CCNEXT - Revista de Extensão, Santa Maria v.3 - n.ed. Especial XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p. 443 447 Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588 Jogos didáticos de química: uma maneira lúdica de ensinar Eliana Hammes, Juliana Coelho Araújo Nunes, Sabrina Monteiro e Andréia Spessatto De Maman ehammes@universo.univates.br; juliananunes@universo.univates.br; smonteiro@universo.univates.br; andreiah2o@univates.br Resumo As alunas do PIBID/CAPES do subprojeto Ciências Exatas UNIVATES, com o intuito de auxiliar os professores nas aulas de Química, elaboraram jogos didáticos para inserir diferentes ferramentas no processo de ensino/aprendizagem. Essa atividade surgiu devido à falta de interesse pela disciplina por parte dos alunos, pois a maioria das aulas é constituída por muita teoria e pouca prática, tornando-as assim monótonas. O principal objetivo foi de refletir sobre o uso de jogos didáticos para o ensino de química, comprovando a importância de sua aplicação em sala de aula, como forma de auxiliar os alunos e professores com novas estratégias de aprendizagem. Para tanto foram construídos sete jogos diferentes que foram aplicados em uma Escola Estadual de Ensino Médio, parceira do PIBID. Aplicamos e observamos a interação dos alunos com os jogos, analisando as contribuições do jogo na aprendizagem dos alunos, bem como oferecer aos professores uma metodologia alternativa e diferenciada. Palavras chave: Jogos didáticos, PIBID, Ensino de química.
CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.443 447 444 1. Contexto do relato No Centro Universitário UNIVATES, desenvolve-se o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), foi lançado pelo Ministério da Educação MEC, por intermédio da Diretoria de Educação Básica Presencial DEB e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. Este Projeto Institucional, incentiva a formação de professores para a educação básica e insere os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, promovendo a integração entre educação superior e educação básica. Os jogos que aqui serão relatados foram aplicados em uma Escola Estadual de Ensino Médio, parceira do PIBID, com alunos do Ensino Médio, na disciplina de química, além de recreios dirigidos. O recreio dirigido ocorreu no intervalo das aulas, onde nós bolsistas, levamos diferentes jogos para aplicação, e os alunos vinham para o laboratório explorar essa ferramenta de aprendizagem diferenciada. 2. Detalhamento das atividades Este relato apresenta um dos trabalhos desenvolvidos por alunos bolsistas do PIBID, do subprojeto de Ciências Exatas. Consiste em uma das ações em que foram abordados os jogos como instrumento de ensino na sala de aula e fora dela. Devido ao grande desinteresse por parte da maioria dos alunos nas aulas de Química, nós bolsistas, pensamos em construir jogos didáticos de Química para auxiliar os professores em sala de aula. A partir disso, foi possível discutir e descobrir situações que interessam e instigam os alunos a gostarem de aprender Química. Uma delas é por meio de metodologias diferenciadas, com aulas mais dinâmicas e revisando os conteúdos já ensinados. Este trabalho relata alguns jogos de Química, que foram adaptados de jogos já conhecidos, como: jogo da memória, dominó, trilha e super trunfo, todos apresentam um objetivo, regras e resoluções das questões propostas em cada jogo. A partir dos relatos dos professores sobre a dificuldade dos alunos em compreender conceitos formais, pensamos em desenvolver jogos com o objetivo de despertar o interesse dos alunos e melhorar a qualidade das aulas de Química desta Escola. Os jogos elaborados permitiram que os alunos se familiarizassem com os conteúdos de química estudados no Ensino Médio, como por exemplo: Tabela Periódica; Ácidos, Bases, Sais e Óxidos; Química Inorgânica e Orgânica; Nomenclaturas, Fórmulas dos Elementos e Materiais de Laboratório, permitindo ao professor acompanhar o processo do desenvolvimento do pensamento dos alunos. Segue abaixo os Jogos Didáticos de Química, construídos para serem utilizados em sala de aula e em recreios dirigidos: Jogo da memória: Química orgânica Aborda o conteúdo de química orgânica; com o objetivo de desenvolver a nomenclatura dos compostos orgânicos com os alunos do Ensino Médio e também ensinar e praticar a nomenclatura dos elementos, de uma forma lúdica, buscando despertar o interesse dos alunos, motivando-os a querer aprender mais. Jogo da memória: Funções inorgânicas
445 Hammes et al.: Jogos didáticos de química: uma maneira lúdica de ensinar Aborda o conteúdo de química inorgânica, mais especificamente funções inorgânicas (Sais, Ácidos, Bases, Óxidos e suas respectivas fórmulas e nomenclaturas). Os objetivos são incentivar o aprendizado, através de uma atividade lúdica e prazerosa; reconhecer os elementos químicos de cada fórmula, através da visualização de sua nomenclatura identificando o grupo funcional e consequentemente a função inorgânica correspondente; compreender como é feito o balanceamento das fórmulas. Cabe destacar que, os estudantes encontram dificuldades em formular os compostos a partir da sua nomenclatura, sendo assim procuramos com este jogo minimizar os problemas encontrados tanto pelos alunos quanto pelos professores no desenvolvimento do conteúdo em questão. Jogo da memória: Tabela Periódica Conteúdo abordado: Tabela Periódica, elementos e suas aplicações, com o objetivo de incentivar o aprendizado e reconhecer os elementos da Tabela periódica e suas aplicações. Jogo da memória: ácidos, bases, sais e óxido e suas aplicações no cotidiano Conteúdo abordado: Ácidos, Bases, Sais e Óxidos e suas aplicações no cotidiano. Com o objetivo de incentivar o aprendizado, com uma atividade lúdica e prazerosa; reconhecendo os ácidos, bases, sais e óxidos e suas aplicações no cotidiano. Jogo dominó: Instrumentos de laboratório de química Conteúdo abordado: Instrumentos de laboratório. Com o objetivo de incentivar o aprendizado, com uma atividade lúdica e prazerosa; reconhecer os instrumentos utilizados em um laboratório de química com suas respectivas funções. Jogo super trunfo: Características dos elementos Conteúdo abordado: a tabela periódica. Com o objetivo de fazer com que os alunos memorizem os elementos, como também compreendam suas propriedades. Jogo: Trilha periódica Conteúdo abordado: tabela periódica. Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos adquiridos no estudo da Tabela Periódica; propor momentos de socialização, incentivando o aprendizado do aluno de forma lúdica e descontraída. Os jogos complementaram o conteúdo estudado em sala de aula, despertando o raciocínio, a curiosidade, o pensamento cognitivo, a competitividade, desenvolvendo o crescimento do aluno com a troca de conhecimentos e interação social. 3. Análise e discussão do relato Acreditamos que o uso destes jogos auxilia de forma positiva tanto os alunos como os professores, pois trabalhando de forma lúdica, o conteúdo será melhor aceito pelos alunos. Este aspecto, por sua vez, vem facilitar e aprimorar o aprendizado, levando sempre em conta a necessidade deles, pois desta forma os resultados apresentados serão mais satisfatórios. Segundo Kishimoto (1994), o jogo, considerado um tipo de atividade lúdica, possui duas funções: a lúdica e a educativa. Elas devem estar em equilíbrio, pois se a função lúdica prevalecer, não passará de um jogo e se a função educativa for predominante será apenas um material didático. O jogo pode ser visto como uma ferramenta didática, pois ele estabelece relações que auxiliam na compreensão e fixação de conceitos. Para utilizá-los, o professor deve inicialmente fazer um diagnóstico das
CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.443 447 446 reais necessidades dos alunos, pois de nada adianta aplicar os jogos didáticos sem ter claro seus objetivos. Os jogos estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, aprimoram o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração e exercitam interações sociais e trabalho em equipe (Vygotsky, 1989). Por meio da aplicação dos jogos, foi possível entender a importância da sua utilização para o processo educativo, como instrumento facilitador da integração, da sociabilidade, do despertar lúdico, da brincadeira e principalmente do aprendizado. Alguns cuidados devem ser tomados quanto a utilização dos jogos: ter objetivos claros, uma dinâmica orientada, organização das atividades propostas e intervenção do professor, quando necessário, para não tornar a aula uma simples diversão, e sim tornar um momento enriquecedor de aprendizagem. Todos os jogos podem ser construídos com materiais simples e acessíveis, tornando para o professor uma ferramenta facilitadora, eficaz na construção de um aprendizado de forma divertida, dinâmica e atraente, motivando assim o aluno a construir seu próprio conhecimento e habilidades na interação de grupo. Os jogos permitem identificar erros de aprendizagem e atitudes e dificuldades dos alunos. As dificuldades para a implementação dos jogos didáticos incluem a perda do caráter didático devido à má aplicação dos jogos; o sacrifício de outros conteúdos em função do tempo gasto com o jogo; a perda da característica lúdica da atividade pela interferência do professor; e dificuldades no acesso aos jogos e às informações que possam subsidiar o trabalho do docente (Grando, 2001). Segundo o relato dos alunos, os objetivos foram alcançados com êxito, pois proporcionaram uma reflexão e revisão dos conteúdos já estudados. Sendo assim, registramos algumas falas dos alunos: (Aluno 1): - Foi muito legal jogar estes jogos, tinha muitas coisas que eu não lembrava, tipo Xenônio. (Aluno 2): - É muito bom retomar. (Aluno 3): - Exige muita memorização. (Aluno 4): - É muito interessante, ajuda no conhecimento, saímos da mesmice. (Aluno 5): - É muito legal, aprendemos mais. (Aluno 6): - Achei muito interessante, pois podemos retomar o conteúdo. (Aluno 7): - Através dos jogos, sentimos mais vontade de aprender. (Grupo 8): - Foi a melhor aula de química que tivemos até hoje! O depoimento do professor da turma foi fundamental neste aspecto - A aplicação dos jogos, com certeza, são de extrema importância, pois retoma os conteúdos já trabalhados de forma divertida, envolvendo assim mais os alunos. Os jogos ocorreram de forma tranquila, visto que os alunos e professor foram receptivos, interagindo de forma dinâmica, proporcionando um resultado positivo, conforme o relato dos próprios alunos. Destacou-se o quanto foi válida a prática e percebemos um maior interesse dos alunos pelos jogos da trilha periódica e o super trunfo, pois estes proporcionam uma maior interação entre os participantes do jogo. Quando os jogos foram aplicados no recreio dirigido, não houve muita procura pelos alunos, pois não estavam acostumados com este tipo de atividade, visto que, é algo novo na escola.
447 Hammes et al.: Jogos didáticos de química: uma maneira lúdica de ensinar 4. Considerações finais Essa prática foi de suma importância para nós bolsistas, pois conseguimos visualizar como é a realidade dos alunos diante de atividades diferenciadas, proporcionando um treino de nossa futura profissão. A aplicação dos jogos mostrou que os alunos associaram a teoria com a prática, de forma diferenciada, comprovando sua aprendizagem ou a sua dificuldade em certos conteúdos. Essa prática foi muito satisfatória, agradando tanto os alunos como o professor, pois retomar os conteúdos é sempre muito importante e válido, ainda mais se é de forma lúdica, relacionando a teoria com o cotidiano em que os alunos estão inseridos. Sem falar que nós, alunas do PIBID, ficamos felizes com o trabalho realizado e a contribuição que fizemos para os alunos e professores, ficando explicitamente claro que os jogos didáticos ajudam muito no aprendizado do aluno. Percebemos que os professores necessitam de uma estratégia lúdica para auxiliar em suas aulas, e na maioria das vezes isso não ocorre devido à falta de tempo para planejar. Referências http://www.univates.br/pibid/?page_id=4. Acessada em junho de 2013. GRANDO, R.C. O jogo na educação: aspectos didático-metodológicos do jogo na educação matemática, 2001. www.cempem.fae.unicamp.br/lapemmec/cursos/el654/.../jogo.doc KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.