no Brasil por um órgão estadual de turismo e a instauração de uma política voltada para redução dos efeitos de

11 sazonalidade do fluxo turístico através de pacotes de viagem para Salvador num período de baixa estação. Em 1976 aconteceu a parceria com a Embratur. Com o objetivo de dinamizar o turismo receptivo no interior do Estado, o Governo do Estado criou a Empreendimentos Turísticos da Bahia S/A Emtur, subsidiária da Bahiatursa, com a finalidade de construir, comercializar e administrar hotéis e pousadas. Guadenzi (2001) ressalta que através dessa parceria, também foi instituída, no âmbito da Secretaria da Indústria e Comércio, a empresa Bahia Convenções S.A Conbahia cuja finalidade era construir, comercializar e administrar o Centro de Convenções, passando posteriormente a denominar-se Centro de Convenções da Bahia S.A. Durante o período de afirmação e consolidação da Bahiatursa, o bom desempenho do turismo na Bahia passou a ser revelado através de estatísticas e estudos econômicos. No período de 1975-1978, os hotéis de cinco estrelas de Salvador apresentaram um crescimento de 330,0%, considerado expressivo, segundo informações da Bahiatursa. Esse fato é demonstrado no gráfico 1. Gráfico 1 : Evolução do fluxo hoteleiro Salvador 1975-1978 124,7 140,2 122,6 100 1975 1976 1977 1978 Fonte: Coordenação de Fomento ao Turismo/ Bahiatursa Disponível em: http://www.bahiatursa.ba.gov.br

12 Durante aproximadamente uma década, a Bahia viveu uma grande expansão no setor turístico, com a Bahiatursa desenvolvendo um importante papel promocional a níveis nacional e internacional, conseguindo trazer para o estado um grande número de turistas estrangeiros no início dos anos 80. Salienta-se que na década de 80, assistiu-se a uma mudança na estratégia de intervenção pública para o desenvolvimento do turismo baiano. As ações se voltaram para a projeção do Estado no mercado internacional. Nesse período foi realizada uma política de promoção e captação de vôos internacionais, criando-se também o slogan Bahia - Terra da Felicidade, veiculado no mercado internacional. O resultado dessa estratégia, segundo Gaudenzi (2001) foi ampliação do mercado internacional a exemplo da Argentina que cresceu 9.000% e Uruguai que superou 4.500 %. O desenvolvimento do turismo, provocado pelo crescimento do fluxo e pelos investimentos públicos e privados, no período entre 1979 e 1986, segundo Gaudenzi (2000) contribuiu para um aumento significativo da geração de emprego no setor. Os registros mostram um total de 13.648 pessoas ocupadas na atividade do turismo em 1979, evoluindo essa estatística para 22.980 em 1986, ou seja, um crescimento de 68,4%. Na década de 80, também, foi promovida uma maior interiorização da atividade turística com o programa Caminhos da Bahia, buscando contemplar o desenvolvimento do turismo em alguns municípios selecionais do Estado, dentre os quais inclui: Cipó, Cachoeira, Caldas do Jorro, Ibotirama, Itaparica, Jacobina, Juazeiro, Lençóis, Paulo Afonso, Porto Seguro e Valença.

13 Através da iniciativa do programa Caminhos da Bahia, assistiu-se na Bahia a construção e administração de hotéis e pousadas, ações de marketing e capacitação de recursos humanos em vários municípios do interior do estado, como pode ser visto no quadro 1 abaixo. Quadro 1: Relação dos empreendimentos hoteleiros Bahia 1980-1986 ANO DISCRIMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO Hotel Rio Una Valença 1980 Acampamento Turístico de Uauá Uauá Pousada do Guerreiro Cachoeira 1981 Hotel Serra do Ouro Jacobina Camping de Pituaçu Salvador 1982 Pousada de Lénçois Lénçois Grande Hotel de Calda de Cipó Cipó 1983 Pousada do Covento Cachoeira Pousada Rio de Contas Rio de Contas 1985 Camping do Jorro Caldas do Jorro Hotel do Conselheiro Euclides da Cunha Hotel Serra do Boqueirão Cícero Dantas Hotel de Piritiba Piritiba 1986 Hotel do Prado Prado Hotel Rio Acaraí Camamu Hotel Vale do Jiquiriça Jiquiriça Hotel Rio das Pedras Campo Formoso Fonte: Bahiatursa A reforma administrativa realizada pela nova administração governamental em 1979 fez com que a Bahiatursa fosse fortalecida, fazendo que esta assumisse as funções do Conselho Estadual de Turismo e da Coordenação de Fomento ao Turismo ambos extintos passando a presidência dessa empresa a centralizar o comando da Emtur e da Conbahia.

14 Em meados da década de 80, período em que o país passou por uma séria crise econômica, levando o país a uma década perdida, o fluxo turístico caiu absurdamente, do segundo ao oitavo mercado do país. Dentre os principais motivos, Gaudenzi (2001, p.86) cita: o desinteresse governamental da gestão 1987-1990 pelo turismo na Bahia; a crise social e econômica e a aceleração inflacionária na gestão Sarney, que reduziu o poder aquisitivo da população, especialmente o da classe média, diminuindo, assim, os gastos em lazer (turismo); a crise urbana vivida pelo Rio de Janeiro que, por ser o principal portão de entrada do turismo internacional, reduziu este mercado em todo o país; a aceleração do processo recessivo em função da política econômica efetuada no governo Collor; a deterioração da ação estatal na atividade econômica como um todo, e em particular na atividade turística; a aceleração inflacionária e a saturação do destino Salvador/BA no mercado turístico interno: os custos elevaram-se e o consumidor começou a buscar novos destinos nacionais. A tabela 1 demonstra o declínio nas despesas com promoções turísticas no período de 1987,1988 e 1989 na Bahia. Tabela 1: Despesas com promoções turísticas Bahia 1980-1989 Anos Valor das Despesas 1980 1.248 1981 1.744 1982 2.257 1983 1.458 1984 1.783 1985 2.583 1986 2.588 1987 943 1988 873 1989 478 Fonte: Bahiatursa (http://www.bahiatursa.com.br/evolução do turismo na Bahia)

15 Neste período, Salvador, capital da Bahia, sofreu os danos da industrialização como, por exemplo, o esvaziamento econômico do Centro Histórico de Salvador, no Pelourinho, em contrapartida ao surgimento e desenvolvimento de novas áreas (Orla e Av. Paralela), e a aceleração do processo de marginalização já sofrido por essa área. Estes fatores revelam a dependência da atividade turística a alguns fatores, tais como, a situação econômica e a política governamental. 2.3 A situação atual da atividade turística O desenvolvimento turístico baiano durante a década de 90 é caracterizado pelo grande volume de investimentos públicos em obras de infra-estrutura turística básica (saneamento, aeroportos, energia elétrica, transportes, rodovias, recuperação do patrimônio histórico e cultural, preservação ambiental, entre outras). As mudanças da década de 90 tiveram início no ano de 1991, quando Antônio Carlos Magalhães, eleito governador da Bahia, procurou reverter a situação de deteriorização do turismo. Na gestão de 1979-1983, ele havia iniciado um trabalho sistemático, assegurando a integridade do conteúdo do patrimônio baiano, satisfazendo as expectativas e interesses do turismo. Em 1991, ele deu continuidade ao seu trabalho. O turismo ganhou destaque para o desenvolvimento econômico e social do Estado e constituiu-se numa das metas principais do governo. Em 1992, o governo estadual, antes mesmo da liberação dos recursos efetuada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o programa no Nordeste, deu início à implementação do Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia (PRODETUR-BA)

16 com a aplicação dos investimentos direcionados à atividade turística baiana, possibilitando a atração de um amplo leque de empreendedores nacionais e estrangeiros. (QUEIROZ,2001). O PRODETUR é um programa do Governo Federal que conta com recursos da ordem de 670 milhões de dólares, sendo 400 milhões de dólares oriundos de financiamento do BID através do Banco do Nordeste e 270 milhões de dólares da contrapartida dos governos estaduais. O objetivo é a implantação/melhoria da infra-estrutura turística no Nordeste, visando atrair investimentos nacionais e estrangeiros. Na Bahia o PRODETUR tem como objetivo planejar, articular, coordenar, captar recursos e promover o desenvolvimento do turismo de qualidade na Bahia, fomentando a implantação da infra-estrutura física, ambiental e organizacional, visando a melhoria de qualidade de vida da população ao gerar emprego e renda. A unidade executora do Prodetur na Bahia é a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos (SUINVEST) da Secretaria de Cultura e Turismo que administra os recursos, que são para a Bahia em torno de 232,5 milhões de dólares, sendo 130 milhões de dólares correspondentes ao financiamento BID/Banco do Nordeste, 55 milhões de dólares de contrapartida estadual e 47,5 milhões de dólares do Governo Federal, conforme mostra tabela 2, através da Embratur/Infraero.

17 Tabela 2: Composição das fontes dos recursos do Prodetur Bahia Convém salientar que nesta fase de desenvolvimento, o Estado distancia-se mais da atividade empresarial do turismo passando a assumir o papel de condutor desta atividade, provendo a infra-estrutura pública necessária, buscando a recuperação e preservação do patrimônio histórico e ambiental, liderando as ações de marketing e atuando na capacitação dos recursos humanos para o turismo. Fonte Valor (US$ mil) Financiamento BNB/BID 130.000 Contrapartida Estadual 55.000 Governo Estadual (Embratur/Infraero) 47.500 Total 232.500 Fonte: Secretaria da Cultura e Turismo 2.4 O Prodetur e as zonas turísticas Nos anos 90 foi implementado um terceiro plano estratégico de desenvolvimento turístico na Bahia: o Prodetur-Bahia, que começou a ser gestado em 1991, com a contratação de consultorias para a identificação dos atrativos com potencial turístico existente no Estado. Mendonça Júnior (2000) ressalta que a finalidade do Prodetur era fazer um mapeamento das melhores localizações para a implementação de Centros Turísticos Integrados (CTI), concebidos para funcionar como indutores do desenvolvimento do turismo na Bahia. O Prodetur parte da premissa de que a atividade turística é uma importante realidade econômica e constitui-se num dos grandes setores da economia estadual.

18 Com base na estratégia de desenvolvimento, já iniciada a partir de incentivos à implantação de estabelecimentos turísticos, desenvolvimento de cursos de especialização e maior verba para promoção, O Estado selecionou sete regiões para promover o desenvolvimento turístico, viabilizando a implantação da infra-estrutura necessária ao desenvolvimento dessas zonas turísticas planejadas através do financiamento do BID Banco Interamericano de Desenvolvimento via Prodetur Programa de Desenvolvimento do Turismo no Estado da Bahia. A partir de 1991, devido a pluralidade de cenários com potencial de aproveitamento turístico e forte diferencial decorrente de manifestações culturais marcada pela diversidade do Estado, a SUDETUR Superintendência de Desenvolvimento do Turismo vem identificando regiões que estão sendo incorporadas aos destinos tradicionais do Estado, configurando o que se pode denominar de Nova Geografia Turística da Bahia. O Estado foi dividido em sete áreas turísticas, com base em estudos técnicos, passando-se a considerar, para fins de investimentos, promoção e educação para o turismo, o conjunto de municípios hoje agrupados na Costa dos Coqueiros, na Baía de Todos os Santos, na Costa do Dendê, na Costa do Cacau, na Costa do Descobrimento, na Costa das Baleias e na Chapada Diamantina. A figura 1 demonstra o mapa das setes zonas turísticas baianas. Figura 1 : Zonas turísticas da Bahia [onde?]

19 Fonte: Bahiatursa (www.bahiatursa.ba.gov.br/zonas turísticas) Para cada uma dessas regiões foi eleito um destino âncora, como é Praia do Forte, Salvador, Morro de São Paulo, Ilhéus, Porto Seguro, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos e Lençóis. A figura 1 demonstra o mapa das sete zonas turísticas da Bahia. Visando ao maior e melhor aproveitamento turístico do patrimônio natural e cultural existente e, por conseqüência, alargar o leque de opções motivacionais para o mercado, encontra-se em elaboração o projeto de ampliação da atual linha de produtos. Serão agregadas às sete atuais mais três áreas turísticas, denominadas de Caminhos do Oeste, Chapada Norte e Lagos do São Francisco. Os municípios de Barreiras e Correntina, na zona Caminhos do Oeste; Morro do Chapéu, Jacobina; Miguel Calmon; Piritiba; Ourolândia; Campo Formoso; Miramgaba e Saúde, na Chapada Norte; e Paulo Afonso, Juazeiro e Sobradinho, na região dos Lagos do São Francisco, evidenciam potencialidades turística no médio prazo no que diz a respeito ao turismo de esporte, aventura e ecoturismo. Essa estratégia permitiu o deslocamento de renda da capital para as cidades do interior, aumentando as oportunidades, diminuindo a sazonalidade turística e proporcionando o desenvolvimento, geração de emprego e renda nas cidades pertencentes a essas áreas.

20 Desta forma, o governo do Estado ampliou a alternativa do fluxo turístico com estratégias de desenvolvimento sustentado e valorização e preservação do meio ambiente, além de estender aos municípios selecionados nas zonas turísticas, os benefícios do fortalecimento institucional. O governo do Estado percebendo o novo papel ocupado pela atividade turística na economia da Bahia e compreendendo as vinculações existentes entre o turismo e cultura, em 1995, implantou a Secretaria de Cultura e Turismo (SCT), retirando a gestão da Cultura da Secretaria da Educação e a do Turismo da Secretaria da Indústria e Comércio. À estrutura da SCT foram integrados a Bahiatursa, a Fundação Cultural, a Fundação Cultural Pedro Calmon, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural e o Arquivo Público. Nesse momento, percebeu-se a intenção na política estadual de unir os setores turístico e cultura, através da vinculação de ambos há uma Secretaria única que a partir deste momento passou a realizar projetos que beneficiavam as duas áreas em conjunto. Essa imbricação foi verificada mais fortemente na cidade de Salvador, onde o Estado estabeleceu como estratégia o desenvolvimento do turismo histórico-cultural, através de investimentos de revitalização de áreas consideradas importantes como patrimônio histórico e cultural, que servem como atrativos para o turismo. Nesse mesmo ano, o BID iniciou a liberação dos recursos para obras da primeira etapa do PRODETUR-NE, que também passou a contar com investimentos oriundos do Banco do Nordeste, BNDES, EMBRATUR, Kreditanstalt Für Wiederaufbau KFW, Fundo Geral de Turismo - FUNGETUR e principalmente do Tesouro do Estado da Bahia. A distribuição setorial desses recursos contemplava as áreas de energia, transportes, saneamento, sistemas aeroportuários, recuperação do patrimônio histórico, além de outras áreas que englobavam desde aterros sanitários, coleta de lixo, treinamento e

21 conscientização das comunidades, até a capacitação dos recursos humanos lotados nas prefeituras das áreas de prioridade turística. Também estavam incluídos os investimentos com a ampliação do pavilhão de feiras da Conbahia, em Salvador, a construção do Centro de Eventos Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Ilhéus, e do Centro Cultural e de Eventos do Descobrimento, em Porto Seguro. (GAUDENZI, 2000) A estratégia do Programa de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR) baseia-se em três vertentes infra-estrutura turística, marketing e educação para o turismo e busca a ampliação do fluxo turístico e o aumento do tempo de permanência e do gasto médio per capta dos visitantes. Com essa estratégia o produto Bahia é redefinido e segmentado, tanto geograficamente, com a delimitação de sete áreas turísticas, quanto pela motivação e interesses que atraem os turistas que escolhem a Bahia (cultura, lazer, eventos, negócios, religião,entre outros).

22 3. O PAPEL DO ESTADO, OS INVESTIMENTOS TURÍSTICOS E SEUS IMPACTOS NA BAHIA A atuação do Estado no turismo depende do nível de prioridade que ele atribui a atividade turística. De qualquer modo a atividade turística não pode deixar de estar incluída na política global de uma nação, pois esta atividade está permanentemente interligada com outras atividades econômicas e sociais. Devido a este interligamento as políticas econômicas gerais e em especial a política de preservação e melhoramento do meio ambiente tem importância relevante na definição do futuro da atividade turístico. O Estado é um instrumento propiciador no desenvolvimento da atividade turística através de ações, tais como: promoção e propaganda sistêmica, asseguramento de infraestruturas básicas; orientação técnicas; e disciplinamento, orientação e fiscalização das ações efetivadas pelos diversos agentes econômicos. Em função disso, é necessário um planejamento, por parte do Estado, para o desenvolvimento do turismo. Este planejamento deve compreender uma política de curto,

23 médio e longo prazo, evitando-se as descontinuidades administrativas, que penalizam os fluxos estabelecidos e a ocupação dos espaços econômicos já alcançados. Um aproveitamento desordenado das potencialidades turísticas de um determinado local ocasiona, também, uma série de efeitos negativos e maléficos ao próprio lugar e à sociedade, como: a degradação do patrimônio dos produtos vendidos, em função do aumento da demanda, entre outros. Esses efeitos podem ser controlados mediante planejamento turístico, visando uma exploração adequada e racional do potencial desta atividade. Daí deriva-se a idéia de implementação de uma política de desenvolvimento do turismo. O importante é que o governo contribua para o turismo através de apoio financeiro e de captação de investimentos estrangeiros. O apoio financeiro constituiu-se em subsídios, empréstimos em longo prazo a uma taxa de juros reduzida, garantias de crédito, isenções do imposto sobre a renda, serviços públicos em condições favoráveis (concessão de reduções à indústria hoteleira no que se refere à luz, água, aquecimento, telefone, etc.) e uma taxa de câmbio favorável para os turistas. É válido ressaltar, que a despeito da importância que o poder público tem para o turismo, existem outros centros decisórios de relevância para o crescimento e desenvolvimento do turista, são eles: empresas privadas (nacionais e internacionais) e as próprias unidades familiares (turistas) que demandam o serviço turístico, e por isto exercem influência também na política a ser seguida. Cabe ao setor público a criação de condições adequadas para o investimento privado. Todavia, cabe também ao Estado fiscalizar a iniciativa privada, que na ânsia de obter lucros, pode sobrepujar o interesse pelo bem-estar, além de assumir uma posição predatória ao explorar a atividade turística.

24 Corresponde ao Estado intervir no sentido de uma planificação global, exigindo-se conhecimento prévio de possibilidades, fixação de metas e atuação para o desenvolvimento econômico e social. Cabe a ele, intervir no turismo de uma maneira incentivadora ou de uma maneira restrita, impondo regras e limites ao seu desenvolvimento. Juntamente com a Bahiatursa, a Emtursa Empresa de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Salvador fomenta as atividades turísticas da cidade zelando para que a mesma não perca suas características regionais que a destaca das demais cidades brasileiras. Preserva os valores religiosos, históricos, folclóricos e naturais, o ciclo de festas tradicionais e, ainda, promove campanhas com o objetivo de desenvolver a mentalidade turística e a participação de todas as classes nas atividades de fomento ao turismo. Por fim, a crescente interdependência dos fatores econômicos e sociais, próprias da atividade turística, demonstra a necessidade da participação do Estado como único agente capaz de identificar, canalizar e conciliar os diversos interesses existentes, tendo como metas básicas, o desenvolvimento sócio cultural da população através da melhoria da qualidade de vida e da proteção do meio-ambiente da possível degradação propiciada pela atividade turística. Não esquecendo que quando se aborda a questão da melhoria da qualidade de vida, é necessário que haja uma busca por uma melhor distribuição de renda, como também, a oferta por parte do Estado de uma infra-estrutura decente. 3.1 Os investimentos turísticos na Bahia A Bahia apresenta um dos maiores índices de crescimento econômico do Brasil, porque o Estado possui um orçamento equilibrado e honra seus compromissos financeiros

25 nos prazos contratados. Isso assegura uma forte credibilidade junto aos organismos financeiros nacionais e internacionais e a garantia de recursos para os novos projetos de desenvolvimento. A confiança no potencial da Bahia e a parceria oferecida pelo Governo do Estado aos investidores podem ser avaliadas pelo volume de recursos que estão sendo aplicados, da ordem de US$ 10 bilhões até 2005, segundo dados do Governo do Estado apud SCT (1991, p.10). Desde 1991, a Bahia vem descentralizando seus investimentos e promovendo o desenvolvimento em diversas regiões do Estado. A agricultura está se modernizando, a pecuária vem se aprimorando e novos pólos industriais estão sendo implantados nos setores petroquímicos, químicos, de calçados, de alimentos, de bebidas, de eletrônica, de informática, de celulose e papel. Uma moderna infra-estrutura de serviços públicos facilita a expansão dos negócios e diversos centros de formação profissional atendem às necessidades específicas para cada setor, preparando a Bahia para fornecer mão-de-obra qualificada para empresas de todo tipo, inclusive as de alta tecnologia. Com uma localização geográfica estratégica para os negócios no território brasileiro e países do Mercosul, o Estado oferece condições vantajosas para as empresas que desejam conquistar ou aumentar sua participação no mercado sul-americano. O trabalho de atração de novos investimentos da Bahia destaca o setor de turismo, onde o Estado tem uma vocação natural de desenvolvimento. Com uma demanda não atendida de 2 milhões de visitantes anuais, segundo a Bahiatursa, a Bahia precisa ampliar rapidamente sua capacidade receptiva nas sete zonas turísticas que oferecem áreas de

26 proteção ambiental, atrativos naturais e culturais, uma moderna infra-estrutura pública, recursos financeiros e incentivos fiscais, para apoiar novos empreendimentos. O Estado administra um vasto patrimônio natural com uma visão ecológica voltada para o progresso, obedecendo rigorosos padrões de preservação ambiental. O governo da Bahia, através da Secretária da Cultura e Turismo, apresenta algumas oportunidades de negócio de interesse do investidor. 3.2 Os investimentos e seus impactos A atividade turística pressupõe a prestação de diversos serviços (transporte, hospedagem, alimentação, entretenimento etc.) e a utilização intensiva de mão-de-obra, sendo, portanto, uma importante fonte de geração de emprego e renda. Os impactos dos investimentos na economia são muito significativos, sobretudo na geração de emprego. Ao longo da década de 90, o governo da Bahia vem empreendendo esforços no sentido de reforçar a infra-estrutura dos principais municípios turísticos, assim como também de dotar outros municípios dessa mesma infra-estrutura, visando expandir territorialmente a atividade. Para o período de 2000/2005, estão previstos pela Superintendência de Desenvolvimento do Turismo, da Secretaria da Cultura e Turismo SCT -, investimentos públicos próximos a R$ 2,2 bilhões. O foco do planejamento turístico é sempre uma localidade pré-existente ao próprio desenvolvimento da atividade do turismo. Essa é a razão pela qual o conjunto dos investimentos públicos realizados beneficia, de início, as populações locais, e também o turista.

27 Esses mesmos investimentos induzem as inversões privadas, quase sempre superiores aos investimentos governamentais, fato que vem se comprovando no Estado. Essa complementaridade entre ações governamentais e privadas traz, como conseqüência, a geração de emprego e renda, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do habitante local Apesar do atual Plano de Governo ter como um de seus objetivos básicos promover a desconcentração do desenvolvimento, o setor de turismo possui algumas características específicas que precisam ser melhor observadas, visto que somente alguns municípios possuem vocação para a exploração da atividade turística, como um atrativo natural, social, econômico e/ou histórico-cultural. Esse fato faz com que a desconcentração de investimento seja parcial e esteja condicionada à disponibilidade de certos atributos em determinadas regiões ou municípios. Neste caso, os investimentos em infra-estrutura e marketing viabilizam e realçam atributos existentes, mas não os criam, demonstrando que a ação do Estado é limitada. Entre os fatores que limitam a ação do Estado na atividade turística e que contribui para a concentração de investimentos em determinadas áreas, Andrade (2000, p.203), cita: a necessidade de estabelecer prioridades, devido à extensão territorial do Estado e à existência de diversos municípios com potencial turístico, ainda inexplorados; a existência de municípios que desenvolveram espontaneamente o turismo e que precisam de apoio para garantir qualidade técnica e ambiental, necessárias à sustentação da atividade; a necessidade de comprovar para os agentes financiados a viabilidade econômico-financeira dos investimentos em infra-estrutura pública e, a necessidade de cada município turístico realizar um planejamento prévio acerca da forma mais adequada de exploração da atividade.

28 O turismo, apesar de possibilitar o desenvolvimento econômico sustentável de determinada localidade, requer do município ou região uma preparação prévia, visando amenizar os efeitos da ocorrência de choques culturais entre a população local e os visitantes, além da transformação do perfil econômico da cidade, que pode ocasionar problemas antes inexistentes, como o aumento do custo de vida, da criminalidade, do desemprego e o surgimento do tráfico de drogas. O planejamento prévio do turismo também necessita inserir a população no processo por essa se caracterizar como prestadora de serviços especializados e pelo contato direto entre prestador e beneficiário. O desenvolvimento sustentável da atividade turística requer a observação dos condicionantes da competitividade aplicáveis aos diversos setores econômicos, dos aspectos específicos à atividade (condicionantes históricos, culturais, naturais, econômicos e/ou sociais), bem como do preenchimento de requisitos, na maioria das vezes relacionados a questões de infra-estrutura, logística, educação e qualificação. Por conta disso, apesar da tentativa de expandir a atividade para outros municípios ou da captação direta de investimentos privados, estes apresentam-se bastante concentrados na zona turística da Costa dos Coqueiros e da Costa do Descobrimento. Essas regiões, além da dotação de fatores naturais próprios à exploração do turismo, têm uma tradição na atividade turística que facilita a atração de visitantes. Isso não inviabiliza a aplicação de políticas voltadas para o desenvolvimento de outros espaços, embora este seja lento. Assim, infra-estrutura é um indutor do investimento privado, mas com limites, o que implica a necessidade da adoção de um conjunto maior de políticas de apoio.

29 3.2 O papel do Prodetur - BA nos investimentos turísticos Conforme afirmado anteriormente, no propósito de dotar o Estado de infra-estrutura necessária a ampliação de sua atratividade turística, o governo do Estado elaborou em 1991 o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia (Prodetur - BA), instituindo sete zonas turísticas prioritárias para as quais foram programadas e iniciadas desde aquela época, obras de infra-estrutura básica nos setores de saneamento (abastecimento de água, esgotamento sanitário e limpeza urbana), sistema viário (rodovias, trilhas, aeroportos, atracadouros), recuperação do patrimônio histórico, proteção e recuperação ambiental. Em paralelo ao Programa Estadual foi instituído o Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste - Prodetur NE, que passou a contar com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Banco do Nordeste para financiar obras de infra-estrutura em toda região. Além do Prodetur, o Governo do Estado vem investindo em obras de infra-estrutura nas diversas zonas turísticas, contando com recursos do próprio Tesouro Estadual, de outras fontes de financiamento, bem como dos oriundos da privatização da Coelba. 3.3.1 Os investimentos em infra-estrutura turística Historicamente, as ações voltadas para infra-estrutura foram e continuarão sendo de responsabilidade do governo, considerando-se sua função de catalisador estratégico do desenvolvimento econômico e social. Esse programa é abrangente e de caráter multisetorial, competindo à Secretaria da cultura e Turismo a coordenação das ações junto aos diversos órgãos executores estaduais.

30 Assim, foi possível incluir os programas de infra-estrutura do governo as áreas de interesse turístico existente à época e outras que foram desenvolvidas posteriormente. Para o período de 1991-2005, a Secretaria de Cultura e Turismo prevê que sejam investidos US$ 2,2 bilhões. Estes recursos são destinados a projetos que o Estado vem executando nas sete zonas turísticas. A iniciativa do governo em investir em infra-estrutura básica em regiões turísticas, estimula a iniciativa privada a realizar investimentos em complexos turísticos, hotéis, pousadas, dentre outros. Um exemplo claro disso é a construção de Linha Verde que atraiu diversos empreendimentos para a região, a citar o Complexo Turístico Sauípe. O gráfico 02 demonstra o valor dos investimentos, nos diversos estágios. Gráfico 02: Estágio do investimentos Bahia, 1991 2005 (Em US$ milhão) Fonte: Bahiatursa (www.bahiatursa.ba.gov.br/prodetur). Posição: Dez/00 423 - Em execução 1.007 - Executado 780 - Em projeto A distribuição setorial desses recursos contempla as áreas de energia, com 7%; transporte, 24%; saneamento, 41%; sistemas aeroportuários, 8%, e recuperação do

31 patrimônio histórico, 7%. Os 13% restantes são canalizados para outras áreas que englobam desde aterros sanitários, coleta de lixo, treinamento e conscientização das comunidades, até capacitação dos recursos humanos lotados nas prefeituras das áreas de prioridade turística. O gráfico 03 demonstra a distribuição setorial desses investimentos. Gráfico 03: Distribuição setorial dos investimentos Bahia, 1991 2005 (Em US$ Milhão) 895 531 305 147 183 149 Energia Estrada S aneamento Aeroportos Patrimônio Histórico Outros Fonte: Bahiatursa (www.bahiatursa.ba.gov.br/prodetur). Posição: Dez/00 3.3.2 Os Investimentos culturais Além dos atributos naturais de inquestionável beleza, a multifacetada cultura baiana, representada pelo seu patrimônio e valores culturais, tem contribuído para agregar vantagens competitivas ao destino Bahia, colocando-o em posição de destaque no cenário nacional.

32 A herança étnica e cultural observada no estado da Bahia expressa uma cultura singular que favoreceu o desenvolvimento de bens e serviços simbólicos e culturais, constituindo um setor econômico de proporções cada vez maior que envolve diferentes organizações empresariais, governamentais e não-governamentais ao entretenimento, ao lazer e ao turismo. E necessário destacar aqui que quando estas organizações falam em cultura, tendem a usar o termo como atividade de lazer e entretenimento, eminentemente econômica, geradora de emprego e renda. Não deixam de considerar a cultura como o saber fazer de um povo, seus produtos culturais, suas manifestações sócio-culturais próprias. Mas a atenção em geral está voltada para as expressões culturais como força atrativa sobre outras pessoas, geradora de um fluxo turístico. Defini-se assim, a cultura como a representação simbólica de bens e valores que mobiliza agentes econômicos que produzem riqueza, gera empregos e proporciona arrecadação tributária com seus bens e serviços, tendo a produção cultural como matéria-prima essencial da indústria do entretenimento que cada vez mais se constitui em um setor econômico importante em todo mundo e que exerce poder e força ativadora do fluxo turístico, enquanto o turismo dá suporte e facilita a difusão dos bens culturais. A criação da Secretaria de Cultura e Turismo, em 1995, foi um marco para a cultura no Estado, visto que foi nesse momento que se ampliou as políticas culturais, os investimentos, os projetos nessa área e que também se passou a dar uma maior atenção em termos econômicos para área artística e cultural. Segundo Almeida (2000, p. 47) foram investidos na Bahia, de 1994 a 1998 R$160 milhões no setor cultural, o que resultou na classificação de segundo lugar entre os estados do país a investir em cultura, perdendo apenas para São Paulo.

33 O estímulo ao crescimento da atividade cultural permitiu que a Bahia penetrasse na esfera da cultura nacional através da música, da literatura, do cinema, da dança, das artes plásticas e das manifestações populares próprias, favorecendo a descentralização cultural, antes monopolizada pelos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. O Estado tem desenvolvido junto com o apoio do setor privado, o setor de entretenimentos. Entre essas iniciativas, Gaudenzi (2001, p.100) destaca: a) Popularização do carnaval e da música baiana; b) Realização de diversos festivais de músicas e artes, a exemplo do Via Magia, PercPan, Festival de Lençóis, Festival de Verão e exposições de arte com grande público; c) Criação de novos pólos de visitação no Estado, através da política de interiorização do turismo; d) Criação do Fazcultura, através da Lei que determina a renúncia fiscal por parte do Governo em benefício das linguagens culturais, como forma de estimular a produção cultural e também a sua profissionalização; e) Criação do Pró-cultura, através da Lei que incentiva a instalação de unidades de produção de bens destinados ao consumo cultural final; f) Reforma e ampliação da oferta de teatros, a exemplo do Teatro XVIII, Teatro Jorge Amado, Teatro Vila Velha, Teatro Senac, Sala do Coro do Teatro Castro Alves, Teatro Moliere e Espaço X; g) Implantação de agenda cultural, a exemplo da exposição de Rodin, palestras de artistas diversos, entre outros; h) Reforma do Centro Histórico o Pelourinho uma das mais fortes atrações culturais de Salvador; i) Construção dos centros de convenções de Porto Seguro e Ilhéus, além da ampliação do de Salvador; j) Atração de grupos investidores e hoteleiros estrangeitos, a exemplo do ACCOR, Marriott, ClubMed, Pestana e Superclubs. Nesse sentido, as políticas culturais têm sido de grande importância no Estado para estimular a criação e a produção cultural, assim como, para o desenvolvimento econômico e social através da cultura. Convém salientar que a cultura baiana, em especial a soteropolitana, foi o determinante para o desenvolvimento da atividade turística no Estado. Mas foi apenas na