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Transcrição:

DIREITO PENAL MILITAR Teoria Geral do Crime Militar Parte 6 Prof. Pablo Cruz

Desistência voluntária e arrependimento eficaz Teoria Geral do Crime Militar Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. O STM, em 2010, já decidiu que: O instituto do arrependimento posterior não é estranho à legislação penal Castrense. Contudo, no caso de peculato, é previsto apenas nos casos de peculato culposo (art. 303, 3º e 4º) não o facultando ao autor do peculato na sua forma dolosa (STM - EMB 167220057070007 PE 0000016-72.2005.7.07.0007 - Relator(a): José Coêlho Ferreira - Publicação: 27/05/2010).

Peculato: Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. (...) Peculato culposo: 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detenção, de três meses a um ano. Extinção ou minoração da pena: 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Iter Criminis Iter Criminis são as fases, os momentos do crime. É formado, de acordo com entendimento prevalente, pela cogitação, preparação, execução e consumação. Somente a partir da execução é que o Direito Penal passa a incidir, de modo a intervir para a proteção do bem jurídico que pelo menos corre risco de lesão.

Art. 30. Diz-se o crime: Crime Consumado Teoria Geral do Crime Militar I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de Tentativa: Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.

Teoria objetiva (distingue a pena do crime consumado da do crime tentado). Assim, o único prevê uma exceção subjetiva à teoria objetiva. Razão pela se pode afirmar que o CPM adotou uma teoria objetiva temperada no que tange à punição da tentativa, pois o juiz pode, em caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado ao crime tentado.

No que tange ao crime impossível, o CPM adotou, igualmente ao Código Penal comum, a teoria objetiva. A teoria objetiva, no contexto do crime impossível, é uma teoria explicativa que tem como critério a preponderância ou aspecto objetivo, risco ao bem jurídico, em detrimento do aspecto subjetivo, a intenção do agente. Segundo a teoria objetiva a imputação de um fato possui elementos objetivo e subjetivo, e sem a concorrência do primeiro não há falar-se em tentativa. O elemento objetivo é o perigo para os bens penalmente tutelados. É um perigo que deve ser objetivo e real, advindo desta circunstância o conceito de inidoneidade. Se a conduta não possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa. (ROSSETTO, Enio Luiz. Código Penal Militar comentado. 1ª edição. São Paulo: Editora RT, 2012, p. 171.)

No que tange ao crime impossível, o CPM adotou, igualmente ao Código Penal comum, a teoria objetiva. A teoria objetiva, no contexto do crime impossível, é uma teoria explicativa que tem como critério a preponderância ou aspecto objetivo, risco ao bem jurídico, em detrimento do aspecto subjetivo, a intenção do agente. Segundo a teoria objetiva a imputação de um fato possui elementos objetivo e subjetivo, e sem a concorrência do primeiro não há falar-se em tentativa. O elemento objetivo é o perigo para os bens penalmente tutelados. É um perigo que deve ser objetivo e real, advindo desta circunstância o conceito de inidoneidade. Se a conduta não possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa. (ROSSETTO, Enio Luiz. Código Penal Militar comentado. 1ª edição. São Paulo: Editora RT, 2012, p. 171.)

Ilicitude Conceito: É a contradição do fato ao ordenamento jurídico. A ilicitude, somada à tipicidade, forma o denominado injusto penal. A ilicitude ou antijuridicidade é um juízo de desvalor. Se fala de desvalor, pois decorre de juízo pautado numa leitura negativa do fato, que já foi eleito como típico. Assim, Ilícito será o comportamento eleito como típico que foi realizado de forma não amparada em uma das excludentes de ilicitude (art. 42 do CPM).

Exclusão de crime Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento do dever legal; IV - em exercício regular de direito. Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

Exclusão de crime Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento do dever legal; IV - em exercício regular de direito. Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

Legítima defesa É um tipo permissivo o art. 44 do CPM que prevê a legítima defesa. Dispõe o art. 44: Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Estado de Necessidade Trata-se de uma das grandes distinções entre o Direito Penal Comum e o Direito Penal Militar, o tratamento que se dá Estado de Necessidade nas respectivas legislações. Enquanto a doutrina majoritária no direito penal comum afirma que estado de necessidade é sempre justificante, adotando a teoria unitária, no Direito Penal Militar, o legislador fez opção expressa pela teoria diferenciadora, onde se especifica um estado de necessidade exculpante (excludente de culpabilidade) e outro justificante (excludente de ilicitude).

Estado de Necessidade Estado de Necessidade Justificante Diz o CPM: Estado de necessidade, como excludente do crime Estado de Necessidade Exculpante Diz o CPM: Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é consideràvelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo. Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoàvelmente exigível conduta diversa.