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Transcrição:

DIREITO PENAL MILITAR Crimes contra o serviço e o dever militar Parte 2 Prof. Pablo Cruz

Para facilitar a compreensão utilizamos quadro inspirado nas lições de Cláudio Amim e Ione de Souza Cruz com base no exemplo que demos acima:

Deserção após trânsito ou férias (art. 188, I): Trânsito é determinado número de dias concedidos ao militar que se desloca de um local para outro, geralmente em razão de transferência. (De acordo com o art. 64 da Lei 6.880, de 08.12.80 Estatuto dos Militares, pode ser concedido até 30 dias.) Férias são afastamentos totais do serviço, anual e obrigatoriamente, concedidas aos militares para descanso, a partir do último mês do ano a que se refere e durante todo o ano seguinte (Estatuto dos Militares, art. 63).

Deserção após licença ou agregação (art. 188, II): Licença é a autorização para afastamento total do serviço, em caráter temporário, concedida ao militar, obedecidas as disposições legais e regulamentares (Lei 6.880/80, art. 67). A licença pode ser: especial, para tratar de interesse particular; para tratamento de saúde de pessoa da família; e, para tratamento da saúde própria. Agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número, em razão de vários motivos (Lei 6.880/80, art. 80 a 85).

Estado de Sítio ou de Guerra (art. 188, II, in fine ) Nos termos do art. 84, IX e XIX da CF/88, compete privativamente ao Presidente da República, decretar o estado de defesa e o estado de sítio, bem como declarar guerra no caso de agressão estrangeira. Deserção após cumprimento de penas (art. 188, III): Outra modalidade de deserção consiste em o militar deixar de apresentar-se à Unidade onde serve, oito dias depois de ter sido posto em liberdade, por cumprimento de pena. A condenação pode resultar de crime comum ou militar, desde que não exceda a dois anos. Se for maior: Praça -> CPM, art. 102; Oficial -> art. 142, 3º, VII, da CF.

Criar ou simular incapacidade (art. 188, IV): O CPM inclui ainda, dentre os crimes de deserção, a modalidade imprópria, de conseguir o militar situação de inatividade ou exclusão do serviço ativo, criando ou simulando incapacidade física. Qualquer que seja o meio utilizado pelo agente para ficar impossibilitado fisicamente ou para simular incapacidade, satisfaz a norma penal. Entretanto, é indispensável que o militar consiga a exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade. Se a simulação tiver a finalidade de dispensa temporária do serviço ativo, ou for criada incapacidade com esse fim, inexiste o crime de deserção, ficando a punição apenas no âmbito disciplinar.

Por derradeiro, devemos destacar a afirmação do ilustre professor Célio Lobão a respeito da semelhança do presente com outros delitos, que merecem análise comparativa. Segundo o mestre: A ausência do lugar onde deve permanecer, além da condição de ausente e posteriormente de desertor, pode configurar-se, ainda, conforme o caso, o crime de abandono de lugar de serviço (art. 195), descumprimento de missão (art. 196), insubordinação (art. 163). Grifos acrescidos por nós. (LOBÃO, Célio. Direito Penal Militar. Brasília: Brasília Jurídica, 2006, p. 299.)

Sobre a possibilidade de concorrência entre os crimes de Abando de posto e Deserção é importante verificar que o STM já a admitiu, embora seja criticado por boa parte dadoutrina. Assim já decidiu o STM: Abandono de Posto. Deserção. Crimes de mera conduta, sendo o primeiro de consumação instantânea. Militar que abandona serviço para o qual estava escalado, antes de terminá-lo, ausentando-se de sua OM por tempo superior a 08 dias, comete concurso de crime material e não concurso aparente de normas, (consumação), pois abandono de posto não é meio necessário para Deserção. Apelo ministerial provido. Decisão unânime. (STM - Apelo 48617 RS 2000.01.048617-8 - Data da Publicação: 24/04/2001) Contudo, posteriormente, foi publicada a seguinte decisão do STM:

Contudo, posteriormente, foi publicada a seguinte decisão do STM: Brasília, 26 de setembro de 2011 - Os ministros do Superior Tribunal Militar (STM) negaram, por unanimidade, : (...)o fato caracterizado como abandono de posto já estaria sendo devidamente apurado em outro processo, considerando que a conduta teria sido crimemeio para a realização da deserção, crime previsto no artigo 187 do CPM.... o ordenamento jurídico brasileiro não permite que alguém seja condenado duas vezes pelo mesmo fato. (...) O ministro considerou que o abandono de posto foi apenas a conduta que desembocou em um delito mais grave: a deserção....o crime maior absorve o crime menor, já que são de natureza semelhante.(...) (STM - RSE 446020117060006 BA 0000044-60.2011.7.06.0006 Publicação: 17/10/2011)

Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III: Atenuante especial I - se o agente se apresenta voluntàriamente dentro em oito dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta; Agravante especial II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.

Sobre o crime de deserção -> STM: CRIMES CONTRA O SERVIÇO E O DEVER MILITAR Súmula nº 3: Não constituem excludentes de culpabilidade, nos crimes de deserção e insubmissão, alegações de ordem particular ou familiar desacompanhadas de provas. Súmula nº 8: O desertor sem estabilidade e o insubmisso que, por apresentação voluntária ou em razão de captura, forem julgado em inspeção de saúde, para fins de reinclusão ou incorporação, incapazes para o Serviço Militar, podem ser isentos do processo, após o pronunciamento do representante do Ministério Público.

Súmula nº 12: A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de procedibilidade é a reversão ao serviço ativo.