Resumo. Introdução. Eixo 2: "Os Valores para Teorias e Práticas Vitais"

Documentos relacionados
O papel profissional do médico-veterinário na atividade de Terapia Assistida por Animais (TAA)

Atividade Assistida por Animais no Lar Augusto Silva

[ERLICHIOSE CANINA]

PROJETO EVOLUTION: Terapia Assistida por Animais

Vínculo entre o Animal e o Ser Humano

Giardíase Giardia lamblia

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA CINOTERAPIA COMO COADJUVANTE NO TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS.

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

CALENDÁRIO DE MANEJOS SANITÁRIO, REPRODUTIVO E ZOOTÉCNICO

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0167

CALENDÁRIO DE MANEJOS SANITÁRIO, REPRODUTIVO E ZOOTÉCNICO

Medidas populacionais de bem-estar

Plano de Curso nº 168 aprovado pela portaria Cetec nº 125 de 03 /10 /2012. Qualificação: Qualificação Técnica de Nível Médio de AUXILIAR DE ENFERMAGEM

(a) Metropolitana Garanhuns TOTAIS QUANTITATIVO DE VAGAS FUNÇÃO. Metropolitana Garanhuns TOTAIS

ESQUEMA DE VACINAÇÃO E VERMIFUGAÇÃO PARA CÃES E

Manejo e nutrição de bezerras e novilhas. Luciana Ferri Frares Médica Veterinária

PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM AMOSTRAS DE FEZES CANINAS ANALISADAS NA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA SP

O Papel dos Psicólogos no Envelhecimento

Edital 57/2018 de 24 de maio de 2018 Escola de Ciências Agrárias - Curso de Medicina Veterinária Projeto de Extensão

l. Você notou algum padrão nessas reações (os momentos em que as coisas melhoram, horário do dia, semana, estação)?

A Importância dos Cuidados Paliativos na Unidade de Terapia Intensiva.

PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR DE CÃES TERAPEUTAS

XXII SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA DISCUTE A AVALIAÇÃO E A GESTÃO DOS CURSOS NO PAÍS

CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA COORDENADORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

Nunca trabalhe contra a Mãe Natureza. Você só terá sucesso se trabalhar com ela.

Saiba como cuidar da saúde dos colaboradores da sua empresa!

O atendimento psicopedagógico no Hospital das Clínicas São Paulo

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PROGRAMA BOLSA DE INCENTIVO À EDUCAÇÃO NA REDE SESA: UMA EXPERIÊNCIA ALÉM DA PROFISSÃO UM ESTÁGIO PARA A VIDA

TÍTULO: O IMPACTO DA INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PACIENTES OSTOMIZADOS POR CÂNCER

É possível guardar boas lembranças da passagem por um hospital, um abrigo, uma casa de repouso ou até mesmo das ruas?

A INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL COM USUÁRIOS ONCOLÓGICOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Centro de Controle de Zoonoses. Serviço público focando na proteção dos animais

RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CAMPANHA PELO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E ADESÃO DAS PESSOAS IDOSAS

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

MEDICINA PREVENTIVA GERENCIAMENTO DE DOENÇAS

1 comprimido. 12 semanas de proteção.

[ORIENTAÇÕES SOBRE O FILHOTE]

Lucas B. S. De Oliveira¹; Pâmela K. F. De Souza¹; Sayd K. Silva¹; Vitor M. Ribeiro¹

[CUIDADOS COM OS ANIMAIS IDOSOS]

Anais do 38º CBA, p.1478

Um novo membro da família chegou, e agora?

SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CONCÓRDIA

Jean Berg Alves da Silva HIGIENE ANIMAL. Jean Berg Alves da Silva. Cronograma Referências Bibliográficas 09/03/2012

Ele foi feito com muito amor. Espero que ajude você a ter um relacionamento melhor com seu peludo

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA III 2º 2018

PREVALÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES IN YOUNG DOMESTIC CATS WITH DIARRHEA

O Papel da Psicologia e dos Psicólogos na Natalidade e no Envelhecimento Activo

TRABALHO CIENTÍFICO (MÉTODO DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PATOLOGIA CLÍNICA)

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

GRUPO DE VOLUNTÁRIAS AMIGO DA CRIANÇA DO HOSPITAL MATERNIDADE INTERLAGOS PROJETO CONTAR HISTÓRIAS, A ARTE DE HUMANIZAR

Palavras-chave: Musicoterapia; Cardiologia; Hipertensão Arterial; Saúde

Medicina preventiva em cães

Tudo o que você precisa saber sobre o vírus da leucemia felina e porque ele representa um risco para seu gato.

Estresse. O estresse tem sido considerado um problema cada vez mais comum, tanto no

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA III - 2º 2014

OS BENEFICIOS DA CINOTERAPIA PARA ADULTOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL 1

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA III - 1º 2018

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA III - 2º 2017

GERENCIANDO O STRESS DO DIA-A-DIA GRAZIELA BARON VANNI

PROGREA Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas. ECIM Enfermaria de Comportamentos Impulsivos

APRESENTAÇÃO. Introdução

Campanha de Vacinação Antirrábica de Cães e Gatos

MUNICÍPIO DE SETE LAGOAS PROCESSO SELETIVO. Edital 01/2018

PROGRAMA DE MEDICINA PREVENTIVA E QUALIDADE DE VIDA

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA III - 2º 2015

PROEX PENTOXIFILINA PROEX PENTOXIFILINA

MANEJO E TREINAMENTO DE CAVALOS TERAPEUTAS

II ENCONTRO DE LÍDERES. 11 de Setembro de 2014

PREVENÇÃO DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS E MANIPULADORES DE ALIMENTOS EM CRECHES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB - PROBEX 2012

ford residence southampton, ny Flagyl em cães

Dr NEILA CRISTINA FREITAS MAIA HOSPITAL E CLÍNICA VETERINÁRIA ZOOVET

CLÍNICA ITINERANTE DE PEQUENOS ANIMAIS

Medidas individuais de bem-estar

REGULAMENTO DO BIOTÉRIO JOSÉ MANOEL LOPES CAPÍTULO I DO OBJETO

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - CETEC. Ensino Técnico

Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) Comissão de Avaliação das Escolas Médicas (Caem)

PSICOLOGIA DA SAÚDE UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA CASA MARIA

PROCESSO SELETIVO PARA CONTRATAÇÃO DE COLABORADORES EDITAL Nº. 12/2018 IBGH - HEJA

Psicopedagogia: Teoria e Prática. Elizabeth Araújo Barbosa Enfermeira, Pedagoga e Psicopedagogia

ADESÃO AO PROGRAMA DE PUERICULTURA DA ESF LUBOMIR URBAN AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO PET-REDES UEPG/SMSPG

Gelder M, Mayou R, Geddes J. Psiquiatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.

COMORBIDADES CLÍNICAS EM PACIENTES PSIQUIÁTRICOS

ESCALA DE DESEMPENHO ZUBROD: AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS DE UM PROGRAMA DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR INTERDISCIPLINAR

REFEITURA MUNICIPAL DE INDAIAL - SC PROCESSO SELETIVO - EDITAL N o 01/2019 ANEXO I

Controle de antimicrobianos: como eu faço? Rodrigo Duarte Perez Coordenador da C.C.I.H. do H.S.I. Blumenau / SC

REGULAMENTO DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA UNIFIL

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico CETEC. Plano de Trabalho Docente Qualificação: Técnico de Enfermagem

Plano de Ensino-Aprendizagem Roteiro de Atividades Curso: Medicina

Fobia Específica. Simpósio de Terapia Cognitivo Comportamental Instituto Brasileiro de Hipnose IBH

CONHECIMENTOS SOBRE A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA DOS ESTUDANTES DO 7º ANO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE MACAPARANA, PERNAMBUCO-BRASIL

[DEMODICIOSE]

Destaques da Nota Técnica do Ministério da Saúde sobre a vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante)

RESUMOS DE PROJETOS

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Programas de Atendimento aos Estudantes

CURSO DE TÉCNICO DE ACÇÃO GERIÁTRICA (24ª edição)

Transcrição:

O papel profissional do Médico Veterinário na atividade de Terapia Assistida por Animais (TAA). Natália Canevassi da Silva 1, Marisol Mara Madrid 2, Milena Carine da Costa Santos 2, Flávia de Almeida Lucas 3, Valéria Nobre Leal de Souza Oliva 4 1. FMVA, graduanda em Medicina Veterinária, naticanevassi@hotmail.com, bolsista Proex 2. FMVA, graduandas Medicina Veterinária, marisol_m_madrid@hotmail.com, milena.costa95@hotmail.com voluntárias 3. Professora Assistente Doutora, FMVA, flavialucas@fmva.unesp.br colaboradora 4. Professora Adjunto, FMVA, voliva@fmva.unesp.br, orientadora Eixo 2: "Os Valores para Teorias e Práticas Vitais" Resumo A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma das inúmeras interações entre homens e animais. Essa relação consiste na utilização de animais como coterapeutas que auxiliam os pacientes a evoluírem positivamente seus quadros físicos, emocionais e sociais. O presente estudo procura enfatizar a necessidade e a importância de um médico veterinário para o desenvolvimento e sucesso da TAA. Palavras Chave: Terapia, Animais, Veterinária. Abstract: The Animal Assisted Therapy (AAT) is one of the many interactions between humans and animals. This relationship is to use animals as therapists that help patients to positively evolve their physical, emotional and social frameworks. The following study seeks to emphasize the need and importance of a veterinarian for the development and success of that treatment. Keywords: Therapy, Animals, Veterinary. Introdução As interações entre homens e animais estão presentes desde os primórdios da civilização. Com o passar dos anos os animais deixaram de ser utilizados apenas para produção de alimentos e derivados e passaram a ser amplamente adquiridos para a companhia sendo enquadrados, em muitos casos, como um membro da família. Atualmente, a interação em maior ascendência é a Terapia Assistida por Animais (FRAGOSO, 2007). A TAA consiste em uma técnica onde animais de companhia (principalmente cães e cavalos) são utilizados como co-terapeutas atuando junto com profissionais da saúde em ambientes hospitalares ou asilos, dentre outras instituições. A relação de pacientes com os animais é extremamente benéfica nos aspectos emocional, físico e social. O contato de pacientes com cães faz com que o foco sobre a doença seja desviado, propicia alívio ao sofrimento e estimula a troca de carinho mútua. Por meio de caminhadas com os animais, do ato de escovar e de acariciar os mesmos, os pacientes em tratamento podem ser estimulados a realizar atividades físicas que trazem benefícios à saúde. Além disto, o convívio com cães é capaz de auxiliar na regulação da pressão arterial e aumentar os níveis de serotonina no organismo (DOTTI, 2005). Essa atividade também é responsável por melhorar o convívio social de pessoas institucionalizadas e facilitar a abordagem do profissional da saúde ao paciente. Segundo Turner (2001) após algumas consultas com animais, pacientes extremamente introvertidos começaram a interagir mais facilmente com psicólogos e psiquiatras. Segundo Abreu (2008), o contato constante dos idosos com os animais estimula o uso da memória recente, além de possibilitar uma boa interação com os funcionários que lidam com os internos todos os dias, alterando positivamente a rotina. De acordo com Volpi (2012) a presença do animal desconcentra o paciente de sua dor, traz alívio à tensão e à ansiedade. As pessoas tornamse mais cooperativas, mais sociáveis e afáveis. Os animais também são responsáveis por estimular o sistema imunológico, auxiliar no processo de aprendizagem, melhorar a capacidade motora e a qualidade da comunicação entre pacientes e destes com profissionais e cuidadores.

Para que a TAA obtenha bons resultados é necessária a participação de inúmeros profissionais, entre eles o médico veterinário. Esse profissional é o único capacitado para zelar pela saúde dos animais terapeutas e pode, ainda, observar as manifestações comportamentais e garantir o rendimento adequado dos animais na atividade (ANDERLINE, 2007). O Médico Veterinário deve acompanhar as sessões, pois dessa forma é possível observar alterações comportamentais e físicas dos animais, assim como indicar as melhores formas de trabalhar com diferentes espécies e raças e garantir o bemestar dos mesmos durante a atividade (FLÔRES, 2009). Os deveres desse profissional têm inicio no momento de selecionar um animal apto para a função de terapeuta. Muitos animais são selecionados ainda filhotes, e é necessário que passem por uma avaliação física e comportamental. De acordo com Dotti (2005), algumas características devem ser consideradas no momento da seleção tais como: a reação diante de algumas brincadeiras, o grau de irritabilidade do animal, a sua resistência e reação quando carregado ou pego no colo e a capacidade de socialização. Uma vez selecionados, os cães devem passar por um treinamento com profissionais qualificados, com o objetivo de que sejam capacitados a obedecer a comandos básicos, serem receptivos a estranhos, permitirem ser tocados e conduzidos adequadamente com guia. As condições físicas do animal em questão também devem ser consideradas antes do inicio da atividade. Com o inicio das atividades terapêuticas a realização de um manejo sanitário adequado é fundamental para garantir a saúde dos animais. O médico veterinário é responsável por garantir que a medicina preventiva seja realizada adequadamente. São necessárias que algumas medidas sejam tomadas como: vacinação anual com vacina polivalente (V10), vacinação anual contra raiva, vermifugação a cada quatro meses (com reforço), exame parasitológico semestral, controle de ectoparasitas, limpeza dos dentes e orelhas, unhas cortadas e lixadas e a castração. Segundo Flôres (2009), a castração não é obrigatória, mas animais no cio, mesmo que seco, não podem participar das visitas, bem como cães filhotes e idosos (a idade ideal para o fim das atividades é entre 8 ou 9 anos). O ambiente onde os animais habitam também deve ser adequadamente mantido. É necessário que haja uma limpeza diária, onde são removidos e descartados os dejetos. Além disso, é fundamental que o local possua uma estrutura que comporte os animais de maneira segura e confortável (figura 1). Sendo assim, a presença de um profissional animais para o trabalho como para o acompanhamento durante todo o decorrer das atividades terapêuticas. Objetivos O objetivo deste trabalho foi descrever a função de um Médico Veterinário dentro da equipe multiprofissional de TAA e sua importância na garantia das melhores condições sanitárias e comportamentais de cães utilizados nesta terapia. Além disso, buscou-se analisar a validade do envolvimento de estudantes de graduação em projetos de extensão como o apresentado neste estudo. Material e Métodos A pesquisa foi conduzida no canil do projeto de extensão Cão-Cidadão-Unesp existente na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Araçatuba, São Paulo. Tal projeto oferece a TAA de forma gratuita a diversas instituições de atendimento a idosos ou crianças e adultos com necessidades especiais, sendo um projeto de extensão existente há 12 anos. Conta com a participação de alunos, professores e funcionários da própria faculdade, além de voluntários da comunidade local. O projeto possui atualmente três cadelas preparadas para as atividades de TAA, adultas, da raça Labrador Retriever, sendo duas castradas e uma não-castrada. Estas cadelas, Flôr de Liz, Boneca e Branca, nasceram no próprio canil, filhas de outros animais terapeutas que atuaram anteriormente no projeto, sendo de propriedade da própria faculdade e habitando o canil em tempo integral. Devido ao canil estar alocado dentro de uma faculdade de Medicina Veterinária, o controle sanitário dos animais é de responsabilidade de dois docentes do curso que delegam atividades a médicos veterinários que estão cursando o programa de residência na área de clínica médica de pequenos animais. A bolsista do projeto e aluna do 2 o. ano do curso de Medicina Veterinária tem como uma de suas atividades, a responsabilidade de controlar o esquema de vacinação, profilaxia de helmintos e de ectoparasitas proposto pelos médicos veterinários residentes e docentes. Os animais são vermifugados a cada quatro meses com vermífugos de amplo espectro e são realizados exames parasitológicos de fezes regulares para a identificação de possíveis parasitoses. Caso algum destes exames seja positivo, é realizada a medicação específica para o parasito identificado. veterinário é fundamental desde a seleção dos

A vacinação contra raiva e contra 10 outras doenças (vacina polivalente) é realizada anualmente. A vacina contra Leishmaniose visceral também é realizada anualmente, tendo em vista ser a região de Araçatuba endêmica para a doença. Os animais são constantemente examinados para a manutenção de orelhas e dentes limpos e para se manterem isentos de ectoparasitas. Esta tarefa cabe a todos que manuseiam os cães e qualquer alteração identificada é reportada aos médicos veterinários residentes e aos docentes responsáveis, para as devidas providências. Para a prevenção da Leishmaniose os animais são recolhidos ao cair da tarde para as dependências teladas do canil, em baias individuais (figura 2) e realiza-se diariamente a aspersão de spray de citronela ao longo de todo o dorso dos cães. A alimentação é constituída por ração de boa qualidade (super Premium) oferecida duas vezes ao dia (manhã e tarde) sempre nas áreas teladas do canil, nas baias individuais. Em todas as atividades de TAA das quais os cães participam, um profissional ou estudante da área de Medicina Veterinária está presente e realiza a observação do comportamento dos mesmos, sendo responsáveis ainda, por garantir o rendimento dos cães nas atividades e seu bem-estar. Dentre as instituições participantes do projeto, o Lar da Velhice e Assistência Social que abriga cerca de 32 idosos na cidade de Araçatuba foi selecionado para o embasamento da pesquisa durante a prática de TAA. Durante um ano e meio foram realizadas visitas semanais, com duração de duas horas. Nessas visitas os cães terapeutas foram levados por alunos da instituição do ensino e que participam do projeto como estagiários, voluntários ou bolsistas. A partir de então foi observado o rendimento dos cães, o progresso dos pacientes assistidos e o envolvimento e a participação dos membros da equipe. Resultados e Discussão As cadelas hoje atuantes no projeto Cão- Cidadão-Unesp tem demonstrado excelente rendimento nas atividades a que são submetidas e não apresentaram, ao longo do período estudado, nenhuma manifestação comportamental que as desabonassem como animais de terapia. Acreditase que este sucesso deva-se à seleção de animais ao longo dos anos, escolhendo-se filhotes de outros animais de TAA e sempre seguindo as orientações de Dotti (2005) quanto ao temperamento. Além disso, os animais foram adestrados por profissionais da área e passam periodicamente por reciclagem. Constatou-se que é fundamental o acompanhamento constante do comportamento pelos profissionais, com correção imediata de desvios ou a mudança de manejo em algumas ocasiões. Um exemplo disto, é a intensificação de passeios e atividades físicas que foi implementada nos períodos de férias em que os animais, ao não participarem das atividades de TAA, demonstraram maior irritabilidade e agitação. A escolha da raça Labrador Retriever foi fundamentada na adaptabilidade da raça e seu entusiasmo para trabalhar com pessoas. São cães que podem auxiliar desde a busca de sobreviventes soterrados sob escombros após terremotos até a procura de drogas e explosivos. Uma raça muito comum para a TAA, pois é de adestramento simples, tem um comportamento alegre, carinhoso e leal, gosta de aprender e é extremamente receptiva (ALDERTON, 2014). Ao longo dos 12 anos de atuação do projeto Cão-Cidadão-Unesp, a maioria dos animais selecionados foi da raça Labrador ou Golden retriever. Nas tentativas de utilização de outras raças tais como Border Collie e Lhasa Apso, o rendimento não foi o desejado. Comprovou-se a maior aptidão dos retrievers para esta atividade, como reportado por Alderton (2014) e, em especial, dos Labradores que em comparação aos Golden retrievers possuem a pelagem mais curta, o que facilita o manejo. Durante o período de observação utilizado no presente estudo, não foram identificados distúrbios de comportamento que influenciassem o rendimento dos cães nas terapias. Os animais estavam sempre alegres, dispostos ao trabalho e às brincadeiras, receptivos aos afagos e interagiam com interesse com os idosos. As vacinas foram aplicadas rigorosamente dentro do esquema profilático preconizado durante o período do estudo e os animais em questão não contraíram doenças graves. Houve ocorrência, no período, de otite infecciosa em um dos animais, tratada com medicação tópica e evoluindo para a cura em poucos dias. Uma das cadelas apresentou diarréia transitória atribuída ao oferecimento de ração em quantidade maior do que a habitual em um final de semana, o que foi imediatamente corrigido. Houve a ocorrência, de uma significativa infestação de carrapatos no período estudado. Tal infestação foi atribuída ao contato dos animais com locais de grande infestação (estábulos e pastos) e à possível resistência aos princípios ativos até então utilizados como carrapaticidas (fipronil e ivermectina). Por outro lado, a necessidade de banhos frequentes para a participação dos cães nas terapias pode contribuir para a baixa eficácia de medicamentos de uso tópico como o fipronil. Desta maneira, foi introduzido um novo tratamento com

fluralaner (Bravecto ) pela via oral a cada quatro meses. Até o momento, tal tratamento tem demonstrado eficácia e não foram mais encontrados ectoparasitas. De acordo com Almeida (2014) em um estudo sobre ocorrência de helmintos e protozoários intestinais em idosos, entre as parasitoses mais comuns estava a Giardia lamblia (13,04%). A Giardia lamblia, (Giardia intestinalis ou Giardia duodenale), é um protozoário que parasita os intestinos dos seres humanos, causando giardíase, uma zoonose que se manifesta com sintomas de diarréia e cólica. Cães terapeutas que freqüentam asilos e hospitais devem sempre estar protegidos contra a Giardia, já que nesses ambientes os pacientes possuem uma imunidade comprometida. Apesar de não estar sendo realizada a vacinação contra Giardia nos animais em questão, os exames coprológicos não tem demonstrado a presença do protozoário. Outra zoonose preocupante é a Erliquiose, também conhecida como doença do carrapato. Causada por bactérias gram negativas, intracelulares, pertencentes à ordem Rickettsiales, Gêneros Ehrlichia e Anaplasma; podem parasitar leucócitos, eritrócitos e plaquetas levando a alterações em vários órgãos. A incidência de casos de Erliquiose vem aumentando nos últimos anos tanto nos animais como no homem (DAGNONE, 2001). Essas bactérias são transmitidas por carrapatos e é de função do médico veterinário garantir o controle adequado de ectoparasitas nos animais terapeutas e, em casos de doença, realizarem o tratamento adequado, pois cães acometidos por esse parasita são incapacitados de realizar adequadamente seus trabalhos umas vez que a doença causa apatia, depressão, anorexia e hemorragia, além de comprometer o sistema imune (MONTEIRO, 2007). Houve a ocorrência, no período, do diagnóstico de Erlichiose em uma das cadelas do projeto, com ausência de sintomatologia clínica. Tal diagnóstico foi laboratorial, achado de um esfregaço sanguíneo realizado para a seleção do animal para doação de sangue e o mesmo foi submetido ao tratamento completo, durante 28 dias, sem maiores intercorrências. Tal animal, durante todo o tratamento, foi afastado da atividade de TAA e a doença foi atribuída à infestação por carrapatos descrita anteriormente. O manejo diário de alimentação, oferta de água fresca, garantia de acesso a maior espaço e à exposição ao sol durante dia e o recolhimento a local telado ao final do dia, foi garantido durante o período deste estudo e fiscalizado pelos estudantes e médicos veterinários envolvidos. Figura 1. Cães com acesso a espaço livre e à exposição ao sol durante dia. Figura 2. Baias individuais para cada animal, para onde os animais são recolhidos ao cair da tarde, passando ai a noite toda. Após um ano e meio de trabalho pode-se observar inúmeros benefícios alcançados pela TAA. O contato dos idosos com os animais alivia as sensações de solidão e depressão por parte dos pacientes. Sensações de atenção, amor e respeito também são estimuladas que culminam em um acentuado aumento da autoestima (figura 3). A constância das visitas também é de extrema importância. A regularidade com que são realizadas as atividades resulta em benefícios à memória dos idosos. Sendo assim, deve-se evitar que as visitas sejam interrompidas por muito tempo, pois os pacientes criam expectativas e frustrá-los não seria ideal para o tratamento. Durante a interrupção de visitas por algum motivo, a ausência foi amplamente notada pelos idoso.

prevenir que o animal sofra qualquer dano em relação à sua saúde física e comportamental. A participação de estudantes de graduação em projetos como este tem demonstrado ser uma importante maneira de conferir comprometimento social, desenvolvimento da cidadania e responsabilidade à sua formação profissional. Figura 3. Idoso e voluntária interagindo com uma das cadelas do projeto, durante momento de descontração. Observou-se que não apenas os pacientes alcançaram resultados positivos mas, também, os participantes do projeto. Os alunos da Instituição de ensino que participam do projeto (seja como bolsistas, voluntários ou estagiários) puderam ter noções básicas da função de um médico veterinário nessa atividade o que está de acordo com o projeto político-pedagógico do próprio curso que prevê a formação de um profissional comprometido com a melhoria da sociedade que o cerca. Além de freqüentar as visitas, os alunos acompanharam a rotina dos animais terapeutas. Estiveram presentes em momentos que vão desde a realização de exames e procedimentos clínicos como passeios e banhos. Essas ações são fundamentais para a formação do aluno, pois dessa maneira abre-se o conhecimento sobre um novo ramo no mercado de trabalho que está em grande ascendência, além de reforçarem a responsabilidade do médico veterinário nas várias áreas de atuação. Conclusões Portanto, de acordo com a pesquisa realizada e os métodos aqui expostos pode-se confirmar a importância do papel do médico veterinário nas atividades de TAA, permitindo que os animais estejam sempre aptos a realizar seu trabalho com excelência, contribuindo para um avanço positivo na saúde dos pacientes em tratamento e a uma maior qualidade de vida. A participação deste profissional é fundamental para proteger e, eventualmente Agradecimentos Agradecimentos à Proex pela concessão de bolsa à estudante Natália Canevassi da Silva, à casa de rações Amigão (Araçatuba, SP) pela doação mensal de ração canina e ao laboratório MSD pela doação do medicamento Bravecto. ABREU, Camila Costa et al. Atividade Assistida por Animais no Lar Augusto Silva. Lavras/MG: UFLA. ALMEIDA, Fernanda; SILVA, Raquel; MEDEIROS, Josimar. OCORRÊNCIA DE HELMINTOS E PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS EM IDOSOS. Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management, v. 10, n. 2, 2015. ALDERTON, David et al. Cães, como escolher o companheiro ideal para você, n. 1, 2014. ANDERLINE, GPOS; ANDERLINE, G. A. Benefícios do envolvimento do animal de companhia (cão e gato), na terapia, na socialização e bem estar das pessoas e o papel do médico veterinário. Revista CFMV. Ano XIII, n. 41, p. 70-75, 2007. DAGNONE, Ana Silvia; DE MORAIS, Hélio Silva Autran; VIDOTTO, Odilon. Erliquiose nos animais e no homem. Semina: Ciências Agrárias, v. 22, n. 2, p. 191-201, 2004. DOTTI, J. Terapia e animais, São Paulo: Noética, 2005. FLÔRES, LENISE NASCIMENTO. OS BENEFÍCIOS DA INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL E O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO. LAMPERT, Manoela. Benefícios da relação homem-animal. 2014. MONTEIRO, G.S. Parasitologia Veterinária UFSM. Livro Didático, 2ª edição, 2007 OLIVA, V. N. L. S. A terapia assistida por animais: o papel do médico veterinário. Bol Inform ANCLIVEPA-SP, v. 35, 2008. PEREIRA, Mara Julia Fragoso; PEREIRA, Luzinete; FERREIRA, Maurício Lamano. Os benefícios da Terapia Assistida por Animais: uma revisão bibliográfica. Saúde coletiva, v. 4, n. 14, p. 62-66, 2007. SANTOS, Taisa Regina Bugmann dos. As possibilidades de intervenção da Psicologia da Saúde junto à equipe multidisciplinar no cuidado ao paciente diabético. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação) Curso de Psicologia, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2011 TURNER, D. Os bichos tornam nossa vida mais saudável. Revista Cláudia, São Paulo, n. 12, p. 23-25, 2001. VOLPI, DIANDRA; ZADROZNY, VALÉRIA GURGEL PONTE. BENEFÍCIOS DA TAA: Uma contribuição da Psicologia. Universidade regional de Blumenal, Curso de Psicologia, Blumenal, 2012