OCORRÊNCIA DE CÃES INFECTADOS POR HEPATOZOON SP.

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Transcrição:

OCORRÊNCIA DE CÃES INFECTADOS POR HEPATOZOON SP. NA PRÁTICA CLÍNICA DE UM CONSULTÓRIO VETERINÁRIO NO INTERIOR DA PARAÍBA. OCCURRENCE OF DOGS INFECTED BY HEPATOZOON SP. IN THE CLINICAL PRACTICE OF A VETERINARY CONSULTORY INSIDE THE PARAÍBA Mirele Adriana da Silva FERREIRA 1 ; Fernanda Ramalho RAMOS 2 ; Marília Andreza da Silva FERREIRA 3 ; Aline Ferreira da SILVA 4 e Érico Luiz de Barros CORREIA 5 1 Estudante de graduação de medicina veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, mihferreira17@gmail.com 2 Estudante de graduação de medicina veterinária, Universidade Federal de Campina Grande. 3 Mestranda do PPGCB, Universidade Federal do Pernambuco. 4 Mestrando do PPGMV, Universidade Federal de Campina Grande 5 Doutorando do PPGMV, Universidade Federal de Campina Grande. Resumo Foram relatados dados clínico-epidemiológicos na infecção canina por Hepatozoon sp.. Os cães infectados apresentaram sinais clínicos como apatia, anorexia, perda de peso, letargia, mucosas ocular e oral pálidas. O esfregaço de sangue foi utilizado como método de diagnóstico para a detecção de Hepatozoon sp. nos neutrófilos. Além disso, leucocitose, plaquetopenia e diminuição da quantidade de hemácias foram observados nos exames hematológicos. O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de três casos de cães infectados por Hepatozoon sp. na cidade de Patos na Paraíba. Palavras-chave: Hepatozoon sp., cães, esfregaço sanguíneo. Keywords: Hepatozoon sp., dogs, blood smear. Revisão de Literatura A hepatozoonose é uma doença causada pelo Hepatozoon spp. que parasita leucócitos e tecidos parenquimatosos, raramente encontrado na musculatura. Em cães é transmitida pelo carrapato da espécie Riphycephalus sanguineus, vetor do Hepatozoon sp.. Sua patogenia se inicia a partir da ingestão do carrapato ou por via transplacentária. As infecções por esses protozoários são intercorrentes a outras enfermidades imunossupressoras, como erliquiose e babesiose, portanto uma infecção por Hepatozoon spp. apresenta sinais subclínicos, fazendo com que os sinais clínicos evidentes sejam provenientes de infecções associadas. Ocasionalmente, estes sinais clínicos evidenciados podem ser mais graves como emagrecimento, anorexia, palidez nas mucosas, dores musculares, febre e diarreia (DOMONER, L. C, ANTUNES, J. M. A. P, O DWYER, L. H., 2013). Anais do 38º CBA, 2017 - p.1900

Relato dos Casos Três cães infectados por Hepatozoon sp. foram recebidos na clínica veterinária Pet Bem, em Patos na Paraíba, para procedimentos de imunização, e foram submetidos a exames rotineiros entre os meses de novembro e dezembro de 2016. Os filhotes tinham de dois a três meses e eram da raça Poodle, um macho e duas fêmeas, sendo elas irmãs, portanto tinham bastante contato. Durante a avaliação clínica notou-se a presença de ectoparasitas, além da constatação de linfocitopenia, anorexia, mucosas oculares e orais pálidas, febre e apenas um dos animais apresentava diarreia, o que levou a solicitação de um hemograma com pesquisa. A pesquisa por hemoparasitos foi realizada por microscopia óptica (objetiva de 40X) em extensões sanguíneas de sangue periférico obtidas da veia jugular externa, com a utilização de uma seringa no pescoço do animal, após assepsia com álcool 70%. As lâminas com os esfregaços sanguíneos foram coradas com Panótico e as amostras sanguíneas foram processadas no Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias Animal VetLab. Nos esfregaços de sangue, observou-se também leucocitose, plaquetopenia e diminuição de hemácias, sugerindo anemia. Iniciou-se o tratamento a partir do controle do carrapato com a utilização de Simparic 5mg/kg (dose única) e Hemolipet 0,1mg/kg (dose única) para estimular o apetite e a produção de hemácias, sendo um suplemento composto por vitaminas e sais minerais. Administrou-se também Doxiciclina 8mg/Suspensão/kg (12 em 12 horas durante 28 dias), Prednisolona 0,25mg/Suspensão/kg (de 12 em 12 horas com desmame após 7 dias) e Beroseg 7% 3,5mg/IM/kg (de 15 em 15 dias). Os três cães tratados apresentaram melhora no quadro clínico, na avaliação subsequente um dos animais não apresentava o parasita após a administração da segunda dose de Beroseg mais o uso contínuo de Doxiciclina, entretanto, é possível que o parasita esteja inativado no organismo, já nos outros dois animais, o parasita persistia, porém houve uma normalização na quantidade de plaquetas e hemácias, indicando a eficácia do tratamento. Discussão A prevalência da hepatozoonose canina observada no estudo é considerada alta quando comparada com a prevalência de apenas 0,49% relatada por Ramos et al. (2010) em Recife e com a ausência de positividade relatada por Rotondano et al. (2015) em cães investigados no município de Patos. Baneth e colaboradores (2003) Anais do 38º CBA, 2017 - p.1901

afirmam que a infecção com Hepatozonn canis provoca uma síndrome caracterizada por febre, anorexia, perda de peso, anemia, descarga ocular e fraqueza dos membros posteriores, porém os cães do relato não apresentaram fraqueza ou descarga ocular. Os cães não tinham contato com a rua, o que pode indicar a infecção pelos ixodídeos. Porém as fêmeas são irmãs e cabe questionar se a transmissão vertical (no caso de Hepatozoon sp., a transmissão transplacentária), um reconhecido modo de infecção, estaria colaborando na propagação da infecção entre as populações de cães. (MURATA et al., 1993). Os sintomas apresentados pelos cães são considerados sugestivos de infecção por Hepatozoon sp. (VINCENT- JOHNSON et al., 1997; CRAIG, 1998; O DWYER e MASSARD, 2001). Entretanto, a co-infecção de Hepatozoon sp. com doenças como parvovirose, cinomose, erliquiose e babesiose canina, dificultam sobremaneira a caracterização clínico laboratorial da hepatozoonose canina (CRAIG, 1998; O DWYER e MASSARD, 2001). Acredita-se que a patogênese do Hepatozoon sp. seja fraca, pois infecções subclínicas são comuns, geralmente causando doença leve que pode afetar baço, linfonodos e medula óssea, resultando em anemia e letargia (BANETH & WEIGLER, 1997; BANETH, 2003a). O diagnóstico de hepatozoonose foi firmado a partir a presença de inclusão por Hepatozoon spp. nos neutrófilos, concordando com Lappin (2004) que relata que o diagnóstico se baseia na observação dos gametócitos em leucócitos. De maneira similar ao presente relato, mesmo com novas técnicas para a identificação de Hepatozoon sp., a grande maioria dos estudos fundamenta o diagnóstico na visualização do protozoário em células leucocitárias a partir de esfregaços de sangue (O DWYER e MASSARD, 2001). Em cães experimentalmente infectados, a parasitemia tornou-se evidente somente após administração de terapia imunossupressora com prednisolona (BANETH et al., 2001; GONEN et al., 2004).O dipropionato de imidocarb (Beroseg) tem mostrado resultados mais satisfatórios, quando associado à tetraciclina ou à doxiciclina (LASTA, 2008). A ausência de parasitemia não indica ausência de infecção (EIRAS et al., 2007), por isso a observação do esfregaço sanguíneo não pode ser usada na exclusão e confirmação do diagnóstico. Segundo Lasta (2008) a infecção varia de acordo com a idade do hospedeiro, grau de infecção e associação com outras doenças, já que Anais do 38º CBA, 2017 - p.1902

imunossupressão pode predispor o aparecimento das manifestações clínicas. Hepatozoonose canina é descrita em grupos de todas as idades (BANETH et al., 1996; BANETH et al., 1997; BANETH & WEIGLER, 1997; O DWYER et al., 2001, GAVAZZA et al., 2003), porém parece haver maior prevalência em animais jovens (BANETH & WEIGLER, 1997; GAVAZZA et al., 2003). Conclusão Conclui-se que o esfregaço tem se apresentado de suma importância pois o exame clínico não consegue diagnosticar com exatidão, devido geralmente estarem associadas a outras doenças. O protocolo estabelecido comprovou eficácia na melhora do quadro clínico. Os dados do presente relato alertam para a escassez de dados da ocorrência de hepatozoonose canina no estado, para a apresentação subclínica da doença, assim como para a similaridade dos sintomas com outras doenças infecciosas em animais de companhia. Ressaltam, assim, a necessidade de investigações clínico-epidemiológicas conduzidas no intuito de fornecer subsídios para melhor caracterização da hepatozoonose canina no Brasil. Referências BANETH, G; MATHEW, J.S.; SHKAP, V.; MACINTIRE, D.K.; BARTA J.R; EWING S.A. 2003. Canine hepatozoonosis: two disease syndromes caused by separate Hepatozoon spp. TRENDS in Parasitology. 19: 27-31 BANETH, G. & WEIGLER, B. 1997. Retrospective case-control study of hepatozoonosis in dogs in Israel. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.11, p.365-370. BANETH, G.; SAMISH, M.; ALEKSEEV, E.; AROCH, I.; SHKAP, V. Transmission of Hepatozoon sp. to dogs by naturally-fed or percutaneosly-injected Rhipicephalus sanguineus ticks. Journal of Parasitology., v. 87, p. 606-611, 2001 BANETH, G.; SHKAP, V.; PRESENTEY, B. Hepatozoon sp.: The prevalence of antibodies and gametocytes in dogs in Israel. Veterinary Research Communicaton.,v. 20, p. 41-46, 1996. DOMONER, L. C, ANTUNES, J. M. A. P, O DWYER, L. H. Hepatozoonose canina no Brasil: Aspectos da biologia e transmissão. Veterinária e Zootecnia. 2013 jun.; 20(2): 193-202. GAVAZZA, A.; BIZZETI, M.; PAPINI, R. 2003. Observations on dogs found naturally infected with Hepatozoon sp. in Italy. Revue de Médecine Vétérinaire, 154: 565-571. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1903

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